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3 INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE

3.1 Alguns aspectos sobre Informação

Após a II Guerra Mundial, a informação tornou-se um produto considerado indispensável, transformando-se na mais importante força de modificação da sociedade e presente no cotidiano do indivíduo e das organizações. Isso ocorre, no primeiro caso, por meio das relações econômicas, culturais e sociais adquirindo um aspecto decisivo para o alcance da cidadania, das metas e dos objetivos sugeridos pelo próprio indivíduo, que cria um vínculo de dependência com a informação para melhor adaptação ao meio em que está inserido.

Com relação às organizações, a informação se configura no contexto das relações econômicas e de comércio como ferramenta fundamental para tomada de decisões e para alavancar a produtividade e a competitividade de seus produtos e serviços e, assim, garantir a sua manutenção no mercado. Assim, tanto no processo individual do conhecimento, quanto na atividade profissional e/ou de pesquisa, a informação tem um fim em si mesmo que é gerar mais informação. O processo do conhecimento não tem um limite estabelecido, o que possibilita a criação de novos dados4 e o aprimoramento daqueles já existentes.

Embora nesta seção nosso interesse não seja discutir exaustivamente o conceito de informação na mesma ordem que Yuexião (1987) que identificou mais de 400 conceitos relativos ao tema informação, mesmo assim consideramos importante trazer alguns olhares sobre ela, a fim de que fique claramente expresso de onde estamos falando.

4 "Dado é qualquer elemento identificado em sua forma bruta que, por si só, não conduz a uma compreensão de determinado fato ou situação" (OLIVEIRA, 2005, p. 36).

A palavra ‘informação’ possui muitos significados, e cada um deles molda a sua respectiva área do saber. Algumas dessas acepções são consideradas semelhantes e outras exibem algumas diferenças. Na verdade, o conceito desse termo depende do enfoque que se queira lhe atribuir. As diferentes dimensões explicativas e conceituais e a interpretação humana pode proporcionar sentidos distintos para diferentes pessoas e para uma mesma pessoa em diferentes ocasiões. Independentemente de contexto, sentido e da ocasião, a informação sempre será a representação de algo, ou seja, permite que o sujeito ao reagir, pelo toque sensitivo, que as coisas e os objetos do mundo lhe despertam construa ou reconstrua novos sentidos para algo.

Etimologicamente, esse vocábulo possui duas origens: uma latina e outra grega. A palavra do latim significa dar forma, criar, podendo também representar construção de ideia ou noção. Já o termo na origem grega significa palavra, ideia e forma. Diante disso, podemos perceber que a informação é um evento dinâmico que assume uma postura flexível. Assim como coloca Zeman (1970, p. 162) “a informação não existe fora do tempo, fora do processo: ela aumenta, transporta-se e conserva-se no tempo”, dando uma ideia de flexibilidade e de autoadaptação diante dos contextos socioculturais que ela pode figurar deixando inerente a esse processo a correlação existente entre a produção exacerbada de informações e o transcorrer do tempo.

Convencionada como objeto de estudo, entre outras áreas de conhecimento da Ciência da Informação (CI), esta palavra também abrange algumas relevâncias. Oliveira (2005, p. 18) diz que em primeiro lugar é preciso esclarecer que, na ótica da CI, o objeto ‘informação’ é uma representação. Assim, como refere-se a uma representação de conhecimento, que já é uma representação do real, ela se torna uma representação de representação. Logo, a informação é um objeto complexo, flexível, mutável, de difícil apreensão, desse modo sua importância e relevância estão ligadas ao seu uso.

No texto intitulado ‘O Conceito de Informação’, Capurro e Hjørland (2007) determinam conceitos-chave na ontologia e epistemologia da palavra informação, conforme a compreensão e utilização feita por cada área do conhecimento. Ao destacar as origens da palavra informação, os autores afirmam que esta é utilizada essencialmente dentro de dois contextos básicos, um tangível e um intangível.

Sendo assim, a informação baseia-se no ato de moldar a mente e no ato de comunicar conhecimento.

Barreto (1999, p. 168) define informação como: “[...] conjuntos significantes com a competência e a intenção de gerar conhecimento no indivíduo, em seu grupo, ou na sociedade”. Para o autor, estes ‘conjuntos significantes’ têm o objetivo de causar uma transformação interna no indivíduo, a partir do momento que o receptor assimila a mensagem a ele dirigida, mesclando com suas próprias experiências e informações, ocorrendo, assim, uma fusão que gera novo conhecimento. Destarte, trabalhar com informação é estar constantemente renovando o estoque de conhecimento.

Na área da pesquisa aqui proposta o conceito de informação a ser considerado com mais destaque é o apresentado por Bentes Pinto (no prelo) “informação diz respeito ao resultado de uma ação cognitiva proporcionada pelo toque sensitivo que nos possibilita percebemos os mundos, inteligível e sensível, e assim sejamos capazes de nos deslocarmos sobre os micro e macroambientes em que vivemos”. Nesse contexto, e com fins para a proposta deste trabalho, é interessante ressaltar a importância conferida pela CI aos estudos de cognição, que valorizam e priorizam as necessidades do usuário durante o processo de busca e recuperação da informação.

Partindo dessa ideia, uma vez que a área da saúde vem incorporando a Tecnologia da Informação em suas práticas, pode-se dizer que torna-se possível o diálogo entre a CI e a Ciência da Saúde. A informação é reconhecida por Barros (2008) como um fenômeno que permeia os espaços dos dizeres dos sujeitos e da praxe de várias áreas do saber, sendo um objeto estudado e revisitado. Impulsionado, também, por reconhecer que a informação é um instrumento de suma importância para a produção de conhecimento e para o desenvolvimento de experimentos no campo humano, em especial o campo da saúde. Dessa maneira, identificaremos o conceito de informação nessa área do conhecimento.