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A agroecologia tem sido utilizada como estratégia de desenvolvimento rural, normalmente organizada em cooperativas ou redes, associada a movimentos sociais, visando resgatar no agricultor sua condição de sujeito social.

Nesta forma de produção eles têm a possibilidade de dominar o processo na sua integralidade, desde a produção, transformação, armazenamento e comercialização, restabelecendo sua relação com o consumidor (DAROLT, 2002).

O Censo Agropecuário 2006 veio possibilitar o preenchimento de uma importante lacuna de informações oficiais para as políticas públicas de desenvolvimento rural: quantos são, onde estão, como e o que produzem os agricultores familiares no País.

A realização do Censo Agropecuário 2006 trouxe luzes para a compreensão da importância da agricultura familiar brasileira, com seus contornos e nuanças. O aprimoramento do seu dimensionamento, apontando suas potencialidades e limitações, é fundamental para a eficácia das políticas públicas.

Este relatório foi fruto de uma cooperação entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA, configurando concretamente passo inicial no sentido do preenchimento da referida lacuna, a partir das informações do Censo Agropecuário 2006.

Em 24 de julho de 2006, foi sancionada a Lei nº 11.326, que forneceu o marco legal da agricultura familiar, permitindo a sua inserção nas estatísticas oficiais.

Vários trabalhos científicos e grupos de pesquisadores já realizaram esforços semelhantes com os resultados de censos agropecuários anteriores, mas era necessária uma delimitação conceitual categorizada da agricultura familiar que procurasse atender ao enunciado legal de 2006, por isso esse foi o primeiro trabalho realizado entre o IBGE e o MDA com este objetivo.

O Censo Agropecuário 2006 retratou a realidade do Brasil Agrário, considerando-se suas inter-relações com atores, cenários, modos e instrumentos de ação.

Assim, em atendimento a uma melhor aproximação que identificasse e captasse a dinâmica dos meios produtivos e do uso da terra, a variabilidade nas relações de trabalho e ocupação, o grau de especialização e tecnificação de mão de obra, e o crescente interesse quanto aos reflexos sobre o patrimônio ambiental, e todas as alterações ocorridas desde a última pesquisa, realizada em 1996, foi aplicado um redimensionamento no modelo de captação do dado, no tocante ao aspecto conceitual, tendo por base as premissas sugeridas no Programa del censo agropecuário mundial 2010, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO) em 2007; as categorizações da Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0, elaborada pelo IBGE, em 2007, conforme a Clasificación Industrial Internacional Uniforme de todas las Actividades Económicas - CIIU; e as orientações dos membros da Comissão Consultiva do Censo Agropecuário 2006.

Desde a última realização da pesquisa, abarcando o período 1995-1996, além das mudanças na economia em geral, ocorreram significativas alterações setoriais.

Assim, devido à necessidade de melhor captar as transformações ocorridas nas diversas atividades agropecuárias e no meio rural, o IBGE elaborou para o

Censo Agropecuário 2006 um processo de refinamento metodológico,

especialmente no que diz respeito à reformulação do conteúdo da pesquisa e à incorporação de conceitos que correspondam a elementos que assumiram notoriedade, ou às novidades que se integraram ao universo agrícola nacional. Por inovação tecnológica aplicada aos instrumentos de coleta, investiu na substituição do questionário em papel, pelo questionário eletrônico desenvolvido em computador

Por conta de atender à demanda do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Censo Agropecuário 2006 adotou o conceito de “agricultura familiar“, conforme a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. O conceito agricultura familiar não é inédito no arcabouço legal brasileiro. Conceitos muito próximos já vinham sendo utilizados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF5

- Decreto nº 1.946, de 28 de junho de 1996,

5O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar-PRONAF, foi instituído em 1996, através de Decreto Presidencial nº 1.946, de 28 de junho, tendo como finalidade “promover o desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares, de modo a propiciar-lhes o aumento da capacidade produtiva, a geração de empregos e a melhoria de renda” (BRASIL, 2005, p.1).

