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7. Conclusões

7.3. Afinal, e quanto ao sucesso?

Como já foi analisado e evidenciado, a Igreja Universal do Reino de Deus é um caso de sucesso organizacional. O estudo dos aspectos estratégicos e operacionais permitiu a visualização de fatores que podem contribuir para o sucesso da Igreja Universal na dimensão que é mais freqüentemente observada, aquela que é diretamente relacionada às atividades que a organização realiza. As conclusões da presente pesquisa não unânimes quanto ao fato de que todos os aspectos citados são benéficos à IURD, conforme fora mostrado anteriormente, mas todos os aspectos observados traduzem, cada um na sua proporção, essa organização de sucesso criada por Edir Macedo em 1977.

Mas cabe aqui um ponto que se torna evidente quando analisamos a questão do sucesso da IURD num contexto cronológico: do ponto de vista organizacional, o episódio do chute da santa, incluindo aí também as conseqüências diretas do evento, parece ter sido um divisor de águas para a Igreja Universal. Mafra (2001) aponta, utilizando a perspectiva institucional, que a esse episódio se seguiu um processo bem-sucedido de transferência do carisma do líder – Edir Macedo, que se afastou da vida pública e passou a exercer um papel de aconselhamento e supervisão da igreja à distância desde então – para a instituição (p.37). Ainda que isso possa ser assumido como verdade, a perspectiva utilizada na presente pesquisa é a organizacional. Por ela, o episódio foi um desastroso “freio” numa igreja que, até então, apresentava níveis de expansão que estavam causando receio na igreja católica – religião mais antiga e tradicional do país – e despertando a curiosidade e a preocupação de diversos grupos de poder do país.

Atualmente, os reportes de crescimento e desenvolvimento propagados pela IURD referem-se, principalmente, a outros países da América do Sul – Argentina, Uruguai – e a países africanos – Moçambique, Angola, África do Sul –. Aparentemente, a Igreja Universal no Brasil vive um período de estagnação organizacional que se iniciou em 1995 e acabou por paralisar a igreja no tempo. As últimas estatísticas oficiais revelaram que a IURD mantém, hoje, aproximadamente o mesmo número de fiéis que possuía em 1990. A contagem de países nos quais atua permanece a mesmo, oscilando entre 80 e 90 de acordo com a fonte, há dez anos. As reuniões de multidões a céu aberto diminuíram de freqüência desde então. Para piorar a situação, hoje Edir Macedo vive um exílio voluntário, posição muito diferente daquela que assumia nos tempos de crescimento da sua igreja, e assim sua capacidade de ação é limitada. O único campo no qual Macedo permitiu o surgimento de lideranças, o da política, é aquele no qual podem ser apontadas as poucas vitórias da IURD. No entanto, Carlos Rodrigues, que era o grande articulador da política regional da Universal, provavelmente foi expulso para preservar a Igreja Universal de mais uma exposição prejudicial, mas sua saída aparentemente inviabilizou os planos de articulação com outra liderança da política regional que também é evangélico, Anthony Garotinho.

Aparentemente, a Igreja Universal do Reino de Deus herdou o carisma de Edir Macedo, mas não a sua capacidade de desenvolvimento de ações que resultassem no seu crescimento. Essa história lembra um pouco diversas narrativas de negócios iniciados por grandes empreendedores que, uma vez afastadas do líder maior e insuficientemente profissionalizadas, passam a “tatear” para desempenharem suas atividades. Muito embora

Macedo ainda lidere a igreja e a comande de forma quase autoritária, o afastamento da linha de frente permitiu que a IURD assumisse um aspecto de estagnação.

Além disso, a IURD hoje começa a encontrar algo que era inédito em seu período de ascensão: concorrentes que copiam suas práticas. Aos poucos, surgem igrejas muito semelhantes a ela, tanto na programação semanal quanto no estilo inflamado dos pregadores. A tendência é, no caso dessas igrejas ganharem destaque, a IURD gradativamente perder os seus diferenciais.

No entanto, que ninguém se engane quanto à sustentabilidade e a capacidade de reação da Igreja Universal do Reino de Deus. Utilizando uma analogia com a doutrina na qual crêem, nada impede que o “Espírito Santo” promova um avivamento que faça com que os seus filhos cresçam a se multipliquem por toda a Terra novamente.

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