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Algebras estandarmente estratificadas e m´ ´ odulos inclinantes

Nesta se¸c˜ao demonstraremos que se A ´e uma ´algebra estandarmente estratifi- cada, ent˜ao existe um A-m´odulo inclinante generalizado T associado a A, tal que F (4) ∩ Y(4) = add T . Mostraremos tamb´em que o anel de endomorfis- mos B = EndA(TA) ´e tamb´em uma K-´algebra estandarmente estratificada.

Mais ainda, mostraremos que EndB(T0) ´e Morita equivalente a A, onde T0 ´e

o B-m´odulo inclinante generalizado associado a B.

Os resultados apresentados nesta se¸c˜ao est˜ao contidos no trabalho de C. Xi, em [26], bem como [2] numa abordagem distinta.

Come¸camos ent˜ao definindo o que ´e um m´odulo inclinante generalizado. Defini¸c˜ao 3.5.1. 1. Seja A uma K-´algebra. Um A-m´odulo T ∈ mod A

´

e dito um m´odulo inclinante generalizado se satisfaz as seguintes condi¸c˜oes:

(a) pd T < ∞;

(c) Existe uma seq¨uˆencia exata do tipo

0 → AA→ T0→ T1 → · · · → Ts→ 0,

com Ti ∈ add T , para i = 1, 2, . . . , s.

2. Dualmente, um A-m´odulo T ´e dito um A-m´odulo coinclinante gene- ralizado se est˜ao satisfeitas as condi¸c˜oes:

(a) id T < ∞;

(b) ExtiA(T, T ) = 0, para todo inteiro i ≥ 1; (c) Existe uma seq¨uˆencia exata do tipo

0 → Ts→ · · · → T1→ T0 → D(AA) → 0,

com Ti ∈ add T , para i = 1, 2, . . . , s.

Antes de provarmos a existˆencia de um A-m´odulo inclinante generalizado especial, ligado a categoria F (4) quando A ´e uma ´algebra estandarmente estratificada, faremos algumas observa¸c˜oes e daremos destaque a algumas propriedades da subcategoria F (4) ∩ Y(4).

Observa¸c˜ao 3.5.2. Seja A uma K-´algebra estandarmente estratificada. Ent˜ao: 1. A categoria Y(4) ∩ F (4) ´e auto-ortogonal, isto ´e, ExtiA(W, Y ) = 0,

∀ W, Y em Y(4) ∩ F (4) e ∀i ≥ 1.

2. Para cada X ∈ F (4), existe uma seq¨uˆencia exata 0 −→ X −→ W −→ X0−→ 0, com W ∈ Y(4) ∩ F (4) e X0 ∈ F (4).

A primeira afirma¸c˜ao ´e um caso particular da Proposi¸c˜ao 3.4.17. A segunda afirma¸c˜a decorre da aplica¸c˜ao do Lema 2.1.10 com θ = 4 e do fato de que F (4) ´e fechado por extens˜oes (Observa¸c˜ao 2.1.2).

Existe um resultado an´alogo ao ´ıtem (2) da observa¸c˜ao acima para a categoria Y(4), que enunciaremos no seguinte lema.

Lema 3.5.3. Seja A uma K-´algebra estandarmente estratificada. Ent˜ao, para cada Y ∈ Y(4), existe uma seq¨uˆencia exata 0 −→ Y0−→ W −→ Y −→ 0, com W ∈ Y(4) ∩ F (4) e Y0 ∈ Y(4).

Demonstra¸c˜ao. Sejam Y ∈ Y(4) e γ : P → Y a sua cobertura pro- jetiva em mod A. Como A ´e uma ´algebra estandarmente estratificada, em virtude do Corol´ario 3.3.5 e da Proposi¸c˜ao 3.4.2, P ∈ F (4). Consideremos a seq¨uˆencia exata

0 −→ ker(γ) −→ P −→ Y −→ 0.

De outro lado, em virtude do Lema 2.1.10, existe uma seq¨uˆencia exata da forma 0 −→ ker(γ) −→ Y0−→ X −→ 0, com Y0 ∈ Y(4) e X ∈ F (4). Se

ker(γ) −−−→ P   y   y Y0 −−−→ W ´

mutativo 0 0   y   y 0 −−−→ ker(γ) −−−→ P −−−→ Y −−−→ 0   y   y 0 −−−→ Y0 −−−→ W −−−→ Y −−−→ 0   y   y X X   y   y 0 0.

Desde que P, X ∈ F (4), Y, Y0 ∈ Y(4) e tais categorias s˜ao fechadas por extens˜oes, pela Observa¸c˜ao 2.1.2 e a Proposi¸c˜ao 3.4.18, temos que W esta em F (4) ∩ Y(4). Demonstramos pois que a seq¨uˆencia exata

0 −→ Y0−→ W −→ Y −→ 0 satisfaz as condi¸c˜oes requeridas.

 Antes de proseguir para a prova de que para uma ´algebra estandarmente estratificada A, com rela¸cˆao a seq¨uˆencia 4, existe um A-m´odulo inclinante generalizado T que determina os m´odulos Ext-injetivos em F (4), lembrare- mos alguns fatos gerais sobre m´odulos.

Se A ´e uma K-´algebra, pode-se provar (como “forma dual” `a efetu- ada na Propasi¸c˜ao 2.1, Cap. I, em [6]) que o funtor contravariante F = HomA( , TA) : mod A −→ B − mod quando restrito a subcategoria add (T )

estabelece uma equivalˆencia contravariante entre a subcategoria add(T ) de mod A e a subcategoria P(B) dos B-m´odulos projetivos `a esquerda de B.

