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Alienação e ideologia em Marx e Ludovico Silva: A Mais-Valia Ideológica

2. NEOLIBERALISMO E IDEOLOGIA

2.1. Alienação e ideologia em Marx e Ludovico Silva: A Mais-Valia Ideológica

Para falarmos em ideologia e alienação nos termos propriamente marxianos e avançarmos por este terreno teórico em sua relação com a América Latina, utilizaremos das brilhantes análises realizadas por Ludovico Silva, poeta, filósofo e professor Venezuelano, que além de analisar o estilo literário de Karl Marx, empreendeu um extenso e completo estudo acerca do termo “alienação” em sua obra, bem como desenvolveu uma teoria geral da ideologia a partir das conceituações legadas por Marx.

autores do campo, pelo seu método e pela completude de sua obra, além de que é um prazer enorme trabalhar com autores latino-americanos, que realizam seu estudos tendo como base a realidade de subdesenvolvimento e dependência enfrentados pelos países sul-americanos.

Quanto aos diferenciais, primeiramente, temos que Ludovico realiza seus estudos entre a década de 1970 e 1988, de modo que teve contato com diversas obras de Marx em sua integralidade, inclusive A Ideologia Alemã, cujo acesso foi “negado” a Antônio Gramsci, por exemplo, bem como viu de perto a evolução dos meios de comunicação de massa e sua influência na cultura americana. Ludovico também é um marxista muito respeitado. Estudou os textos de Marx de forma aprofundada e sistemática, incluindo os Manuscritos de 1844 e os Grundrisse, os quais são raramente analisados. O seu método implica o desvelamento de uma espécie de “genealogia” dos conceitos, fazendo a contraposição do uso do termo nas diversas obras analisadas e o conceito em si, criticando de modo certeiro as contradições e abstrações realizadas.

Apesar de apresentar a sua análise do conceito de ideologia em Marx primeiramente no livro “A mais-valia ideológica” (1970), nos utilizaremos, aqui, principalmente do texto “Teoría y Práctica de la Ideología” (1971), que se apresenta de forma mais completa e com correções e aprofundamentos de alguns pontos, bem como inclui o ensaio “El Sueño Insomne”, que trabalha a relação da televisão, subdesenvolvimento e ideologia.

Ludovico Silva inicia nos explicando a origem do vocábulo ideologia, que foi criado por Destutt de Tracy em 1826 para designar uma “disciplina filosófica destinada a formar a base de todas as ciências”, seria a ciência das ideias. A partir dessa denominação se desenvolverão diversas das interpretações destoantes do termo futuramente. Contudo, é logo em seguida que o termo é apropriado por Napoleão para designar aquelas atitudes teóricas que não correspondem à realidade. É mais ou menos por aí que se identifica as primeiras conceituações que Marx realiza da ideologia.

Em um primeiro passo, a crítica que Marx realiza dos ideólogos alemães, em A Ideologia Alemã, é de que estes desenvolvem a sua visão de mundo de forma descolada da realidade, apenas no plano ideal. Contudo, como nos alerta Marx, as ideias pouco tem de impacto na realidade. Não foram as ideias que superaram a Idade Média, por exemplo, mas os homens e o desenvolvimento de suas forças produtivas. Ainda nas palavras de Marx, importa dizer que uma história das ideias, uma filosofia das ideias, nada dizem sobre os homens em si, já que estas são apenas representações que estes tem de si. As relações materiais que

mantinham entre si dizem muito mais sobre o homem que suas ideias. Sua intenção com essa crítica era, provavelmente, lançar as bases para a formulação de uma filosofia materialista, em contraposição ao idealismo alemão.

