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Alterações Climáticas

No documento Anáé FátimaMelo (páginas 30-33)

CAPITULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

II.2 Alterações Climáticas

Seja por causa humana, ou por ciclo natural, a Terra está a atravessar período de fortes e rápidas mudanças atmosféricas: aquecimento e grande instabilidade climática. Em Portugal, em tão pouco espaço de tempo nunca se esperou tanta enxurrada, cheia, seca, maré viva; os próprios incêndios atingem uma dimensão cada vez mais catastrófica. Embora seja natural pensar em temperatura quando se fala de aquecimento global, este engloba variações bruscas e extremas de clima (ondas de calor, chuvas torrenciais e cheias catastróficas, grandes temporais, ciclones, secas prolongadas) [1.04]. Para muitas pessoas o impacto deste pode, a longo prazo, ser mais preocupante no que respeita à precipitação. Se, por um lado, a falta de chuva pode tornar uma região improdutiva ou até inabitável, por outro, os

grandes aguaceiros têm estado na origem de cheias com efeitos desastrosos [1.02].

Segundo se pensa atualmente, as áreas terrestres do Planeta estão a receber uma precipitação 1% superior relativamente ao que se registava há cem anos – um aumento de cerca de 10mm, em média. A precipitação anual sobre os continentes é de 800mm e reparte-se em escoamento (315mm) e evapotranspiração (485mm). A precipitação anual média sobre os oceanos e sobre o Globo representa cerca de 1270mm e 1100mm, respetivamente [1.03].

9 No entanto, a situação encerra um paradoxo cruel, pois à medida que as precipitações vão aumentando, seria de esperar que diminuíssem os períodos de seca, não é isso que acontece. As temperaturas mais elevadas não só permitem que mais humidade proveniente da chuva passe para a atmosfera, como também que esta absorva mais água das terras áridas onde chove pouco. Assim, embora o aquecimento global possa provocar um aumento da precipitação, poderá também aumentar a ocorrência de períodos de seca, o que parece estar a acontecer [1.02]. O clima passou ao regime de alto contraste e os factos são indiscutíveis, rápidos e desastrosos. Portugal é particularmente vulnerável às alterações climáticas, pois apresenta uma frente marítima extensa a cotas baixas e está numa posição intermédia entre a linha de avanço da desertificação e a das chuvas torrenciais. É apanhado por todos os lados: chuva a mais, a seca, a erosão costeira, o avanço de águas salgadas, a submersão de zonas baixas, entre outros.

Um estudo coordenado pelo físico Filipe Duarte Santos (SIAM) alerta, com fundamentos, para os impactos previsíveis destas mudanças no país, e, portanto, para aquilo que tem de ser a atitude inevitável da vida pública portuguesa. Este trabalho, divulgado na FLAD, parte da evolução histórica do clima ibérico, no último século, e conclui que teremos mais calor e menos chuva, mas esta será mais concentrada em períodos consecutivos. Resultado: menos água, mais erosão e mais cheias de grande magnitude, entremeadas com severos períodos de seca. Enfim, fenómenos climáticos extremos com todas as consequências que deles advém. E são muitas. O estudo avalia, sector a sector, o impacto de três cenários possíveis [1.04].

Avaliar a evolução dos períodos de cheias e secas é um assunto muito delicado, pois está-se perante fenómenos com consequências extremamente destrutivas, sendo em Imagem II.1 e Imagem II.2 apresentado exemplo de período de cheia e seca, respetivamente. Embora as secas se mostrem de uma forma menos visível do que as cheias, as suas consequências são ainda mais dramáticas. As alterações climáticas resultam de um tipo de poluição atmosférica especial, onde se sabe exatamente qual a dimensão da atmosfera e o volume dos poluentes que nela são lançados.

Imagem II.1 – Exemplo de períodos de cheias [5.02]

Imagem II.2 – Exemplo de períodos de secas [5.02]

Durante os últimos dez mil anos o termóstato da Terra, ou controlo do clima, foi regulado para uma temperatura média da superfície de cerca de 14ºC. Globalmente, esta temperatura tem servido na perfeição aos seres humanos, tornando possível organizar de um modo impressionante – plantando sementes, domesticando animais e construindo cidades. O termóstato da Terra é um mecanismo complexo e delicado

e no centro do qual reside o dióxido de carbono (CO2), com um papel fundamental

na preservação do equilíbrio necessário à existência de toda e qualquer forma de vida. É também um resíduo tóxico dos combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás – utilizados por quase todas as pessoas do planeta para aquecimento, transporte ou outras necessidades energéticas [1.05].

11 Os fenómenos meteorológicos extremos estão a tornar-se mais frequentes, os picos de poluição nas cidades, obriga a alertas públicos.

As mais importantes revistas científicas mundiais estão constantemente a publicar artigos sobre os glaciares estarem a derreter dez vezes mais depressa do que se pensava, que os gases com efeito estufa presentes na atmosfera haviam atingido níveis inéditos em dez milhões de anos e que espécies estavam a desaparecer como resultado de alterações climáticas. Não se deve esperar que alguém resolva por nós este problema, todos podem fazer a diferença e ajudar a combater as alterações climáticas sem que com isto altere o estilo de vida [1.05].

A preparação para as alterações climáticas constitui um grande desafio para a gestão dos recursos hídricos na União Europeia. A Diretiva Quadro Água oferece aos países europeus uma base comum para enfrentarem estes problemas. Em especial, a sua abordagem de gestão dos recursos hídricos com base nas bacias hidrográficas – centrada na revisão, de seis em seis anos, dos respetivos planos de gestão – cria um mecanismo de preparação e adaptação às alterações climáticas. A Diretiva Quadro Água estabelece um quadro jurídico para proteger e regenerar a água na Europa e garantir a sua utilização sustentável e a longo prazo. A Diretiva institui uma abordagem inovadora de gestão da água, assente nas bacias hidrográficas, as unidades geográficas e hidrográficas naturais, e fixa prazos específicos para os Estados-Membros alcançarem objetivos ambientais ambiciosos para os ecossistemas aquáticos. A Diretiva incide sobre as águas de superfície interiores, as águas de transição, as águas costeiras e as águas subterrâneas. A Diretiva 2007/60/CE relativa à avaliação e gestão dos riscos de inundações entrou em vigor em 26 de Novembro de 2007. Esta Diretiva exige que os Estados-Membros avaliem se os cursos de água e as costas correm risco de inundações, elaborem seguidamente cartas de riscos de inundação e finalmente tomem medidas adequadas e coordenadas para reduzir esse risco [4.01] [5.04].

No documento Anáé FátimaMelo (páginas 30-33)