Desta forma conclu´ımos que o posto de K0(B) = K0(EndA(T )) ´e igual

ao n´umero de somandos indecompon´ıveis, n˜ao isomorfos, de T .

Observa¸c˜ao 3.5.4. Vamos observar agora um importante fato sobre a teor´ıa inclinante, que pode ser encontrado em [23], Corol´ario 1 do Teorema 1.19, que ´e o seguinte: Seja A uma ´algebra artiniana e TA um A-m´odulo inclinante

generalizado. Ent˜ao o n´umero de classes de isomorfia dos A-m´odulos simples ´

e igual ao n´umero de classes dos B-m´odulos simples, onde B = EndA(TA).

Estamos agora em condi¸c˜oes de enunciar um dos mais importantes resul- tados desta se¸c˜ao, que ´e o teorema abaixo.

Teorema 3.5.5. Seja A uma K-´algebra estandarmente estratificada. Ent˜ao existe um A-m´odulo inclinante generalizado T , ´unico a menos da multiplici- dade dos somandos diretos indecompon´ıveis, tal que add T = F (4) ∩ Y(4). Demonstra¸c˜ao. Seja X ∈ F (4) qualquer. Como A ´e estandarmente estratificada, ent˜ao pela Observa¸c˜ao 3.5.2 (2), existe uma seq¨uˆencia exata

0 −→ X−1−→ W0−→ X0−→ 0,

onde X−1 = X, W0 ∈ F (4) ∩ Y(4) e X0 ∈ F (4). Pela mesma raz˜ao, para

X0 ∈ F (4) existe uma seq¨uˆencia exata da forma

0 −→ X0−→ W1−→ X1−→ 0,

com W1 ∈ F (4) ∩ Y(4) e X1 ∈ F (4). Desta maneira constru´ımos n

seq¨uˆencias exatas da forma

com Wi ∈ F (4)∩Y(4) e Xi−1e Xi em F (4), 0 ≤ i ≤ n. Aplicando o funtor

HomA(Xn−1, ) a cada seq¨uˆencia i, i = 1, 2, . . . , n, obtemos a seq¨uˆencia

exata longa

Ext1A(Xn−1, Wi) −→ Ext1A(Xn−1, Xi) −→ Ext2A(Xn−1, Xi−1)

−→ Ext2A(Xn−1, Wi) −→ Ext2A(Xn−1, Xi) −→ Ext3A(Xn−1, Xi−1)

..

. ... ...

−→ ExtjA(Xn−1, Wi) −→ ExtjA(Xn−1, Xi) −→ Extj+1A (Xn−1, Xi−1)

..

. ... ...

−→ Extn−1A (Xn−1, Wi) −→ Extn−1A (Xn−1, Xi) −→ ExtnA(Xn−1, Xi−1).

Como Wi ∈ F (4) ∩ Y(4) e Xi, Xi−1 ∈ F (4), pela Observa¸c˜ao 3.5.2 (1),

vale que ExtjA(Xn−1, Wi) = Ext j+1

A (Xn−1, Wi) = 0, para todo j ≥ 1. Portanto

ExtjA(Xn−1, Xi) ∼= Ext j+1

A (Xn−1, Xi−1) = 0, para todo j ≥ 1 e i = 1, 2, . . . , n.

Logo temos que

Ext1A(Xn−1, Xn−2) ∼= Ext2A(Xn−1, Xn−3) ∼= · · · ∼= ExtnA(Xn−1, X−1).

Desde que Xn−1∈ F (4), ent˜ao, em virtude do Corol´ario 3.4.14, pd Xn−1≤

n − 1 e logo ExtnA(Xn−1, X−1) ∼= Ext1A(Xn−1, Xn−2) = 0. Assim a seq¨uˆencia

exata

n−1 = (0 −→ Xn−2−→ Wn−1−→ Xn−1−→ 0)

cinde, o que implica que Xn−2´e um somando direto de Wn−1∈ F (4) ∩ Y(4)

e, portanto, que Xn−2 ∈ F (4) ∩ Y(4).

Usando as seq¨uˆencias i constru´ımos uma nova seq¨uˆencia exata da se-

guinte forma 0 //X−1 //W0 //  W1 //  W2 //· · · X0 == X1 == //Wn−2 //  Wn−10 //0. Xn−2 ;;

Notemos que na seq¨uˆencia obtida

0 −→ X−1−→ W0−→ · · · −→ Wn−2−→ Wn−10 −→ 0, (3.4)

tanto Wn−10 = Xn−2 quanto Wi, para 0 ≤ i ≤ n − 2, est˜ao em F (4) ∩ Y(4).

At´e aqui temos constru´ıdo para cada X = X−1 ∈ F (4) uma seq¨uˆencia

do tipo (3.4). Em particular, como AA ∈ F (4) existe uma seq¨uˆencia da

forma

0 −→ AA−→ W0−→ · · · −→ Wn−2−→ Wn−1−→ 0, (3.5)

com Wi ∈ F (4) ∩ Y(4), para 0 ≤ i ≤ n − 1.

Seja o A-m´odulo T0 = ⊕n−1i=0Wi. Como T0 ∈ F (4) ∩ Y(4), pelo Corol´ario

3.4.14 resulta que pd T0 ≤ n − 1. De outro lado, pela Observa¸c˜ao 3.5.2 (1), temos que ExtjA(T0, T0) = 0, para todo j ≥ 1. Assim, junto com a seq¨uˆencia em (3.5) temos que T0 ´e um A-m´odulo inclinante generalizado.