Já em A Ideologia Alemã46 percebe-se o que Ludovico denominará o sentido lato da

expressão ideologia: todo sistema conceitual, expressão ideal e espiritual de uma sociedade; todo conjunto de valores e representações que o homem aceita passivamente ou ao qual se volta criticamente. Nesse sentido, “não pode não haver ideologia: se não vivemos em ruptura ou adesão consciente a um sistema de valores, será porque pertencemos, sem sabê-lo, a um sistema”47. A ideologia, dessa forma (em sentido lato), permeia a sociedade e é uma condição

em que se está. Ela se diferencia, contudo, do sentido estrito que Marx desenvolve mais adiante, cuja determinação é de suma importância para a interpretação da alienação ideológica.

Para realizar a correta identificação do conceito de ideologia, Ludovico Silva ressalta que é importante contrapor as interpretações que autores contemporâneos a Marx realizam de suas metáforas, como a analogia do reflexo e a analogia da superestrutura. Essas metáforas surgem ao longo da obra de Marx e costumam ser tomadas como explicação dos processos ideológicos, quando, de fato, não o são. Como nos alerta Ludovico, essas expressões metafóricas não podem ser tomadas como explicações pois não há uma relação causa-efeito entre seus elementos constitutivos. Expliquemos melhor essas duas metáforas.

A analogia do reflexo é de que, como a imagem em uma câmara escura nos aparece invertida, assim os homens e suas relações materiais se revelam em nossa mente. Essa imagem, invertida e de cabeça para baixo, seria a ideologia. A metáfora da superestrutura nos é apresentada de forma similar: bem como um edifício, as relações materiais dos homens são as estruturas, o fundamento, que mantém em pé a “superestrutura” ideológica, o que, nos diz Ludovico Silva, seria melhor interpretado como a fachada do prédio, ou, se atendo à etimologia do termo usado no original, o andaime utilizado na sua construção. Esse ponto é importante apenas para nos pôr no caminho certo da conceituação de ideologia em Marx, de modo a não cairmos nos desígnios de interpretar metáforas, de denso valor literário, como explicações conceituais, como a maioria dos marxistas do século XX faz.

O que Marx estava nos apresentando era a crítica aos sistemas de ideias que tratavam de gerar “a coisificação do mundo das ideias e a consequente desmaterialização ‘desse’ 46 MARX; ENGELS, 1998.

mundo em que vivemos”48. Essa é uma das faces da alienação ideológica. O modo como a

Filosofia, a religião e a mitologia mantiveram seu papel, ao longo de toda a história, de justificar as condições materiais existentes. Como Silva nos esclarece:

O mundo das ideias jurídicas também oferece abundantes exemplos. Se refletirmos sobre certas suposições do direito romano, como aquela segundo a qual o direito não é direito para que seja justo, mas é justo porque é direito, se compreenderá que não há ali outra coisa que não uma ideologia dedicada a fazer a apologia de certas condições materiais existentes no império romano. Basta que o direito diga: o escravo é necessário, para que “o escravo é necessário” seja algo justo.49

As ideias, portanto, não assumem o protagonismo da história. Quem o faz são, dirão Marx e Engels, as sociedades humanas específicas, totalidades complexas caracterizadas pela presença de “uma atividade econômica de base, uma organização política e algumas formas ideológicas”50. A ideologia, nesse caso, é um componente estrutural da sociedade, uma parte

orgânica da totalidade social. Mas a ideologia, além de determinada pelas estruturas e relações sociais, também as determina, assumindo uma forma dialética em que a linguagem (ideologia – expressão – é sempre linguagem) também atua sobre aquilo que expressa.

Começamos a vislumbrar aqui a forma da relação ideologia – sociedade. A ideologia, em sua expressão das relações materiais, transforma-se em processo de “abstração no qual as condições históricas se tornam ‘condições ideais e relações necessárias’”51, e posteriormente

sedimentam-se como predicados, pressupostos humanos. Tal processo se assemelha àquele apresentado por Lieppmann ao criticar o liberalismo clássico, como mostramos no capítulo 1. Esses pressupostos, que são a naturalização das condições históricas, são pontos centrais na formação ideológica, e como veremos mais a frente, atuam “ativamente” na justificação das relações materiais de exploração.

