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LEGENDA: O “Goal” de Zito

C. ALBERTO ERGUE EM TRIUNFO A TAÇA JULES RIMET (UPI)

SIGNOS ICÔNICOS:

Vemos o jogador de futebol que levanta a taça/troféu; em seu rosto, identificamos a expressão de quem vibra e grita algo em comemoração.

SIGNOS GRÁFICOS:

Em primeiro plano, na posição central na imagem, o jogador aparece com uma postura longilínea, com o corpo levemente voltado para o lado direito, orientação que a linha do seu olhar acompanha. O alinhamento totalmente vertical do seu corpo denota inércia, como se fosse uma figura estática, congelada naquele gesto. No fundo, tem-se a torcida.

SIGNOS VERBAIS:

Texto eminentemente descritivo, com a presença de denominadores (nome próprios e comuns). A escolha do termo “triunfo” implicitamente enfatiza o feito do Brasil no campeonato, considerando o valor positivo socialmente atribuído à palavra. A organização enunciativa da legenda também é delocutiva.

TEXTO VERBOVISUAL:

No conjunto, observamos a organização descritiva do discurso.

OBSERVAÇÕES:

Como as imagens anteriores desta edição, a foto é creditada à UPI, que vem indicada ao final da legenda.

O Globo: Edição de 1994

1994 G1

LEGENDA:

Goleiro que não vinha merecendo a confiança do torcedor brasileiro, Taffarel pula com convicção para fazer uma defesa histórica, espalmando o pênalti cobrado pelo italiano Massaro

SIGNOS ICÔNICOS:

Observamos um goleiro em queda, cuja expressão é de esforço; ao fundo, com apenas parte do corpo à vista, um grupo que parece ser de fotógrafos; a rede da trave e a bola no ar prestes a ser rebatida. Atrás da rede, parte de uma placa colorida que parece com as de publicidade comuns em estádios.

SIGNOS GRÁFICOS:

Em plano médio, no centro da foto, vemos o goleiro, cuja linha corporal quase horizontal indica o seu movimento em queda. O enquadramento também denota a dominância do espaço do gol pelo atleta, como se a reforçar a ideia de que a defesa seria inevitável. Os tons do uniforme do jogador remetem às cores do time e da bandeira brasileiros: verde com detalhes amarelos. A placa de publicidade atrás do gol completa o conjunto em tons de azul e branco.

SIGNOS VERBAIS:

Texto igualmente descritivo, a ordenação das expressões sugere outras qualificações, além daquelas da superfície textual, que por si só, já expressam subjetividade, como em “defesa histórica”. Nesse caso, o adjetivo modifica a própria

intensão do nome, caracterizando-se, pois, um uso sincategoremático. Como depreendemos um juízo de valor positivo a respeito da defesa do goleiro com base em “histórica”, podemos relacionar o adjetivo a um termo axiológico.

Além disso, inicialmente, inferimos outros atributos do goleiro pela oração “Goleiro que não vinha merecendo a confiança do torcedor brasileiro[...]”. Essas qualificações implícitas, embora não pareçam se sobrepor ao caráter descritivo, trazem uma aspecto argumentativo ao texto, como se houvesse uma concessão ao se sugerir algo como: “embora o goleiro não tivesse a confiança do torcedor até então [...]”.

Isso aciona no leitor uma série de inferências (o goleiro não vinha atuando bem, por exemplo, daí ter ficado no descrédito até aquele momento etc.) e, pela configuração concessiva que essas informações recebem, atribui-se ao atleta uma posição de destaque, daquele que se superou e se tornou, ao final, um herói.

TEXTO VERBOVISUAL:

Predominância da organização descritiva do discurso.

1994 G2

LEGENDA:

SIGNOS ICÔNICOS:

Vemos o goleiro, quase de costas na imagem, com uniforme verde e amarelo; seus braços e mãos estão erguidos para o céu, como em agradecimento; o campo de futebol; parte da torcida na arquibancada; uma placa em vermelho e branco que parece ser de anúncio; outro jogador em uniforme azul e branco, que remete às cores de países como Itália ou Uruguai, por exemplo; este está com as mãos na cintura, denotando certo inconformismo; sua expressão é de decepção, já que sua cabeça e seu olhar estão direcionados para o chão.

SIGNOS GRÁFICOS:

Em enquadramento central, está a imagem do goleiro brasileiro, de joelhos e maõs e braços erguidos em direção ao alto, como em agradecimento. Ao fundo, está a torcida, já meio desfocada. Entre o plano em que está o goleiro e a torcida, vemos o jogador adversário, com o olhar orientado para o chão. As linhas imaginárias formadas pela direção dos braços do goleiro e pela direção do olhar do italiano seguem rotas opostas, simbolizando o resumo da própria situação: o Brasil está no alto, no auge; a Itália, no chão.

Outra ambiguidade decorre do arranjo da imagem dos dois jogadores na foto. Embora em planos diferentes, o goleiro genuflexionado parece estar diante do italiano, como se lhe agradecesse também pela vitória brasileira, considerando que o resultado final foi consequência da perda do último pênalti por Baggio, que chutou para fora. Isso se reforça pela escolha lexical da legenda, conforme assinalamos a seguir.

