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3.5 ANÁLISE DAS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS NO COMPLEXO

3.5.4 Agência de Regulação de Pernambuco

O papel da nova administração pública foi definido pela Reforma Administrativa como parte integrante da Reforma do Estado Brasileiro. Um novo modelo de gestão pública é introduzido a partir de premissas da administração privada como: privatizações, transparência, descentralização, accountability, entre outras. Segundo Majone (1999, p. 19): “entre as conseqüências estruturais mais óbvias da mudança para um modo regulador de governança, figura a ascensão de uma nova classe de agências especializadas e de comissões que operam autonomamente em relação ao governo central”.

Majone (1999) define as agências reguladoras como “organizações flexíveis e altamente especializadas que gozam de autonomia considerável no processo de tomada de decisões”. Ainda segundo aquele autor, a aplicação do modelo de agências se limita, por outro lado, a áreas que se revestem de alta importância na Gestão Pública, como as da regulação econômica e social e “outras atividades administrativas em que conhecimentos e experiência específicos e reputação sejam a chave para maior eficácia”. A regulação, quando realizada eminentemente pela iniciativa estatal deixou, assim, de ser considerada como o meio mais adequado, em detrimento de um modo alternativo de controle. Através desta mudança, o serviço público – e outras atividades de interesse público – passam à iniciativa privada, sendo sujeitos, no entanto, às regras de controle desenvolvidas, definidas e aplicadas por agências especializadas.

As novas formas de controle, então, envolvem não somente uma estruturação hierárquica para o estabelecimento de um “governo indireto”. Elas se aliam ao conceito de responsabilização, pois o controle e influência sobre a autonomia das

agências reguladoras, da parte dos formuladores de política, passa necessariamente pelo estabelecimento de arranjos contratuais, além do uso de regras e de regulamentos. Assim, “O governo através da regulação é o concomitante inevitável do governo por aproximação” (SEIDMAN; GILMOUR apud MAJONE, 1999, p. 13).

Esta nova maneira de olhar para a gestão pública, sob a forma de “governo indireto” traz, portanto, uma tendência de maior identificação com a “regulação de terceiros” que prestam serviços, em substituição ao paradigma anteriormente em voga, no qual a iniciativa pública era responsável e responsabilizada, com dificuldades, por toda a prestação dos serviços de interesse público.

O controle social é aquele exercido pela sociedade sobre o governo. Por intermédio deste instrumento a sociedade é envolvida no exercício da reflexão e discussão sobre problemas que afetam a vida coletiva. No controle social o governo atua sob a fiscalização da população e da sociedade civil organizada. Dessa forma, o controle social das ações dos governantes e funcionários públicos é importante para assegurar que os recursos públicos sejam bem empregados em benefício da coletividade. De acordo com a CGU (2009, p. 17),

[...] É fundamental para toda a coletividade que ocorra a participação dos cidadãos e da sociedade organizada no controle do gasto público, monitorando permanentemente as ações governamentais e exigindo o uso adequado dos recursos arrecadados. A isto se denomina ‘controle social’.

Significa que à sociedade estão garantidas informações e participações nos processos de formulação, planejamento e avaliação de políticas relacionadas aos serviços públicos de saneamento básico.

A ARPE foi criada para estabelecer o equilíbrio nas relações entre usuários, governo e concessionárias de serviços públicos, através da Lei nº 11.742 de 14 de janeiro de 2000 e alterada pela Lei 12.524 de 30 de dezembro de 2003. Trata-se uma autarquia especial, vinculada ao Gabinete do Governador e dotada de autonomia financeira, orçamentária, funcional e administrativa. Dentre os objetivos da ARPE, destacam-se:

I) promover e zelar pela eficiência técnica e economicidade dos serviços públicos delegados, submetidos à sua competência regulatória, propiciando condições de regularidade, continuidade, segurança, atualidade, universalidade e modicidade das tarifas;

II) proteger os usuários e os operadores concessionários de possíveis desequilíbrios do mercado que venham penalizar um (usuário) ou outro (concessionária), buscando manter o equilíbrio do mercado setorial;

III) estabelecer regras que permitam a efetiva participação do usuário nos procedimentos relativos às atividades e competências da ARPE, notadamente em relação à fixação, revisão, reajuste e aprovação de tarifas, respeitando os contratos celebrados entre o Governo de Pernambuco e os concessionários; IV) estimular a expansão e a modernização dos serviços públicos delegados, de modo a buscar a sua universalização e a melhoria dos padrões de qualidade, ressalvada a competência do Estado quanto à definição das políticas de investimento;

V) estabelecer parcerias com a sociedade para que atuem em apoio às atividades fins da ARPE.

Dentre outras, são competências da ARPE:

I) a regulação de todos os serviços públicos delegados pelo Estado de Pernambuco, ou por ele diretamente prestados, embora sujeitos à delegação, quer de sua competência ou a ele delegados por outros entes federados, em decorrência de norma legal ou regulamentar, disposição convenial ou contratual, nas seguintes áreas; saneamento, energia elétrica, rodovias, telecomunicações, transportes, distribuição de gás canalizado, inspeção e segurança veicular, coleta e tratamento de resíduos sólidos, atividades lotéricas e outras modalidades de concurso de prognósticos; e outras atividades resultantes de delegação do poder público;

II) fixar, reajustar, revisar, homologar ou encaminhar ao ente delegado, tarifas, seus valores e estruturas;

III) fiscalizar diretamente ou mediante convênio com o Estado de Pernambuco, através de seus órgãos ou entidades vinculadas, com sua supervisão, os aspectos técnico, econômico, contábil, financeiro, operacional

e jurídico dos serviços públicos delegados, valendo-se inclusive, de indicadores e procedimentos amostrais.

A área de atuação do saneamento abrange aspectos Econômico-Financeiros, Ouvidoria e Técnico-Operacional. No que se refere aos aspectos técnico- operacionais, a ARPE atua na fiscalização dos sistemas de abastecimento d’água e de esgotamento sanitário, no controle da qualidade da água distribuída, no controle da eficiência do tratamento dos esgotos, e ainda, no monitoramento dos indicadores de hidrometração, de micromedição e de perdas de água. Em todas as unidades operacionais são consideradas as questões relacionadas à conservação de energia, incluindo a modernização dos equipamentos e dos dispositivos de automação e controle e, principalmente, a correção do fator de potência, com a instalação de bancos de capacitores. Cumprindo rigorosos cronogramas de fiscalização a equipe multidisciplinar da Coordenadoria de Saneamento exerce contínuo monitoramento dos índices gerenciais, operacionais e econômico-financeiros da concessionária, no intuito de manter os resultados e garantir o fornecimento de água.