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Alteração hidrotermal 114 composição da clorita Na etapa final da alteração, o Zn foi adicionado em grandes

proporções, resultando na maior quantidade de clorita e esfalerita em SE II. 1.4. Rb, elemento presente nas micas, foi adicionado em grande quantidade ao sistema na passagem do Granito Matupá para o granito sericitizado (SE II.1.3) e em menor quantidade na fase final. Considerando-se apenas o par SE II.1.2 - SE II.1.4, houve aumento significativo de Rb no processo (tabela 3.2 e figuras 3.7 a 3.9).

Ba foi inicialmente incorporado ao sistema e posteriormente dele retirado. A incorporação de Ba deve-se provavelmente à sua entrada na estrutura da fengita, em função da fácil substituição de К por Ba, e a diminuição final reflete o fato de SE II. 1.4 ser mais pobre em mica que SE II. 1.3. O Granito Matupá na cata II. 1 perdeu Sr durante sua transformação, o que é coerente com o fato de o Sr ter saído da estrutura dos feldspatos desestabilizados durante a alteração hidrotermal (tabela 3.2 e figuras 3.7 a 3.9).

Na passagem da amostra SE II.4.4A para SE II.4.4D houve aumento de Zn e perda de Rb, Ba e Sr. A perda de Rb e Ba deve refletir a diminuição na quantidade de mica branca, e a perda de Sr deve relacionar-se à quebra do plagioclásio (tabela 3.2 e figura 3.10). Comportamento semelhante tiveram Zn, Rb e Ba na transformação de SE 1.4.3.2 para SE 1.4.3.1 (tabela 3.2 e figura 3.12).

Na primeira fase de alteração do Granito Matupá na cata П.6 (SE II.6.2 - SE II.6.1),  houve acréscimo em Rb e Ba, coerentemente com o aumento da quantidade de mica, e diminuição de Sr e Zn (tabela 3.2 e figura 3.11). Considerando-se o par SE II.6.3 - SE II.6.1, houve perda de Rb, Sr e Zn, deste em grande quantidade, e ganho de Ba (tabela 3.2).

Terras raras

Considerando-se os resultados apresentados na tabela 3.2, todos os elementos terras raras foram móveis durante a alteração do Granito Matupá. Entretanto, os padrões de ETR normalizados a condrito de todas as amostras são muito semelhantes - padrões fracionados -, com moderada anomalia negativa de Eu (Eu/Eu* = 0,41), Lan 200 e Lun 10 (figuras 3.13a 3.16).

Na passagem de SE II. 1.2 para SE II. 1.3 houve decréscimo de todas as terras raras e acréscimo na fase final. Considerando-se o comportamento das terras raras para o par SE II.1.2 - SE II.1.4, Lu, Yb, Er, Ho e Gd comportaram-se como elementos pouco móveis, sendo que os ETR leves e intermediários-leves foram adicionados ao sistema e os ETR

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pesados dele retirados, apenas o Lu apresentando um pequeno ganho. Neste par, o La apresentou mobilidade muito superior à dos demais (figuras 3.7 a 3.9).

Figura 3.13 - Padrões de terras raras para amostras da área II.1. Normalização feita segundo Evensen et

aL (1978).

Figura 3.14 - Padrões de terras raras para amostras da área II. 4. Normalização feita segundo Evensen et

aL (1978).

Os padrões de elementos terras raras das amostras SE II.1.2, SE II.1.3 e SE II.1.4 foram construídos para a melhor observação do seu comportamento durante a alteração hidrotermal do Granito Matupá (figura 3.13). Os padrões obtidos são fracionados, com anomalia negativa de Eu. Os espectros das amostras SE II.1.2 e SE II.1.4 são muito semelhantes, com Eu/Eu* = 0,4. A amostra SE II.1.2 é mais pobre em ETR leves e mais rica em ETR pesados. A amostra SE II.1.3 possui valores de ETR inferiores aos das demais e acentuada anomalia negativa de Eu (Eu/Eu* = 0,23). Essas semelhanças e diferenças estão provavelmente relacionadas a variações de volume das rochas como conseqüência da alteração hidrotermal (MacLean, 1988).

Os elementos terras raras apresentaram baixa mobilidade na passagem da amostra SE II.4.4A para SE II.4.4D. O elemento mais móvel foi Eu, que foi acrescido ao sistema, ao contrário do comportamento observado para o Sr, que normalmente apresenta o mesmo comportamento do Eu. Os espectros de elementos terras raras normalizados ao condrito proposto por Evensen (1978) obtidos para as amostras SE II.4.4A e SE II.4.4D são muito semelhantes entre si e com os padrões obtidos para as amostras da área II. 1.