SIGNOS VERBAIS:

Texto igualmente descritivo, mas construído sobre uma ambiguidade bastante significativa. A palavra “imagem” aponta tanto para a fotografia, quanto para uma possível imagem concreta, aquela que poderia remeter ao jogador italiano parado, como uma estátua, diante da qual Tafarel se ajoelha em agradecimento pela vitória, já que o atacante desperdiçou o último lance do jogo. Notamos também uma estrutura de oposição pela configuração descritiva que se dá pelos verbos: um “vibra” e o outro “lamenta”.

TEXTO VERBOVISUAL:

Identificamos o predomínio da organização descritiva do discurso.

1994 G3

LEGENDA:

Depois de Mauro, Bellini e Carlos Alberto, o capitão do tetra ergue a taça e inscreve na história a era Dunga

SIGNOS ICÔNICOS:

Observamos, na foto, os seguintes elementos: a torcida ao fundo; jogadores em uniforme verde e amarelo com expressão facial de quem grita em comemoração; no peito dos jogadores, vemos um fita típica das que sustentam uma medalha de competições esportivas; no peito de um deles, um pedaço de tecido verde amarrado, que parece remeter à bandeira do Brasil; um jogador ergue a taça, o troféu dourado; algumas pessoas atrás dos jogadores em trajes formais (terno); na área superior, parte da fachada de um edifício e, à esquerda, uma bola flutuante vermelha e preta.

SIGNOS GRÁFICOS:

uma linha vertical que se tem observado sempre que essa atitude aparece nas fotografias anteriores. Neste caso, porém, vemos o jogador totalmente em perfil.

Ao seu lado, partindo do centro para a esquerda, como em uma linha em perspectiva, outros jogadores brasileiros em vibração; a linha imaginária que deriva do enquadramento da torcida segue o mesmo trajeto, indicando o grande público que ali se vê e que continua para além deste enquadre.

A imagem é colorida, destacando-se, junto aos jogadores, as cores da bandeira brasileira: amarelo e verde, no uniforme e no tecido amarrado no peito de um deles. A faixa em azul, branco e vermelho parece remeter, metonimicamente, ao país sede da competição, os Estados Unidos.

SIGNOS VERBAIS:

Texto igualmente descritivo e a qualificação subjacente ao uso da expressão “era Dunga” alça o jogador à categoria de herói, demarcando um ponto de vista subjetivo sobre a atuação do jogador no campeonato, que, com base nessa escolha, podemos inferir ter sido marcante. Na mesma expressão, contudo, pode-se depreender um caráter relativamente irônico se considerarmos a teia interdiscursiva que a constitui. Isso porque, na Copa de 1990, Dunga, que também fora capitão do time, teve seu nome negativamente associado à campanha da seleção brasileira, também batizada “era Dunga”, o que, à época, assumiu valor pejorativo.

TEXTO VERBOVISUAL:

O Globo: Edição de 2002

2002 G1

LEGENDA:

Ronaldo aproveita falha do “muro” Oliver Kahn e faz o primeiro gol da vitória que deu ao Brasil o penta

SIGNOS ICÔNICOS:

Em uniforme da seleção, vemos o jogador brasileiro ao chutar a bola; o goleiro adversário ao chão; a rede da trave; atrás da rede, uma placa que parece de publicidade, também com partes em verde, amarelo e branco, e parte do corpo de um fotógrafo. Já sem nitidez, mais ao fundo, parece estar a torcida.

SIGNOS GRÁFICOS:

A imagem tende a proporcionar uma descrição bastante expressiva do episódio do primeiro gol. O jogador brasileiro é enfocado no momento exato em que apenas toca a bola rumo ao gol, sugerindo sua habilidade e talento. Essa falta de esforço do brasileiro contrasta com a imagem do goleiro adversário caído ao chão, com expressão de extremo esforço para realizar a defesa que não se completou. Esse contraste é acentuado pelo cruzamento das linhas que se formam com a posição de cada jogador: o brasileiro de pé, em pleno domínio de seus movimentos, e o alemão, em linha totalmente horizontal, sintetizando a própria queda/derrota do

seu time.

O foco em plano médio permite a observação da cena e dos dois sujeitos envolvidos no episódio e, a fim de destacá-los, mais uma vez, utiliza-se o primeiro plano e desfoca-se o fundo, em que provavelmente está a torcida.

A iluminação lateral favorece o destaque às cores da camisa da seleção brasileira nas costas do jogador, o que também contrasta com o uniforme preto do goleiro alemão.

A foto é relativamente assimétrica e ganha em dinamismo pela concentração do brasileiro na metade esquerda da foto e a bola, que ruma em direção ao gol, na metade inferior direita.

SIGNOS VERBAIS:

Também predominam marcas do modo de organização descritivo, com o uso de elementos identificadores e qualificadores (“primeiro gol”; “falha”, “muro”), com a presença da delocução.

Destaca-se aqui, porém, uma tendência a uma descrição mais subjetiva que a da edição anterior, em que se vê, por exemplo, a qualificação do goleiro alemão como sendo um “muro”, constituindo uma metáfora que reforça seu potencial de defesa e de bloqueio do gol.

