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É universalmente aceite que a ActF é benéfica para a saúde. Por outro lado, o tipo (modo, frequência, intensidade e duração), a sua interacção com o estilo de vida (hábitos alimentares, etc.) e os efeitos cumulativos de anos de

13 Shepard, 1994).

Nos adultos, a diminuição de ActF tem influência em muitos factores relacionados com a saúde e traduz-se em consequências graves nomeadamente no aparecimento de diversas doenças hipocinéticas (Sallis e Owens, 1999), encontrando-se este facto bem fundamentado no Relatório Europeu da Saúde, elaborado em 2002 pela OMS (2002a), onde se diz que um maior índice de ActF resultaria numa diminuição em 15 a 39% de doenças coronárias, 33% de menos enfartes, 12% menos de casos de cancro o cólon, 12 a 35% de menos casos de diabetes, 22 a 33% de menos casos de cancro da mama, 18% menos fracturas resultantes de osteoporose, estimando ainda que os homens e mulheres mais activos passam, respectivamente, 36 e 23% menos tempo no hospital do que as pessoas menos activas.

A ActF apresenta, pois, uma preponderância determinante, sendo perfeitamente reconhecido, quer pela comunidade científica, quer pela população em geral, que o envolvimento regular e sistemático em contextos de ActF resulta da obtenção de um conjunto significativo de benefícios de natureza funcional, psicológica e social (Fonseca, 2004).

4.2.1 Actividade Física para Crianças e Adolescentes

Contrariamente ao que acontece em relação à descrição dos efeitos da ActF entre a população adulta, os seus efeitos não estão tão bem documentados no que se refere a crianças e adolescentes. Este facto pode resultar de uma maior escassez de estudos abrangendo estas faixas etárias e de uma maior falta de consistência nos resultados obtidos (Sallis e Patrick, 1994; Sallis e Owen, 1999).

No que se refere às crianças e adolescentes, as relações estabelecidas entre ActF e Saúde são frequentemente expressas através da análise da relação entre os níveis de ActF realizados e a presença ou ausência de factores de risco das doenças crónicas (Riddoch e Boreham, 1995). Assim, neste campo, têm sido descritos efeitos positivos relacionados com a aptidão cardio-respiratória, os lípidos séricos, a tensão arterial, a composição corporal,

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o metabolismo da glicose, a saúde esquelética e a saúde psicológica (Sallis e Patrick, 1994; Riddoch, 1998).

Além destas observações, alguns autores defendem que existe o interesse substancial em começar a prevenção de algumas doenças que se manifestam durante a fase adulta (doenças cardiovasculares, diabetes-mellitus não insulino-dependente, osteoporose e certos tipos de cancro) por intermédio de AF regular, durante as primeiras duas décadas de vida (Sallis e Patrick, 1994; Sallis et al., 1994; Bar-Or e Rowland, 2004).

Por outro lado ainda, a ActF parece susceptível de produzir efeitos benéficos sobre o sistema imunológico e de afectar as causas da morbilidade durante a juventude (Sallis e Owen, 1999). Pode ter um papel ainda mais decisivo no que diz respeito a algumas populações específicas como é o caso de adolescentes obesos, por exemplo, para os quais a ActF é um factor importantíssimo no controlo e manutenção do peso e assim da saúde.

Segundo Sousa (2006, cit. Guerra, 2006) a relação entre a ActF e a saúde não é tão evidente na infância e na adolescência como é nos adultos, porque de um modo geral, as manifestações clínicas das doenças associadas à inactividade são raras nessas idades (Guerra, 2002). No entanto, a verdade é que a grande maioria parece estar relacionada com padrões de comportamentos estabelecidos desde a infância e que certos factores de risco como a hipertensão e os níveis de colesterol já são observados em idades pediátricas (Raitakari et al., 1997; Cole et al., 2000).

Segundo Sousa (2006, cit. Vande et al., 2005) à semelhança dos adultos, também as crianças adoptaram estilos de vida sedentários durante os tempos livres, contribuindo para tal, por exemplo, o aumento do tempo gasto a brincar com computadores, a ver televisão, a jogar nos jogos de vídeo ou a ouvir música (Vande et al., 2005).

Segundo Sousa (2006, cit. Mota e Sallis, 2002), embora o tempo destinado à utilização dos computadores e da televisão não esteja, sistemática e negativamente, associado à inactividade física, a forma de utilização do tempo livre (especialmente no período pós-escola e de fim de semana) em actividades passivas ou sedentárias parece ter uma relação importante,

15 envolvimento em actividades físicas.

Estes factores são preocupantes na medida em que alguns resultados mostram que a ActF induz alterações favoráveis ao nível da obesidade e das lipoproteínas séricas em crianças e adolescentes (Raitakari et al., 1997).

Na infância, a ActF parece assim, ter um papel importante para a estabilidade dos hábitos de prática dessas actividades, as quais poderão adquirir uma importância vital para a prevenção dos factores de risco das doenças crónico-degenerativas.

Os benefícios para a saúde na adopção de um estilo de vida fisicamente activo são amplamente citados e comprovados na literatura. Apesar de o maior número de estudos envolver sujeitos adultos, não existe dificuldade em seleccionar evidências quanto às vantagens de os adolescentes se tornarem adequadamente activos fisicamente. Além dos benefícios no campo biológico e psicoemocionais, importantes estudos têm procurado destacar que hábitos de prática da actividade física incorporados na adolescência podem transferir-se para as idades adultas, o que destaca a importância de acompanhar mais proximamente os hábitos de prática da actividade física dos adolescentes. No entanto, as informações relacionadas à prática de actividade física reunidas mediante a aplicação de questionários podem diferir por conta da natureza e das especificações das questões apresentadas, o que deverá variar de acordo com o sexo, a idade, o desenvolvimento cognitivo, o contexto sociocultural em que os sujeitos estão inseridos e também o procedimento de tratamento dos dados direccionados ao cálculo do dispêndio energético ou do índice de actividade física.

Podemos, portanto, admitir que um estilo de vida activo tem efeitos, directos e indirectos, sobre a saúde das crianças e adolescentes e contribui para a sua saúde cardiovascular, facto que é totalmente reconhecido na União Europeia e foi divulgado através de uma publicação do European Heart Health Initiative (European Heart Network, 2001).

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As principais razões que se encontram, portanto, para encorajar as crianças e adolescentes a ter uma AF regular são (Sallis e Patrick, 1994; Sallis e Owen, 1999; Cavill et al., 2001):

• Optimizar a Aptidão Física (ApF), a saúde, o bem-estar, o crescimento e o desenvolvimento;

• Desenvolver estilos de vida activos que possam ser mantidos ao longo da vida adulta;

• Reduzir o risco de doenças crónicas na fase adulta.

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