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CAPÍTULO II DESASTRE SOCIAL NO TRÁGICO DESFECHO DO AERUS

2.2 Aerus: criação, ruína e consequências

O Aerus é uma EPCF (fundo de pensão). No ano de 1981, o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Délio Jardim de Mattos, determina a instituição de um grupo de trabalho que elabora documento embasando o surgimento do Aerus.

42 Decorre da expressão pension fund, que significa, nos Estados Unidos, "fundo de previdência". 43 LC 109, de 2001. Art. 32. As entidades fechadas têm como objeto a administração e execução de planos de benefícios de natureza previdenciária.

Parágrafo único. É vedada às entidades fechadas a prestação de quaisquer serviços que não estejam no âmbito de seu objeto, observado o disposto no art. 76.

Art. 1o O Instituto Aerus de Seguridade Social, doravante designado instituição, é uma entidade fechada de previdência complementar, constituída sob a forma de sociedade civil, para instituir e administrar planos privados de concessão de benefícios de pecúlio e/ou renda, assemelhados aos do Regime Geral de Previdência Social:

§ 1o A Instituição terá sede e foro na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, podendo manter representações regionais ou locais.

§ 2o O patrimônio da instituição é autônomo, livre e desvinculado de qualquer outro órgão ou entidade.

§ 3o As obrigações assumidas pela instituição não são imputáveis, isolada ou solidariamente, aos seus membros.

§ 4o Nenhum benefício poderá ser criado, majorado ou estendido na instituição, sem que, em contrapartida, seja estabelecida a respectiva receita de cobertura. (ESTATUTO DO INSTITUTO AERUS DE SEGURIDADE SOCIAL - aprovado pela Portaria SPC 988, de 12/09/2002)44.

Para viabilizar a implantação do Instituto Aerus, além das contribuições de participantes e empresas patrocinadoras, havia uma proposta da criação da terceira fonte de custeio (a partir da cobrança de uma taxa de 3% incidente sobre as tarifas aéreas nacionais), defendida por representantes do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos (FNTTA), DAC e do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (SNEA).

O Instituto de Seguridade Social Aerus foi criado em 20 de outubro de 1982 pelas empresas aéreas Varig e Transbrasil, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Com o passar dos anos, outras empresas patrocinadoras aderiram ao Aerus.

Para participar, bastava ser funcionário das empresas patrocinadoras ligadas ao setor aéreo (aeronautas45 e aeroviários46), que totalizavam 18 empresas e 32 tipos de planos, bem como não poderia estar em gozo de auxílio-doença no momento da inscrição no Aerus.

Empresas patrocinadoras:

44 Vide Anexo A - Documentos Fundantes, item A.3.

45 Termo designa todo profissional que trabalha dentro de aeronaves em vôo, compreendendo os seguintes profissionais: piloto, copiloto, mecânico de vôo também chamado de "engenheiro de voo" e comissário de voo, como também no feminino, popularmente chamada aeromoça. (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Aeronauta>).

46 Trabalhador que, não sendo aeronauta, exerce funções em empresas de transporte aéreo. É também considerado aeroviário o titular de licença e respectivo certificado válido de habilitação técnica expedidas pela Diretoria de Aeronáutica Civil para prestação de serviços em terra, que exerça função efetivamente remunerada em aeroclubes, escolas de aviação civil, bem como o titular, ou não, de licença e certificado, que preste serviço de natureza permanente na conservação, manutenção e despacho de aeronaves. (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Aerovi%C3%A1rio>).

- Varig: planos de benefícios em liquidação extrajudicial;

- Rio Sul Serviços Aéreos Regionais: planos de benefícios em liquidação extrajudicial;

- Nordeste Linhas Aéreas S.A.: planos de benefícios em liquidação extrajudicial;

- Fundação Ruben Berta: plano de benefício em liquidação extrajudicial; - Varig Logística (Varig Log ): plano de benefício em liquidação extrajudicial; - Varig Engenharia e Manutenção (VEM);

- Serviços Auxiliares de Transportes Aéreos (Sata): planos de benefícios em liquidação extrajudicial;

- Tropical: em processo de retirada de patrocínio; - Amadeus;

- Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA);

- Aeroespaço: plano de benefício em liquidação extrajudicial;

- Aeromot Indústria: planos de benefícios em liquidação extrajudicial; - Aeroclube RS: plano de benefício I em liquidação extrajudicial;

- Aeromot Aeronaves: planos de benefícios em liquidação extrajudicial; - Interbrasil: planos de benefícios em liquidação extrajudicial;

- Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA);

- Transbrasil: planos de benefícios em liquidação extrajudicial;

- Federação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aéreo (FNTTA). A previdência complementar fechada é vista como um mecanismo que amplia a proteção social, quando benefícios são recebidos pelas contribuições feitas ao longo da vida laborativa, bem como contra a perda da capacidade de trabalho. Além da aposentadoria, geralmente oferecem também proteção contra riscos de morte, acidentes, doenças, invalidez, entre outros.