Mostremos agora que F (4) ∩ Y(4) = add (T0). Pela constru¸c˜ao de T0 = ⊕n−1

i=0Wi, com Wi ∈ F (4) ∩ Y(4), temos claramente que add (T0) ⊆ F (4) ∩

Y(4). Para a inclus˜ao contraria, seja M ∈ F (4) ∩ Y(4). ´E f´acil ver que TA0 ⊕ MA ´e tamb´em um A-m´odulo inclinante generalizado. Assim, temos

pela Observa¸c˜ao 3.5.4 que o n´umero de B = EndA(T0)-m´odulos simples, ´e

igual ao n´umero de ¯B = EndA(T0 ⊕ M )-m´odulos simples, n˜ao isomorfos.

De outro lado este n´umero, pela observa¸c˜ao feita anteriormente ´e igual ao n´umero de somandos diretos de T0. Portanto M ∈ add (T0) e esta aprovado que F (4) ∩ Y(4) = add (T0). Finalmente observemos que se existir um A- m´odulo inclinante generalizado T00 tal que F (4) ∩ Y(4) = add (T00), teremos que eles tˆem os mesmos somandos diretos indecompon´ıveis e difierem na

A unicidade, a menos da multiplicidade, garantida pelo terema anterior motiva a seguinte defini¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 3.5.6. Seja A uma K-´algebra estandarmente estratificada. O A-m´odulo inclinante generalizado T , com seus somandos diretos indecom- pon´ıveis n˜ao isomorfos, de multiplicidade um, tal que F (4)∩Y(4) = add (T ) ´

e denominado m´odulo inclinante caracter´ıstico associado a 4.

O passo a seguir ´e demonstrar que o m´odulo inclinante caracter´ıstico de uma ´algebra quase-heredit´aria ´e tamb´em coinclinante. Para isto enunciare- mos uma s´erie de resultados e defini¸c˜oes que usaremos em tal demonstra¸c˜ao. Seja A uma K-´algebra. Denotamos por P<∞(A) e I<∞(A), respecti-

vamente, as subcategorias de mod A formadas pelos A-m´odulos X tais que pd X < ∞ e pelos A-m´odulos Y tais que id Y < ∞. Com esta nota¸c˜ao, definimos a dimens˜ao projetiva finit´ıstica de A, que denotaremos por pf d A, como o supremo das dimens˜oes projetivas dos objetos de P<∞A, ou seja, pf d A = sup{pd X : X ∈ P<∞(A)}.

Seguintes dois lemas foram provados em [5].

Proposi¸c˜ao 3.5.7. Seja A uma ´algebra tal que id AA< ∞ e que idAA < ∞.

Ent˜ao id AA = idAA e I<∞(A) = P<∞(A).

 Proposi¸c˜ao 3.5.8. Se id AA < ∞, ent˜ao idAA < ∞ se, e somente se, a

dimens˜ao projetiva finit´ıstica de A ´e finita.

 O teorema abaixo, cuja prova pode ser encontrada em [1], garante que a

dimens˜ao projetiva finit´ıstica de uma ´algebra estandarmente estratificada ´e finita.

Teorema 3.5.9. Seja A uma K-´algebra estandarmente estratificada. Ent˜ao pf d A ≤ 2n − 2, onde n ´e o posto de K0(A).

Por fim enunciamos uma proposi¸c˜ao que fornece uma condi¸c˜ao suficinte e necessaria para que o m´odulo inclinante caracter´ıstico seja tamb´em coin- clinante.

Proposi¸c˜ao 3.5.10. Sejam A uma K-´algebra estandarmente estratificada e T seu m´odulo inclinante caracter´ıstico associado. As seguintes condi¸c˜oes s˜ao equivalentes:

1. T ´e um A-m´odulo coinclinante generalizado. 2. id AA < ∞.

Demonstra¸c˜ao. Demonstremos que (1) implica (2). Suponhamos que T ´e um A-m´odulo coinclinante generalizado. Logo existe uma seq¨uˆencia exata

0 −→ Ts−→ Ts−1−→ · · · −→ T0−→ D(AA) −→ 0,

com Ti ∈ F (4) ∩ Y(4), 0 ≤ i ≤ s. Como cada Ti ∈ F (4), ent˜ao, pelo

Corol´ario 3.4.14, pd Ti < ∞ e, portanto, pd D(AA) < ∞, ou equivalentemente

id AA< ∞. Assim (1) implica (2) est´a provada.

Para mostrar que (2) implica (1), suponhamos que id AA < ∞. Ent˜ao

pd D(AA) = m < ∞. Desde que D(AA) ∈ Y(4), aplicando iteradamente o

(i), i = 1, 2, . . . , m, de seq¨uˆencias exatas da forma:

i = (0 −→ Yi−→ Wi−→ Yi−1−→ 0)

com Yi−1e Yi em Y(4), sendo Y−1 = D(AA), e Wi ∈ F (4) ∩ Y(4). Tamb´em

como na prova do Teorema 3.5.5, utilizando a Observa¸c˜ao 3.5.2, obtemos que a seq¨uˆencia m cinde e que Ym−1 ∈ F (4) ∩ Y(4). Dessa forma, constru´ımos

a seq¨uˆencia exata

0 −→ Wm0 −→ Wm−1−→ · · · −→ W0−→ D(AA) −→ 0, (3.6)

onde Wm0 = Ym−1. Como Wm0 e cada Wiest˜ao em F (4)∩Y(4) = add T (Teo-

rema 3.5.5), resulta que a seq¨uˆencia em (3.6) e o fato de que ExtiA(T, T ) = 0, para todo i ≥ 1 (Observa¸c˜ao 3.5.2), garantem que as condi¸c˜oes (b) e (c) da Defini¸c˜ao 3.5.1 (2) se verificam. Portanto, para mostrar que T ´e um A-m´odulo coinclinante basta verificar que id T < ∞. De um lado, como T ∈ F (4) ∩ Y(4) resulta do Corol´ario 3.4.14 que pd T < ∞, ou seja T ∈ P<∞(A). De outro lado, o Teorema 3.5.9 estabelece que a dimens˜ao

finit´ıstica de A ´e finita, o que junto com a hip´otese de que id A < ∞ re- sulta, pela Proposi¸c˜ao 3.5.8, em que P<∞(A) = I<∞(A), ou seja que T tem

dimens˜ao injetiva finita.

