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Concreto Convencional

2.4. Componentes Básicos 1 Cimento

2.4.2. Adições de Finos

O emprego de adições é imprescindível para satisfazer a demanda de finos que requer o concreto auto-adensável. Dentro do que se entende de adição de finos, inclui-se também, os finos por parte das areias, que, em geral, passa pela peneira de 0,08 a 0,063 e os finos que alguns tipos de agregados apartam.

A utilização de finos promove o aumento da trabalhabilidade, e atua garantindo a coesão da pasta, elevando a resistência à segregação, que pode ser um dos parâmetros de risco quando se utiliza grandes quantidades de superplastificante.

No estado endurecido, o concreto, com adição de finos, apresenta melhora nas propriedades mecânicas, devido ao melhor preenchimento de vazios, tornando-o assim, mais denso, porém a quantidade de adição deve ser verificada com rigor, já que o aumento na dosagem de finos aumenta a demanda de água, devido à sua alta superfície específica, o que acarreta aumento de dosagem de aditivo superplastificante.

Alguns tipos de pozolanas também podem ser utilizados. Pozolanas são materiais silicosos com pouco ou nenhum valor cimentício, mas que em presença de água reage com o Ca(OH)2, formando compostos com propriedades cimentícias. As principais pozolanas são: Cinza vulcânica, Cinza da casca de arroz, Cinzas volantes provenientes das termoelétricas e também a sílica ativa. Outro tipo de pozolana é a argila calcinada. A argila crua não apresenta propriedades pozolânicas, devido à sua estrutura cristalina, e com tratamento térmico, essa estrutura é quebrada, formando um material quase amorfo ou uma estrutura desordenada de silicato de alumínio, tornando-se assim altamente pozolânica. Nuran Ay (2000) verificou que resíduos de azulejos apresentam propriedades pozolânicas, e podem ser adicionados ao cimento em até 35% da sua composição, reduzindo, assim, os custos de produção.

Sobre a natureza da adição não existe normalização. Fíler calcário e basáltico, pó de mármore, metacaulim, etc, vêm sendo utilizados.

Moura et al. (2006) avaliaram a incorporação de resíduos de serragem de mármore e granito em concretos auto-adensáveis, dosados pelo método desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (TUTIKIAN, 2004). Os autores avaliaram o desempenho no estado fresco e a resistência mecânica à compressão de concretos auto-adensáveis, produzidos com resíduos da serragem de mármores e granitos ornamentais (RMG). Os autores concluíram que o

consumo de cimento para a produção de concretos de 30 MPa, foi menor para o traço de C.A.A. com RMG, em relação ao concreto convencional referência.

Bosiljkov (2003) trabalhou com traços de concreto auto-adensável com agregado mal graduado e grande volume de fíler calcário (pó de pedra calcária), comparando com concretos convencionais. Esse tipo de material é freqüentemente utilizado para melhorar a distribuição das partículas finas e o comportamento fluído das pastas de cimento nos C.A.A.s. A adição de fíler calcário tem um importante efeito nas propriedades do concreto no estado fresco e endurecido, os grãos de fíler atuam como pontos de nucleação de hidróxido de cálcio e de C-S-H (silicato de cálcio hidratado), que são produtos de hidratação em idades iniciais, acelerando a hidratação dos minerais do clínquer, especialmente o C3S, resultando em um aumento da resistência inicial, (BONAVETI et al. (2000) apud BOSILJKOV, 2003). A melhora na distribuição das partículas finas pode aperfeiçoar a estabilidade e a trabalhabilidade do concreto fresco, bem como aumentar a densidade da pasta no estado endurecido, (HEIKAL et al. (2000), apud BOSILJKOV, (2003)). Em seu trabalho, Bosiljkov estudou a adição de dois tipos de fíler calcário: um em pó, denominado LF-L (diâmetro entre 1µm - 4 µm), e outro, um pouco mais graduado, denominado LF-C. Os resultados obtidos mostram que o fíler mais fino (LF-L) apresenta melhor comportamento, aumento da deformabilidade através do refinamento da estrutura da pasta. Os C.A.A.s com adição de LF-L obtiveram resistência à compressão superior a 5 MPa com relação aos concretos convencionais aos 28 dias, enquanto os C.A.A.s com adição de LF-C obtiveram resistência à compressão de 5 MPa inferior aos concretos convencionais, também, aos 28 dias.

Calmom et al. (2006) comparam, utilizando técnicas de filmagens dos ensaios, as propriedades reológicas de pastas com dois tipos de adições minerais (calcário e RSRO (resíduo de serragem de rochas ornamentais)), cimento e aditivo superplastificante. Os autores observaram que, dentro dos parâmetros propostos para a dosagem de pastas visando ao uso em C.A.A.. As pastas com adição de RSRO possibilitaram uma redução no consumo de cimento da ordem de 6%, quando comparadas com pastas de calcita. Do ponto de vista do comportamento das pastas, ambos os finos podem ser utilizados para a produção de concretos auto-adensáveis de alta resistência. A análise de vídeo e as técnicas apresentadas neste trabalho possuem baixo custo, são confiáveis e eficazes para o estudo dos tempos de escoamento e espalhamento, podendo ser utilizadas com êxito no estudo de outros parâmetros de ensaios em concretos auto-adensáveis.

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Barros (2008) estudou a adição de Resíduo de Corte de Mármore e Granito (RCMG) em concretos auto-adensáveis comparando propriedade de durabilidade (permeabilidade ao ar; absorção de água por sucção capilar; resistência à carbonatação; e resistência ao ataque de sulfatos) com concretos convencionais. Os resultados mostraram que em geral as propriedade de durabilidade do C.A.A. foram melhores que as encontradas em concretos convencionais.

Para os pré-fabricados ou em obras que exigem uma resistência inicial elevada, a adição mais recomendada é a do fíler ou de areias corretoras. As areias finas (corretoras) são adicionadas para melhorar a distribuição granulométrica dos agregados e para densificar o compósito, diminuindo o índice de vazios.

2.4.3. Areias

Não existem limitações quanto à natureza das areias empregadas em concretos. É necessário, porém, empregar areias cuja distribuição granulométrica resulte em areias contínuas, sem cortes em sua granulometria. O conteúdo de areia, geralmente pode representar de 50 a 60% da quantidade de agregado total, em função da natureza e quantidade de adição de finos empregada, do cimento e das características do agregado graúdo. O código EFNARC (2002) cita que qualquer tipo de areia pode ser utilizado, tanto a natural como a britada.

De acordo com Hibino & Mauruyama (2002) apud Almeida Filho (2006), a determinação do teor de umidade no agregado miúdo é de grande importância na adensabilidade do C.A.A.. Desse modo, torna-se importante determinar a umidade da areia no instante da concretagem, para que se tente evitar erros na quantidade de água de mistura.

As areias artificiais, por apresentarem grande quantidade de grãos alongados, necessitam de uma maior quantidade de pasta, pois, geram um concreto muito áspero. Já as areias mais arredondadas, provenientes de leito de rios, zonas marítimas e depósitos eólicos, apresentam um melhor desempenho em termos de fluidez devido à forma de suas partículas (PETERSON, 1999). De acordo com a literatura corrente, na dosagem do C.A.A., a areia está presente por volta de 40 a 50% do volume de argamassa (EDAMATSU et al., 2003).