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), nos seus quase 15 anos de existência, se consolidou como importante política pública voltada para o financiamento rural daqueles que historicamente nunca tiveram acesso aos financiamentos bancários. O programa é resultado também de antigas reivindicações de setores dos movimentos sociais do campo, bem como de entidades representativas dos agricultores familiares. O Programa foi criado em 1995 e oficialmente instituído em 1996 (Decreto nº

1.946, de 28 de junho de 1996, atualizado posteriormente pela Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006), quando iniciou suas atividades institucionais. O programa tem passado por seguidas mudanças, objetivando integrar, como instrumento de inclusão social e capaz de atender ao maior número possível de agricultores familiares em todos os municípios e regiões do país. Sua maior inovação para a efetivação dos financiamentos se deu a partir da criação dos chamados arranjos institucionais do PRONAF, que se caracterizaram como instâncias de representação e de decisão, além da formulação de procedimentos técnicos e administrativos, como a emissão da Declaração de Aptidão - DAP, que possibilitaram a integração de gestores, conselhos municipais e pequenos agricultores familiares na promoção de procedimentos mais simples, no processo de constituição dos contratos de crédito. As diretrizes do programa propõem contribuir de forma sustentável para o desenvolvimento rural, através de propostas que operem na dinamização da capacidade produtiva, geração de empregos e melhoria de renda dos agricultores familiares. Isso, porque, aproximadamente 85% do total de propriedades rurais do país pertencem ao grupo de agricultores familiares. Dados esses que justificam a elaboração de políticas públicas, como o PRONAF, que visam o fortalecimento da agricultura familiar. Desde a criação e implementação em 1999,da modalidade do PRONAF B, o programa ampliou e passou a ser estímulo para um grande número de famílias que viviam em função da pequena produção agrícola, sempre com rendas familiares baixas e previsíveis. Para acessar o PRONAF B, os agricultores familiares mais pobres deveriam preencher alguns requisitos, como a família se dedicar a atividade agrícola e não agrícola, ter acesso a terra, como proprietário, parceiro, posseiro ou arrendatário e ter uma pequena renda anual de, no máximo, R$ 10 mil reais. Destarte, seu grande desafio foi promover o desenvolvimento local sustentável através da viabilização e fortalecimento das atividades rurais, essas incentivadas pelos agricultores. E, mais importante: abrangendo um grande número de agricultores que viviam na condição de pobreza e estruturalmente impossibilitados de contrair empréstimos bancários, face às exigências patrimoniais e aos altos custos operacionais das instituições financeiras. (MAGALHÃES, R.; ABRAMOVAY, R. Acesso, uso e sustentabilidade do PRONAF B. Campinas: 2005. Mimeo; MATTEI, L. Impactos do PRONAF: Análise de Indicadores. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, Núcleo de Estudos Agrário e Desenvolvimento Rural (NEAD Estudos), 2005. Disponível em

atualizado posteriormente pela Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, ou nos

segurados especiais em regime de economia familiar da Previdência Social6.

O conceito também não é novidade na academia e foi utilizado em inúmeros trabalhos, tal como os da pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO) /Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA7. Entretanto, apesar de estes conceitos terem uma forte sobreposição de públicos, não são rigorosamente iguais, e suas delimitações dependem de análises precisas. Neste trabalho, o conceito adotado foi o da Lei nº 11.326, que é mais restritivo que as anteriormente citadas.

Na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, a agricultura familiar foi assim definida:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que

pratica atividades no meio rural, atendendo,

simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

§ 1º O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de condomínio rural ou outras

<http://www.nead.org.br/index.php?acao=biblioteca&publicacaoID=319>. Acesso em 27 de junho de 2013.

6

Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, atualizada posteriormente pela Lei nº 11.718, de 20 de junho de 2008.

7

Ver: Novo retrato da agricultura familiar: o Brasil redescoberto. Brasília, DF: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, 1999. 66 p. (Projeto de cooperação técnica INCRA/FAO, n. 8).

formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 2º São também beneficiários desta Lei:

I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes;

II - aquicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-rede;

III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;

IV - pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente.

