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Caracterização sócio-demográfica (género, idade, estado civil, escolaridade e

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 Caracterização sócio-demográfica (género, idade, estado civil, escolaridade e

Entre as pessoas idosas analisadas, a maioria (84,1 %) era do género feminino, esta superioridade no feminino é característica do padrão de envelhecimento, embora a diferença encontrada seja superior à verificada nos dados da RAM de 2001, onde 37,5 % eram homens e 62,5 % eram mulheres, representando estas cerca de 2/3 da população da RAM. No conjunto da população idosa com idade igual ou superior a 65 anos residente na RAM, estimativas de 2007, INE (2008), por cada 100 mulheres existiam 53,57 homens. Na análise da razão de masculinidade por concelho, o Funchal apresentava um valor aproximado 52,24 de homens, enquanto os dados da amostra em estudo apontaram para uma razão de 18,91.

A idade das pessoas do género feminino foi em média 70 anos e a do género masculino foi 72 anos, constatou-se que a média de idades entre homens e mulheres foi

muito semelhante. Idades ligeiramente superiores caracterizaram a amostra do estudo realizado por Loureiro (2009), onde a idade média das pessoas foi de 74 anos para as mulheres e de 75 anos para os homens.

A maioria, das pessoas idosas estudadas encontrava-se com idade entre 65 e 79 anos indo ao encontro das diferenças verificadas nos dados dos Censos de 2001 onde o grupo etário dos 65 aos 79 anos concentrava a maior percentagem de pessoas com 65 e mais anos da RAM (INE, 2002).

Relativamente às pessoas idosas do nosso estudo, a maioria da amostra apresentava idade inferior a 75 anos e pertencia ao género feminino. No entanto verificou-se o predomínio do grupo etário dos 65- 69 anos, com 40,9 % das pessoas percentagem que diminuía à medida que o grupo etário subia. No estudo de Fragoeiro (2008) realizado na RAM a autora também identificou uma superioridade de mulheres comparativamente aos homens e o decréscimo da percentagem de idosos para classes etárias superiores; a classe etária dos 65 – 74 anos incluiu mais idosos (64,9 %), seguindo-se a dos 75 – 84 anos com 31,6 %, percentagens estas superiores à dos idosos da classe com idades ≥ 85 anos (3,5 %).

Os valores encontrados não surpreendem face ao número de idosos das mesmas classes etárias residentes na RAM e à sua redução à medida que avançava o grupo etário.

A maioria, 65% da população analisada por Loureiro (2009) também foi constituída, por idosos do género feminino e 35% do género masculino.

Considerada a faixa etária dos 65 e mais anos de referência a amostra do presente estudo, caracterizou-se por uma menor prevalência das pessoas com 75 e mais anos (30,3 %), em relação à população residente na RAM (43,9 %) comparativamente à população residente no Continente (45,76 %) e no todo Nacional (45,72 %).

Relativamente ao estado civil, a maioria (43,9 %) das pessoas idosas era casada ou vivia em união de facto e 40,9 % eram viúvas. As pessoas idosas do género masculino

eram maioritariamente, casadas e as do género feminino viúvas; esta relação de grandeza também foi encontrada por Fragoeiro (2008) que verificou o predomínio dos homens casados em todas as classes etárias e no género feminino o predomínio do estado de viuvez.

Loureiro (2008) também mencionou que a viuvez afectava muito mais as mulheres do que os homens. Estes factos estão de acordo com os Censos de 2001 em que os viúvos do sexo masculino de 65-69 anos representavam 16 % do total dos viúvos, no grupo dos 70 aos 74 anos, a referida percentagem era de 17 %; nos 75-79 anos, de 19 %; nos 80-84 anos, de 21 %; nos 85-89, de 22 %; aos 90-94 anos, de 21 %; nos 95-99 anos, de 18 %. A maioria das pessoas em estado de viuvez, em todos os grupos etários, pertencia ao género feminino.

No presente estudo 28,8 % das pessoas idosas, viviam sós, percentagem superior à das famílias unipessoais de idosos 21,68 % do total de famílias com idosos da RAM (INE, 2001).

