• Nenhum resultado encontrado

AGENTES DE DEGRADAÇÃO Agentes Bioticos

No documento Madeira, métodos construtivos alternativos (páginas 60-66)

17. Placas de aglomerado de fibras de madeira

3.3. PROTEÇÃO E MANUTENÇÃO DA MADEIRA

3.3.1 AGENTES DE DEGRADAÇÃO Agentes Bioticos

São considerados agentes bióticos os fungos e os insectos. Os fungos provocam um efeito corrosivo na madeira de menor perceção que os insectos. O ataque pode ser parcial ou integral, dependendo do tipo de fungo e concentra-se principalmente nas zonas de maior teor de humidade. As consequências dos ataques de fungos, são a alteração da

Fig 18. Consequencia do ataque de fungos na madeira

30 GARCIA, João Leite, “Tectónica: madeira_madeira”, revista Arquitetura Ibérica,

no26, 2008

fig.18

cor da madeira nas zonas de ataque e o enfraquecimento das fibras da madeira. Estes indícios indicam-nos que o nível de humidade da madei- ra é superior ao desejado, fator que compromete o estado da madeira.30 O outro tipo de agente biótico são os insectos, dos quais os mais conhecidos causadores de degradação são as carcomas e as térmitas.

O ataque corrosivo das carcomas é consequência do seu ciclo metarmofósico, a fêmea adulta aproveita as estreitas fissuras na madeira para depositar os ovos, em cada um deles nasce uma pequena larva que começa a traçar o seu percurso alimentando-se das substâncias nutritivas da madeira como a celulose e outros açucares, assim originando pequenas galerias. A carcoma ao alimentar-se separa os materiais de composição e recusa o serrim que fica para trás, sinal característico do ataque deste insecto. Acaba por estabilizar-se num local para se preparar para efectuar a metarmofose.

62

Por fim acaba por abandonar já na última fase adulta, com o objetivo de acasalar e dar continuidade ao ciclo da espécie comprom-

etendo o estado saudável da madeira por muito mais tempo.31

As térmitas são caracterizadas por insectos sociais, pois ata- cam a madeira em forma de colónias numa organização social de um modo semelhante à organização das abelhas e das formigas.

O que diferencia o ataque das carcomas do ataque das térmitas é a profundidade do ataque de cada. As térmitas apenas constroem galerias ao nivel exterior da madeira, exercendo a destruição de fora para dentro sem deixar marcas de serrim, contrariamente ao ataque proveniente das carcomas do interior para o exterior.

Apesar das diferenças, ambos provocam uma ação extremamente corrosiva na madeira.

.Agentes Abióticos Água e Sol

Enquanto árvore, a água é um elemento essencial para a distribuição de nutrientes e a sua sobrevivência. Contudo, depois de cortada, a água torna-se um elemento indesejado para a madeira, sobretudo quando em quantidades excessivas. É necessário controlar o teor de humidade do tronco para que este se encontre entre os 8 e

os 12%.32 Este controlo será possível se o tronco for submetido a um

processo de secagem e estabilização de humidade.

A alteração do teor de humidade da madeira conduz a uma instabilidade dimensional que, por sua vez, prejudica as propriedades físicas da madeira e danifica as peças dificultando o processo de montagem.

A estabilização do grau de humidade nos 12% previne o ataque de fungos, uma vez que quando este se encontra entre os 12% e os 45%, proporciona à madeira os nutrientes necessários que

estes agentes se alimentam.33

31 MORALES MENDES, Enrique, 1o Curso de construccion en madera, 1991 32 Idem

33 Ibidem fig.19

Fig 19. Ataque de carcomas na madeira

64

Quanto ao Sol, é um dos piores inimigos da madeira, altera as dimensões e o teor de humidade das peças expostas. O tratamento para peças de interior não é o suficiente para proteger a madeira ex- posta ao Sol.

