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PARTE I – Projecto Educativo

Capítulo 1 Revisão da Literatura

3. Apresentação dos resultados – entrevistas aos professores

3.3 Actualidade

Os participantes P6, P7, P9, P2 referem que a comunicação com o público é uma vantagem da memorização:

“O contacto talvez, existe mais contacto visual, ou não, porque há quem toque de memória e toque de olhos fechados.” (P6, pag. 208)

“Acho que é mesmo a questão da comunicação com o público, e a expressividade. São os dois pontos que podem ser muito mais claros para quem está a ouvir se a pessoa estiver a tocar de memória.” (P9, pág. 220)

“Tem esta ligação directa com o público, fisicamente não está ali uma estante a separar-nos, o público acaba por ter uma percepção integrante da performance e ainda esta questão da distracção, a

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partitura já te está a retirar um dos sentidos, que é a visão, que está colada na partitura e não no que tens que fazer, no que vem a seguir ou no que tens que sentir naquele momento. Esta é para mim também uma vantagem.” (P7, pág. 212)

“Há uma grande vantagem que é evidente, que é não teres nada à tua frente. O público ou quem te está a ver, vê-te por todo. Podes à partida comunicar um pouco mais. Mais livre, não é? Essa eu acho que é a grande vantagem. E para mim é a única vantagem. (P2, pág. 192)

Por outro lado, os participantes P1 e P4 referem que memorizar leva os alunos a estudarem mais, e os participantes P5 e P6 referem que a libertação é também uma vantagem:

“A vantagem é um bocadinho à priori ou seja a pessoa decorou é porque estudou muito. A vantagem que há é a obra estar bem assimilada e por tanto a pessoa estar muito à vontade para poder declamar a obra mais livremente, mas pode alcançar na mesma também essa segurança tendo a partitura à frente.” (P1, pág. 188) “…levar-nos a estudar muito e ficar interiorizada e estar atentos a outros aspectos como a música.” (P4, pág. 201)

“A maior vantagem é libertar-se do papel, serem mais expressivos. Claro que são idades em que não conseguem.” (P5, pág. 205)

“E talvez uma libertação da partitura, nós tendo uma partitura à frente e estando atento ou não a ela temos alguma coisa para estar a olhar. Quando não temos partitura é normal que nos consigamos abstrair um bocadinho mais.” (P6, pág. 208)

Relativamente às desvantagens, os participantes P2, P4, P7, P8, P9 referem a possibilidade de lhes dar uma branca. O participante P6 refere a desconcentração, enquanto que os entrevistados P5 e P10 referem o stresse da prova. P1 refere a insegurança e o P3 refere o medo de falhar:

“Sim, eu acho que a maior desvantagem é a branca. E sabes a própria estante à frente, não vai tapar, evidentemente, está ali num pontinho. Mas acaba por também criar ali um espaçozinho, em que tu consegues não te mostrar completamente.” (P2, pág. 193)

“Se for uma apresentação em público e nos dá uma branca ….” (P4, pág. 201)

“A partitura é a tal rede de segurança, muitas vezes entra alguém na sala ou toca um telemóvel ou simplesmente dá-te uma branca e a

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partitura não está lá. Isso pode acontecer e a partitura não está lá.” (P7, pág. 213)

“Não há vantagem, mas pelo contrário desvantagens há muitas. Pode saber de cor, mas bloquear, nunca se está a tocar à vontade, pelo menos falo com a minha experiência.” (P8, pág. 217)

“ Se não tiver bem preparado pode ter uma falha de memória, pode não respeitar a partitura.” (P9, pág. 220)

“A única desvantagem é mesmo a desconcentração. Se a pessoa não tiver realmente capacidade para estar muito concentrada, a desconcentração (quando toca sem partitura) acaba por ser maior, principalmente nos mais pequeninos.” (P6, pág. 208)

“Já tive alunos muito stressados antes das audições, se lhes pedisse para tocarem de cor eles nem iriam conseguir dar uma única nota.” (P5, pág. 205)

