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2.2 Microrrevestimento Asfáltico a Frio

2.2.4 Materiais Empregados no MRAF

2.2.4.1 Agregados

Os agregados constituem cerca de 90 a 95% em peso do MRAF. Para garantir um boa durabilidade do revestimento, a qualidade dos agregados empregados é fator relevante. Portanto, deve-se ter o cuidado de selecionar agregados de qualidade, enquadrados em todos os padrões das normas, para garantir que a mistura tenha o comportamento esperado. Segundo a FHWA (1994), os agregados devem ser 100% britados, limpos, com partículas de boa durabilidade, areia e impurezas que possam afetar a mistura e a aplicação. Preferencialmente, os agregados devem ter formas angulares e não possuir partículas muito alongadas.

De acordo com a especificação do DNIT ES 035/2005, o MRAF pode conter agregados, pó de pedra ou os dois agregados misturados, mas desde que sejam resistentes, livres de torrões de argila e de substâncias nocivas. Os agregados devem apresentar as seguintes características: desgaste Los Angeles (DNER ME 035/98) igual ou inferior a 40%, durabilidade com perda inferior a 12% (DNER ME 089/94) e equivalente de areia igual ou superior a 60% (DNER ME 054/97).

A ISSA A-143 (2010) é mais conservadora quando comparada aos limites dos ensaios citados acima, pois a mesma estabelece limites de 30% para o desgaste Los Angeles e para o equivalente de areia o valor mínimo de 65%. Outros ensaios também são

recomendados com a finalidade de realizar uma caracterização completa dos agregados que serão empregados na mistura tais como: índice de forma (DNER ME 086/94), densidade (DNER ME 084/95) e azul de metileno (NBR 14949/2003).

VALE (2003) recomenda que os ensaios citados no parágrafo anterior sejam realizados também durante a execução da obra. Em alguns casos pode ocorrer variação na composição do agregado e na natureza química, mesmo mantendo-se o local de sua extração. Qualquer mudança na composição dos agregados pode influenciar diretamente o comportamento do MRAF, podendo apresentar resultados diferentes dos previstos em laboratório ou no projeto.

Ressalta-se que a presença de quantidade em excesso de contaminantes nos agregados, tais como argila e impurezas, pode causar problemas na aplicação do MRAF. Os materiais não desejáveis podem alterar o tempo de ruptura da emulsão, podendo em alguns casos inviabilizar a execução da obra. Para a seleção da dimensão dos agregados a serem utilizados no MRAF, a especificação do DNIT contempla três faixas granulométricas possíveis para serem utilizadas, correspondentes às três faixas adotadas pela ISSA, como pode ser observado na Tabela 1 e na Figura 7.

Tabela 1 Faixas granulométricas para MRAF

PENEIRAS FAIXAS GRANULOMÉTRICAS

(% QUE PASSA) TOLERÂNCIA (%) ASTM DIÂMETRO (mm) TIPO II ISSA/ FAIXA I, DNIT TIPO III ISSA/ FAIXA II, DNIT TIPO IV ISSA/ FAIXA III, DNIT DNIT ISSA/ OPSS

½

12,7 100 100 100 - - 3/8 9,5 100 100 85-100 ±5 ±5 4 4,75 90-100 70-90 60-87 ±5 ±5 8 2,36 65-90 45-70 40-60 ±5 ±5 16 1,18 45-70 28-50 28-45 ±5 ±5 30 0,6 30-50 19-34 19-34 ±5 ±5 50 0,3 18-30 12-25 14-25 ±5 ±4 100 0,15 10-21 7-18 8-17 ±5 ±3 200 0,075 5-15 5-15 4-8 ±3 ±2

Fonte: DNIT ES 035/2005, ISSA A-143 /2010 e OPSS 336/2009

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00 P e rc e n ta g e m q u e p a s s a

Diâmetro dos grãos (mm)

FAIXA I DNIT FAIXA II DNIT FAIXA III DNIT Fonte: Castro (2011)

De acordo com Santo e Reis (1999), a escolha da faixa granulométrica muda conforme a utilização do MRAF. No caso de uma graduação mais fina, como a da faixa I do DNIT, geralmente é aplicada sobre superfície de pavimentos envelhecidos trincados visando restabelecer suas características impermeabilizantes. Nos casos de pavimentos com superfícies desgastadas e com problemas de aderência pneu-pavimento, empregam-se graduações mais grossas e agregados com maior dureza, restabelecendo as condições originais do pavimento.

