• Nenhum resultado encontrado

6.2- Alienação em hasta pública, da arrematação e do usufruto judicial

6.2-

Alienação em hasta pública, da arrematação e do usufruto judicial

Antes a principal regra de expropriação, esta hipótese, com a entrada em vigor da lei 11.382/06, passou a ser a terceira forma de preferência de expropriação do bem, muito embora as inovações introduzidas no artigo 686 do CPC (BRASIL, 2007, p.453), tenham atingido apenas o caput e o seu parágrafo 3º.

A redação introduzida no caput tornou explícito que esta modalidade de expropriação, será possível apenas no caso de qualquer interessado haver requerido a adjudicação ou alienação por iniciativa particular.

No parágrafo 3º, a modificação ocorreu quanto ao valor limite de

dispensa de edital de publicação da hasta pública. Pela regra anterior, era dispensável edital, quando o valor do bem não ultrapassasse o valor de 20 salários mínimos, sendo alterada pela atual regra, aumentando–se o valor para 60 vezes o valor do salário vigente à época da avaliação.

Já o parágrafo 2º do artigo 687 do CPC (BRASIL, 2007, p.453 e 454), introduziu importante regra no intuito de dar maior publicidade à Hasta Pública, tendo em vista o grande avanço tecnológico, permitindo outrossim, o uso de

“meios eletrônico”, para se divulgar o edital. A internet surge como modalidade totalmente nova de publicação, devendo, no entanto, ser regulamentada conjuntamente pelo Conselho de Justiça Federal e demais Tribunais, demonstrando o esforço da Justiça em se manter moderna.

Nas sábias palavras de Humberto Theodoro Junior (BRASIL, 2007, p.

136) quanto ao exposto, temos: “A previsão do emprego da mídia virtual para realizar a alienação judicial de bens penhorados... Representa, sem sombra de dúvida, uma enorme abertura da execução forçada para a modernidade.”

Outra mudança ocorrida neste artigo deu-se em seu parágrafo 5º, onde a

nova regra elimina a obrigatoriedade de intimação pessoal do executado, da ocorrência da hasta publica, devendo esta ser feita por intermédio de seu advogado, salvo nos casos em que não tem o executado advogado constituído nos autos. Portanto, revogando a orientação jurisprudencial que cominava nulidade da arrematação consumada sem a intimação pessoal do devedor. No entanto, quanto aos outros credores que tem este mesmo bem como garantia, estes sim devem necessariamente ser cientificados do leilão. Mas quanto aos co-obrigados, esta regra não subsiste.

Consumada a hasta pública, passa-se à arrematação, que teve suas

novas regras inseridas no artigo 690 e 690 - A do CPC (BRASIL, 2007, p.454),

tendo como principal modificação, a introdução da possibilidade da alienação ser feita mediante prestações, com o pagamento à vista de apenas 30% do valor total.

Ressalte-se, todavia, que a existência de proposta de alienação por

parcelamento, que deve ser dirigida por escrito ao juiz, para que faça exame da melhor proposta, não exclui a obrigatoriedade da alienação da hasta publica.

Cabe ao juiz fazer um juízo de valor quanto às propostas, valorando sempre o modo mais benéfico ao réu, podendo escolher a proposta de parcelamento, mesmo havendo outras de pagamento à vista.

Em outras palavras temos que se na praça houver licitante para

pagamento à vista e outro parcelado, quando os valores oferecidos forem equivalentes, prevalecerá o primeiro, no entanto, caso o valor parcelado se sobrepor consideravelmente ao oferecido à vista, aquele prevalecerá.

Importante ser frisado que este juízo de valor cabe ao juiz da demanda, que decidirá sobre as propostas logo que encerrada a licitação, sempre optando pela mais conveniente.

Quanto aos requisitos para arrematação à prestação insculpidos no

artigo 690 do CPC, temos que o preço mínimo da aquisição não pode ser inferior ao da avaliação, deverá haver o pagamento de no mínimo, 30 % do valor à vista, bem como que nesse caso, deverá o valor ser garantido por hipoteca sobre o próprio bem arrematado. No caso de o pagamento pelo bem ultrapassar o valor da dívida, temos que este excesso retornará ao executado.