São considerados beneficiários o(a) cônjuge ou companheiro(a); filhos solteiros menores de 21 anos; filhos solteiros até 24 anos, desde que estejam cursando Ensino Superior; e pessoas inválidas, ou de idade avançada (acima de 55 anos), mediante a comprovação de que dependem economicamente do participante.

Podem também participar do Aerus ex-funcionários, desde que contribuam e aquelas pessoas de empresa patrocinadora, dentro do prazo estabelecido no respectivo regulamento do plano de benefícios47.

A aposentadoria é paga mensalmente até a morte do participante, quando então os beneficiários apontados por ele passam a receber uma pensão, desde que tenham direito a esse benefício, de acordo com o estabelecido no regulamento. O valor da aposentadoria varia conforme a escolha do participante, podendo ser:

- vitalícia, sem continuação para dependentes - com a morte do participante, não há mais pagamento do benefício;

- vitalícia, com um percentual limitado a 100% e escolhido pelo participante - como continuação do benefício para seus beneficiários, em caso de morte;

- vitalícia, com um período garantido de 120 meses - no caso de morte do participante antes de completados os 120 meses contados desde o início do pagamento da aposentadoria, o benefício será pago ao conjunto de beneficiários até o fim desse período. Caso não haja beneficiário, o valor equivalente às parcelas que faltam para completar os 120 meses será pago, de uma única vez, à pessoa designada pelo participante, ou aos herdeiros legais. Mesmo depois de decorridos os 120 meses, a renda mensal será paga enquanto o participante estiver vivo.

As contribuições feitas ao Aerus só podem ser resgatadas integralmente quando o funcionário se desligar da empresa patrocinadora sem ter direito a nenhum benefício posterior.

O contribuinte pode se desligar do Aerus sem sair da empresa, mas a quantia que se refere às suas contribuições ficará retida até o dia em que o participante se desligar da empresa. Durante esse período, o montante das contribuições continuará sendo atualizado.

Desde janeiro de 1996, em conformidade com a Lei 9.250, de 26 de dezembro de 199548, o Aerus passou a reter a parcela ao Imposto de Renda do montante de contribuições que é resgatado pelo beneficiário.

47 É o conjunto de direitos e obrigações reunidos em um regulamento. (Disponível em: <http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico. php?id=167>).

48 Art. 4o Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: V - as contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas no País, cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social. (Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/ant2001/lei925095.htm>)

Os beneficiários da Varig/Aerus possuem dois tipos de plano: Plano I e Plano II.

O Plano de Benefícios I - Varig e Plano de Benefícios II – Varig, do Instituto Aerus, abrangem os seguintes benefícios/institutos:49

- Aposentadoria normal, - Aposentadoria antecipada - Aposentadoria por invalidez,

- Pensão por morte antes da aposentadoria, - Pensão por morte após a aposentadoria, - Benefício proporcional diferido,

- Pecúlio por morte, - Auxílio-reclusão, - Resgate,

- Portabilidade, - Abono anual,

- Benefício proporcional (participantes do Plano II, oriundos do Plano I, cujos benefícios foram concedidos com base no regulamento vigente até 31/12/2002).

O Plano de Benefícios I – Varig nasceu praticamente junto com o Aerus. Nesse plano, a Varig pagava um valor mensal, mediante o recolhimento de percentuais da folha de pagamento de todos os seus empregados e diretores, e o funcionário, outro, definido por ele próprio, que escolhia um percentual de seu salário. Mais a contribuição do governo, chamada de terceira fonte. Era um adicional de 3% do valor da tarifa dos trechos domésticos, cobrado dos passageiros, a ser aplicado por 30 anos.

Antes de terminado o prazo estabelecido de 30 anos, após nove anos o governo, através do DAC, extinguiu a terceira fonte, alegando a sua não necessidade, a partir daquele momento, e as patrocinadoras passaram a incluir o adicional tarifário no valor total da tarifa, retendo-o para seu uso próprio.

