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3. AS AGÊNCIAS REGULADORAS NO BRASIL

3.7 A GÊNCIAS R EGULADORAS EM E SPÉCIE

3.7.8 Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC

A Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, entidade integrante da Administração Pública Federal indireta, sob regime autárquico especial, criada pela Lei n. 11.182, de 27 de setembro de 2005, regulamentada pelo Decreto n. 5.731 de 20 de março de 2006, vinculada ao Ministério da Defesa, com sede e foro no Distrito Federal, tem por finalidade estabelecer medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento e fomento da aviação civil, na infraestrutura aeronáutica e aeroportuária do país.379

Os diretores serão nomeados pelo Presidente da República, após serem aprovados pelo Senado Federal, nos termos da alínea “f” do inciso III do art. 52 da Constituição Federal. O mandato será de 05 (cinco) anos e os mesmos, somente perderão o mandato em virtude de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado, ou de pena demissória decorrente de processo administrativo disciplinar.380

Síntese

377 Cf. GUERRA, p.33.

378 Cf. ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro: forense, 2009.p.285

379 LEHFELD, p.273.

A nova proposta de atuação do Estado no meio econômico tem diminuído a participação direta na prestação dos serviços e impôs, ao mesmo tempo, o fortalecimento de sua função regulatória e fiscalizatória, em um processo de reestruturação administrativa, cuja finalidade é o controle e a eficiência das empresas prestadoras de serviços de natureza eminentemente pública.

Em princípio, uma das formas que justifica a criação das agências reguladoras é o delineamento em torno do equilíbrio entre o poder, concedente e o usuário, de maneira a privilegiar os interesses públicos. Para desempenhar esse papel, as autarquias de regime especial são dotadas de autonomia funcional, administrativa e financeira, e, em prol do atendimento ao sistema e se sujeitam ao controle de metas e desempenho, bem como à avaliação periódica dos resultados, pelo respectivo Ministério a que se encontram vinculadas por meio do contrato de gestão.

Com base na análise descrita, as agências reguladoras foram inseridas no sistema jurídico brasileiro por um processo que vinha sendo delineado ao logo dos anos, culminado com o programa de desestatização. Pois, com a privatização das empresas estatais, o Estado foi forçado a criar instituições especializadas, dinâmicas e flexíveis com competência para regular o mercado dos serviços e implantar a competição em benefícios dos usuários, dos agentes e da economia em geral.

A tendência era fazer valer os direitos do cidadão e fortalecer cada vez mais os canais de comunicação entre as agências e a sociedade. Pode-se concluir que esses novos entes sejam passíveis de benefícios à sociedade usuária e aos agentes econômicos envolvidos. Marques Neto afirma que: “as agências reguladoras são a parte mais visível do processo de mudanças da forma de o Estado regular a atividade econômica e de se relacionar com a sociedade”.381

A criação das agências reguladoras está vinculada à ideia de globalização, atualização e modernização dos serviços públicos e da participação ativa e democrática dos agentes da sociedade, visando o

aperfeiçoamento da democracia. Nesse cenário, vocacionaram-se à democracia os procedimentos para elaborar normas regulatórias a fim de se obter um modelo institucional com transparência e interação. É necessário um aperfeiçoamento constante.382

No entanto, mesmo que o programa de Reforma do Estado sofra críticas por ter sido implantado, às pressas ou sem o devido período de adaptação, ressalta-se as afirmativas de David Osborne e Ted Gaebler:

“..., a esperança persiste. Lenta e silenciosamente, longe dos refletores da opinião pública, surgem novos tipos de instituições públicas: flexíveis, adaptáveis, prontas a aprender novos procedimentos com agilidade, quando as condições o exigem. Elas utilizam a competição, permitem ao consumidor escolher o que preferem e empregam outros mecanismos não burocráticos para agir da forma mais criativa e eficaz. Estas instituições representam o nosso futuro383.

Constata-se que são muitas as dificuldades enfrentadas pelas agências reguladoras no plano concreto da materialização das prerrogativas institucionais, no qual foram incumbidas, em clara demonstração de que, apesar dos avanços, os mecanismos de controle, proteção e garantia de satisfação do usuário de serviços públicos delegados ainda necessitam de largo aprimoramento.

Para finalizar, acrescente-se a afirmativa de Nuria Cunill Grau, que se trata, portanto, de substituir, nas agências, a administração pública burocrática por uma administração pública gerencial, baseada no controle a posteriori dos resultados e na competência administrativa, assim como fortalecer a participação social na formulação e avaliação das políticas públicas.384

Em suma, nesse capítulo, abordou-se a estrutura das agências reguladoras no Brasil,com seus os princípios constitucionais, sua natureza jurídica, sua estrutura bem como o seu processo de gestão. Sabe-se que tais entidades são recentes, constituídas à luz do modelo americano, inseridas na estrutura jurídica brasileira, num contexto de globalização econômica e de

382 MENEZELLO, p.92. 383

OSBORNE, David: GAEBLER, Ted. Reinventando o governo: como o espírito empreendedor está transformando o setor público. Tradução de Sérgio Fernando Guarischi Bath e Ewandro Magalhães Jr. 10. Ed. Brasília: 1998, p.2.

384

GRAU, Nuria Cunill. Repensando o público através da sociedade: novas formas de gestão pública e

representação social. Tradução de Carolina Andrade. Rio de Janeiro: Renavan; Brasília: ENAP, dez, 1998, p.237.

mudanças da condução da política pública nacional e requerem ajustes e adaptações que acompanham o processo de conjuntura nacional em consonância com a política econômica, tecnológica e social.

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