 Corol´ario 3.5.11. Seja A uma K-´algebra quase-heredit´aria. Ent˜ao o A- m´odulo inclinante caracter´ıstico associado T ´e tamb´em um A-m´odulo coin- clinante generalizado.

Demonstra¸c˜ao. Da Proposi¸c˜ao 3.4.13 (3) vem que id AA< ∞ e portanto

No Corol´ario 3.5.11 a condi¸c˜ao de que a ´algebra seja quase-heredit´aria ´e essencial. Para verificar isto temos o seguinte exemplo dado em [26].

Exemplo 3.5.12. Sejam K um corpo algebricamente fechado e a K-´algebra A = K[x, y]/hx, yi2. Como A ´e local, ent˜ao ela ´e estandarmente estratificada.

Notese que A ∼= KQ/I, onde Q ´e o carc´as ·1gg β

α 77

e I = hα2, β2, αβ, βαi. As correspondentes representa¸c˜oes associadas ao m´odulo projetivo P1 e ao m´odulo injetivo I1 s˜ao, respectivamente

P1 : ·K3 0 0 0 1 0 0 0 0 0  gg 0 0 0 0 0 0 1 0 0  77 I1 : ·K3 1 0 0 0 0 0 0 0 0  . gg 1 0 0 0 0 0 0 0 0  77

Claramente I1  P1. Assim temos que F (4) = add A e Y(4) = mod A.

Portanto F (4) ∩ Y(4) = F (4) = add A. Mas como A ´e local os m´odulos de dimens˜ao injetiva finita s˜ao os A-m´odulos injetivos. Desde que I1 ∈/

F (4) ∩ Y(4), ent˜ao n˜ao existe nenhum m´odulo de dimens˜ao injetiva fi- nita em F (4) ∩ Y(4) e, portanto, n˜ao existe m´odulo coinclinante T tal que F (4) ∩ Y(4) = add T.

A seguinte proposi¸c˜ao garante a existˆencia de uma fam´ılia de sequˆencias exatas relacionadas com os m´odulos indecompon´ıveis de F (4) ∩ Y(4). Proposi¸c˜ao 3.5.13. Seja A uma K-´algebra estandarmente estratificada. Ent˜ao, para cada 1 ≤ i ≤ n, existe uma seq¨uˆencia exata curta

0 −→ 4i−→ T (i) −→ X(i) −→ 0,β(i)

onde β(i) ´e uma Y(4)-aproxima¸c˜ao minimal `a esquerda de 4i, X(i) ∈ F (41, . . . , 4i−1), T (i) ∈ F (4) ∩ Y(4) ´e indecompon´ıvel e F (4) ∩ Y(4) = add(⊕n

Demonstra¸c˜ao. Seja um i = 1, . . . , n fixado. Como Ext1A(4j, 4i) = 0, para todo j ≥ i, ent˜ao pelo Lema 2.1.9 existe uma seq¨uˆencia exata curta

0 −→ 4i β

0

−→ T0(i) π

0

−→ X0(i) −→ 0,

com T0(i) ∈ Y(4) e X0(i) ∈ F (41, . . . , 4i−1). Desde que 4i e X0(i) est˜ao em F (4), que ´e uma subcategoria fechada por extens˜oes (Observa¸c˜ao 2.1.2), temos tamb´em que T0(i) ∈ Y(4) ∩ F (4).

Por outro lado, pelo Teorema 2.4, Cap. 1 em [6], existe uma decomposi¸c˜ao de T0(i) = T (i) ⊕ T00(i) e, em conseq¨uˆencia por ser π0 um epimorfismo, uma decomposi¸c˜ao de X0(i) = X(i) ⊕ X00(i) tal que a sequˆencia acima ´e reescrita na forma: 0 - ∆i  β(i) 0  - T (i) ⊕ T00(i) -  π(i) 0 0 π00(i)  X(i) ⊕ X00(i) - 0

onde β(i) ´e a vers˜ao minimal `a esquerda de β0(i). Consideremos ent˜ao a sequˆencia exata:

0 −→ 4i−→ T (i)β(i) −→ X(i) −→ 0.π(i) (3.7) Uma vez que as categorias Y(4) e F (4) s˜ao fechadas por somandos diretos (Corol´ario 3.3.5) temos que T (i) ∈ Y(4) ∩ F (4) e X(i) ∈ F (41, . . . , 4i−1). A verifica¸c˜ao de que β(i) ´e uma Y(4)-aproxima¸c˜ao `a esquerda de 4i ´e de forma dual `a feita na prova do Lema 2.1.6 e, por isso, a omitiremos aqui.

Demonstremos ent˜ao que T (i) ´e indecompon´ıvel. Para tanto, vamos supor que T (i) = T1⊕ T2, com Tj 6= 0, para j = 1, 2. Se denotamos β(i) = (β1, β2)t

e π(i) = (π1, π2), onde βj : 4i−→ Tj e πj : Tj−→ X(i), para j = 1, 2,

temos que βj 6= 0, para toda j = 1, 2, pois β(i) ´e minimal. De outro lado,

Portanto, temos o seguinte diagrama de pull-back: 4i β1 // β2  T1 −π1  T2 π2 // X(i).