A partir desse ponto, em A Mais-Valia Ideológica, Ludovico realiza uma análise pontual da obra de autores como Jean Paul Sartre, Friedrich Nietzsche, Louis Althusser e José Ortega y Gasset, em busca de pontuações críticas ou elementos que o ajudassem a desenvolver sua própria teoria da ideologia, ou ao menos explicar alguns pontos vagamente levantados por Marx.

Nesse contexto, desenvolve a questão da ideologia como expressão, ou seja, linguagem; a apresentação da ideia de desmascaramento; a contraposição entre os processos conscientes e inconscientes da ideologia; e por fim, a diferença entre ideias e crenças.

48 Ibidem, p. 33. 49 Ibidem, p. 33- 34. 50 Ibidem, p. 35.

O ponto central da obra de Ludovico, contudo, é atualizar a teoria marxista da ideologia com a psicanálise de Sigmund Freud e o estudo sobre a indústria cultural elaborado por Theodor Adorno. O mérito principal na obra de Ludovico Silva é, primeiramente, compreender as limitações dos escritos de Marx no assunto e, segundo, cuidadosamente engrandecê-la com estudos e descobertas contemporâneas. Assim, a teoria da alienação em Ludovico é marcada por três aspectos essenciais: a ideologia como sistema de crenças que justificam a exploração; esse sistema é difundido pela indústria cultural (ou ideológica); e gera resultados psíquicos a níveis não conscientes. É a partir dessa formulação que Ludovico desenvolverá sua teoria da mais-valia ideológica, que explicaremos e desenvolver mais a frente.

Em Teoría y Práctica de La Ideología, em seu capítulo Teoría Marxista da Ideologia, Ludovico inicia apresentando duas caracterizações da ideologia, partindo de A Ideologia Alemã. A primeira é que em toda a história humana, as relações sociais mais básicas, aquelas que os homens contraem na produção dos meios de subsistência e de vida, infundem na mente dos homens uma reprodução, ou expressão ideal, imaterial, daquelas relações materiais. Desde que apareceu a divisão do trabalho essas relações materiais adquiriram o caráter de conflito entre possuidores e despossuídos, entre proprietários e expropriados. Desse modo, “Este antagonismo encuentra también su expresión ideal en las mentes de los hombres: la alienación material adquiere su expresión y su refuerzo justificador en la alienación ideológica”52. Assim, as mesmas relações que fazem de uma

determinada classe a classe dominante são as que tornam dominantes suas ideias.

Essa formação social específica tem a função primordial de “justificar e preservar” a ordem material das distintas formações econômico-sociais. Não à toa, essas mesmas formações secretam sua própria ideologia jurídica para justificar idealmente, através da linguagem casuística, fenômenos como a propriedade privada, direitos provenientes da “nobreza de sangue” e a exploração. É a partir dessa constatação que se apresenta a oposição da ciência à ideologia. Enquanto a ideologia possui um caráter encobridor e justificador, a ciência tem o papel inverso: desvelar a verdadeira estrutura das relações sociais e apresentar seu caráter histórico, e não natural, das desigualdades sociais. Em termos de uma teoria da revolução, significa que a principal arma do proletariado seria a formação de uma consciência de classe, a compreensão de todos os termos da exploração capitalista, em contraposição à

falsa consciência ideológica.