Conforme anteriormente exposto, a preferência quanto à arrematação

do bem se dá em favor do exeqüente, que poderá utilizar-se da adjudicação para satisfazer seu crédito, porém adquirindo-o por no mínimo, o valor estabelecido na avaliação. A lei 11.382/06 introduziu no artigo 690 – A no CPC, rol de agentes processuais interditados à arrematação, incluindo dentre estes, os membros do Ministério Público, da Defensoria, bem como qualquer auxiliar da justiça que tenha qualquer relação com o processo.

Pode ainda o exeqüente ao invés de utilizar-se da adjudicação, preferir a arrematação em hasta pública, onde aí sim, poderá adquirir o bem por valor inferior ao avaliado, desde que seja o melhor preço oferecido. Caso o exeqüente arremate o bem por valor superior ao do crédito, deverá este, no prazo de 03 (três) dias, depositar o valor da diferença, sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação. O texto novo prevê que a arrematação ficará sem efeito (condição resolutiva), contrariamente ao anterior, onde a arrematação era desfeita (anulação), bem como será o exeqüente compelido a pagar por todos os custos de uma nova hasta pública.

Arrematado o bem, será imediatamente lavrado o auto de arrematação,

não mais esperando o prazo de 24 (vinte e quatro) horas, que era antes reservado ao exercício de remição pelo cônjuge e alguns parentes do executado, vez que a eles foi estendido o direito de adjudicação do bem.

Para que efetivamente possa o bem ser transferido à posse do

arrematante que o adquiriu por parcelamento, deve ele necessariamente caucionar o juízo através de hipoteca sobre o próprio bem adquirido. O auto de arrematação constituirá o título do gravame que será levado à registro no assinar imediatamente o auto de arrematação, devendo ser assinado pelo juiz, arrematante e pelo serventuário ou leiloeiro.

Importante alteração ocorrida neste artigo se deu pelo fato de que não será impedida a arrematação mesmo que pendentes os embargos do

executado, sendo esta, irretratável. Mesmo com ulterior procedência na sentença dos embargos do executado, não será desfeita a alienação judicial, tendo em vista o artigo 587 do CPC, que esclarece ser a execução, definitiva.

No entanto, vindo a serem julgados procedentes os embargos, não será o arrematante excutido dos bens adquiridos, arcando o exeqüente com perdas e danos pela execução praticada.

Cabe relembrar que em regra a execução será definitiva, sendo a

exceção que os embargos do devedor sejam processados de forma suspensiva. Nem mesmo neste caso, será prejudicado o arrematante.

Ressalte-se, todavia, que a execução somente será provisória nos casos de serem julgados improcedentes os embargos que tenham efeitos suspensivos, sendo interposta apelação. Em suma, na execução definitiva não há a necessidade de caucionar o juízo, contrariamente à provisória, bem como é irretratável qualquer arrematação efetuado por terceiro, cauciona ou não. A lei buscou proteger o terceiro arrematante, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado.

O texto antigo do artigo 694 do CPC (BRASIL, 2007, p.454 e 455)

admitia “desfazimento da arrematação”, sendo alterada com a nova lei para “a arrematação será tornada sem efeito,” deslocando-se do plano da invalidade para o da ineficácia.

Os dois primeiro incisos deste artigo, que tratam do vicio de nulidade e

falta de pagamento, permaneceram inalterados. Quanto ao inciso III, que trata do prazo para o arrematante argüir defeito no edital quanto à existência de ônus real ou gravame sobre o bem, a alteração se deu no prazo, passando de três para cinco dias, defendendo o adquirente, vez que gravames muitas vezes podem comprometer o direito de propriedade. Portanto, tem o adquirente hoje, o prazo de cinco dias para argüir a ineficácia da hasta pública, decorrente de defeito implícito.

Por outro lado, não está o executado impedido de exercer sua ampla

defesa, vez que o inciso IV do parágrafo único do artigo 694 do CPC, contemplou a ele, hipótese de embargar a arrematação. Neste caso, cabe ao

adquirente optar se contestará os embargos, ou simplesmente se desistirá de adquirir a coisa tornada litigiosa, cabendo ao juiz, repô-lo a seu status quo ante, ou seja, restituindo o valor por ele depositado. Quanto aos embargos, voltaremos mais adiante.

