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A actividade física regular é tida como uma necessidade para o desenvolvimento do organismo humano, contribuindo de forma decisiva para a manutenção da saúde e o prolongamento da esperança de vida. Segundo Paffenbarfger et al. (1986), pequenas diferenças na prática de actividade física são o suficiente para alterar os valores de mortalidade, considerando muito mais importante o acto de praticar exercício físico que propriamente o seu tipo ou intensidade.

Malina & Bouchard (1991) e, mais tarde, Lopes et al. (2003) dizem que o objectivo principal do aumento de exercício físico durante a infância não é, necessariamente, o de produzir benefícios na saúde, mas sim a iniciação da padronização de comportamentos que serão seguidos na vida adulta, idade em que os hábitos e comportamentos têm demonstrado produzir efeitos sobre a saúde.

Adams et al. (1992) e Kelder et al. (1994) afirmam que muitas das crianças parecem ser fisicamente menos activas do que o recomendado, tal como é nítido perceber que, com a passagem da infância para a adolescência, e, posteriormente, para a idade adulta, há um decréscimo claro da prática de actividade física.

Segundo Pate et al. (1997) e Sallis (2000), está patente que durante a infância o ser humano experimenta um período de grande necessidade de movimento. No entanto, esta necessidade vai diminuindo ao longo do tempo, um facto bem visível na adolescência. Os mesmos autores ainda indicam que os indivíduos adquirem padrões de comportamento relacionados com a saúde durante o período da infância. A permanência desse comportamento aumenta a probabilidade de manutenção do mesmo no período de vida adulta. Verificando a veracidade desta afirmação, podemos considerar que a prática de actividade física durante a infância pode, de forma indirecta, ter um forte impacto na saúde durante a idade adulta.

Guerra et al. (1998) e Raitaraki et al. (1994, 1997) reconhecem que as doenças crónico-degenerativas são do foro pediátrico, acentuando a importância da actividade física no domínio da prevenção primária e secundária. Os especialistas concordam que a prevenção deve ser perseguida o mais cedo possível através de uma intervenção directa com crianças e jovens.

Sallis & Owen (1999) referem que estes dados, entre outros, sugerem que a actividade física regular possa reduzir os factores de risco nas crianças e adolescentes, tal como nos adultos. Assim, assume-se o desejo de transmissão de estilos de vida activos na juventude como forma de prevenção de um conjunto de factores de risco de diferentes patologias, bem como para o aumento da qualidade de vida dos indivíduos.

Diz Mota (1997) que, apesar de cientificamente não existirem evidências definitivas acerca da relação causa/efeito entre a actividade física regular e os benefícios esperados para a saúde em idades pediátricas, a ideia do efeito preventivo e protector do exercício físico em relação a um conjunto amplo de doenças generalizou-se.

Blair et al. (1989) referem que são vários os autores que acreditam nos benefícios positivos da actividade física regular, entre os quais: a) as crianças com baixos índices de actividade física parecem mais susceptíveis de contrariar patologias degenerativas na idade adulta; b) a actividade física nas crianças parece induzir alterações biomecânicas, fisiológicas e psicológicas, que se manifestam como adaptações crónicas benéficas, persistindo de forma vantajosa durante a idade adulta. Simons-Morton et al. (1990) acrescentam: c) nas crianças, a actividade física regular está associada à redução de factores de risco de doenças cardiovasculares, nomeadamente a pressão sanguínea, a presença de lipoproteínas de baixa densidade e obesidade.

Assim, instituições e organismos nacionais e internacionais de saúde pública encaram como preocupação fundamental o aumento dos níveis de actividade física dos jovens e a diminuição dos comportamentos sedentários.

No quadro n.º 3 apresentam-se algumas recomendações de actividade física para adolescentes.

Autores Frequência Duração Intensidade McGinis et al.

(1991) Diariamente 30 minutos Ligeira e moderada

ACSM (1991) 3 a 5 vezes por

semana 20 a 60 minutos

Solicitando os grandes grupos musculares, com uma

intensidade de 60 a 90% da frequência cardíaca teórica

máxima ou 50 a 80% do VO2máx. American Medical Association (1992, cit. Bañuelos, 1996) Quase diário

Como parte dos seus jogos, desportos, trabalho, recreação, Educação Física ou exercício planificado, em contexto familiar, na escola e em actividades de carácter

comunitário.

National Children and Youth Fitness

(cit. Mota, 1997) 3 vezes por semana Duração mínima de 20 minutos Solicitando os grandes grupos musculares. Intensidade à volta dos 60%

da capacidade cardio- respiratória máxima do sujeito. Sallis e Pratick (1994) Diariamente

1ª Directriz – realizar tarefas onde se conjugue distintas formas de actividade física como parte integrante das suas diversões, dos seus jogos, das suas aulas de Ed. Física ou no transporte, assim como na participação em

actividades formais ou espontâneas. Diária (de

preferência) ou quase todos os

dias

2ª Directriz – pelo

menos 20 minutos. Moderada a vigorosa

Morrow e Freedson (1994)

De preferência

diária 30 minutos Moderada

Health Education Authority (1997)

Diária (de

preferência) 30 minutos Moderada

Simons-Morton et al. (1994)

3 vezes por

semana 20 a 30 minutos

Frequência cardíaca superior a 140 bpm.

Biddle, Sallis e Cavil (1998)

Diária 60 minutos Moderada

3 vezes por semana

Exercícios de Força e Flexibilidade

CDC (1999) Diariamente Pelo menos 30 minutos Moderada

Diariamente 15 a 20 minutos Maior intensidade

Quadro n.º 3. Recomendações de Actividade Física para Adolescentes (Continuação).

Bouchard et al. (1994) salientam que a multiplicidade de estudos realizados e a falta de dados conclusivos impossibilitam o estabelecimento de um valor óptimo de quantidade de exercício para se obterem as adaptações mais favoráveis à saúde. Robles (2003) indica que se torna ainda mais importante retirar alguns princípios gerais que possam orientar o exercício, de forma a atingir os seus objectivos com a maior fiabilidade possível, nomeadamente: a) adequação, isto é, respeitar as limitações físicas e características particulares do praticante; b) individualização; c) progressão; d) continuidade, ou seja, no mínimo três vezes por semana; e d) globalidade, presença global das capacidades físicas, dos grupos musculares e dos sistemas funcionais.

Através das suas investigações, Pate et al. (1995) introduziram ainda algumas recomendações que vêm acrescentar directrizes fiáveis na prescrição de actividade física, tais como:

• Valorização dos benefícios relacionados com a prática de actividades físicas de intensidade moderada;

• Atenção acrescida pela acumulação de períodos de actividade física desenvolvida em períodos curtos e intermitentes, pois são considerados como cargas suficientemente significativas para uma influência positiva no contexto da saúde relacionada com a actividade física.

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