“Criar tensão nos alunos a ponto de eles paralisarem e depois temos de ter ferramentas que os permitam concretizar, se tiver que ser a partitura ou outra coisa com outro código que assim seja, tudo em favor da felicidade.” (P10, pág. 224)

“Agora pode ter essa desvantagem (insegurança, nervoso) se a pessoa teve uma ou mais experiências a tocar de cor e enganava-se. Um pequeno medo pode tornar-se um grande medo e pode perturbar, agora não é por tocar de cor. A insegurança e o medo causa isso não é o tocar de cor.” (P1, pág. 188)

“Nos alunos, sobretudo, quando tocam nas audições algum receio de falhar, ter uma branca. Penso que é a maior desvantagem.” (P3, pág. 197)

Finalmente, 6 participantes (P6, P9, P7, P4, P10, P3) referem que são apologistas da memorização, o entrevistado P5 diz que depende do aluno, o P1 que nem é a favor nem contra, e dois participantes (P2 e P8) referem que não.

“Sim (sou apologista), mas sempre com interiorização, sem ser mecanizada. Tenho algum receio que fique tudo muito mecanizado. É muito fácil memorizar ao piano porque é muito visual, mas pode ser enganador. Memorizar sim, sou muito apologista dessa interiorização que muitas vezes para pela memorização.” (P3, pág. 197)

“Eu não digo que seja indispensável, mas digo que é algo bom e que é de valor, que o público reconhece. Acho que sim.” (P4, pág. 202)

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“Acho que é bom, importante e acho que acaba por amadurecer o músico, seja ele ainda pequenino, seja uma pessoa adulta.” (P6, pág. 209)

“Acho que sim, acho que decorada é sempre uma coisa boa. A música não é o que está escrito numa partitura, isto é difícil de fazer com que os alunos compreendam porque somos formatados para tocar o que lá está, mas a música é muito mais o que está escrito na partitura. Se eu mostrar à minha mãe uma partitura e disser “esta música é muito bonita”, ela vai ficar a olhar para a partitura e vai dizer “oh, filho para mim não é nada bonito”, a música é o que vais fazer com isso. Para mim decorar e tocar de cor é tornar a performance mais completa.” (P7, pág. 213)

“Sim (sou apologista), penso que não deve ser sempre feito de memória, é um tema controverso com muitos profissionais, mas considero muito bom e é um trabalho muito interessante.” (P9, pág. 220)

“Sim, com conta peso e medida sou.” (P10, pág. 224)

“Também sou, depende do aluno, do carácter do aluno, podemos ajudá-los a ir para um lado ou para o outro, mas sou apologista das duas maneiras.” (P5, pág. 205)

“Nem sou contra nem sou a favor. Acho importante que o aluno possa separar-se da partitura. Tirar da frente esse intermediário e falar directamente com o público, isso é que acho importante. Se o faz decorando ou se o faz lendo a partitura desde que esteja bem assimilada não me faz diferença.” (P1, pág. 188)

“Não, não sou de todo. E ao longo da minha carreira e da minha vida enquanto músico, trabalhei com muitos músicos e posso dizer que a maior parte não fazia de memória. Mesmo grandes músicos. Posso pensar no caso da flauta, tu vês o Pauhd que é capaz de fazer coisas de memória e faz, mas também faz muitas coisas com partitura à frente.” (P2, pág. 193)

“Não. Eu se tocar só Flauta e souber Metais não tinha problema nenhum em tocar a sonata de Prokofiev, estou fartinha de a tocar em público, para que é que eu quero a partitura, sei aquilo de cor e salteado. Quem diz Prokofiev diz outra coisa qualquer… eu quero lá saber da partitura. Não acho vantagem absolutamente nenhuma em tocar de cor. Claro quando se vê alguém que está ali sem tirar os olhos da partitura… isso não. Agora quando tens as coisas trabalhadíssimas ter a partitura ou não ter… ninguém liga a isso.” (P8, pág. 217)

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