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Tendência positiva nos dois critérios na NUT III em que se insere a aldeia num período de 0 anos.

2 Tendência positiva em apenas um dos critérios na NUT III em que se insere a aldeia num período de 30 anos;

3 Tendência positiva nos dois critérios na NUT III em que se insere a aldeia num período de 30 anos.

3.2.3.4 Rendimento familiar

Rendimento per capita é provavelmente a medida mais comumente utilizada para avaliar as disparidades sociais, porém, a disponibilidade e qualidade de dados ao nível internacional não é muito satisfatória. Desta forma, a maioria dos países da Europa utiliza em substituição o PIB per capita como um indicador para as disparidades regionais do rendimento. Contudo, como relembra a OCDE (1994) quanto menor a área em estudo maior a probabilidade do indicador estar inflacionado, porque o PIB de uma região não é necessariamente produzido apenas pelas pessoas que vivem nessa mesma área, sendo que, quanto mais expressivo o deslocamento menor o significado dos resultados.

O PIB per capita é por regra usado como um indicador de bem-estar económico das populações, quer de países quer também de regiões, no entanto, é necessário contabilizar que reflecte o rendimento dos diferentes sectores institucionais de uma economia tais como, as empresas, famílias e administrações públicas (Coimbra e Ramos, 2008).

Dado que o objectivo final da população é consumir, o poder de compra para um determinado rendimento pode ser um indicador relevante para a análise das disparidades sociais. Coimbra e Ramos (2008) defendem a importância deste critério, pois permite avaliar o bem-estar material das famílias e em última instancia pelo seu consumo per capita. Realçam ainda que o nível de consumo deve ser analisado pelo consumo final efectivo que inclui o consumo não pago pelas famílias, isto é, financiado pelas administrações públicas ou por instituições sem fins lucrativos.

Alguns autores como Asdrubali et al. (1996) e Sørensen e Yosha (1998) referem que é fundamental analisar o consumo das famílias e do estado. No entanto, é também importante contextualizar uma perspectiva futura alargada, pois embora o consumo proporcione bem-

estar, a poupança viabiliza o consumo futuro, sendo também ela geradora de bem-estar económico.

Neste seguimento, Coimbra e Ramos (2008) sugerem a utilização do Rendimento Disponível Bruto Ajustado das Famílias (RDBAF) que resulta da incorporação das Transferências Sociais em Espécie no conceito de Rendimento Disponível das famílias (RDBF) e é obtido da seguinte forma:

Figura 3.9 - Diagrama explicativo da obtenção do RDBAF através do PIB (Coimbra e Ramos, 2008).

Após a análise do processo de redistribuição inter-regional do rendimento, desde o PIB (rendimento gerado) até ao momento em que as famílias usufruem do RDBAF, os autores concluíram que a disparidade inter-regiões observada para o PIB per capita é muito mais elevada que a registada para os restantes agregados em estudo (Quadro 3.20). Esta análise indicia que poderá existir uma diminuição das assimetrias regionais por via da redistribuição do rendimento, e que esta assume maior importância nos fluxos intervenientes na passagem do PIBpc até ao RDBFpc (Coimbra e Ramo, 2008).

Quadro 3.20 - Variância inter-regional dos agregados PIB per capita, RPF per capita, RDBF per capita e

RDBAF per capita, 2003 (Coimbra e Ramos, 2008).

PIB per capita RPF per capita RDBF per capita RDBAF per capita

8,75 1,72 0,84 1,37

Dado o resultado obtido de variância, não há dúvida que para uma análise ao nível regional, face à importância dos fluxos inter-regionais do rendimento, é pouco fiável utilizar o PIB per capita como indicador de bem-estar económico. A baixa veracidade do PIB per capita numa

Produto Interno Bruto (PIB)

Rendimento Primário das Famílias (RPF)

Rendimento Disponível Bruto das Famílias (RDBF)

análise regional prende-se com possibilidade de existirem importantes movimentos pendulares da população entre regiões e com a possibilidade de implantação de grandes empresas, nacionais ou multinacionais em pequenas regiões, que representam então uma percentagem significativa do PIB dessas regiões, mas que distribuem rendimentos, nomeadamente os não gerados a partir do factor trabalho, noutras regiões ou mesmo no exterior (Ramos, 1996).

Outro critério que deve considerado para a avaliação do rendimento familiar é a despesa anual média dos agregados familiares, que quantifica indirectamente o rendimento disponível no agregado. Segundo o INE (2011b), a despesa anual média dos agregados familiares foi entre 2010 e 2011 de 20 400 euros, o que representa um aumento de 15,9% em termos nominais e de 5,9% em termos de volume face ao período de 2005/2006. No entanto, este aumento deve- se maioritariamente à tendência crescente das despesas em habitação (inclui despesas de água, electricidade, gás e outros combustíveis) que atingiu os 29,2% face ao total.

Deste modo, para avaliação do rendimento familiar no contexto da metodologia, considera-se essencial a análise de dois critérios, o RDBAF e a despesa média anual do agregado familiar. No primeiro critério deve ser aplicado ao nível da NUT III em que se insere a aldeia, comparando a sua evolução face ao ano anterior, sendo considerada positiva se for registado uma aumento do mesmo. Para o segundo critério, os dados encontram-se disponíveis para uma escala de NUT II, pelo que devem quantificada a taxas de variação de despesa média anual do agregado familiar comparativamente ao ano anterior, assumindo-se uma performance positiva na aldeia se for descrito um aumento da despesa.

Devido a extrapolação de dados necessária para a escala em análise, define-se o rendimento familiar como um indicador de enquadramento que permite estimar a performance da aldeia face à evolução das NUT II e NUT III em que se encontra inserida, como demonstrado no Quadro 3.21.

Quadro 3.21 - Classificação da aldeia segundo a performance do indicador de rendimento familiar.

Nível Performance da aldeia

1 Evolução negativa do RDFAB na NUT III e da despesa média anual do