Como X(i) ∈ F (41, . . . , 4i−1), temos ent˜ao que HomA(4i, X(i)) = 0. Por-

tanto π1β1 = π2β2 = 0. Assim do fato de que −π1β1 = π20 = 0, re-

sulta da propriedade universal do pull-back que existe um homomorfismo α : 4i−→ 4i tal que β1 = β1α e β2α = 0. Claramente α n˜ao ´e invert´ıvel e

como EndA(4i) ´e um local, (pois 4i ´e um A-m´odulo indecomponivel) por-

tanto α ´e nilpotente. Indutivamente ´e f´acil ver que β1αm = β1, para qualquer

inteiro positivo m ≥ 1. Em particular, se m ´e igual ao ´ındice de nilpotˆencia de α ent˜ao β1 = 0, o qual contradiz o fato de que β1 6= 0. Portanto, T (i) ´e

indecompon´ıvel.

A seq¨uˆencia (3.7), garante que os fatores de composi¸c˜ao de T (i) s˜ao os fatores de composi¸c˜ao de 4i e os de X(i) ∈ F (41, . . . , 4i−1), que s˜ao os simples Sj com j ≤ i, sendo que Si deve ocorrer pelo menos uma vez. Dessa

forma temos que para i 6= j, T (i) e T (j) s˜ao n˜ao isomorfos pois β ´e n˜ao nula. Assim os m´odulos T (i), 1 ≤ i ≤ n, s˜ao dois a dois n˜ao isomorfos. Em conseq¨uˆencia, obtemos pois que F (4) ∩ Y(4) = add(⊕n

i=1T (i)).

 Nosso intuito agora ´e estudar o anel dos endomorfismos EndA(T ) do A-

m´odulo inclinante associado a uma ´algebra estandarmente estratificada A. Come¸camos com algumas observa¸c˜oes gerais.

Observa¸c˜ao 3.5.14. Relembraremos aqui alguns fatos bem conhecidos, cuja verifica¸c˜ao ´e bastante simples e por isso ser´a omitida, e que ser˜ao bem uteis para o lema a seguir.

1. Se A ´e um anel qualquer e T ´e um A-m´odulo `a direita, ent˜ao T admite uma estrutura natural de B-m´odulo `a esquerda, onde B = EndA(T ),

que ´e dada por f.x := f (x), para f ∈ B e x ∈ T . Mas do que isso, T ´e um B-A-bim´odulo.

2. Se X ´e um A-m´odulo `a direita, ent˜ao HomA(XA,BTA) tem uma estru-

tura natural de B-m´odulo `a esquerda, dada por β ∗ f = β ◦ f, para todo β ∈ B e para todo f ∈ HomA(XA,BTA). Dessa forma podemos consi-

derar o grupo abeliano G = HomB(HomA(XA,BTA),BTA) sobre o qual

tamb´em ´e poss´ıvel definir uma estrutura de A-m´odulo `a direita, que ´e dada por (ψ α)(g) = ψ(g)α, para ψ ∈ G, α ∈ A e g ∈ HomA(XA, TA).

3. Sejam R e S dois an´eis quaisquer. Consideremos M um R-m´odulo `a esquerda, N um S-m´odulo `a direita e U um R − S bim´odulo. Ent˜ao

HomR(RM, HomS(NS,RUS)) ∼= HomS(NS, HomR(RM,RUS)),

como grupos abelianos.

Observa¸c˜ao 3.5.15. Sejam A uma K-´algebra estandarmente estratificada e T o A-m´odulo inclinante associado. Ent˜ao o funtor F = HomA( , T ) :

mod A −→ B mod ´e exato em F (4) (este fato ´e decorrˆencia imediata da Proposi¸c˜ao de Y(4)).

Para estabelecer algumas rela¸c˜oes entre os A-m´odulos de F (4) e as suas imagens a trav´es do funtor F em B mod, fixaremos antes algumas nota¸c˜oes.

Consideremos 4 = (41, 42, . . . , 4n) a seq¨uˆencia de m´odulos estandares (`a direita) com rela¸c˜ao a qual A ´e estandarmente estratificada. Vamos deno- tar por 40i o B-m´odulo `a esquerda HomA(4n−i+1, T ) e por 4

0

a seq¨uˆencia (401, 402, . . . , 40n) de B-m´odulos `a esquerda.

Com estas nota¸c˜oes, temos o seguinte lema que relaciona os A-m´odulos em F (4) e as suas imagens em B mod pelo funtor F .

Lema 3.5.16. Sejam A uma K-´algebra estandarmente estratificada e T o A- m´odulo inclinante caracter´ıstico associado. Consideremos a K-´algebra B = EndA(T ). Ent˜ao:

1. Para cada X ∈ F (4), a fun¸c˜ao avalia¸c˜ao

eX : XA−→ HomB(HomA(XA,BTA),BT )

´

e um isomorfismo de A-m´odulos (`a direita).

2. O funtor F = HomA( , T ) ´e uma equivalˆencia de categorias entre

F (4) e sua imagem F (F (4)), que ´e uma subcategoria de B − mod. 3. Para cada X ∈ F (4), sua imagem F (X) ∈ B mod admite uma 40-

filtra¸c˜ao.

Demonstra¸c˜ao. Para a prova de (1) observemos que o isomorfismo vale para X = T . Ent˜ao para os somandos diretos de T , portanto para todos os m´odulos em add T .