Para delimitar a “agricultura familiar“ no Censo Agropecuário segundo o princípio legal acima, foi utilizado o método de exclusão sucessiva e complementar, ou seja, para o estabelecimento ser classificado como de “agricultura familiar“ precisava atender simultaneamente a todas as condições estabelecidas.

É oportuno destacar que a elaboração do questionário aplicado pelo Censo Agropecuário é anterior ao sancionamento da Lei nº 11.326, e por esta razão se procurou adequar o questionário ao enunciado legal.

Outro esclarecimento importante é sobre a unidade de pesquisa utilizada no Censo Agropecuário: o estabelecimento agropecuário. O conceito de agricultura familiar está relacionado à unidade familiar, enquanto o estabelecimento está relacionado à unidade produtiva. Embora a situação mais frequente seja de uma família estar associada a apenas um estabelecimento, existem casos de famílias com mais de um estabelecimento agropecuário. Assim, existe uma pequena

superestimação8 do público pertencente à agricultura familiar neste trabalho, por considerar cada estabelecimento como uma unidade familiar.

A delimitação do público da agricultura familiar seguiu os seguintes procedimentos metodológicos:

O estabelecimento agropecuário não foi considerado agricultura familiar se a área total do estabelecimento fosse maior que quatro módulos fiscais;

• Se o estabelecimento pertencia a produtores comunitários, mas estes detinham frações por produtor maiores que quatro módulos fiscais, então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar;

• Se a unidade de trabalho familiar foi menor que a unidade de trabalho contratado, então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar;

• Se em 2006 o rendimento total do empreendimento foi menor que o quantitativo dos salários obtidos em atividades fora do estabelecimento, então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar;

• Se quem dirigia o estabelecimento em 2006 era um administrador, uma sociedade anônima (ou por cotas de responsabilidade limitada), uma instituição de utilidade pública, governo (federal, estadual ou municipal), então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar;

• Se a direção do estabelecimento, em 2006, era feita por um produtor através de um capataz, ou pessoa com laços de parentesco, e contasse com empregados (permanentes, temporários ou empregados parceiros) de 14 anos ou mais de idade, então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar;

• Também não foram considerados de agricultura familiar se a condição legal do produtor fosse registrada como cooperativa, sociedade anônima (ou por cotas de responsabilidade limitada), instituição de utilidade pública ou governo (federal, estadual ou municipal);

• Se a classe da atividade econômica desenvolvida no estabelecimento agropecuário foi à aquicultura e a área dos tanques, lagos e açudes do estabelecimento era maior que 2 hectares9, então o estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar;

8

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2007, do IBGE, por exemplo, aponta que a participação de produtores com mais de uma área de empreendimento é de apenas 0,8%.

9

• O estabelecimento agropecuário não foi considerado de agricultura familiar, caso tenha havido venda de produtos da extração vegetal em 2006 e esta venda tenha sido maior que a metade do total da receita da atividade agropecuária, e se:

• no estabelecimento havia colheitadeiras, ou houve contratação de mão de obra para colheita ou através de empreiteiro (pessoa física) e o total de dias de empreitada foi maior que 30 dias; ou

• houve empregado temporário contratado para colheita e o número de diárias pagas foi maior que 30 dias.

No Censo Agropecuário 2006, foram identificados 4.367.902

estabelecimentos da agricultura familiar, o que representa 84,4% dos estabelecimentos brasileiros.

Este numeroso contingente de agricultores familiares ocupava uma área de 80,25 milhões de hectares, ou seja, 24,3% da área ocupada pelos estabelecimentos agropecuários brasileiros. Estes resultados mostram uma estrutura agrária ainda concentrada no País: os estabelecimentos não familiares, apesar de representarem 15,6% do total dos estabelecimentos, ocupavam 75,7% da área ocupada (os estabelecimentos que não se enquadraram nos parâmetros da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que por simplificação serão designados simplesmente de “não familiares”).10

A área média dos estabelecimentos familiares era de 18,37 hectares, e a dos não familiares, de 309,18 hectares.

