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5 USABILIDADE

5.2 Técnicas de avaliação de usabilidade

O primeiro passo de qualquer tipo de avaliação de usabilidade é “verificar o desempenho (eficiência) da interação humano-computador e obter indícios do nível de satisfação do usuário, identificando problemas de usabilidade durante a realização de tarefas específicas em seu contexto de uso” (DIAS, 2003, p. 42). Esse contexto de uso vai envolver tanto os usuários reais, quanto os usuários potenciais e as tarefas de ambiente.

Os tipos de avaliação de usabilidade são referenciados por diversos autores, tais como Nielsen (1994), Dias (2003) e Cybis, Betiol e Faust (2007). Esses autores utilizam nomenclaturas um pouco diferentes para cada tipo de avaliação, sendo a participação ou não do usuário o principal critério de classificação.

As avaliações podem ser realizadas de acordo com o estágio de desenvolvimento do projeto e dependendo do momento em que este for efetivado. De acordo com Santos e Morais (2000) essa avaliação pode ser classificada como formativa ou somativa. A avaliação formativa incide antes da instalação e tem participação no desenvolvimento do sistema, com influência sobre as características do produto em formação. Já a somativa acontece após a instalação com a finalidade de testar o funcionamento apropriado do sistema.

As técnicas foram classificadas por Cybis (2003) em prospectivas, analíticas (preditivas/diagnósticas) e empíricas (objetivas/definitivas). As técnicas prospectivas caracterizam pela participação dos usuários do sistema na avaliação com sua experiência, suas opiniões e preferências. Baseiam-se em entrevistas e nas aplicações de questionários de satisfação do usuário em relação à interação com a interface. Essas técnicas podem ser empregadas para auxiliar nas avaliações analíticas.

As técnicas analíticas fundamentam-se em verificações e inspeções de versões intermediárias ou acabadas de software, feitas por especialistas e nas quais se dispensa a participação direta de usuários, como por exemplo, as avaliações heurísticas e inspeções ergonômicas, via checklists. Por sua vez, as técnicas

empíricas adotam práticas de observação ou monitoramento do uso do sistema em situações reais, ou seja, referem-se aos ensaios de interação e às sessões com sistemas espiões7, e contam com a participação direta de usuários. Como exemplo, temos as técnicas de ensaios de interação e sistemas de monitoramento (MORAIS, 2007).

Os métodos de avaliação serão aqui classificados, de acordo com Rocha e Baranauskas (2003) em: inspeção de usabilidade, testes de usabilidade, experimentos controlados e métodos de avaliação interpretativos.

O método de inspeção de usabilidade não envolve o usuário e pode ser usado em qualquer fase do desenvolvimento de um sistema. Enquanto, os testes de usabilidade são centrados no usuário e incluem os métodos experimentais ou empíricos, observacionais e técnicas de questionamento.

Os experimentos controlados são experimentos de laboratório, em que, se define uma hipótese a ser testada e todas variáveis de interesse são controladas. Os dados coletados são analisados quantitativamente e os resultados são validados por conhecimentos estatísticos. Por fim, os métodos de avaliação interpretativos têm por objetivo propiciar, aos designers, um melhor entendimento sobre como os usuários utilizam os sistemas em seu ambiente natural e como o uso destes sistemas se integra com outras atividades. Geralmente, o usuário é atuante neste processo de avaliação. Os métodos deste grupo incluem as avaliações participativa, conceitual e etnográfica (MORAIS, 2007).

A escolha do tipo correto de avaliação vai depender do objetivo do projeto, do seu contexto de uso, de quais atributos de usabilidade serão avaliados e dos recursos disponíveis. Um mesmo projeto pode ser avaliado utilizando-se métodos diferentes que se complementam, como por exemplo, testes com usuários e a análise heurística. Para fins dessa pesquisa daremos ênfase à Inspeção e aos Testes prospectivos de usabilidade.

Como dito, a Inspeção de Usabilidade não envolve os usuários e consiste de um conjunto de métodos baseados em avaliadores humanos que inspecionam aspectos relacionados à usabilidade de uma interface de usuário (ROCHA; BARANAUSKAS, 2003).

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Programa empregado para capturar todas as interações do usuário com o aplicativo no registro das observações da tarefa do usuário.

Muito do trabalho de inspeção versa em classificar e contar o número de problemas de usabilidade e aspectos da interface do usuário que podem ocasionar uma usabilidade reduzida ao usuário final do sistema, apresentado pela interface.

As principais técnicas de inspeção de avaliação encontrados na literatura são: inspeção de usabilidade formal; inspeção ou percurso pluralístico; inspeção de componentes; inspeção de consistência; percurso cognitivo; inspeção baseada em padrões; inspeção baseada em guias de recomendações e guias de estilos (normalmente é utilizada em conjunto com outros métodos de avaliação, como por exemplo, a avaliação heurística e a inspeção de consistência) e avaliação heurística. Para fins deste estudo, daremos enfoque, no tópico seguinte, a este último método referenciado.

Os Testes de Usabilidade, por sua vez, envolvem, necessariamente, o usuário. Winckler e Pimenta (2002, p. 28) afirmam que esse tipo de método “caracteriza-se pelo uso de questionários ou observação direta ou indireta de usuários durante a utilização da interface, como fonte de informações que possam levar à identificação de problemas”. Neste caso, é necessário que o sistema possua alguma implementação real.

Nielsen (1994) pondera os testes de usabilidade com usuários, como técnica fundamental para fornecer informações diretas sobre como as pessoas utilizam computadores e quais os problemas que encaram com a interface que está sendo testada. Trata-se de uma ferramenta de pesquisa, com suas origens na metodologia experimental clássica e pode ser aplicada tanto em testes com grandes tamanhos de amostra e de modelos complexos, quanto a estudos qualitativos informais, como com apenas um único participante.

Para a realização de teste de usabilidade é preciso dar atenção especial a dois problemas. O primeiro refere-se à confiabilidade, ou seja, o grau de certeza de que o mesmo resultado será obtido se o teste for repetido; e o segundo leva em consideração a validade, isto é, se os resultados de teste refletem os aspectos de usabilidade que se deseja testar.

Este tipo de técnica pode ser aplicado para somar a efetividade de avaliações analíticas realizadas, que diagnosticam problemas de usabilidade, apoiados pelas opiniões subjetivas dos usuários nas respostas de questionário de satisfação.