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Quanto as ferramentas e implementos utilizados para desenvolver suas produções, 60% dos agricultores entrevistados respondeu utilizar a enxada, foice e

facão; enquanto 40%, além dessas ferramentas, utiliza também o trator para facilitar no manuseio do solo. A adubação utilizada por 50% dos agricultores o adubo de gado, 30% o de granja e 20% utiliza adubo químico e agrotóxico para controle de pragas.

Nessa localidade a ocupação dos agricultores antes de acessar alguma política pública e após 20% responderam que desenvolvem algum tipo de serviço como: pedreiro, ajudante de pedreiro, doceira, doméstica e vendas dentro e fora da localidade para aumentar a renda familiar. Enquanto 50% trabalham fora de sua propriedade vendendo sua força de trabalho para outros agricultores desta localidade ou em outras localidades. Esses explicaram que suas áreas são pequenas e assim vendem a força de trabalho.

Enquanto esperam as plantações necessitam de outros meios para sobreviver. Assim, vendem a força de trabalho e buscam recursos complementares para sustentar as famílias. Todavia 2,5% dos agricultores desenvolvem atividades em casas de farinhas na localidade e 27,5% não precisa sair para trabalhar fora, o que consegue produzir consome e vende, sendo suficiente para a sobrevivência da família.

Em relação ao destino da produção, essa localidade, 37,5% dos agricultores familiares que produzem em suas terras ou em terras arrendadas destinam quase toda a produção (80%) à venda; 30% vende metade, enquanto que 25% destina apenas uma pequena parte (20%) para a venda, o que demonstra que 80% da produção é para o consumo da família. Esses agricultores familiares preservam em sua unidade de produção características que podem ser identificadas como camponesa. Apenas 7,5% destina toda a produção à venda.

A partir dos dados acima se observa que 25% dos agricultores que destinam apenas 20% da produção para venda possue áreas ou plantam em áreas menores que 5 hectares produzem a maior parte da produção para o consumo da família. Os 37,5% que destinam 80% da produção para a venda detém áreas ou produzem em áreas entre 5 e 50 ha. Esses conseguem produzir uma parte maior para à venda deixando apenas 20% para alimentação familiar, que segundo eles, é suficiente para alimentar a família. E apenas 7,5% dos agricultores destina toda a produção para à venda, os que possuem áreas entre 200 e menor que 500 ha não vivem exclusivamente da renda da terra.

Os agricultores dessa localidade, 60% estão organizados no Sindicato dos Trabalhadores Rurais e 40% na Associação Rural. Não foi encontrado dos agricultores entrevistados nenhum participando de alguma cooperativa. Foi relatado pelos agricultores que participam da associação que a maior parte dos agricultores que são sócios da associação não participa das reuniões e nem contribuem mensalmente com a associação; o que vem, cada vez mais, enfraquecendo a associação e deixando de conseguir benefícios para a localidade. E os que estão no Sindicato dos Trabalhadores Rurais apenas pagam para garantir aposentadoria, mas não participam das reuniões ou cursos que o Sindicato oferece.

Foram encontrado apenas 15% dos agricultores entrevistados que acessaram o PRONAF B, C e o Pronafinho para plantar inhame, adubar a terra e comprar animais no ano de 2000. Desses agricultores que acessaram o programa apenas 2,5% conseguiu ampliar suas áreas comprando 1 ha de terra e receberam assistência da EBDA. Os agricultores também responderam que antes desse programa nunca receberam assistência técnica de nenhuma instituição pública ou privada.

Entre os agricultores entrevistados nenhum acessou o PAA e PNAE, porém foram registrados 57,5% dos agricultores familiares com Aposentadoria Rural a partir de 1993 e 42,5% acessando o Bolsa Família a partir de 2004.

Outros 75% de agricultores responderam que antes dessas políticas públicas saiam pessoas da família para a cidade de São Felipe, Salvador, São Paulo e Feira de Santana em busca de trabalho e vida melhor porque passavam muitas dificuldades e não tinham expectativas de melhorar produzindo em pequenas áreas ou vendendo sua força de trabalho para terceiros na localidade. Enquanto que 25% informou que, apesar das dificuldades, não saíram pessoas da família para outras cidades em busca de trabalho; enfrentaram as dificuldades e construíram suas famílias na localidade; e que atualmente prestam serviços no comércio na cidade de São Felipe e voltam para a própria localidade onde possuem suas residências.