Suponhamos que X ∈ F (4). Pela prova do Teorema 3.5.5, via a ob- serva¸c˜ao 3.5.2 (2), obtemos uma fam´ılia de seq¨uˆencias exatas {i}n−1i=1, com

1 : ( 0 −→ X −→ T0−→ X0−→ 0) e i : ( 0 −→ Xi−1−→ Ti−→ Xi−→ 0),

onde Ti ∈ F (4) ∩ Y(4) = add( T ) , Xn−1 = Tn−1 e Xi ∈ F (4), para

Consideramos a seq¨uˆencia n−2. Se denotamos HomA(XA, TA) por X∗ e

aplicamos o funtor HomA( , T ) a n−2, obtemos a seq¨uˆencia exata curta

0 −→ Tn−1∗ −→ T∗

n−2−→ X

n−3−→ 0, pois o funtor HomA( , T ) ´e exato em

F (4) pela Observa¸c˜ao 3.5.15.

Se aplicamos o funtor HomB( ,BT ) (que ser´a denotado tamb´em por ∗)

`

a seq¨uˆencia acima, obtemos o seguinte diagrama comutativo 0 //Xn−3 // eXn−3  Tn−2 // eTn−2  Tn−1 // eTn−1  0 0 //Xn−3∗∗ //Tn−2∗∗ //Tn−1∗∗ .

Desde que eTn−2 e eTn−1 s˜ao isomorfismos, ent˜ao eXn−3 ´e tamb´em um isomor-

fismo. Usando o mesmo argumento repetidamente a cada uma das seq¨uˆencias n−3, . . . , 1, nesta ordem, obtemos atrav´es da seq¨uˆencia 1 que eX ´e um iso-

morfismo, o que prova (1).

Para (2), basta provar que o funtor HomA( , TA) : mod A −→ B − mod

´

e um funtor fiel e pleno de F (4) na subcategoria de B-mod formada pela sua imagem. Assim o que resta provar ´e que HomA(X, Y ) ∼= HomB(Y∗, X∗),

para quaisquer X, Y ∈ F (4) (como grupos abelianos).

Desde que BTA ´e um B − A-bim´odulo e que Y∗ e X∗ s˜ao B-m´odulos `a

esquerda, ent˜ao podemos aplicar a Observa¸c˜ao 3.5.14 escolhendo R = B, S = A, U =B TA, M = Y∗ e N = X, obtendo assim que

HomB(Y∗, X∗) = HomB(Y∗, HomA(X, T )) ∼= HomA(X, HomB(Y∗, T )),

mas, pela parte (1), temos que YA ∼= HomB(HomA(Y, T ), T )A, e portanto

Seja X ∈ F (4). Para provar (3) usaremos indu¸c˜ao sobre o n´umero de ele- mentos de Supp4(X) = {i ∈ {1, 2, . . . , n} : [X : 4i] 6= 0}. Se |Supp4(X)| =

1, ent˜ao X ∼= 4tj, para algum j ∈ {1, 2, . . . , n} e algum t ≥ 1. Portanto HomA(X, T ) ∼= HomA(4tj, T ) ∼= (4

0

n−j+1)t. Logo F (X) ∼= (4

0

n−j+1)t tem

uma 40-filtra¸c˜ao.

Suponhamos que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira para todo A-m´odulo M ∈ F (4) tal que 1 ≤ |Supp4(M )| < m. Seja X ∈ F (4) tal que Supp4(X) =

{i1, i2, . . . , im}, com 2 ≤ m ≤ n, e im = max Supp4(X). Pela Observa¸c˜ao

3.3.3, existe um subm´odulo M ⊂ X tal que Supp4(X/M ) = {i1, i2, . . . , im−1},

e a seq¨uˆencia exata 0 −→ M −→ X −→ X/M −→ 0 est´a em F (4). Aplicando o funtor F nesta seq¨uˆencia, obtemos a seguinte seq¨uˆencia em B mod:

0 −→ F (X/M ) −→ F (X) −→ F (M ) ∼= (40n−im+1)

t−→ 0.

Como |Supp4(X/M )| < m, ent˜ao, pela hip´otese de indu¸c˜ao, resulta que

F (X/M ) admite uma 40-filtra¸c˜ao, o que junto com a ultima seq¨uˆencia exata leva `a conclus˜ao de que F (X) tamb´em admite uma 40-filtra¸cˆao.

 Com este lema e lembrando a observa¸c˜ao anterior de que HomA(T (i), T ),

i = 1, 2, . . . , n, onde T = ⊕n

i=1T (i) ´e o A-m´odulo inclinante caracter´ıstico,

s˜ao os representantes dos B-m´odulos projetivos `a esquerda, indecompon´ıveis, provaremos no teorema que segue que a ´algebra B = EndA(T ) ´e uma ´algebra

estandarmente estratificada com rela¸c˜ao `a ordem oposta na qual A o ´e. Proposi¸c˜ao 3.5.17. Sejam A uma ´algebra estandarmente estratificada, rela- tiva `a seq¨uˆencia de A-m´odulos (`a direita) estandares 4 = (41, 42, . . . , 4n)

e T = ⊕n

j=1T (j) o A-m´odulo inclinante caracter´ıstico. Ent˜ao a K-´algebra

B = EndA(T ) ´e uma ´algebra estandarmente estratificada com seq¨uˆencia

de B-m´odulos (`a esquerda) estandares 40 = (401, 402, . . . , 40n), onde 40i =

HomA(4n−i+1, T ).