A segunda caracterização, que parte da compreensão da primeira, é de que a ideologia é um sistema de valores, crenças e representações que se reproduzem em uma sociedade em que haja relações de exploração, com o fim de justificar sua estrutura material e incutir na mente dos homens a sua inevitabilidade, a exploração como ordem natural. Ludovico Silva expressa de forma brilhante na passagem abaixo:

la realidad histórica determina multívocamente a la ideología, y ésta, a su vez, sobredetermina multívocamente a la realidad histórica. En efecto, son las múltiplas facetas del aparato material de una sociedad - el régimen de propriedad privada, la economía mercantil y monetaria,, la división social del trabajo, la lucha de clases - las que determinan el carácter general de su ideología. Por otra parte, esta ideología incide multívocamente en el aparato material, respondiendo a las determinaciones sociales como la “libre empresa”, la moral cristiana que autoriza y recomienda la miseria material y cierto género de ciencia social dividida en “compartimentos” que reproducen a nivel teórico la división material del trabajo, etc. Si la propriedad privada es, en la orden material, una alienación,la ideología jurídica se encargará de demostrar que la propriedad privada es un derecho “inalienable”. Si un país subdesarrollado es dependiente económicamente de una potencia imperialista, tanto la potencia imperialista como el país subdesarrollado se encargarán de difundir la ideología dels “nacionalismo” y la “autodeterminación”. Es un verdadero juego en el que la realidad material produce una ideología que niega el verdadero carácter de la realidad material idealizándola, y que luego, a su vez, incide activamente sobre esa realidad, con lo que ésta resulta doblemente negada, este es, afirmada. Por eso lo esencial de toda ideología es la afirmación profunda y constante del orden material existente, su justificación suprema.53

Esse sistema tem como lugar de atuação, no âmbito subjetivo e psicológico, as zonas não conscientes da psique humana, figurando como repressões profundas na inconsciência ou como restos verbais e mnêmicos na pré-consciência. Tais formulações podem se formalizar como imperativos morais, geralmente relacionados à religião, bem como uma justificação das condições miseráveis. Já como lugar social da atuação da ideologia, o que nos tempos de Marx viria a ser as instituições sociais, como o Parlamento ou as igrejas, no século XX se dá nos meios de comunicação em massa. Na década de 1960, quando Ludovico desenvolvia seus estudos, a maior expressão midiática era a televisão, que aglutinava em si todas as formas culturais, do jornal ao audiovisual, agora, com a internet e os smartphones, avança-se ainda mais, já que as relações sociais quase que por completo se dão digitalmente.

Os meios de comunicação de massa, cuja onipresença é constatada facilmente, induzem, subliminarmente, a ideologia dominante nos indivíduos, ainda mais comercialmente, de modo que o indivíduo, enquanto objeto dessa ideologia, a reproduz e “trabalha” na manutenção do sistema social que o oprime. Essa exploração específica, que

ocorre a um nível inconsciente e subjetivo, que Ludovico chamará de Mais-Valia Ideológica. Ludovico verifica, ainda, a existência de dois tipos de elementos que compõem a ideologia: o primeiro tipo são os elementos políticos, científicos e artísticos, que não necessariamente são ideológicos; o segundo tipo são os elementos jurídicos, morais e religiosos, que são ideológicos em si. Não adentraremos muito no mérito dessa divisão, contudo, é interessante mostrar como os elementos tipicamente ideológicos são aqueles pontos sobre os quais é desenvolvida toda a ideologia neoliberal no Brasil, quando verificamos as reformas neoliberais, no plano jurídico, e a moral cristã, representando o neoconservadorismo latente.

A ideologia, no sentido estrito, não apenas é imposta, como permeia a sociedade. Esse conjunto de ideias, crenças e valores, são de tal forma implementadas e reproduzidas que se tornam pressupostos, os quais não costumam ser questionados e dos quais se parte. Essa ideologia, contudo, apesar das aparências, não está presente apenas nas classes subordinadas, ela é reproduzida e se reproduz, também, nas classes superiores. Desse modo o capitalista, ao realizar a exploração do trabalho de forma cada vez mais elaborada e intensa, acredita estar apenas produzindo riqueza e exercendo os seus direitos, a sua liberdade. Ele mesmo não compreende que está produzindo exploração, ou, se compreende, a justifica internamente. Ludovico compara tal processo em Freud e Marx:

Decía Freud que ciertas cosas se reprimen o se olvidan (es decir, pasan a la inconsciencia o a la preconciencia) como un modo de autoproteción del individuo. El capitalista de que nos habla Marx no hace sino reprimir u olvidar el movimiento real del proceso de producción, a fin de proteger sus propios intereses.