Após o acesso a essas políticas 42,5% das pessoas das famílias dos agricultores saíram para outros centros em busca de trabalho e 57,5% não tiveram necessidade de saírem de sua localidade para outros centros. O número de pessoas das famílias dos agricultores que migrou de sua localidade para outros centros diminuiu cerca de 32,5% após o acesso aos programas do Governo Federal destinado para o campo. Apontando, assim que para esta localidade, houve um

impacto positivo no acesso aos programas Pronaf, Aposentadoria Rural e o Bolsa Família, principalmente no que se refere a Aposentadoria Rural, onde 57,5% dos agricultores entrevistados indicaram que melhorou suas vidas após esse benefício ter chegado à família (algum membro mais velho ou que possui alguma deficiência física ou mental).

Antes de acessar essas políticas públicas a renda familiar da maioria desses agricultores (85%) era menor que um salário mínimo, dificultando a permanência das pessoas da família no campo. E 15% tinham renda entre um e até três salários mínimos; esses agricultores são possivelmente, os que possuem áreas entre 200 e menor que 500 ha; os que não vivem exclusivamente da renda da terra.

Entretanto, após o acesso às políticas públicas essa realidade mudou e as famílias passaram a melhorar suas rendas, sendo que 55% dos agricultores passaram a ter renda de 1 e até 3 salários mínimos e 45% passaram a ter renda menor que 1 salário mínimo. Essas mudanças possibilitaram a esses agricultores consumir mais alimentos industrializados, roupas, remédios e eletrodomésticos (geladeira, fogão, televisão e outros). Apesar das melhoras para a vida dos agricultores existem fatores negativos. Como exemplo a energia elétrica que teve aumento entre 10 a 30% na conta após o acesso a alguma política pública pela compra de alguns bens.

Quando perguntado aos agricultores familiares dessa localidade em que essas políticas públicas ajudaram a melhorar ou não a vida das famílias os agricultores que acessaram o PRONAF, Bolsa Família e Aposentadoria Rural responderam que o PRONAF:

“O crédito ajudou muito no plantio que gerou renda para a compra de alimentos que não conseguíamos comprar apenas com a plantação que fazia na roça”; “com o investimento na roça a produção aumentou e mais alimentação chegou para os filhos”; “pouca coisa”; “no aumento da produção”; “ajudou aumentar um pouco a produção e na criação de animais: boi, porco e galinha”; “ajudou muito” (JESUS, S. S. B. de. PESQUISA DE CAMPO, 2016).

Em relação ao Bolsa família a melhora foi ainda mais significativa para os agricultores:

“Ajudou muito na alimentação e na compra de medicamentos”; “na compra de remédio, alimentos e material escolar para os filhos”; “tranquilizar um pouco a vida e facilitar meios para a sobrevivência”; “ajudou mais na compra de alimentos”; “ajudou a cuidar da saúde”; “ajudou a comprar mais comida”; “melhorou bastante”; “ajudou muito

a minha família”; “ajudou muito porque da para comprar muitas coisas”; “ajudou a comprar as coisas para os filhos”; “ajudou a melhorar sim nossas vidas, porque hoje consigo comprar material escolar das crianças e alimentação melhor” (JESUS, S. S. B. de. PESQUISA DE CAMPO, 2016).

E a Aposentadoria Rural a satisfação dos que a possui representa a melhora conquistada:

“Ajudou em tudo aqui em nossa casa”, “ajudou a melhorar a vida da família principalmente comprando coisas que não tinha”; “a comprar e consumir produtos: pão, carne, frango, frutas e verduras que antes não tínhamos e não podíamos compra”; “ajudou a melhorar na minha alimentação, possibilitou comprar meus remédios”, “com essa benção que alcancei comprei geladeira, fogão e alguns objetos que não tinha trouxe conforto coisa que agente não sabia o que era” (JESUS, S. S. B. de. PESQUISA DE CAMPO, 2016).