Em relação ao género feminino a maioria (32,4 %), vivia só, verificando-se que 52,4 % das pessoas do género masculino viviam com o cônjuge e 39,1 % viviam em núcleos familiares com filho (s).

Dos idosos a viverem isolados, a maioria 94,7 % era do género feminino, esta superioridade no feminino vai ao encontro da caracterização das pessoas em estudo, onde 84,1 % da amostra são mulheres e apenas 15,9 % são homens. O isolamento social é muito associado ao viver sozinho e ao tempo que o idoso passa sozinho (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2006).

Em relação aos núcleos familiares com filho (s) tiveram uma representação neste estudo, de 35,4 %. Segundo os dados do Plano Gerontológico, as famílias clássicas existentes na RAM, representavam 33,0 % das famílias. Ao considerarmos que o aumento

do número de famílias unipessoais de idosos foi de 36,6 % no período inter-censitário 1991 – 2001e foi acompanhado por uma diminuição do número de famílias clássicas com filhos, que constituem o melhor suporte para a terceira idade, estamos perante um cenário em que parece previsível uma fragilização da rede familiar de apoio aos idosos.

Em relação à educação formal a maioria das pessoas idosas possuíam o 1º ciclo de ensino básico, a minoria possuía grau de ensino igual ou superior ao secundário. Houve ainda uma grande percentagem de analfabetos 23,5 %, principalmente do género feminino, e se considerarmos o mínimo de educação formal pelo menos um grau de escolarização reconhecido, aumenta para 29,5 % a percentagem de pessoas sem escolarização. Na RAM em 2001, a taxa de analfabetismo para a terceira idade era 49,0%, dados que comparados à amostra deste estudo foram mais elevados. A maioria dos nossos idosos, 60,6 % possuíam o 1º CEB, e 29,6 % (23,5% + 6,1 %) eram analfabetos ou apenas sabiam ler ou escrever, Os nossos resultados apontam para um maior número de pessoas com o ensino primário completo mas se considerarmos a escolarização igual ou inferior ao ensino primário apresentam-se semelhantes aos achados de Gouveia (2008) onde 47,6 % (28,8 %+18,8 %) dos idosos da amostra eram analfabetos ou tinham ensino primário incompleto e 43,8 % concluíram o ensino primário, verificando-se que estes grupos concentravam 91,4% da sua amostra.

No total 23,4% da população estudada apresenta uma escolaridade inferior a 3 anos (31,6% no género feminino vs 12,9% no género masculino). Apenas 7,7% tem uma escolaridade superior a 12 anos.

No rendimento mensal, a maioria 43,2 % das pessoas idosas da amostra auferia rendimentos entre € 300 e € 484,50; abaixo de € 200 auferiam 8,1 % das pessoas e pertenciam ao género feminino. As limitações financeiras podem causar outros problemas, nomeadamente, relativos à segurança alimentar nos seniores. Podem inclusivamente não

ter dinheiro para substituir equipamentos danificados ou que não funcionem correctamente. A manutenção de uma cozinha é uma tarefa tão quotidiana e rotineira que se torna fácil esquecer alguns dos riscos associados (Ferry, 1999).

Apenas 6,8 % das pessoas idosas da amostra auferiam valores superiores a € 1000. A maioria 74,25 % da amostra auferia valores de pensão/reforma inferiores a € 484,50, correspondente salário mínimo da RAM em 2011. Na RAM, em Dezembro de 2007, o grupo de idosos que auferia rendimentos mais baixos (pensão social e outras), o indexante dos apoios sociais (IAS) foi de 58,04 % que se traduzia em valor de pensão social no montante de € 397,86, valor aproximado ao salário mínimo regional (€ 411,66) em relação a Dezembro de 2007 (SRAS, 2009). Segundo o Plano Nacional de Acção para a Inclusão 2006-2008 [PNAI], (2006), a população idosa é o grupo populacional que vive em maior risco de pobreza e a condição de reformado revela um risco de pobreza bastante mais elevado em relação aos indivíduos que estão a trabalhar (p.11). Também segundo o PNAI (2006) “apesar da melhoria sustentada assegurada pelo sistema de segurança social, em particular, do sistema de pensões, prevalecem situações extremamente vulneráveis de idosos que vivem de pensões com valores muito baixos” (p.12).