Por outro lado, o emprego das aspas na expressão tende a arrefecer essa tendência, uma vez que indicam que são os outros que assim o qualificam e não o jornal em si.

TEXTO VERBOVISUAL:

O modo descritivo é predominante e o traço mais marcante da organicidade do par fotografia e legenda parece estar na referência ao goleiro alemão como “muro” notexto verbal e sua apresentação na imagem, em alinhamento horizontal, à semelhança de um muro que, no entanto, ruiu diante da habilidade brasileira.

2002 G2

LEGENDA:

CAFU ergue a taça; na camisa, Capitão brasileiro homenageia sua fundação filantrópica, no Jardim Irene

SIGNOS ICÔNICOS:

Identificamos um jogador em uniforme verde, amarelo e azul que traz uma expressão de alegria e sorri; seus braços estão estendidos para o alto, ao erguer a taça da Copa, que traz, em sua base, as cores verde e amarelo dourado.

SIGNOS GRÁFICOS:

A imagem se caracteriza pela figura do jogador centralizada no eixo da imagem, com iluminação frontal e com destaque em primeiro plano em relação ao fundo, que supostamente seria constituído pela torcida na arquibancada.

Essa configuração parece sugerir o grau de importância atribuído à taça erguida sobre a cabeça do jogador, que, como capitão, é enfocado como uma espécie de metonímia que remete a todo o time e, por extensão, a todos os brasileiros. A linha reta, formada pela envergadura do corpo de Cafu, com os braços completamente esticados para o alto para sustentar a taça, símbolo da conquista e do triunfo do esporte brasileiro, ratificam essa leitura.

Na fotografia, porém, a focalização do jogador em posição central, exibindo sua expressão de alegria, parece funcionar como um desejo de entrar em contato direto com aqueles a quem a inscrição na camisa remete: as pessoas atendidas por sua instituição e, por extensão, aos torcedores brasileiros de forma geral.

Isso parece apontar para uma organização alocutiva no plano da imagem, diferentemente do que ocorre na legenda.

SIGNOS VERBAIS:

Reconhecemos marcas típicas do modo de organização descritivo, tais como os itens que exercem função identificadora (“taça”; “Capitão brasileiro” etc.). No âmbito da construção enunciativa, há um caso de delocução.

TEXTO VERBOVISUAL:

A conjunção da imagem e da legenda reforça a predominância da orientação descritiva.

Folha de S. Paulo: Edição de 1958

1958 F

LEGENDA:

Nesta radiofoto da U.P.I. aparece, já de posse da Taça Jules Rimet (nas maõs de Bellini, ao centro), a equipe que conquistou para o Brasil o título que a cronica mundial especializada afirma ser merecido há vinte anos.43 O jubilo do povo brasileiro extravasou no clamor que se ergueu nas ruas de todas as cidades do país e por algumas horas chegou a reviver o carnaval pitoresco, com improvisadas alegorias e manifestações a que não faltaram muitos populares, especialmente compostas para festejar o evento (Amplo noticiario nas páginas 12, 13 e 14 e editorial na pág. 6 deste caderno)

SIGNOS ICÔNICOS:

Vemos um grupo de jogadores alinhados em duas filas: uma com atletlas em pé e a outra, à frente, com atletas agachados. Todos usam o mesmo uniforme e são, pois, do mesmo time; à esquerda e à direita, homens que parecem ser, respectivamente, o técnico e o goleiro da equipe; ao fundo, uma área da imagem que parece corresponder à torcida.

43

O trecho destacado em negrito constitui um grifo nosso, que será referenciado na análise dos signos verbais.

SIGNOS GRÁFICOS:

Em plano médio, ao centro, está o grupo de jogadores em duas linhas horizontais paralelas: a formada por jogadores em pé e a outra, por jogadores agachados. A formação está em primeiro plano e o que parece ser a torcida está ao fundo.

SIGNOS VERBAIS:

Texto igualmente descritivo, sobretudo no trecho em negrito. Este parece ser, de fato, a legenda da imagem, já que a sequência é eminentemente narrativa e extrapola a cena exposta na fotografia. O trecho restante (em itálico), pois, assemelha-se a uma notícia de capa, que aí resumida, terá continuidade na parte interna do jornal.

É a primeira vez no corpus, inclusive, que observamos a remissão, no texto da primeira página, à notícia mais completa sobre o evento em outra seção do jornal, procedimento rotineiro nas capas modernas.

Em toda a extensão do texto a delocução predomina.

TEXTO VERBOVISUAL:

Podemos identificar duas unidades a julgar pelo fragmento considerado: na foto e trecho inicial em negrito, há a predominância da visada descritiva, como se houvesse uma foto e sua legenda.

No trecho como um todo, em que a imagem e toda a sequência verbal são consideradas, a visada seria narrativa, cabendo à foto o papel de um elemento descritivo (com a função de promover a identificação e a localização dos jogadores, por exemplo) em relação ao conjunto da notícia.

Folha de S. Paulo: Edição de 1962

1962 F1

LEGENDA:

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