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CAPÍTULO 3 DIMENSÕES DO DIREITO À EDUCAÇÃO DE QUALIDADE NA ETAPA

3.3 Qualidade como insumos: infraestrutura, formação de professores, carreira e número

3.3.3 Adequação da formação docente

Para analisar a formação docente como uma dimensão da qualidade, além de analisar o percentual de docentes com curso superior, faz-se necessário examinar, também, a categoria de adequação dos docentes em relação à disciplina que leciona. Para proceder à análise, utilizou-se a nota técnica disponibilizada pelo INEP que descreve cada um dos grupos de docentes, de modo a estipular o nível de adequação docente. Assim, tem-se: (i) Grupo 1 - docentes com formação superior em licenciatura na mesma disciplina que lecionam, ou bacharelado na mesma disciplina, com curso de complementação pedagógica concluído; (ii) Grupo 2 - docentes com formação superior em bacharelado na disciplina correspondente, mas sem licenciatura ou complementação pedagógica; (iii) Grupo 3 - docentes com licenciatura em área diferente daquela que leciona, ou com bacharelado nas disciplinas da base curricular comum e complementação pedagógica concluída em área diferente daquela que leciona; (iv) Grupo 4 - docentes com outra formação superior não considerada nas categorias anteriores, e (v) Grupo 5 - docentes que não possuem curso superior completo.

Para a análise desta categoria, somente foi possível considerar o intervalo temporal de 2013 a 2018, devido ao fato de não haver informações sobre os anos anteriores no banco de dados analisado.

Itabirito

No ano de 2013, o município de Itabirito, segundo os dados da tabela 20, possuía 36,27% dos professores do município lecionando de acordo com sua formação, ou seja, no caso da educação infantil, esses profissionais possuíam curso de pedagogia ou possuíam complementação pedagógica de modo a poderem atuar na educação infantil. Havia 0,30% pertencentes ao grupo 2, com bacharelado, mas sem licenciatura ou complementação pedagógica; 9,02% dos professores pertenciam ao grupo 3, isto é, possuíam licenciatura diferente daquela necessária para a área em que atuavam, ou mesmo bacharelado em disciplinas da base curricular comum, com complementação pedagógica em área diferente da que diz respeito à educação infantil. Nesse caso, por exemplo, é possível pensar em um professor de biologia dando aula para a educação infantil. No Grupo 4, estão 11,57% dos docentes que possuem formação superior, mas sem qualquer ligação com licenciaturas, como um assistente social, para apresentar um exemplo. Por fim, o grupo relativo aos profissionais sem qualquer formação superior completa alcançava o percentual de 42,85%.

Em 2014, o percentual do grupo 1 cresceu 17,31%, em relação ao ano anterior, o que pode ser interpretado como uma possível melhora no profissional que atendia à educação infantil, pois neste grupo estavam os profissionais com formação correspondente ao cargo que ocupava, de professor na educação infantil. Este dado precisa ser lido com outro, do Grupo 5, que apresenta uma queda percentual desejável, já que dentro dele estão os profissionais sem qualquer formação superior. Os anos de 2015 e 2016 mantiveram o padrão do ano anterior, nos dois grupos, alterando-se a partir de 2017 e mantendo-se, em 2018, com queda de percentual no Grupo 1.

Tabela 19 - Adequação da Formação dos Docentes de Itabirito – 2013-2018

Fonte: Elaboração própria, a partir de indicadores do INEP, 2019.

Percebe-se que o município de Itabirito, em 2017, apresentou uma retração de 8,23% de docentes com formação adequada em relação ao ano anterior, com apenas metade dos professores (50,20%) na situação desejada para a educação infantil. No outro polo, no grupo 5, houve um aumento de 16,65%, em 2016, para 21,73%, em 2017, e 22,25%, em 2018. Uma das limitações dessa categoria, no âmbito do presente estudo, diz respeito a não ser possível desagregar este dado para compreender se a ausência da adequação docente está mais presente na rede pública ou privada.

Mariana

O município de Mariana, dentre as outras duas municipalidades, foi a que apresentou a maior regularidade no indicador relativo à adequação da formação docente ao trabalho a ser realizado. Em 2013, 74,9% dos professores possuíam formação adequada para atuar na educação infantil. Durante o período estudado, percebe-se uma variação chegando em 2018

com o percentual de 71,1% de professores com formação adequada na série em que leciona. Os percentuais mantiveram-se, no período, entre 74,9% e 71,1%, índices desejados para trabalharem na etapa da educação infantil.

Tabela 20 - Adequação da Formação dos Docentes de Mariana – 2010-2018

Fonte: Elaboração própria, a partir de indicadores do INEP, 2019.

Somada à regularidade do indicador do Grupo 1, têm-se as médias do Grupo 5, que devem ser consideradas em um cenário mais amplo. Nota-se que, no recorte temporal privilegiado, o município de Mariana apresenta um comportamento recessivo de docentes sem qualquer formação superior atuando na educação infantil. Em 2013, havia 15% desse grupo atuando na área, um ano depois, esse percentual cai para 10,3%, chegando a 2018 com apenas 8,5% de profissionais sem formação em creches. Como já exposto em outro momento, cabe a investigações futuras buscar compreender as possíveis razões econômicas e/ou políticas que poderiam explicar o relativo êxito do município na garantia de um número considerável de professores com ensino superior atuando em Mariana, bem como a adequação docente à etapa ou currículo ensinado. Sabendo que um número maior de professores com curso superior, no município, está na rede pública, não parece incoerente supor que essa maior adequação também esteja neste segmento. Cabe, ainda, investigar se os percentuais de adequação docente estão equitativamente distribuídos entre as escolas do município.

Ouro Preto

O município de Ouro Preto manteve, no período de 2013 a 2018, o mesmo comportamento em relação à adequação docente, com uma média de 42,9%, neste intervalo de tempo. Em 2013, era possível encontrar 40,4% dos professores no grupo 1, chegando a

2018 com, praticamente, o mesmo percentual, 40,6%, de professores com adequação relativa ao trabalho que realizam. Na outra extremidade, o grupo 5, com docentes sem qualquer formação superior, também manteve-se com percentuais estáveis, embora bastante altos, entre 28,3% e 26,1%, em 2013 e 2018, respectivamente.

Tabela 21 - Adequação da Formação dos Docentes de Ouro Preto – 2010-2018

Fonte: Elaboração própria, a partir de indicadores do INEP, 2019.

Um dado trazido pelo município de Ouro Preto que pode ser compartilhado com outro de Itabirito, diz respeito ao Grupo 3, composto por docentes com licenciatura em área diferente daquela que leciona, ou com bacharelado nas disciplinas da base curricular comum e complementação pedagógica concluída em área diferente daquela que leciona, qual seja, em Ouro Preto, a média desse grupo, no período, também alcançou 20,7%.