O Plano de Benefícios II – Varig foi criado em 1995, permitindo à Varig, in extremis, desobrigar-se do pagamento de sua contraparte. Os funcionários que

49 Nota Técnica Atuarial de Liquidação do Plano de Benefícios I

– Varig e Plano de Benefícios II –

Varig – junho de 2006. (Disponível em:

optassem pelo Plano II, por sua vez, poderiam contribuir com percentual maior ou menor do que o até então fixado no Plano I.

Os pagamentos da Varig ao Aerus, relativamente aos participantes do Plano I, não sendo mais efetuados, causam imensa dívida, jamais paga. A Varig decide, ainda, quanto à sua contraparte para os vinculados ao Plano II do Aerus, utilizar alíquota zero, ou seja, nenhuma contribuição.

Muitos ativos migram de plano e essa mudança é prevista na previdência privada mediante as situações financeiras negativas, para garantir o equilíbrio, segundo o artigo 17 da Lei Complementar 109/2001que dispõe:

Art. 17 As alterações processadas nos regulamentos dos planos aplicam-se a todos os participantes das entidades fechadas, a partir de sua aprovação pelo órgão regulador e fiscalizador, observado o direito acumulado50 de cada participante.

Parágrafo único. Ao participante que tenha cumprido os requisitos para obtenção dos benefícios previstos no plano é assegurada a aplicação das disposições regulamentares vigentes na data em que se tornou elegível a um benefício de aposentadoria.

Desde 4 de julho de 2005, os planos de benefícios da patrocinadora Varig, administrados pelo Aerus, entram em regime de administração especial, por decisão da Secretaria de Previdência Complementar (SPC). Com o início do processo de recuperação judicial da Varig e com a interrupção do pagamento da dívida, a Secretaria opta por designar um administrador especial para os planos da empresa aérea no Aerus, como sugere a Lei Complementar 109:

Art. 42 O órgão regulador e fiscalizador poderá, em relação às entidades fechadas, nomear administrador especial, a expensas da entidade, com poderes próprios de intervenção e de liquidação extrajudicial, com o objetivo de sanear plano de benefícios específico, caso seja constatada na sua administração e execução alguma das hipóteses previstas nos arts. 44 e 48 desta Lei Complementar.

Parágrafo único. O ato de nomeação de que trata o caput estabelecerá as condições, os limites e as atribuições do administrador especial.

50 Assim, o instituto jurídico do direito acumulado visa à preservação do direito constituído (reserva matemática) pelos participantes ativos e à manutenção da finalidade última da entidade que é o pagamento de benefícios. (SIMÕES, Fernando Nunes; MACEDO, Manoel Moacir Costa. Op. cit. p. 76-78).

Com o fim da Varig (e criação da Varig “velha”, responsável pela dívida com o Aerus), as aposentadorias e pensões tornam-se insustentáveis, sem o pagamento da enorme dívida da Varig para com o Aerus – segundo algumas fontes, de cerca de R$ 3,6 bilhões.

Só sei que o Plano I tem mais gente e é o que mais tem problemas de caixa. Tanto que se não resolverem o problema em abril teremos dinheiro somente até junho de 2012. O Plano II apresenta uma maior liquidez ainda, mas mesmo assim sofrerá também, se nada for resolvido. O Plano II foi criado depois de anos de existência do Aerus, mas este Plano II não dava todas as garantias que existiam com o Plano I que é o início do Aerus.

Eu e muitos outros fomos diversas vezes convidados para passar para o Plano II. Nunca aceitei e outros também não aceitaram. Agora, se todos nós pudéssemos imaginar que haveria esta tragédia eu teria mudado de Plano. Pois este Plano II, que não oferecia garantias como o Plano I do Aerus Varig, é o que tem mais liquidez, ainda hoje. (Comissário E, 30/9/2011).

O valor da ação da defasagem tarifária ainda não foi pago pelo governo à “velha” Varig, para repasse ao Aerus, devido a diversos recursos impetrados pelo governo contra decisões favoráveis à Varig.

A situação financeira do Aerus/Varig vem se tornando insustentável, ao longo dos anos, como se verifica na Tabela 11 com dados e pareceres atuariais do Demonstrativo dos Resultados da Avaliação Atuarial (Draa), por plano, de 1998 a 2002.

Tabela 11 - Resultados da avaliação atuarial de 1998 a 2002

Varig - Plano de Benefícios I Varig - Plano de Benefícios II Ano- base Ocorrência Ano- base Ocorrência

1998 Déficit 90.518.149,00 técnico e reserva de R$ a amortizar, de R$ 247.498.601,00. Na comparação entre o ativo e o passivo atuarial, o resultado era uma insuficiência de R$ 338.016.750,00. O ativo líquido era de R$ 928.558.406,00.

