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Afetividade na formação dos professores de Educação Física

No documento APARECIDA DE FÁTIMA FERRAZ QUERIDO (páginas 54-57)

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Em 18 de fevereiro de 2002 foram instituídas as Diretrizes Curriculares para a

2.2. Afetividade na formação dos professores de Educação Física

Na área da Educação Física, o número de pesquisas realizadas envolvendo os processos cognitivos e biológicos, principalmente em fisiologia do exercício, desenvolvimento e controle motor, lazer e recreação, é consideravelmente maior que as pesquisas envolvendo estudos sobre a afetividade. De certa forma, é conseqüência da preocupação com o corpo e com os aspectos biológicos que acompanham a trajetória da Educação Física. Mais recentemente, a partir de pressupostos teóricos com forte marca social, tem se configurado uma visão integradora do ser humano, defendendo o entrelaçamento entre os aspectos cognitivos, afetivos e motor, além da relevância destes aspectos para o processo de construção do conhecimento.

Mosston, em 1978, preocupado com as questões referentes ao processo de ensino- aprendizagem em Educação Física, apresenta uma metodologia de ensino que favorece ao professor o desenvolvimento de estilo de aulas que levassem seus alunos a desenvolverem e demonstrarem sua afetividade durante as aulas práticas, utilizando de estilos de ensino, chamados por ele de comando-direto, designação de tarefas, ensino recíproco, descoberta dirigida e resolução de problemas. Em 2001, Mosston e Ashworth, ainda preocupados com a didática da Educação Física, reformulam seus estilos de ensino e incorporam outros estilos que chamaram de: auto-descobrimento, inclusão, individual, iniciado pelo aluno e auto- ensino. Na palavra dos autores são estilos de ensino distintos, atrevidos e sugestivos. Estes estilos de ensino levam os alunos a desenvolverem a sua autonomia e a descobrirem o prazer

ao encontrar no outro o parceiro para sua prática da atividade física, a partir do momento que aumenta o canal de comunicação entre os alunos, e, entre alunos e professores durante as aulas.

Recentemente, Malaco (2004), em sua tese de Doutorado intitulada “Formação de Educadores e a afetividade dos estagiários de Educação Física em relação à Prática de Ensino” percebeu, que os trabalhos sobre afetividade na Formação de Professores de Educação Física, ainda são muito pouco explorados, e que o desenvolvimento pessoal dos alunos não tem sido considerado como relevante nesse processo de formação. O ensino, nas licenciaturas (educação física), de modo geral, é pautado em saberes disciplinares que não levam em conta o indivíduo, suas particularidades e seus projetos de vida.

Os resultados de sua pesquisa também demonstraram alterações subjetivas (insegurança, medo, ansiedade) no comportamento dos estagiários diante dos problemas que surgem na sala de aula e, conseqüentemente, ocorreram mudanças nas atividades da prática de ensino, como, por exemplo, a maneira de organizar e de desenvolver a regência na Educação Básica, a relação com a classe e com os alunos individualmente, e mudanças de atitudes afetivas-cognitivas. Acrescenta ainda em suas discussões que:

Tais questões não são exploradas durante o processo de formação profissional e são desconsideradas pelos professores da graduação, cujas preocupações se concentram quase que exclusivamente na dimensão técnica. Portanto, as questões afetivas-cognitivas e de identificação profissional, que permeiam a formação do educador, precisam ser mais exploradas, conhecidas e estudadas. (MALACO, 2004, p.79)

Loberto (2005 p.101) conclui, em seus estudos, que “os futuros professores de Educação Física percebem a importância da afetividade no processo de ensino-aprendizagem para que a Educação Física consiga atingir seu propósito, que é o desenvolvimento integral dos alunos, mas, que estes conceitos não são discutidos em todas as disciplinas do Curso, limitando-se à Psicologia da Educação e à Didática.

Podemos acrescentar que, embora todos tenham consciência que a afetividade seja um aspecto relevante na formação do professor, ainda é muito pouco discutida e até negligenciada

por muitos professores formadores. Segundo Loberto (2005) ficou claro na análise dos dados, que existe a necessidade de trabalhar mais as questões referentes à afetividade no Curso de Formação de Professores.

Oliveira (2006, p.141) em sua pesquisa conclui que a afetividade não só deve ser

uma dimensão a ser considerada na prática pedagógica,[...], mas também a ser investigada e considerada no próprio ato de pesquisar.

Acrescenta Oliveira (2006) que há necessidade de se continuar investigando as possibilidades e limitações da proposta apresentada em sua tese de doutorado “Afetividade e prática pedagógica” em outros contextos, destacando a importância de se confrontar e complementar os resultados obtidos a partir de outros referenciais teóricos.

Os professores formadores ainda hoje têm que os fenômenos que envolvem a afetividade no processo ensino aprendizagem é o professor ser carinhoso, afetuoso, bonzinho com seus alunos. No entanto, afetividade na relação pedagógica vai muito mais além e envolve muitos outros aspectos, como a preocupação com os objetivos de ensino, a escolha de procedimentos adequados a aprendizagem do aluno e a avaliação do ensino e da aprendizagem.

Os Cursos de Formação de Professores devem fornecer subsídios aos atores desse processo de formação de como observar os processos interativos que ocorrem na sala de aula, como a troca de olhares dos alunos e as expressões físicas, os quais podem ser indicativas de uma avaliação da sua aula. Além disso, os comentários dos alunos a respeito do que sentem, gostam, do que compreendem e do que vêem nas interações com o professor durante a realização das atividades confirmam os efeitos da mediação na relação que se estabelece entre o aluno e a aprendizagem.

Também, não podemos esquecer que o professor é um ser humano com sentimentos e emoções, sofrendo as pressões do dia-a-dia e tendo que lidar com diferentes manifestações de afetividade dos diferentes sujeitos desse processo. Ele deve ser compromissado com o conhecimento, mas também é afetado e constituído pelo OUTRO.

CAPÍTULO-III

No documento APARECIDA DE FÁTIMA FERRAZ QUERIDO (páginas 54-57)