Segundo a avaliação do MPA11 – Movimento dos Pequenos Agricultores, o

censo trouxe uma novidade de extrema importância para os camponeses: pela primeira vez, ele retratou a realidade da “agricultura familiar” brasileira, chamada de

10

Entre os estabelecimentos que não se enquadram na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, estão também pequenos e médios agricultores, que não se enquadraram na agricultura familiar quer pelo limite de área quer pelo limite de renda, e também as terras públicas. A melhor identificação destes grupos será um dos temas da agenda futura de trabalho.

11

MPA-Movimento dos Pequenos Agricultores: uma alternativa de organização do campesinato brasileiro. O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) é um movimento camponês, de caráter nacional e popular, de massa, autônomo e de luta permanente, constituído por grupos de famílias camponesas. Seu principal objetivo é a produção de comida saudável para as próprias famílias e também para todo o povo brasileiro, garantindo assim, a soberania alimentar do país. Além disso, busca o resgate da identidade e da cultura camponesa, respeitando as diversidades regionais. O MPA integra a Via Campesina, articulação internacional de movimentos camponeses, e junto com outros movimentos e setores da sociedade luta, por um Projeto Popular para o Brasil. Atualmente, o movimento está organizado em 17 estados do Brasil. No estado do Espírito Santo, o MPA está em 27 municípios, com cerca de 2000 famílias organizadas na base do movimento.

Acesso em:09/07/2013 http://mpabrasiles.wordpress.com/2010/02/18/censo-agropecuario-confirma-agricultura-camponesa-e-a-principal-produtora-de-alimentos-do-pais/

agricultura camponesa. E o mais importante, os resultados comprovam o que camponeses e camponesas organizados no MPA afirmam cotidianamente: é a agricultura camponesa que produz mais de 70% dos alimentos consumidos pelo povo brasileiro, mesmo com pouca terra e poucos incentivos de financiamento e crédito para produzir.

Um dos primeiros dados apresentados pelo Censo faz uma relação entre o número de estabelecimentos da agricultura familiar e o tamanho do território que eles ocupam. Dos estabelecimentos rurais brasileiros 84,4% estão dentro do perfil “estabelecimentos da agricultura familiar”, e ficam com apenas 24,3% do território ocupado no campo brasileiro. Os outros 15,6% dos estabelecimentos representam a agricultura “não familiar”, ou seja, o agronegócio, que por sua vez, fica com 75,7% das áreas ocupadas.

As informações evidenciam como é grande a concentração de terra no Brasil, já que, cerca de 15% dos proprietários de terra concentram mais de 75% da área produtiva do país.

Outro dado importante destacado no censo é a geração de emprego no campo. A agricultura camponesa mantém 12,3 milhões de pessoas ocupadas no campo, o que corresponde a 74,4% de todos os empregos gerados na área rural. Já o agronegócio mantém 4,2 milhões de pessoas ocupadas, apenas 25,3% dos empregos no campo. Em resumo, esses números significam que 7, de cada 10 empregos no campo, são gerados pela agricultura camponesa.

Por fim, temos a agricultura camponesa como a principal produtora de alimentos básicos, garantindo a segurança alimentar do país. Em números, são responsáveis pela produção de 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 34% do arroz, 58% do leite, 59% da carne suína e 50% das aves produzidas no campo brasileiro. O cultivo que temos menor participação é justamente a soja, (somos responsáveis por 16% da produção) que hoje representa um dos grandes monocultivos brasileiros voltados à exportação.

Como vimos, a agricultura camponesa, mesmo ocupando pequenas áreas de terra, é a principal fornecedora de alimentos básicos no país, e quem mais gera empregos no campo, desmentindo de uma vez por todas o discurso do agronegócio. O apelo do MPA é que essas informações sejam amplamente divulgadas para fortalecer cada dia mais a agricultura camponesa, consolidando a agroecologia como proposta de produção agrícola para o país.

