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4 Uma composição entre Redes, comunidades de aprendizagem e dispos ( )

4.1 ALGUMAS TEORIAS DA EAD

As crenças e idéias de alguns educadores a respeito da EaD, têm sido sistematizadas em teorias que veem sendo apresentadas por pesquisadores da área, com finalidade de orientar os estudos e a compreensão sobre essa modalidade de ensino. Nesse sentido, em 1983, Desmond J. Keegan, em sua obra “Distance Education: International Perspectives” discorreu sobre modelos teóricos: a) Teoria da Industrialização; b) Teorias da Autonomia e Independência Intelectual; c) Teorias da Interação e Comunicação.

A Teoria da Industrialização foi elaborada por Otto Peters (Alemanha) e considera a EaD como uma alternativa para a promoção, de maneira industrializada, do ensinoaprendizagem a distância (MUGNOL, 2009). Sobretudo porque, segundo Peters, a elaboração do material didático e sua distribuição em escala, assim como a “administração e coordenação das atividades de elevado número de alunos, dispersos geograficamente, com seus respectivos tutores” assemelham-se aos procedimentos industriais da época. (PRETI, 2002, p.8).

Sobre essa teoria, é consenso da maioria dos pesquisadores da área, que a mesma baseia na homogeneização do ato de ensinar e aprender, partindo do pressuposto que todos os estudantes aprenderão da mesma forma, a partir de um mesmo material didático e realizando as mesmas atividades pedagógicas. Ou seja, o modelo não considera as individualidades, diferenças contextuais, afetivas e culturais dos estudantes. Além disso,

sobre o uso das TIC a teoria defende a sua adoção para a transmissão de informação, como foco na instrução.

As Teorias da Autonomia e Independência Intelectual foram apresentadas por Charles Wedemeyer (EUA) e Michael Moore (Reino Unido). No geral, essas teorias defendem o ensinoaprendizagem centrado no estudante e compreende a educação ”como processo de caráter fundamentalmente individualizado, em que os adultos têm capacidade para decidir sobre sua própria aprendizagem e a maneira de conduzi-la” (PRETI, 2002, p.11).

Dentre as propostas apresentadas aqui está a noção de distância transacional34 elaborada por Moore (1993). Segundo o autor, a EaD, que ele denomina de transação, ocorre em um ambiente onde estudantes e formadores estão distantes geograficamente. Dessa forma, a separação física dos envolvidos “conduz a lacunas de ordem psicológica e comunicacional” provocando, muitas vezes, ruídos de comunicação.

Para diferenciar a distância geográfica da distância transacional, Moore, diz que a segunda, vai além da distância física e temporal, sendo considerada pedagógica.

A distância, que pode afastar ou aproximar as pessoas, se refere à mediação pedagógica, sendo designada por Moore como “distância transacional”, cuja amplitude pode ser medida pelo nível do diálogo educativo que pode variar de baixo a frequente e pelo grau da estrutura variável entre rígida e flexível (BOUCHARD, 2000, p. 76)

Quando o autor caracteriza a relação pedagógica entre estudantes e formadores, destaca três variáveis que devem ser consideradas: a) Diálogo Educacional; b) Estrutura

do programa; c) Autonomia do aluno. O Diálogo refere-se a uma ou mais interações

entre estudantes e formadores, sendo uma construção intencional, também considerada interação positiva na qual, cada parte é um ouvinte respeitador e ativo, além de responsável por contribuir e construir contribuições para outra parte ou partes (KEAGEN, 1993). Para a ocorrência do diálogo, deve-se analisar o meio de comunicação utilizado em sua realização, porque ele influenciará na extensão e qualidade do diálogo, ou seja, na distância transacional da relação pedagógica. Para tanto, a escolha dos dispositivos tecnológicos comunicacionais precisa ser realizada cuidadosamente, considerando as potencialidades de cada recurso. Por exemplo: a televisão possibilita a comunicação unidirecional, enquanto o

34 “O conceito “transação” (transaction) foi utilizado por Dewey e Bentley (1949) para destacar a dinâmica

entre o cognoscente (o sujeito com capacidade para) e o conhecido (o objeto do conhecimento)”. (PRETI, 2002, p.13)

correio eletrônico e a webconferência permitem comunicação bidirecional, subsidiando a produção colaborativa do conhecimento.

Com referência a estrutura do programa, Moore (1993) diz que esse descreve o grau de rigidez ou flexibilidade do programa (métodos e estratégias) de ensinoaprendizagem. Ou seja, o quanto o programa pode ser adaptado às necessidades individuais dos estudantes. Destaca-se ainda que a estrutura, assim como o diálogo, é influenciada pelos meios de comunicação, ambiente emocional, gestão da instituição educacional e personalidade dos estudantes e dos formadores. Quanto mais estruturados forem os meios de comunicação adotados e material didático apresentado, menor será o diálogo entre os envolvidos. Nesse caso, os estudantes precisam ser mais autônomos.

Em relação à autonomia do aluno Moore destaca que a mesma está associada com a distância transacional. Ou seja, quando maior a distância, maior a autonomia. Além disso, está relacionada à capacidade do estudante em determinar seus objetivos, suas experiências de aprendizagem e suas decisões em relação à avaliação do programa.

As Teorias da Interação e da Comunicação, abarcam a teoria da conversação didática guiada (Holmberg), a noção da distância transacional (Moore), já citada, a teoria da presença transacional (Shin) e vem sendo considerada por alguns pesquisadores da área como sendo alternativa para se repensar o modelo comunicacional da educação a distância. A teoria de Börje Holmberg considera a comunicação como uma ação educativa (PRETI, 2002). Ou seja, o material didático deve ser construído em conformidade com estruturas de diálogos capazes de motivar o estudante em sua aprendizagem. Resumidamente, a teoria de Holmberg, está pautada na dialogicidade e define dois níveis de comunicação, a real e a simulada. A simulada se estabelece quando o estudante interage com o material didático, a real ocorre quando o estudante interage com o formador, a partir do uso de algum recurso tecnológico, como o Fórum. Já a Teoria da Presença Transacional proposta por Namin Shin, está orientada para as relações firmadas entre estudantes-estudantes, estudantes- professores e estudantes-instituição.

Recorre, então, ao conceito de presença transacional que corresponderia ao grau com que o aluno percebe a disponibilidade dos outros atores numa situação de formação a distância, de estar em relação com eles (connectedness). Ultrapassa a percepção de sua situação geográfica em relação aos outros (telepresença) e o sentimento de intimidade e proximidade afetiva (togetherness) para compartilhar o tempo ou o espaço (presença social). (PRETI, 2002, p. 16)

De forma geral, as teorias de interação e comunicação estão fortemente ligadas à adoção das TIC, para subsidiar a midiatização dos conteúdos didáticos, o compartilhamento do conhecimento e a formação de redes de colaboração por estudantes e formadores. Além disso, essas teorias direta ou indiretamente tendem a possibilitar o acolhimento das individualidades, diferenças contextuais, afetivas e culturais dos estudantes e dos formadores participantes de cursos a distância.

A COMPONDO foi elaborada a partir dessa teoria e é partindo dessa compreensão que as próximas seções foram construídas.