Demonstra¸c˜ao. Seja 4 = (41, 42, . . . , 4n) a seq¨uˆencia de A-m´odulos (`a direita) estandares, relativa a uma ordem fixada, para qual A ´e uma ´

algebra estandarmente estratificada. Para cada i = 1, 2, . . . , n, denota- mos por P0(i) o B-m´odulo (`a esquerda) HomA(T (n − i + 1), T ), que se-

gundo a observa¸c˜ao feita apos do Lema 3.5.16, ´e projetivo e indecompon´ıvel. Fixemos a seq¨uˆencia do conjunto dos idempotentes, primitivos e ortogo- nais de B segundo a seq¨uˆencia ordenada dos B-m´odulos projetivos inde- compon´ıveis (P0(1), P0(2), . . . , P0(n)). Mostremos que a seq¨uˆencia 40 = (401, 402, . . . , 40n), onde 40i = HomA(4n−i+1, T ) ´e a seq¨uˆencia de B-m´odulos

(`a esquerda) estandares. Ou seja, vamos mostrar que para cada i = 1, 2, . . . , n, 40i ´e o quociente de P0(i) pelo subm´odulo gerado pelas imagens dos B- homomorfismos de P0(j) para P0(i), com j > i.

Primeiramente, para um i = 1, 2, . . . , n fixado, pela Proposi¸c˜ao 3.5.13, existe uma seq¨uˆencia exata em F (4)

0 −→ 4i0

β(i0)

−→ T (i0) −→ X(i0) −→ 0,

onde i0 = n − i + 1, β(i0) ´e uma Y(4)-aproxima¸c˜ao minimal `a esquerda de 4i0 e X(i0) ∈ F (41, 42, . . . , 4i0−1); al´em disso, os fatores de composi¸c˜ao de

T (i0) s˜ao A-m´odulos simples Sm, com m ≤ i0 = n − i + 1. Aplicando o funtor

em F (4), obtemos a seguinte seq¨uˆencia exata em B mod: 0 −−−→ F (X(i0)) −−−→ P0(i) F (β(i

0))

−−−−→ 40i −−−→ 0. (3.8)

Seja j > i e consideremos g ∈ HomA(P0(j), P0(i)) = HomA(F (T (j0), F (T (i0)),

onde j0 = n − j + 1 < i0. Como o funtor F ´e uma equivalˆencia contravariante entre F (4) e F (F (4)) ⊂ B mod (Lema3.5.16 (2)), temos que g = F (h), para algum h ∈ HomA(T (i0), T (j0)). Da mesma forma como o observado

para o ´ındice i0, a Proposi¸c˜ao 3.5.13 garante que s fatores de composi¸c˜ao de T (j0) s˜ao simples Sk, com k ≤ j0 ≤ i0. Assim, pelo Lema 3.2.7, obtemos que

HomA(4i0, T (j0)) = 0 e, portanto, a composta hβ(i0) = 0. Em consequˆencia

temos que

HomA(hβ(i0), T ) = HomA(β(i0), T ) HomA(h, T ) = HomA(β(i0), T )g = 0,

e, portanto, que Im g ⊆ F (X(i0)). A seq¨uˆencia exata (3.8) e este ultimo fato, mostraram que 40i´e o m´aximo quociente de P0(i) com fatores de composi¸c˜ao com ´ındice no m´aximo i. Portanto esta provado que 40 = (401, 402, . . . , 40n), onde 40i = HomA(4n−i+1, T ) ´e a seq¨uˆencia de B-m´odulos (`a esquerda) es-

tandares.

Mostremos por fim que BB ∈ F (40). Como para cada i = 1, 2, . . . , n,

P0(i) = F (T (n − i + 1)) e T (n − i + 1) ∈ F (4) temos, pelo Lema 3.5.16 (3), que P0(i) tem uma 40-filtra¸c˜ao, ou seja P0(i) ∈ F (40). Logo BB ∈ F (40) e

esta provado que B ´e estandarmente estratificada, com rela¸c˜ao `a seq¨uˆencia 40 de B-m´odulos `a esquerda.

 A Proposi¸c˜ao 3.5.17 garante que a ´algebra B = EndA(T ) ´e estandarmente

estratificada (`a esquerda) e, por seu lado, o Teorema 3.5.5 garante que existe um B-m´odulo (`a esquerda) inclinante caracter´ıstico BT0, ent˜ao surge a per-

gunta: a ´algebra dos endomorfismos de T0, A0 = EndA(T0), ´e equivalente `a

´

algebra original A? antes para responder esta quest˜ao, necessitamos do lema que segue, que a exemplo do Lema 3.5.16, relaciona tamb´em a categoria F (4) e a sua imagem F (F (4)) em B mod, onde F ´e o funtor HomA( , T ).

Lema 3.5.18. Sejam A uma ´algebra estandarmente estratificada, T o m´odulo inclinante caracter´ıstico associado e B = EndA(T ). Se X, Y ∈ F (4), ent˜ao

Ext1B(F (Y ), F (X)) ∼= Ext1A(X, Y ), onde F ( ) = HomA( , T ).

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que X, Y ∈ F (4). Ent˜ao, pela Observa¸c˜ao 3.5.2 (2), existe uma seq¨uˆencia exata da forma 0 −→ Y −→ T0−→ Y0−→ 0,

com T0 ∈ F (4) ∩ Y(4) = add T e Y0 ∈ F (4). Aplicando o funtor

HomA( , T ), que ´e exato em F (4), obtemos a seq¨uˆencia exata

0 −→ F (Y0) −→ F (T0) −→ F (Y ) −→ 0.