A madeira é afectada pelos raios ultra-violeta e infra-vermelhos. Os raios ultra- violeta queimam as células da superfície, mas nao aquecem a madeira; por sua vez os raios infra-vermelhos, aquecem a superfície originando tensões que provocam fissuras na madeira. 3.3.2 .SOLUÇÕES E TRATAMENTOS

.Primeiros tratamentos

Os produtos protetores da madeira datam já do século XVIII, apesar do tradicional método conhecido como “chamuscar” a madeira ser já utilizado na pré-história, principalmente para as pontas de instrumentos de caça.

No ano de 1716 foi registada a primeira patente de produto industrial para a proteção da madeira: foi produzido um produto an- ti-sético para proteger as estruturas portuárias e navais a ataques de moluscos marinhos. Mais tarde, no século XIX, iniciam-se os primeiros estudos a nível científico sobre a proteção das madeiras, como foco principal nas madeiras em contacto permanente com a água (embar- cações e construções navais). No entanto estes métodos não podiam ser utilizados no interior das habitações e no mobiliário, pois eram tratamentos agressivos que manchavam a madeira e tinham um odor

demasiado intenso.34

Como alternativa a estes tratamentos agressivos, começaram por se utilizar vernizes à base de azeites vegetais, mas estes por sua vez, quando utilizados no exterior tinham muita pouca duração.

No início do século XIX foi desenvolvido o tratamento de impreg- nação sob pressão com o auxílio da autoclave, explicado posteriormente. Dados estes problemas, no decorrer do século XX, os estudos para os tratamentos da madeira foram aprofundados na tentativa de en- 34 MORALES MENDES, Enrique, 1o Curso de construccion en madera, 1991

contrar a solução mais eficaz e duradoura. O objectivo era encontrar uma solução que não danificasse a madeira, não tivesse odores desa- gradáveis ao homem, de fácil aplicação e de efeito permanente.

Em 1920, o engenheiro dinamarquês Sigurd Dyrup desen- volveu um protector de madeira integral com o seguinte raciocínio:

“não podendo aplicar cresosotos à madeira exposta às intempéries porque têm um odor desagradável e deixam a sua superfície escura e gordurosa, e não podendo aplicar vernizes peliculares porque se degradam em pouco tempo e deixam resíduos, deve procurar desen- volver-se um produto que contenha os agentes protectores específicos para cada tipo de agente corrosivo e que preferencialmente seja fácil de aplicar, não tenha odores desagradáveis e que garanta o efeito no maior prazo possível mantendo a beleza da madeira” 35

Foram então estudadas soluções para cada caso: para com- bater os efeitos solares são utilizados pigmentos que têm a capaci- dade de refletir as radiações; para o controlo de humidade são uti- lizadas resinas que possibilitam a impermeabilização da superfície da madeira; os insectisidas e fungicidas são as soluções mais eficazes para prevenir fungos e insectos.

Tipos de protetores

Dentro das várias opções que protegem a madeira dos ataques externos, uns com mais eficácia do que outros, existem três tipologias diferentes de tratamento com vantagens e desvantagens diversas.

Os naturais onde é utilizado o azeite proveniente da destilação do carvão ou da madeira. O mais conhecido é o creosoto, que se obtém dos resíduos das fábricas de gás em grandes fornos. Este tratamento é altamente tóxico, representando deste modo um grande inimigo para os agentes xilófagos. Este tratamento não corrói os metais, e fixa-se permanentemente na madeira, o que prolonga o seu efeito. Tem como desvantagem o escurecimento da superfície da madeira.

66

Os hidrossolúveis, esta tipologia de tratamento é constituída pela associação de vários sais, como o sulfato de cobre, biocromato de potássio, sulfato de zinco, ácido crômico, ácido arsénico, ácido bórico entre outros compostos. Este tratamento pode ser vantajoso pelo factor económico, dada a junção da água para o dissolver, no entanto é mais uma forma de transportar água para o interior da ma- deira que, não controlado poderá influenciar na variabilidade dimen- sional da peça.

E por fim, os protetores orgânicos são formulas compostas por sintéticos e um dissolvente orgânico. Este tratamento é expres- sivamente mais eficaz em relação aos vernizes tradicionais, protege a madeira integralmente de todos os ataques corrosivos, permite a respiração do material e é fácil de aplicar e manter.36

No documento Madeira, métodos construtivos alternativos (páginas 60-66)

Documentos relacionados