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3 Tendência positiva no concelho e variação positiva na aldeia.

3.2.1.4 Agregado familiar

A família constitui, em qualquer parte do mundo, o núcleo de base da sociedade e um elemento essencial para a compreensão dos mecanismos demográficos e das suas inter- relações com o desenvolvimento socio-económico do país (INE, 2003).

A informação sobre os elementos individuais propicia um conjunto de dados relevantes, contudo o conhecimento das alterações na organização do meio social permitem detectar as diferenças do desenvolvimento territorial. Deste modo, a OCDE (1994) considera que a dimensão do agregado familiar e a percentagem de crianças em famílias monoparentais constituem variáveis importantes na análise destas diferenças no meio rural.

Num relatório emitido em 2007 pelo INE no âmbito do dia internacional da família, a organização destacou três dados importantes a nível nacional, o aumento do número de famílias, a redução da dimensão das famílias e, a representatividade dos casais com filhos.

Em relação ao número de famílias foi determinado um aumento de 3483,8 milhares em 1999 para 3839,3 milhares em 2006. O INE (2007) considera que este facto reflecte a influência do acréscimo do número de famílias constituídas por uma e por duas pessoas, que conjuntamente com a redução do número de famílias com 4 ou mais pessoas contribui para a redução da dimensão média da família de 2,9 para 2,8 pessoas por família, no mesmo período.

Assim, em 2006, as dimensões de família mais expressivas continuavam a ser de 2 pessoas (28,9%) e de 3 pessoas (27,1%), porém com acréscimo de importância relativa do número de famílias com 1 e 2 pessoas de 41,1% em 1999, para 45,7% em 2006 (INE, 2007). A redução da dimensão do agregado familiar é bastante relevante para as áreas rurais pois como Mateus et al. (2005) refere nos hábitos e modos de vida tipicamente rurais, as famílias tendem a organizar-se em núcleos familiares agregadores de várias gerações de uma mesma família.

Quanto à proporção de casais com filhos (com ou sem outros parentes), apesar de se ter registado um ligeiro decréscimo do seu peso relativo, em 2006 representavam 46,8% do total de agregados familiares (INE, 2007). Verificou-se também um aumento das proporções relativas a agregados familiares de uma só pessoa, a casais sem filhos e a agregados monoparentais, que em 2006 representavam 16,8%, 21,8% e 8% respectivamente, sendo que no caso dos agregados familiares monoparentais continuam a ser maioritariamente constituídos por mães com filhos.

Actualmente, devido a diversos factores, entre eles, a ordem social e económica, a revolução industrial, as migrações e o aumento da escolarização, o anterior conceito de família alargada, foi substituído pelo actual conceito de família nuclear. Assim, passou-se de um conceito de família composta por vários elementos pertencentes a diversas gerações em convívio e coabitação na mesma residência para uma família em que apenas duas gerações (pai, mãe e filhos/as) convivem e coabitam na mesma residência, o que acaba por contribuir para o isolamento dos idosos (INE, 2003).

Para a análise da evolução do agregado familiar podem ser utilizados vários indicadores em conjunto ou independentemente. A evolução das famílias clássicas é um dos indicadores utilizados pelo INE, que através da taxa de variação do número de famílias clássicas e da dimensão média das famílias, caracteriza a sua evolução ao nível nacional. A taxa de variação do número de famílias clássicas estabelece quais os aglomerados populacionais que aumentaram ou diminuíram o numero de famílias clássicas residentes relativamente à década anterior, sendo calculado da seguinte forma:

Além da dimensão da família também deve ser considerada a sua constituição, ou seja, se o núcleo familiar inclui filhos ou netos. Esta quantificação é importante na avaliação da evolução

do agregado familiar de uma aldeia pois como já referido, existe uma constituição típica da família num meio rural e qualquer variação poderá alterar o dinamismo social vivenciado nestas comunidades.

Assim, no contexto da dissertação, para a avaliação da evolução do agregado familiar serão contabilizados três critérios: a taxa de variação do nº de famílias clássicas, a evolução da dimensão da família e a constituição do núcleo familiar. Uma vez que os parâmetros referidos podem ser quantificados à escala de aldeia, o agregado familiar é considerado indicador de aldeia. Para a aplicação da metodologia podem ser adaptados os dados disponíveis no INE, como demonstrado no Quadro 3.6.

Quadro 3.6 - Variáveis para o cálculo da taxa de variação do nº de famílias clássicas, da dimensão do

agregado familiar e da constituição do agregado familiar, disponibilizadas pelo INE.

Variável INE Descrição da variável Adaptação para a metodologia

TTFC Total de famílias clássicas Taxa de variação do nº de famílias clássicas

TTFC Total de famílias clássicas

Dimensão do agregado familiar FCR1_2 Famílias clássicas com 1 ou 2 pessoas

FCR3_4 Famílias clássicas com 3 ou 4 pessoas TTNFR Total de núcleos familiares residentes

Constituição do agregado familiar

NF_1FNC Núcleos com 1 filho não casado NF_2FNC Núcleos com 2 filhos não casados

Em relação à taxa de variação do nº de famílias clássicas, os dados disponibilizados para aldeia devem ser aplicados directamente na fórmula acima mencionada, obtendo uma performance positiva se a variação for positiva. Quanto à dimensão do agregado familiar, deve perceber-se se no mesmo período de uma década ocorreram alterações na proporção de famílias com 1 ou 2 pessoas e famílias com 3 ou 4 pessoas, face ao total de famílias clássicas. A performance será considerada positiva se proporção de famílias com 3 ou 4 pessoas tiver aumentado. A constituição do agregado familiar deve ser analisada de forma semelhante ao indicador anterior, ou seja, comparar no período de uma década a proporção de núcleos com 1 filho não casado e 2 filhos não casados face ao total de núcleos familiares residentes. A aldeia obterá uma performance positiva se a percentagem de núcleos com 2 filhos não casados tiver aumentado.

Para a metodologia a análise do indicador de evolução do agregado familiar equaciona a performance da aldeia nos critérios, como disposto no Quadro 3.7.

Quadro 3.7 - Classificação da aldeia segundo a sua performance no indicador evolução agregado

familiar.

Nível Performance da aldeia

1 A aldeia obteve desempenho negativo em todos os critérios;