1998 Superávit de R$ 5.045.389,00 que, comparado com a reserva a amortizar de R$ 7.037.030,00, implicava uma insuficiência de R$ 1.991.641,00, coberta pela taxa de contribuição suplementar a cargo da patrocinadora. O ativo líquido era de R$ 204.732.858,00.

1999 Déficit 36.040.279,00. Na comparação técnico de R$ entre o ativo e o passivo atuarial, a insuficiência era de R$ 153.770.618,00,

consideravelmente menos que a do exercício anterior. O ativo líquido era de R$ 835.905,041,00.

1999 Indicava um equilíbrio, ou seja, o ativo líquido igual ao passivo atuarial. Considerada a reserva a amortizar, havia uma insuficiência de R$ 61.982.974,00, coberta pela taxa de contribuição suplementar, a cargo da patrocinadora e com prazo de amortização de 15,83 anos. O ativo líquido era de R$ 576.182.447,00.

2000

Déficit técnico de R$ 66.635.402,00. Na comparação entre o ativo e o passivo atuarial, o resultado era uma insuficiência de R$ 217.565.309,00. O crescimento dessa insuficiência em relação ao resultado do ano anterior foi creditado, segundo o parecer, à “rentabilidade insuficiente frente às metas atuariais”. O ativo líquido era de R$ 846.994.224,00.

2000

Superávit de R$ 23.574.694,00 (totalmente na reserva da contingência) que, comparado com a reserva a amortizar de R$ 140.704.201,00 implicava uma insuficiência de R$ 117.129.516,00, coberta pela taxa de contribuição suplementar a cargo da patrocinadora e com prazo de amortização de 14,58 anos a partir de agosto de 2000. O ativo líquido era de R$ 624.792.437,00.

2001 Déficit de R$ 222.528.311,00. Na comparação entre o ativo e o passivo atuarial, o resultado era uma insuficiência de R$ 386.020.061,00. O crescimento dessa insuficiência em relação ao resultado do ano anterior foi creditado, segundo o parecer, à “rentabilidade insuficiente frente às metas atuariais e da prática de contribuições abaixo do nível atuarialmente recomendado”. O ativo líquido era de R$ 814.775.623,00.

2001 A patrocinadora não assumiu parte do custo suplementar e estabeleceu a sua contribuição fixa em 3,32% da folha, no período de janeiro a junho, e em 4,32% da folha, de julho a dezembro. Em face disso, ocorre um déficit de R$ 12.653.861,00, que, somado com a reserva a amortizar de R$ 177.894.041,00, aponta uma insuficiência de R$ 190.547.902,00. O aumento dessa insuficiência em relação ao exercício anterior foi creditado, segundo o parecer atuarial, à “rentabilidade do ativo abaixo das metas atuariais. O ativo líquido era de R$ 647.948.459,00.

2002 Déficit de R$ 1.136.988,00 que, somado à provisão matemática a constituir, referente ao serviço passado e ao déficit equacionado, implicava uma insuficiência técnica de R$ 413.176.201,00. O ativo líquido do plano, no valor de R$ 837.508.822,00, ainda que integralmente razoável, seria insuficiente para cobrir as provisões matemáticas de benefícios concedidos, de R$ 1.021.773.504,00.

2002 Superávit Comparando-se o superávit, com a de R$ 8.196.115,00. provisão matemática, com a reserva a constituir referente ao serviço passado e ao déficit equacionado. O resultado era uma insuficiência de R$ 184.392.798,00. O ativo Líquido era de R$ 686.398.432,00, se, integralmente, seria suficiente para cobrir as provisões matemáticas de benefícios concedidos, de R$ 454.626.472,00, e também o valor de resgate de R$ 135.352.647,58.

Fonte: Dossiê Aerus. Dados obtidos no arquivo de documentos da Apvar:

Segundo a avaliação atuarial realizada, quanto à base de cálculo das contribuições, o Aerus não calcula as contribuições devidas pelo patrocinador. Este é que se encarrega de descontar os valores devidos pelos participantes ativos,

mediante informação dos percentuais. Portanto, o Aerus não tem controle da base de cálculo, visto não ter acesso aos salários do patrocinador.

Também não há controle sobre movimentação de participantes. Alguns são licenciados e, em seguida, nomeados diretor em empresa coligada à patrocinadora à qual estão vinculados, passando a contribuir pela remuneração que recebem na empresa coligada.