Voltando a “arrematação tornada sem efeito”, mais algumas hipóteses

foram elencadas nos incisos inseridos ainda no artigo em análise, quais sejam, a arrematação por preço vil, que é a arrematação por valor muito inferior ao caso dos embargos do executado serem julgados procedentes. O que caberá é a restituição do valor obtido pelo exeqüente, acrescido de perdas e danos.

Sobre a falta de pagamento do preço da arrematação, regra

estabelecida no artigo 695 do CPC, importantes alterações foram introduzidas no que diz respeito à multa em que incorria o arrematante caso não viesse a efetuar o pagamento ou caucionamento do juízo, agora no prazo de até 15 dias. Pela regra antiga, havia a possibilidade do credor executar o arrematante e seu fiador, nos valores propostos em hasta pública, adicionados o valor da multa. Entretanto, os parágrafos deste artigo foram revogados, voltando os bens anteriormente arrematados, à nova hasta pública, com a impossibilidade de nova participação daquele arrematante omisso.

Quanto aos artigos 697 e 698 do CPC (BRASIL, 2007, p.455), cabe

informar que o primeiro foi revogado, respeitando apenas a nova sistemática da ordem de preferência do modo de excussão do bem, vez que a adjudicação passou a frente da alienação em praça. Já quanto ao segundo, foi mantido o prazo de intimação de outros credores que possuem crédito sobre o mesmo bem penhorado, de no mínimo dez dias anteriores à adjudicação. Em outras

palavras, devem os credores que não são parte na execução, mas que possuam crédito averbado sobre o bem, serem intimados da praça, pelo menos dez dias antes da adjudicação.

Os artigos 704 e 706 do CPC (BRASIL, 2007, p.455) sofreram

alterações apenas em suas redações. No primeiro, eliminou-se a menção que fazia ao artigo 700 do CPC e no segundo, substituíram-se as palavras

“escolhido” e “credor” pelas “indicado” e “exeqüente”, respectivamente, ressaltando que cabe ao exeqüente indicar o leiloeiro, mas ao juiz escolhê-lo.

No caso de haver concurso, divergência, debate, sobre o produto da

arrematação, estabelecia a antiga regra do artigo 713 do CPC (BRASIL, 2007, p.456), que o juiz proferiria sentença. Regra esta que induzia a erro quando se pretendia recorrer desta decisão, pois o caso é sem dúvida, simples incidente processual, atacável mediante agravo. O mesmo ocorria quanto ao artigo 718 do CPC, que passou a prever a eficácia do usufruto a partir da publicação da decisão, e não mais sentença.

A reforma do artigo 716 do CPC (BRASIL, 2007, p.456), que trata do

usufruto judicial, excluiu o usufruto da empresa e adicionou o usufruto de bens móveis. Dessa forma, para alcançar os rendimentos da empresa, basta recorrer ao percentual do faturamento, penhorando-os nos moldes do artigo 655 e 655 – A do CPC (BRASIL, 2007, p.449 e 450), conforme já demonstrado.

Em conseqüência a exclusão do usufruto da empresa, alterou-se a redação dos artigos 717 e 720 do CPC (BRASIL, 2007, p.456) e revogou os artigos 726 a 729 também do CPC (BRASIL, 2007, p.456), colocando-os todos em consonância.

Interessante alteração se deu no artigo 722 do CPC (BRASIL, 2007,

p.456), tratando-se usufruto judicial, no que tange a eliminação do requisito de concordância do executado para que o usufruto seja implantado. O credor, caso requeira e assim concorde o juiz, após a oitiva do devedor, pode utilizar-se do bem penhorado, desde que esta utilizar-seja a forma menos gravosa ao executado.

Quanto ao direito do usufrutuário - sobre bens móveis ou imóveis - de celebrar contrato de locação, reza o artigo 724 do CPC que poderá ser contratado, depois de ouvido o executado. No entanto, havendo discordância deste, caberá ao juiz da demanda decidir a melhor forma de exercício do usufruto.

Documentos relacionados