Agora aplicando o funtor HomB( , F (X)) na anterior seq¨uˆencia obtemos

a seq¨uˆencia exata longa

· · · −→ HomB(F (T0), F (X)) −→ HomB(F (Y0), F (X)) −→ Ext1B(F (Y ), F (X))

−→ Ext1B(F (T0), F (X)) −→ · · · .

tivo. Usando o Lema 3.5.16 (2) obtemos o seguinte diagrama comutativo HomB(F (T0), F (X))  //HomB(F (Y0), F (X))  //Ext1 B(F (Y ), F (X))  //0

HomA(X, T0) //HomA(X, Y0) //Ext1A(X, Y ) //0,

onde os dois primeiros homomorfismos verticais s˜ao isomorfismos. Pela pas- sagem aos con´ucleos, obtemos que Ext1B(F (Y ), F (X)) ∼= Ext1A(X, Y ).

 Assim a resposta `a quest˜ao colocada anteriormente sobre a rela¸c˜ao entre as ´algebras EndB(T0) e a ´algebra A estandarmente estratificada original ´e

dada pelo seguinte teorema.

Teorema 3.5.19. Sejam A uma K-´algebra estandarmente estratificada, T o A-m´odulo (`a diereita) inclinante caracter´ıstico associado. Seja T0 o B- m´odulo (`a esquerda) inclinante caracter´ıstico associado `a ´algebra estandar- mente estratificada B = EndA(T ). Ent˜ao a K-´algebra EndB(T0) ´e Morita

equivalente a A (isto ´e mod A0 ´e equivalente a mod A).

Demonstra¸c˜ao. Como AA ´e um progerador basta provar que

A0 = EndB(T0) ∼= EndA(A) ∼= A.

Como A ´e estandarmente estratificada, pela Proposi¸c˜ao 3.4.2, Pi ∈ F (4),

para 1 ≤ i ≤ n, e portanto, pelo Lema 3.5.16 (3) o HomA(Pi, T ) = F (Pi) ∈

F (40). De outro lado, pelo Lema 3.5.18, temos que Ext1B(F (Y ), F (Pi)) ∼=

Ext1A(Pi, Y ) = 0, para todo Y ∈ F (4), isto ´e, F (Pi) ∈ F (40) ∩ Y(40) =

add T0. Desde que Pi ´e um A-m´odulo indecompon´ıvel, o B-m´odulo F (Pi) ´e

j. Como, pela Observa¸c˜ao 3.5.4, T0 tem n somandos indecompon´ıveis n˜ao isomorfos, conclu´ımos que ⊕n

i=1F (Pi) ∼= T0. Assim temos que

A ∼= EndA(A) ∼= EndA( n

M

i=1

Pi) ∼= EndB(F (Pi)) ∼= EndB(T0).

Portanto EndB(T0) ∼= EndA(A) ∼= A, como quer´ıamos.



3.6

Algebras quase-heredit´´

arias

Nesta se¸c˜ao abordaremos duas caracteriza¸c˜oes diferentes das ´algebras quase- heredit´arias. A primeria corresponde a defini¸c˜ao original de tais ´algebras dada por Cline, Parshall e Scott em termos de ideais heredit´arios e cadeias de hereditariedade. Mostraremos que tal defini¸c˜ao ´e equivalente a dada na Se¸c˜ao 3.4. A segunda caracteriza¸c˜ao diz que as ´algebras quase-heredit´arias n˜ao s˜ao outras que as ´algebras estandarmente estratificadas de dimens˜ao glo- bal finita. Cabe resaltar que embora demonstra¸c˜oes destas caracteriza¸c˜oes existam na literatura as aqui apresentadas s˜ao originais.

Come¸camos definindo os conceitos de ideal heredit´ario e de cadeia de hereditariedade.

Defini¸c˜ao 3.6.1. Sejam A um anel e J um ideal bilateral e n˜ao nulo de A. O ideal J chama-se heredit´ario se J2 = J , J radAJ = 0, e J considerado como A m´odulo `a direita ´e projetivo.

Uma cadeia do tipo 0 = J0 ⊆ J1 ⊆ . . . ⊆ Jt−1 ⊆ Jt ⊆ . . . ⊆ Jm = A

de ideais de A tais que para 1 ≤ t ≤ m, Jt/Jt−1 ´e um ideal heredit´ario de

Todas as ´algebras semisimples tem uma cadeia de hereditariedade, basta tomar a cadeia de ideais 0 ⊆ A ⊆ A, o quociente A/0 ∼= A ´e um ideal de hereditariedade de A/0 ∼= A pois AA ´e projetivo, A2 = A e A(rad A)A = 0,

pois rad A = 0.

Para caracterizar as ´algebras quase-heredit´arias em termos das cadeias de hereditariedade usaremos o seguinte lema, cuja demonstra¸c˜ao pode ser encontrada em [8].

Lema 3.6.2. Se A ´e uma ´algebra com cadeia de hereditariedade, ent˜ao os idempotentes primitivos podem ser reordenados de tal forma que

0 ⊂ Ae1A ⊂ A(e1+ e2)A ⊂ . . . ⊂ A(e1 + e2+ . . . + en)A = A

´

e uma cadeia de hereditariedade para A. Al´em disso, a ordem definida no lema anterior define uma ordem na qual ela ´e quase-heredit´aria.

 Proposi¸c˜ao 3.6.3. A ´algebra A ´e quase-heredit´aria se, e somente se, tem uma cadeia de hereditariedade.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que A ´e uma ´algebra quase-heredit´aria na ordem e = (e1, e2, ..., en). Usando a nota¸c˜ao adotada na Se¸c˜ao 3.3, demons-

traremos que a filtra¸c˜ao tra¸co

0 = A(n+1)⊂ A(n) ⊂ · · · ⊂ A(2)⊂ A(1) = A (3.9)

´

e uma cadeia de hereditariedade para A, onde A(i) = τ

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