A satisfação dos agricultores em relação a essas políticas é possível perceber nos depoimentos, principalmente em relação à Aposentadoria Rural e ao Bolsa Família; políticas que conseguiram melhorar a vida de muitas famílias na localidade do Caboclo. Essa satisfação está presente no fato de as famílias terem autonomia em relação ao recurso recebido e poderem comprar objetos mesmo que dos mais simples. Objetos que facilitam a vida ou que, com isso, tornam a vida mais digna apesar das dificuldades que ainda enfrentam.

Os agricultores quando questionados a deixar uma proposta para melhorar a relação com as políticas públicas possibilitando mais acesso ou acesso as que não tiveram responderam que, em relação ao Pronaf, o programa “não deveria ter tanta burocracia e que o Banco poderia avaliar a situação das pessoas que foram avalistas de outras e não podem mais acessar o crédito e que aumentasse o valor para produzir mais”. Em relação à Aposentadoria Rural, responderam que deveria aumentar para melhorar a vida do produtor rural e deveria diminuir a idade. Já em relação ao Bolsa Família, os agricultores disseram que esse benefício deveria ter fiscalização para não deixar pessoas que não precisam ter o beneficio, enquanto que outras precisam não conseguem; aumentasse o valor, que nunca acabasse esse benefício e o Governo investisse mais no homem no campo (JESUS, S. S. B. de. PESQUISA DE CAMPO, 2016).

Para 20% agricultores nessa localidade ser camponês: “é o homem que mora no campo e trabalha na roça”. Enquanto, 80% não souberam responder o que é ser um camponês. Entretanto, 52,5% disseram que Agricultor Familiar é a pessoa que

vive na zona rural depende só da agricultura, trabalha com a família plantando roças para o consumo e venda, sendo que a renda é para o sustento da família. Enquanto que, 57,7% não soube atribuir nenhuma característica para essa pessoa que vive no/do campo. Porém, quando perguntado como os agricultores se identificavam, 95% responderam que como lavradores e 5% como produtor rural.

3.3.4 Localidade Chaves

Essa localidade está situada ao Norte do município a 9km da sede de São Felipe possui; uma igreja localizada em uma pequena praça e uma sede da Associação de Desenvolvimento Comunitário Chaves. Foram entrevistados 30 agricultores (de 46 famílias). Os agricultores familiares dessa localidade participam da associação rural e decidem juntos os problemas relacionados à comunidade e a produção, características que lhes atribuíram, em 2009, o título de comunidade modelo pela Secretaria de Agricultura do município, sendo registrado em Ata na reunião45 mensal (Foto 12). Esse título permanece até os dias atuais, segundo o secretário de agricultura do município o Sr. Edmilson de Oliveira Rocha ex. presidente da associação.

A Associação Rural Chaves foi fundada em 1998 com incentivo da Técnica Agropecuária da EBDA a Srª. Solange Sardinha Buri com objetivo de melhorar a vida dos produtores rurais nessa localidade, assim como, buscarem financiamento com os Bancos do Nordeste e o Banco do Brasil para a produção rural dos agricultores familiares, ou seja, acessar o Pronaf. A iniciativa foi eficaz e a associação conseguiu a partir do mesmo ano (1998) recursos com o Governo do

45 A reunião começou com o presidente Edmilson de Oliveira solicitando que um dos sócios fizesse a invocação do Espírito Santo. Após, desculpou a falta dos representantes da UFRB e apresentou os representantes da Secretaria de Agricultura do município de São Felipe-BA. A representante da Secretaria e coordenadora de Meio Ambiente a Srª. Simone Soares Batista de Jesus foi convidada a se apresentar e explicar os objetivos da Secretaria de Agricultura, instituída em 2009 para orientar os agricultores familiares na produção e venda de produtos atendendo os agricultores na medida do possível. Parabenizou a Associação da localidade Chaves pela excelência em organização e participação dos sócios e comunicou que a Secretaria de Agricultura municipal considerou após uma análise realizada no mês de fevereiro de 2009 das associações rurais do município, a Associação de Desenvolvimento Comunitário Chaves como Modelo para o município de São Felipe [...]. (SAMSF, 2009).

Estado para a compra de um trator e implementos agrícolas com a construção de uma garagem para o trator.

Foto 12 - Reunião da Associação Rural na localidade Chaves em 09/03/2009