Segundo a especificação DNIT-ES 035/2005, recomenda-se utilizar a faixa I em vias urbanas, residenciais e aeroportos. Não recomenda-se essa faixa quando a aplicação for somente em uma camada para rodovias de alto volume de tráfego. Nesse caso, recomenda-se a aplicação de duas camadas de MRAF, utilizando na primeira camada agregados enquadrados na faixa II e a segunda na faixa I, garantindo uma boa aderência da nova camada ao pavimento existente e conferindo um bom acabamento superficial.

A faixa II é mais aplicada em rodovias de tráfego maior e em áreas que possuem grande amplitude térmica. Essa graduação confere ao pavimento uma superfície com coeficiente de atrito elevado (SANTO e REIS, 1999). A faixa III proporciona uma melhor macrotextura comparada com as outras faixas granulométricas. Aplica-se esta faixa em regularizações ou restaurações superficiais sobre base granulares, pavimentos fresados ou em pavimentos com elevado desgaste. Entretanto, Santo e Reis (1999) ressaltam que no caso de aplicação sobre bases, a imprimação da camada deve ser realizada antes da aplicação do MRAF.

De acordo com Castro (2011), no estado do Ceará, a faixa mais utilizada é a faixa II, representando cerca de 80% das aplicações de MRAF. Atualmente, essa tendência

continua, sendo grande parte dos projetos executados utilizando granulometria enquadrada na faixa II. A Figura 8 ilustra a execução de um trecho com duas faixas distintas. Pode-se observar que a faixa I apresenta uma textura mais lisa e a faixa II mais rugosa.

Figura 8 Trecho de MRAF executado com faixa I e faixa II do DNIT

Fonte: Castro (2011)

Segundo Santo e Reis (1999), algumas patologias causadas por agregados podem ocorrer em execução de obras de MRAF. A Tabela 2 mostra algumas causas e possíveis efeitos relacionados a esse tipo de material.

Faixa II DNIT

Faixa I DNIT

Tabela 2 - Defeitos originados pelos agregados

CAUSAS POSSÍVEIS EFEITOS CONTROLES

Falta de Finos Baixa consistência da mistura com possíveis escurecimentos da água ou emulsão. Mistura fluida.

Tempo de ruptura elevado.

Migrações de ligante para a superfície e em consequência falta de adesão à base (ou subtrato).

Desprendimento de material graúdo.

Granulometria:

passada na peneira nº 200.

Excesso de Finos

Velocidade de ruptura rápida.

Surgimento de estrias no sentido transversal em toda a extensão da aplicação.

Massa muito consistente dificultando o seu espalhamento.

Elevado consumo de aditivo. Má adesão ao substrato (base).

Granulometria: passada na peneira nº 200. Segregação do fíler na mistura de agregados

Aparecimento de ranhuras claras na massa espalhada devido à presença de grumos de fíler.

Aparecimentos de manchas claras localizadas em pontos determinados. Textura irregular. Inspeção visual do monte de agregados. Granulometria dos agregados. Qualidade inadequada dos finos, muito contaminados ou excessivamente finos

Velocidade de ruptura muito rápida. Falta de adesividade.

Diferenças na coloração da superfície (manchas ou riscos).

Excessivo consumo de aditivo. Má adesão ao substrato (base).

Ensaio da emulsão asfáltica.

Granulometria: passada na peneira nº 200.

Inspeção visual dos agregados. Qualidade inadequada dos finos, puros ou excessivamente grossos

Velocidade de ruptura lenta. Falta de adesão.

Má adesão ao substrato (base) e migração do ligante para a superfície da massa (falsa exsudação).

Ensaio da emulsão asfáltica.

Granulometria: passada na peneira nº 200.

Inspeção visual dos agregados Contaminação do agregado com outros granulometrica- mente maiores

Listras longitudinais na massa aplicada.

Segregação de agregados graúdos na superfície da massa espalhada.

Inspeção visual dos montes de agregados. Verificação da

granulometria.