A contribuição em nível abaixo do atuarialmente recomendado acontece nos planos da Varig. Registra no Draa o percentual de contribuição admitido pela patrocinadora e, consequentemente um déficit, como foi o caso da patrocinadora Varig, durante os exercícios de 1999 a 2002, em relação ao Plano I, e de 2002, em relação ao Plano II.51

Desde 1995, o Aerus utiliza, nas suas avaliações atuariais, entre outras hipóteses financeiras e econômicas, válidas para todos os planos de benefícios:

 Taxa anual de juros de 6% a.a; projeção de crescimento real de salário de 0% a.a;

 Projeção de crescimento real do maior salário de benefício do INSS: 0% a.a;  Projeção de crescimento real dos benefícios do plano: -3,5% a.a (até a avaliação de 2000, válida até 2001), -3,25% a.a (na avaliação de 2001, válida para o ano de 2002) e de -3,0% a.a (na avaliação de 2002, válida para o ano de 2003); o indicador econômico utilizado é o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI).

É importante ressaltar que, para que os resultados da avaliação atuarial sejam confirmados, é preciso que as hipóteses utilizadas sejam consistentes. Quando isso não acontece, como é o caso do Aerus/Varig surgem as seguintes distorções:

 O Aerus vem perseguindo uma meta de IGP-DI + 6% a.a, que não é capaz de cumprir com a sua função de contribuir para o equilíbrio dos planos;

 As provisões matemáticas são estimadas por valor menor, pois acredita-se que a taxa de juros real será maior do que a efetivamente alcançada;

 As contribuições de patrocinadores e participantes são definidas com valor menor do que o de fato necessário para manter o equilíbrio dos planos;

 O valor dos benefícios de renda continuada é calculado a mais, em relação ao que as provisões garantiriam, se fosse considerada a taxa de juros efetivamente alcançada;

 O resultado deficitário deixa, em parte, de ser reconhecido, na espera de que, em algum momento futuro, será reduzido ou anulado pelo efeito de uma excepcional rentabilidade dos investimentos que a muito não vem sendo alcançada.

As questões que envolvem a rentabilidade dos investimentos abaixo da meta atuarial e as hipóteses financeiras e econômicas que não se confirmam têm sido objeto de notas nos pareceres atuariais a partir do ano-base de 2000, tendo, o Aerus, iniciado um processo de correção da hipótese de crescimento real de benefício em +0,25 ponto percentual (p.p.) por ano, a partir de 2002.

A Superintendência Nacional de Previdência Complementar – Previc, por meio da Portaria 393, de 29 de julho de 201152; nomeia José Pereira Filho para exercer a função de administrador especial, com poderes de liquidação extrajudicial dos Planos de Benefícios I e II - Varig até a presente data.

No panorama mais atual dos 15.785 beneficiários (ativos, aposentados e pensionistas) do Aerus/Varig, 7.068 optaram pelo Plano de Benefício I e 8.717 pelo Plano de Benefício II.53

Dos 7.068 que optaram pelo Plano de Benefício I, 4.965 são aposentados e pensionistas e 2.103 são participantes ativos e quirografários54. Já dos 8.717 que

optaram pelo Plano de Benefício II, 2.985 são aposentados e pensionistas, enquanto 5.732 são participantes ativos e quirografários.

Isso mostra que a maioria dos aposentados e pensionistas está no Plano I do Aerus/Varig, que deu início ao Fundo de Pensão, sendo o mais prejudicado, desde o dia 12 de abril de 2006, que completou, neste ano de 2012, seis anos de luta e tragédia que ainda assolam a vida dos variguianos.

52 Publicada no Diário Oficial da União 146, de 1o de agosto de 2011, p. 52, seção 2. 53 Disponível em: < http://www.aerus.com.br>.

54 Credor que não tem preferência ou privilégio, no quadro geral de credores, deste modo, os trabalhadores têm seus créditos dotados de privilégio na falência, cuja questão, encontrada disciplinada na nova lei de recuperação de empresa, no equivalente a 150 salários-mínimos, o que passar disto será quirografário, especial também será o crédito hipotecário, sendo certos, quando do pagamento do crédito por ocasião da falência, os credores quirografários receberão por último os seus créditos e se sobrar, após a paga dos outros privilegiados. Credor quirografário em tese é a pessoa física ou jurídica que detém o crédito comum habilitado no Juízo da Falência.

Eu ganhava, em 2006, um mês antes da intervenção do Aerus, o benefício bruto de R$ 3.745,00. Hoje, só recebo R$ 592,55. Mas tem

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