La ideología no es, pues, un andamiaje ideal encaramado sobre la estructura social para justificarla desde arriba; es, fundamental y esencialmente, un modo de ver la realidad social que no contempla sino la aparencia de los procesos, su modo de manifestarse exteriormente, y oculta — sabiéndolo o no — el carácter profundo, estructural del proceso.54

Compreendendo o conceito de ideologia em Marx e Ludovico, passaremos a explicar, rapidamente, a teoria da Mais-Valia Ideológica e a apresentar os processos de superação da alienação ideológica, segundo esses autores.

A teoria da mais-valia ideológica, analogicamente à mais-valia material de Marx, também pressupõe um processo de exploração, e entende correta a afirmação de Marx de que as relações de produção se reproduzem no plano da ideologia, ou melhor, que “a produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual”55. Desse modo, assim

como ocorre no plano material, no âmbito da produção espiritual do capitalismo (ideologia em sentido lato), se produz uma mais-valia ideológica “cuja finalidade é fortalecer e enriquecer o capital ideológico do capitalismo; capital que, por sua vez, tem como finalidade proteger e preservar o capital material”56.

Esse processo de produção de mais-valia ideológica é, de forma simplificada, a transformação dos indivíduos em reprodutores da ideologia, defensores do capitalismo, e ocorre, atualmente, através das comunicações de massa e da “indústria cultural”. Assim, o capitalista “se apodera de uma parte da mentalidade dos homens, pois insere nelas todo tipo de mensagens que tendem a preservar o capitalismo”57.

O que Ludovico nos ensina é que o trabalhador, após o seu período de trabalho, em que vende a sua força de trabalho, volta para sua casa, liga a televisão, e absorve uma infinidade de mensagens — propagandas — e continua a produzir valor, agora um valor ideológico. Essas mensagens substituem a percepção da realidade pela fetichização das relações, além de impor um consumismo desenfreado e ilógico. Esse conjunto imenso de mensagens acaba se estabelecendo nas zonas pré-conscientes da psique do indivíduo, tornando-se determinantes das crenças, valores e da própria prática social:

Nossa tese é que a base de sustentação do capitalismo imperialista se encontra na forma pré-consciente no homem médio desta sociedade, e que todos os restos mnêmicos que compõem esse pré-consciente se formaram no contato diário e permanente com percepções acústicas e visuais oferecidas pelos meios de comunicação; e dizemos que eles constituem a base de sustentação ideológica do capitalismo [...] no sentido mais preciso e dinâmico de que o capitalismo não oferece a seus homens qualquer ideologia, mas concretamente aquela que tende a preservá- lo, justificá-lo e apresentá-lo como o melhor sistema possível. 58

A superação da alienação ideológica, ao contrário do que alguns autores apresentam, não ocorre através da formação de uma ideologia revolucionária, mas sim através da superação da alienação material. Ao realizar a destruição do modo de produção exploratório, se destruirá a alienação ideológica por ele produzido. Afinal, se toda ideologia é justificação de uma exploração, ao desaparecer esta, desaparecerá aquela também. Claro que a realização dessa revolução em si passa pela formação de uma consciência, e a consciência contrapõe a ideologia pelo simples fato de que, enquanto a ideologia é uma falsa consciência das relações materiais, a consciência representa o pleno reconhecimento da exploração. Assim Ludovico nos apresenta:

56 SILVA, 2017, P. 150. 57 Ibidem, p. 156. 58 Ibidem, p. 169.

Así como la alienación material podrá ser sustituida por la libre asosiación, la autogestión y la cooperación de los productores, la alienação ideológica podrá ser reemplezada por el desarollo omnilateral de la conciencia, que es el desarollo universal de los individuos.59

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