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Segundo Wood et al. (1998), as Doenças Cardiovasculares são a maior causa de morte em adultos a partir da meia-idade, na maioria dos países europeus. O resultado das DCV é uma substancial inabilidade e perda de produtividade, contribuindo em grande medida para os aumentos dos custos na saúde, especialmente devido ao constante envelhecimento da população.

Segundo a British Heart Foundation (2000), as DCV são, nos dias de hoje, a principal causa de morte em toda a Europa. Assman et al. (1999) dão um relevo particular à Doença Arterial-Coronária (DAC), que se apresenta isolada como a principal causa de patologias graves e morte em vários países do mundo, chegando a afectar cerca de 60 milhões de norte-americanos. Vários estudos indicam que a DAC é responsável por 34% das causas de morte em toda a América. Lotufo (1996) dirigiu um estudo no Brasil que mostra que esta patologia ocasiona aproximadamente 300.000 óbitos em cada ano, ou seja, aproximadamente 820 mortes em cada dia. Pollock (1993) e Wilmore (2001) dizem que as DCV são responsáveis por mais de duas em cada cinco mortes, levando a um total de 1 milhão de mortes por ano.

O Ministério da Saúde (2002) diz que em Portugal, seguindo a tendência dos países industrializados, as DCV também são bastante frequentes, particularmente os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). Apesar dos avanços nos diagnósticos e terapêuticas nos últimos anos, esta patologia mantém-se como a principal causa de morbilidade, invalidez e morte. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2002) e os seus dados sobre as causas de morte em Portugal, no ano de 2000 registaram-se 105.813 óbitos ocasionados por DCV, valor correspondente a 39% do número total de óbitos nesse ano.

Com o intuito de prevenir as DCV na população europeia, traçaram-se objectivos como a redução da morbilidade e mortalidade simultânea à melhoria da qualidade de vida do indivíduo. Está claro que as DCV estão fortemente

redução dos factores de risco podem retardar o desenvolvimento das DCV antes e depois de ocorrer um evento clínico.

Mota et al. (2003) dizem que com o passar dos anos e devido à contribuição dos factores de risco perniciosos, pode dar-se a formação de placas duras e gordurosas no interior das artérias. Estas, à medida que vão aumentando de tamanho e irregularidade, dificultam a passagem do sangue e diminuem a elasticidade das artérias. Denomina-se este processo de aterosclerose e as placas de placas ateroscleróticas.

É sabido que na raça humana este processo é iniciado na juventude e progride de forma lenta e silenciosa (ou seja, sem sintomas) ao longo de várias décadas. As artérias mais atingidas por este processo são a artéria aorta e as artérias directamente relacionadas com ela, tais como as coronárias, carótidas, renais, ilíacas, femorais, entre outras.

Existem diversos mecanismos que levam as placas ateroscleróticas a provocar formas distintas de doença, como isquemia, embolia, enfarte ou aneurisma.

A isquemia resulta da dificuldade que o sangue encontra em passar pela placa aterosclerótica, resultando numa irrigação insuficiente aos órgãos, que ficam assim carenciados de oxigénio, sendo um exemplo a angina de peito.

O enfarte ou necrose surge porque a partir de um dado momento pode ocorrer uma obstrução total à passagem do sangue na artéria afectada, que é provocada geralmente pela formação de um coágulo de sangue em cima da placa aterosclerótica. Com esta obstrução, os órgãos ou tecidos começam a morrer por falta de irrigação. O enfarte cerebral e o enfarte do miocárdio são duas ocorrências com bastante frequência.

A embolia ocorre quando há uma fragmentação da placa e, consequentemente, libertação de pequenas partículas que podem viajar através da corrente sanguínea, obstruindo outras artérias, como por exemplo a embolia cerebral.

Num último caso podemos encontrar um aneurisma. O que sucede nesta situação é que a placa aterosclerótica fragiliza a parede da artéria tornando-a distendida e com maior propensão à ruptura, sendo o aneurisma da aorta um exemplo.

Dependendo da localização das artérias atingidas dá-se uma diferenciação das possíveis doenças provocadas pela aterosclerose. Assim, se a afectação for ao nível das artérias coronárias (também denominada de doença coronária) pode dar origem a angina de peito, enfarte do miocárdio, arritmias ou insuficiência cardíaca. Se for ao nível das artérias que irrigam o cérebro dá origem, na maioria dos casos, a AVC. Ao nível das artérias renais, pode provocar Hipertensão Arterial e Insuficiência Renal.

Assim sendo, Mota et al. (2003) definem que consoante as artérias e órgãos afectados surgem diferentes manifestações, sendo que em Portugal, o AVC e o Enfarte do Miocárdio são as que mais se salientam, seja devido à frequência ou à gravidade.

Neste sentido, Carlson, Gotto & Illingworth (2002) proferem que as DCV são um dos responsáveis pelo grande consumo de recursos de cuidados de saúde disponíveis e custos crescentes, inerentes à prevenção primária e secundária. Um dos objectivos da economia de saúde consiste no auxílio aos médicos na toma de decisões sobre a eficácia, em termos de custos, dessa prevenção.

Grundy et al. (1998) dizem que a prevenção primária significa, de forma genérica, o esforço para modificar ou prevenir o aparecimento dos factores de risco e o seu desenvolvimento, com o intuito de atrasar ou prevenir o aparecimento das DCV. Na prevenção secundária procura-se, por outro lado, uma forma de terapia que reduza a repetição de um evento e diminua a mortalidade em indivíduos com DCV estabelecida.

Neste contexto, Wood et al. (1998) referem que, efectivamente, o estilo de vida de muitos indivíduos permite que se alterem negativamente características

CARACTERÍSTICAS MODIFICÁVEIS CARACTERÍSTICAS NÃO-MODIFICÁVEIS

Pelo estilo de Vida Pela Farmacologia e/ou estilo de vida

Fumar Obesidade Falta de Exercício

Dieta

Tensão Arterial Alta Colesterol LDL Elevado Colesterol HDL Baixo Triglicerídeos Elevados Factores Trombogénicos Diabetes/Resistência à Insulina Idade Sexo Masculino

História familiar de DCV em idade jovem

(Homens<55 anos, Mulheres<65 anos) História Pessoal de DCV

Quadro n.º 5. Estilo de vida e características associadas ao aumento

do risco de DCV. Adaptado de Woods et al. (1998). Após a conferência organizada em 1996 pelo National Institutes of Health, foi proposto que toda a população deveria ser fisicamente activa em pelo menos 30 minutos, preferencialmente em todos os dias, por forma a prevenir alguns casos de DCV. (NIH, 1996).

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