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Relatam-se aqui alguns registros de iniciativas que buscaram, ao longo da história, criar uma legislação para regulamentar a EAD no Brasil. Nesse sentido, remete-se ao pensamento do professor Francisco José da Silveira Lobo Neto, ao refletir sobre as questões históricas da EAD, dizendo que:

[…] em muito se perdeu no constante desprezo pela memória histórica, quase nunca como experiência humana de encaminhamento de solução de problema, vivência de sucessos e fracassos como elementos fundamentais na construção de uma aprendizagem significativa. (LOBO NETO, 2003, p. 399).

Desde os primeiros registros que relatam a história da EAD, têm-se diversos recursos utilizados para subsidiar esse processo de ensino, de acordo com Moore e Kearsley, na obra “Educação a Distância, uma visão integrada”, de 2007, publicada no Brasil em 2008, a história da EAD pode ser abordada em cinco gerações.

FIGURA 2 - Cinco gerações de Educação a Distância. Fonte: Moore; Kearsley (2008, p. 26).

A primeira geração (correspondência) surgiu nas décadas de 1940, 1950 e 1960, com o estudo por correspondência. A segunda geração (transmissão por rádio

e televisão) deu-se com uma intensiva utilização na década de 1960. A terceira geração (Universidades Abertas), com início no final de década de 1960, com o método sistêmico, integrando diversas tecnologias como correspondências, rádio, televisão e material impresso e a criação das Universidades Abertas. A quarta geração (teleconferências), por volta dos anos 1970 e 1980, foi a teleconferência e, por fim, até o momento, a quinta geração (internet), na década de 1990, com as aulas virtuais apoiadas por sistemas de computadores e internet. (MOORE; KEARSLEY, 2008).

Desde o surgimento da primeira geração, houve muitas mudanças na EAD, como os ambientes virtuais customizados para atender a uma demanda específica de público, a web 2.0 com recursos em 3D, a criação de avatares animados, objetos de aprendizagem e softwares de autoria. Com a inserção de tecnologias de informação e comunicação, torna-se, cada vez mais frequente, a utilização desses recursos tanto na EAD como no ensino presencial.

Ao longo da sua constituição, a EAD ganhou diversas correntes teóricas, tanto sobre os aspectos administrativos, quanto à adaptação de modelos pedagógicos na modalidade de Ensino a Distância. Conforme o pensamento de Holmberg20:

[…] distance education as covering the various forms of study at all levels which are not under the continuous, immediate supervision of tutors present with their students in lecture rooms or on the same premises but which, nevertheless, benefit from the planning, guidance and teaching of a supporting organization. (1995, p. 2).21

A partir desta conceituação, observam-se as diversas possibilidades que a EAD oferece. Destaca-se que a Educação a Distância atualmente é alvo de muitas discussões e pesquisas, tanto no meio acadêmico, como nas ações voltadas para as políticas e desenvolvimento do país. Existem muitos paradigmas a ser superados no processo de implementação da modalidade de Ensino a Distância.

20O professor Borje Holmberg nasceu na Suécia, em 1924, sendo um dos precursores nas

pesquisas sobre EAD, defendendo a teoria da conversação didática guiada.

21Tradução nossa: educação a distância, abrangendo as várias formas de estudo em todos os níveis

que não estão sob a supervisão contínua, imediata, de tutores presentes com seus alunos em salas de aula ou nas mesmas instalações, mas que, no entanto, beneficiam o planejamento, orientação e ensino de um apoio da organização.

No decorrer da história da EAD, diversas pesquisas e autores abordaram essa temática, pensando as questões do ensino e aprendizagem. Pode-se visualizar, no quadro abaixo, alguns dos principais autores e suas teorias:

AUTOR TEORIA CONCEITOS CENTRAIS PRINCIPALIMPACTO INFLUÊNCIA

Peters Teoria da Industrialização

Sociedade Industrial Sociedade Pós- Industrial

Princípios e Valores

Sociais SociologiaCultural

Moore Teoria da Distância Transaccional e Autonomia do Aprendiz Distância

Transaccional Necessidades do Aprendiz EstudoIndependente

Holmberg Teoria da Conversação Didática Guiada Autonomia do Aprendiz Comunicação Distante Comunicação Didática Guiada Promoção da Aprendizagem através de Métodos Pessoais e Convencionais Corrente Humanística da Educação Keegan Teoria da Reintegração dos Atos de Ensino e Aprendizagem

Reintegração dos Atos de Ensino e Aprendizagem Recriação de Componentes Interpessoais presentes no Ensino Presencial Pedagogia Tradicional

Garrison Teoria da Comunicação e Controle do Aprendiz Transacção Educativa Controle do Aprendiz Comunicação Facilitação da Transacção Educativa Teoria da Comunicação Princípios da Educação de Adultos Verduin e Clark Teoria da Tridimensionalidade Diálogo/Suporte Estrutura/ Especialização Competência/Auto- Aprendizagem Requisitos das Tarefas e dos Aprendizes Princípios da Educação de Adultos Estruturas do Conhecimento Quadro 3 - Teorias da EAD.

Fonte: Bagão (2012)22.

Contudo, na EAD, o professor ainda não tem um modelo docente constituído historicamente. Este vai se construindo a partir de suas escolhas, com relação ao

lugar apropriado e metodologia de aplicação da tecnologia e das relações estabelecidas com os outros sujeitos envolvidos nesse contexto. Essas escolhas são fundamentais para que o sujeito-professor possa conquistar, gradativamente, o domínio dessas ferramentas, tendo a ilusão23 de ter sensibilidade ética e social de

que esse Curso24 em que está inserido forma professores que irão atuar na

formação de outros professores para nossas escolas. Nesse sentido, podemos considerar que:

Aprender e ensinar com tecnologias, a distância e/ou em ambiente virtual de aprendizagem é o cenário motivador desta reflexão e impregna a discussão de algumas questões pedagógicas na proposição de experiências e atividades, na concepção do trabalho docente como trabalho interativo, com e sobre o outro, nas relações de tempo e espaço no trabalho curricular, nos efeitos que exerce sobre suas relações, ações e identidade profissional. (FIORENTINI, 2009, p. 137).

As tecnologias estão aqui, no tempo presente, e não vão embora. Elas vêm se constituindo no movimento do tempo presente, fazendo parte do cotidiano. A tarefa dos educadores é assegurar que ela esteja ali por razões políticas, econômicas e culturais. Deve-se buscar integrar as diversas tecnologias ao contexto educacional, onde o futuro que a tecnologia promete para os professores e estudantes é realidade e não ficção.