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A “actividade física” é um termo corrente nos nossos dias, no entanto, pode levantar muitas dúvidas quando se trata de o definir de uma forma consistente. De acordo com Caspersen et al. (1985), a actividade física pode ser entendida como qualquer movimento corporal voluntário com gasto energético acima dos níveis de repouso. Também Barata (2006) apresenta um conceito similar, afirmando que actividade física é tudo aquilo que implique movimento, força ou manutenção da postura corporal contra a

gravidade, resultando num consumo de energia. Pitanga e Lessa, (2005) acrescentam que este gasto energético deve ser contínuo. A prática da actividade física é um comportamento de grande importância para a promoção de estilos de vida saudáveis, tanto na infância quanto na juventude e também na idade adulta (Pinho, 1999).

Ao considerarmos que o número de idosos com mais de 85 anos é a faixa etária com tendência para aumentar, toma-se decisivo o papel da actividade física, uma vez que é a partir dos 80 anos, de acordo com Shepard (1997), que a involução, em termos de força e resistência, se acentua, dificultando a capacidade de realização das tarefas do quotidiano e arrastando o idoso para um estilo de vida pouco activo.

A actividade física habitual é um comportamento complexo que tem por base hábitos e práticas individuais que variam consideravelmente de dia para dia, de estação para estação e de ano para ano. De facto, nenhum indivíduo tem dois dias exactamente iguais de actividade física, no entanto para ter um impacto positivo na saúde, a prática de actividade física deve ser regular, e de preferência, diária (Lopes et al., 2003).

Silva e Lopes (2006), resumem actividade física habitual como sendo movimentos realizados no quotidiano de forma moderada. De acordo com Barata, Sardinha e Teixeira (2008), actividade física habitual é aquela que está integrada nos hábitos da vida diária: deslocações a pé, subir escadas, passatempos ou profissões fisicamente activas, levar os filhos ou os animais a passear, etc. As suas vantagens são: estar sempre acessível, podendo ser praticada todos os dias e a qualquer momento do dia; não obrigar a custos económicos significativos, nem a deslocações.

A falta de actividade física no envelhecimento caracteriza-se por uma redução no equilíbrio, instabilidade postural e quedas, que interferem nos parâmetros da marcha e na qualidade de vida dos idosos (Sanglard, Henriques, Ribeiro, Corrêa & Pereira, 2004).

Para Assumpção, Morais e Fontoura (2002), um estilo de vida saudável, aliado a uma prática regular de actividade física, promove fisicamente muitos benefícios, constituindo assim um factor fundamental na melhoria da saúde pública. A actividade física está associada a uma melhor qualidade de vida e a um papel importante na saúde mantendo a função nos mais idosos (Buchner et al., 1997; Mazzeo et al., 1998; Shepard, 1997).

Segundo Guedes e Guedes (1998), a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbilidade e da mortalidade. Os benefícios manifestam-se em três categorias, sendo citadas da seguinte forma:

Fisiológicos

O fortalecimento do sistema respiratório e cardiovascular. O "sistema cardiovascular" refere-se à circulação do sangue no coração e todos os vasos. A prática habitual da actividade física ajuda a retardar o processo ateromático devido ao aumento do colesterol "bom", lipoproteínas de alta densidade (High Density Lipoprotein - HDL) e diminui a concentração do colesterol "mau", lipoproteínas de baixa densidade (Low Density Lipoprotein - LDL) no sangue, evitando o desenvolvimento de HTA. Os exercícios regulares são uma das melhores situações para prevenir a osteoporose, por exemplo, caminhar ou correr são importantes para preservar a massa óssea e podem aumentar a densidade óssea (Guedes & Guedes, 1998).

Além disto, aumentam o equilíbrio e a coordenação, reduzindo o risco de queda. A prática da actividade física regular, associada a uma dieta saudável, é importante para prevenir e ajudar a controlar o diabetes tipo 2, (afecta a taxa de glicose no sangue). Isto acontece da seguinte forma: a actividade física ajuda no aumento da sensibilidade das células à insulina e, desta forma, reduz os níveis de glicémia (Guedes & Guedes, 1998).

Psicológicos

A prática regular da actividade física actua na diminuição da depressão, a ansiedade, ajudando a tolerar melhor as dores e o stress, mantendo uma harmonia entre a saúde mental e física. Os exercícios diminuem a depressão, por activarem os neurotransmissores (seratonina e noradrenalina) relacionados ao quadro de depressão, ajudando na regulação das substâncias relacionadas ao sistema nervoso, melhorando o fluxo de sangue para o cérebro, no que ajuda na capacidade de lidar com problemas e com o stress; auxilia também na manutenção da abstinência de drogas e na recuperação da auto- estima (Guedes & Guedes, 1998).

Os idosos que praticam actividade física tendem a demonstrar atitudes mais positivas, a sentir-se mais saudáveis e a lidar melhor com o stress e a tensão (Berger, 1998).

Sociais

Segundo Gordillo et al., (2000), um dos maiores benefícios da prática da

actividade física é o aumento da expectativa de vida. Ele relata que, no início do século XX (1901), a expectativa de vida era em média de 33 anos; já no século XXI (2003), esta média subiu para 78 anos (homens) e 83 (mulheres), tudo resultado da adopção de um melhor estilo de vida.

A acessibilidade a infraestruturas de lazer como campos de futebol, praças públicas e serviços de cuidados de saúde primários, em conjunto, são variáveis ambientais associadas à prática de caminhada pelos idosos em regiões de níveis sócio económicos médios baixos. Assim devem ser tidas em consideração em regiões similares (Salvador, Reis & Florindo, 2010).

A prática de actividade física é indispensável para todos, mas segundo Fischer (2005), de todos os grupos etários, os idosos são os que mais beneficiam com a prática de

exercício. O risco de muitas doenças e problemas de saúde habituais na velhice diminui com a prática de actividade física regular. Em traços gerais, os benefícios da actividade física regular e/ou exercício traduzem-se na melhoria da função cardiovascular e respiratória, na redução dos factores de risco da doença arterial coronária e num decréscimo de morbilidade e mortalidade (ACSM, 2006).

Qualquer actividade física é importante para um envelhecimento saudável e independente. Contudo, quando esta actividade é praticada como exercício físico, os benefícios são melhores (Nogueira et. al., 2006).

Para além das capacidades físicas na hora de por em prática um programa de actividade física é necessário ter em conta aspectos referentes às capacidades psicomotoras: expressão, comunicação e relação interpessoal. O principal objectivo deverá ser promoção da interacção sócio cultural e afectiva entre as pessoas de forma dinâmica, utilizando jogos, desportos actividades físicas no meio natural e actividades recreativas (Piñeiro, Sarasquete, & Santos, 2003).

Acreditando nestas evidências, aos idosos só caberia adoptarem um estilo de vida activo, traduzido num dia-a-dia com actividades susceptíveis de gasto energético, como ir às compras com os amigos, actividades recreativas, tarefas domésticas (Blair Kohl, Gordon & Paffenbarger, 1992; Mota, 1999).