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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. A percepção dos coordenadores quanto à adequação dos objetivos, metas e

4.1.3. Adequação das metas e ações do CRAS Belo Horizonte, MG

A partir de uma análise comparativa estabelecida entre os Planos de Ação dos CRAS, desenvolvidos pela equipe do Centro no início do ano, a fim de conferir direcionamento às atividades desenvolvidas ao longo do ano, bem como os Relatórios de Gestão, elaborados no final do ano para relatar as ações que foram realizadas, pôde-se identificar a efetivação das ações dos CRAS em 2008, por meio do cumprimento das metas estabelecidas para o mesmo ano.

De acordo com o livro de metodologia de trabalho do CRAS da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte:

O trabalho com famílias e comunidades do território de abrangência do CRAS pauta-se em uma abordagem psicossocial com ações que visam informar, formar e transformar as suas representações e práticas na referência dos direitos de cidadania. Para tanto é necessário conhecer os grupos familiares, identificando suas necessidades e demandas, potencializando sua inclusão na rede de atendimento, encaminhando e acompanhando cada caso – processo fundamental para o alcance dos objetivos propostos (PBH, 2007, p 17).

Com vistas ao que colocou o autor, notou-se a extrema complexidade em se desenvolverem ações que possam alcançar de forma efetiva tais propósitos. Como mencionado anteriormente, cabe a cada município definir as ações que serão desenvolvidas no CRAS, de acordo com as especificidades das famílias em seu território de abrangência. No entanto, como afirmaram Beretta e Andrade (2009), definir essas ações não tem sido tarefa fácil para a equipe que compõe o CRAS, pois existem ainda muitas dúvidas sobre o seu papel.

Segundo a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (2007), a ação de acompanhar as famílias no processo de transformação exige um esforço conjunto de ações assistenciais e socioeducativas. As ações assistenciais pautam-se no apoio efetivo dado à família para que ela tenha acesso aos serviços básicos a que tem direito. Já as socioeducativas envolvem ações nas quais se desenvolve uma reflexão sobre o cotidiano da família e suas diversas formas de organização. Assim, as ações que devem ser desenvolvidas no CRAS envolvem atividades para inserção das famílias na rede de serviços socioassistenciais da prefeitura e atividades que visam ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Constatou-se que, no que se refere ao atendimento que o CRAS presta às famílias no Centro, sete coordenadores de CRAS ultrapassaram a meta estabelecida para o ano, e quatro não conseguiram atingi-la. Já no que concerne a cadastros, ocorreu o oposto, em que sete coordenadores não conseguiram alcançar a meta proposta e seis ultrapassaram-na.

Entre as atividades coletivas grupais, aquela em que se constatou o maior índice de descumprimento foi a modalidade grupos socioeducativos, em que 12 dos 16 CRAS não conseguiram atingir a meta. Já nas oficinas de reflexão apenas cinco CRAS não cumpriram a meta. O grupo de convivência para idosos foi o que atingiu

o maior índice de cumprimento, no qual 14 CRAS cumpriram com a meta de desenvolver um grupo de idosos no ano.

No que se refere às atividades coletivas comunitárias, obteve-se maior homogeneidade entre as modalidades, e em eventos o número de CRAS que ultrapassou as metas estabelecidas para o ano foi maior que o número de CRAS que não conseguiu atingi-las, sete para seis. O contrário ocorreu na modalidade reuniões comunitárias, em que nove CRAS não atingiram a meta prevista.

Na modalidade atividades de gestão, que corresponde à realização de reuniões de equipe de cada CRAS, reuniões entre os CRAS e reuniões com a Secretaria de Assistência Social do município, constatou-se que 10 CRAS não cumpriram a agenda de reuniões anual, e apenas um participou de mais reuniões do que estava programado.

Em relação às visitas domiciliares, apesar de todos os CRAS terem informado o número de visitas realizadas no ano, seis deles não estipularam metas, o que dificultou a análise. Ainda assim, pôde-se verificar que cinco CRAS não cumpriram a meta de visitas domiciliares. O mesmo ocorreu com a modalidade visitas institucionais, em que oito CRAS não estipularam metas. Dessa forma, obteve-se que quatro CRAS não cumpriram a meta, e três ultrapassaram o que estava previsto, o que pode ser evidenciado nas Tabelas 3 e 4, do Apêndice.

Buscou-se, na entrevista com os coordenadores, saber quais motivos levaram ao não alcance das metas estabelecidas para 2008. No que concerne às metas de atendimento, a maior parte dos CRAS conseguiu ultrapassá-la. Segundo os coordenadores, a demanda espontânea por parte das famílias facilita muito a realização dessa atividade. Quanto aos cadastros, alguns CRAS não atingiram a meta por não conseguirem realizar a busca ativa na comunidade. Justamente a demanda espontânea impede os técnicos de saírem do equipamento em busca de novas famílias.

Em relação às atividades coletivas grupais, os coordenadores apontaram que falta público para preencher as vagas nas oficinas, sendo preciso em alguns casos cancelar a atividade. Os motivos pelos quais as famílias não frequentam as oficinas variam de CRAS para CRAS, tendo sido mencionados pelos coordenadores: a) o equipamento localiza-se distante da comunidade, dificultando o acesso das famílias; b) as famílias não se interessam por atividades que não têm finalidade de geração de trabalho e renda, ou seja, os grupos de convivência e oficinas de reflexão do CRAS

não atraem as pessoas da comunidade; e c) a divisão do território em razão do tráfico de drogas na comunidade limita a locomoção de algumas famílias, impedindo que elas acessem o CRAS, uma vez que ele está localizado em uma área que elas não podem trafegar.

No que se refere às atividades de gestão, todos os coordenadores que não cumpriram a agenda de reuniões alegaram ser impossível atender a tantas demandas sem deixar as outras atribuições de lado. Dessa forma, eles optam, em algumas ocasiões, por não participarem de reuniões.

Os motivos apresentados pelos coordenadores para não atingirem as metas de visitas domiciliares e visitas institucionais foram: a dificuldade que os técnicos têm de se locomover dentro da comunidade, em razão da ausência de um veículo para o CRAS realizar essas atividades, e a intensa demanda por atendimento no centro, que limita o tempo da equipe para se dedicar a outras ações; nesse caso, as visitas domiciliares.

Diante do exposto, constatou-se que as ações propostas não estão sendo executadas na sua totalidade. Apesar de todas as atividades do livro de metodologia do CRAS estarem sendo contempladas no Plano de Ação, algumas não estão sendo realizadas com êxito, o que leva a inferir que os CRAS do Município de Belo Horizonte ainda têm muito que avançar no sentido de organização, planejamento e execução de suas ações, a fim de atender às famílias de forma adequada e eficaz.