Na alteração SE II.6.2 - SE II.6.1, os ETR foram adicionados ao sistema, sendo La, Eu e Lu em maior quantidade. Tb, Ho e Tm foram praticamente imóveis (tabela 3.2 e figura 3.11). Considerando-se o par SE II.6.3 - SE II.6.1, houve perda de todos os elementos terras raras (tabela 3.2). Os espectros de ETR normalizados a condrito das amostras da cata II.6 são muito semelhantes, sendo pouco fracionados e com moderada anomalia negativa de Eu. A amostra

Capítulo III - Alteração hidrotermal 116 SE IL6.3 possui os maiores valores de ETR, enquanto os espectros das amostras SE IL6.1 e SE II.6.2 são praticamente coincidentes, apesar de SE II.6.1 ser mais enriquecida em ETR. A amostra mais transformada, SE II.6.4, apresenta os menores valores de ETR (figura 3.15). Para o par SE 1.4.3.2 - SE 1.4.3.1, a amostra mais metassomatizada também possui os menores valores de elementos terras raras, além de apresentar anomalia negativa de Eu mais pronunciada (tabela 3.2 e figura 3.16).

Figura 3.15 - Padrões de terras raras para amostras da área II.6. Normalização feita segundo Evensen et aL (1978).

Figura 3.16 - Padrões de terras raras para amostras da área 1.4. Normalização feita segundo Evensen et al. (1978).

Ouro

Os resultados obtidos para o comportamento do ouro durante a alteração hidrotermal do Granito Matupá demonstram que houve enriquecimento em Au na transformação do granito para os fácies mais hidrotermalizados (tabela 3.2). A comparação dos teores de Au de amostras de granito pouco transformado com os dos seus correspondentes hidrotermais (tabela 3.3), mesmo sem os cálculos de balanço de massa, confirma a afirmação acima.

Tabela 3.3 Cata I.1 I.4 II.l II.6 IV.4

- Comparação entre teores de Au de granito e seus fácies hidrotermais. Rocha granito granito granito granito f. hidrotermal granito f. hidrotermal granito f. hidrotermal granito f. hidrotermal granito f. hidrotermal Amostra SE IID SE IIIA SE PEl SE 1.1.1 SE 1.1.2 SE 1.4.3.4 SE 1.4.3.1 SE II. 1.2 SE II. 1.4 SE II.6.3 SE II.6.4 SE IV.4.1 SE IV.4.2 Au (ppm) 0,003 <0,001 0,003 <0,001 1,91 0,98 18,65 0,002 0,08 0,024 7,1 0,13 3,13

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3.5 - DISCUSSÕES

3.5.1 - Análise comparativa dos resultados obtidos

Os resultados obtidos pelos dois métodos empregados para a avaliação da mobilidade de elementos no Depósito Serrinha são muito semelhantes, considerando-se os mesmos elementos imóveis para os cálculos de perdas e ganhos, o que se dá devido ao método de Grant (1986) corresponder à reformulação matemática da equação de Gresens (1967).

Comparando-se os resultados extraídos da aplicação dos dois métodos com as observações petrográficas e, conseqüentemente, com os resultados esperados com base nas modificações petrográficas ocorridas nas amostras estudadas, conclui-se que os valores de perdas e ganhos obtidos com as fórmulas desenvolvidas por Gresens (1967) e Grant (1986), principalmente de elementos maiores, são muito coerentes entre si e com os processos de alteração hidrotermal que ocorreram na área. FeO, MnO, Fe2O3, CaO, MgO, K2O e Na2O foram muito móveis e seu comportamento foi condizente com os processos de albitização, sericitização, microclinização, piritização e carbonatação que atuaram sobre o Granito Matupá no Depósito Serrinha.

Dentre os elementos de elevado potencial tônico, Zr, Ti, Th, Nb, Y, Та, Hf, normalmente  considerados imóveis, por este motivo utilizados em estudos petrogenéticos e/ou para determinação de ambientes tectônicos, Zr e Nb foram praticamente imóveis e TiO2 foi praticamente imóvel nos pares das catas II. 1 e II.6, apresentando-se móvel nos demais. Y e Th apresentaram-se geralmente móveis, enquanto a mobilidade de Hf e Ta foi variável.

Alguns elementos não apresentaram o mesmo comportamento para todos os pares estudados e outros, que normalmente possuem comportamento geoquímico similar, tiveram mobilidades opostas, como Sr e Eu no par SE II.4.4A - SE II.4.4D. Essas variações refletem os diferentes tipos de hidrotermalismo que ocorreram na área estudada e podem significar também a atuação de processos simultâneos durante as transformações das rochas.

3.5.2 - Mobilidade dos elementos terras raras

Os resultados de perdas e ganhos de terras raras durante o metassomatismo do Granito Matupá demonstram que esses elementos foram móveis durante o processo de alteração hidrotermal. Na cata II.1 houve acentuada perda inicial de ETR seguida de expressivo aumento

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