Outras informações analisadas pelo MPA:

A área média dos estabelecimentos familiares era de 18,37

hectares, e a dos não familiares, de 309,18 hectares, ou seja, 17 vezes maior.

O número total de pessoas ocupadas na agricultura familiar em

2006 é mais que duas vezes superior ao número de empregos gerados pela construção civil no mesmo ano.

TABELA 1

AVALIAÇÃO DA PESQUISA IBGE/MDA- CENSO AGROPECUÁRIO

2006-2007 REALIZADA PELO MPA – MOVIMENTO DOS

PEQUENOS AGRICULTORES

Propriedade e Posse da Terra

• Os pequenos agricultores têm só 24% das terras do Brasil. • Quer dizer, de cada 100 hectares de terras, 24 é de camponês. • Os médios e grandes tem 76% das terras.

• De cada 100 hectares, 76 hectares é do agronegócio. Número de

Estabelecimentos – Propriedades, Posses, Lotes.

• Os camponeses são mais de 4 milhões e 360 mil estabelecimentos.

• Os médios e grandes são apenas 807 mil estabelecimentos.

O que Produzem?

• Os camponeses produzem 40% da produção agropecuária do Brasil (Valor Bruto da Produção Agropecuária Total), só com 24% das terras, e ainda, das piores.

• Os médios e grandes produzem 60% da produção agropecuária do país, com 76% das terras e as melhores.

Valor da Produção Por Hectare

• 1 hectare da agricultura camponesa gera, em média, uma renda de R$ 677,00.

• 1 hectare do agronegócio gera, em média, R$ 368,00.

Produção que o Povo Brasileiro Come

• Daquilo que vai para a mesa dos brasileiros, 70% é produzido pelos pequenos agricultores, pelos camponeses.

• Somente, 30% do que vai para a mesa dos brasileiros vem das grandes propriedades, que produzem mesmo é para

Trabalho para o Povo

• As pequenas propriedades, menos de 4 módulos, ocupam 74% da mão de obra no campo.

• As médias e grandes, o agronegócio, mesmo com muito mais terra, só geram emprego para 26% das pessoas que trabalham no campo.

Trabalho por Hectare

• Em cada 100 hectares, na agricultura camponesa, trabalham 15 pessoas.

• No agronegócio, em cada 100 hectares, empregam menos de 2 pessoas (1,7 pessoas).

Crédito Agrícola

• Os valores do crédito não estão no Censo Agropecuário, mas no Plano Safra12 2009/2010 foram destinados R$ 93 bilhões para o agronegócio e R$ 15 bilhões para a agricultura camponesa.

Fonte: MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores

12

Plano Safra da Agricultura Familiar- Objetiva o financiamento do custeio ou investimento das atividades produtivas rurais desenvolvidas pelos agricultores familiares. Esses créditos podem ser acessados de forma individual, grupal ou coletiva. O Manual do Crédito Rural Plano Safra da Agricultura Familiar - 2004-2005 reúne as bases e diretrizes definidas pelo Governo Federal para o desenvolvimento e fortalecimento do meio rural brasileiro (PRONAF, 2004). As ações definidas, segundo o manual, visam permitir à agricultura familiar maior capacidade de compatibilizar a produção para o seu próprio consumo e para o mercado, assim como a geração e manutenção de ocupações, a diversificação das atividades rurais e maior agregação de valor à produção. As modalidades de crédito contempladas no Programa foram classificadas em diversas categorias, cada uma com suas especificidades no que se refere às taxas de juros, limites de financiamento, bônus de adimplência, públicos-alvo e finalidades, dentre outros aspectos. Para efeito de classificação dos beneficiários nos grupos do PRONAF, são excluídos os benefícios sociais e os proventos da previdência rural, na composição da renda familiar.

RESUMO DA AVALIAÇÃO REALIZADA PELO MPA ENTRE

AGRICULTURA FAMILIAR CAMPONESA E AGRICULTURA PATRONAL

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