• Nenhum resultado encontrado

3. INFLUÊNCIA DAS REFORMAS INSTITUCIONAIS E DA REGULAÇÃO

3.3. Ambiente Institucional e Regulação Financeira O Caso dos EUA

3.3.1. Alterações das Estruturas de Regulação nos EUA

Nos últimos 30 anos, os Estados Unidos tem neutralizado muito dos impedimentos legais para a combinação de serviços bancários com outros serviços financeiros. O processo de desregulamentação estrutural demorou quase duas décadas para que o Congresso norte-americano revogasse parte da legislação do Glass-Steagall Act8 através da aprovação da Lei Gram-Leach-Bliley Act de 1999 (GLB)9. Entretanto, as iniciativas do FED e do OCC alcançaram uma desregulamentação significativa das restrições sobre as atividades bancárias antes da passagem da GLB.

No inicio de 1987, o FED aprovou atividades financeiras hipotecárias em instituições subsidiarias, que não incluem os bancos, que faziam parte das companhias filiais bancárias. Essas atividades estavam sujeitas a revisões de limitações e alguns tipos de proteções.

Após alguns anos de operação, o FED tornou-se mais tolerante com as novas atividades e reavaliou novos limites para negociação e proteção das hipotecas. Em particular, o GLB foi revogado por essas novas concessões do FED, que considerou aproximadamente 25% do capital de giro bruto dessas subsidiárias para operações hipotecárias10, e quase todas as proteções para esse tipo de operação foram eliminadas.11 Similarmente, em 1996, a OCC adotou uma regra controversa (comumente conhecida como “the op-sub rule”), que assegurou a bancos nacionais obter ou estabelecer filiais que poderiam engajar em atividades que não estavam de acordo com os seus procedimentos jurídicos e contábeis.

Além dessas atividades, o GLB continuou a incrementar a estratégia inicial proposta pelo FED. Como resultado, o GLB viabilizou, por exemplo, companhias

8

Lei que determina a segregação de bancos de outras formas de atividades financeiras. Nos Estados Unidos, a lei foi estabelecida em 1933 que é caracterizada pela separação de bancos comerciais de bancos de investimentos.

9

Lei que removeu, entre outros objetivos, a separação estabelecida no período da Grande Depressão, que envolvia bancos comerciais e investimentos.

10

Analisar a passagem 61.Fed. Res. Bull. 750. 1996.

11

Essa passagem foi analisada nas Mudanças no Controle Bancário e Companhias Filiais Bancárias (Regulação Y); 62 Fed. Reg. 45, 295, 1997 (codificado em 12 C.F.R. PT. 225).

filiais financeiras como as filiais bancárias que são bem capitalizadas e gerenciadas e aqueles bancos que apresentavam uma reserva satisfatória para os padrões da

Community Reinvestment Act Rating, podiam engajar em quaisquer atividades que

apresentassem as seguintes características: “atividades financeiras por natureza ou atividades casuais que fossem caracterizadas como atividades financeiras; complementaridade das atividades financeiras e não exposição dessas atividades aos riscos substanciais que afetam a segurança ou a saúde das instituições depositárias ou o sistema financeiro como um todo12”. Essa Lei arrola várias atividades de natureza financeira, que inclui prêmio de seguro e alguns ativos, que talvez fossem muito significantes para o mercado bancário.

Diante dessas atividades, as empresas hipotecárias e as subsidiárias não financeiras podem, por exemplo, engajar de maneira ilimitada em ativos financeiros. As conseqüências dessas falhas na manutenção do padrão dessas empresas hipotecárias são complicadas para o mercado financeiro devido a atividade de supervisão consolidada. Por exemplo, se uma empresa hipotecária falha em qualquer ponto na manutenção dos requisitos básicos e necessários para capitalização ou manutenção dos seus padrões, o FED pode forçar uma venda de qualquer subsidiária desse banco ou ordenar que essa empresa hipotecária tivesse as operações canceladas por conta das atividades que não estavam previstas dentro do padrão exigido pelas companhias bancárias filiais.

O GLB oferece uma ótima oportunidade para novas atividades através das companhias financeiras hipotecárias, mas as regras para os bancos e seus subsidiários não são permissivas. Entretanto, os padrões bancários estabelecidos pelo GLB para os bancos nacionais, bem administrados e capitalizados, admitem às suas filiais se engajarem em atividades que não são factíveis para os demais bancos. Dessa maneira, as suas subsidiárias podem engajar-se nas mesmas atividades que as empresas hipotecárias com duas importantes restrições: i) as empresas bancárias filiais não estão autorizadas a associar suas atividades em transações que apresentem um alto prêmio de risco ou não ofereçam as garantias mínimas e necessárias para realização da mesma, desenvolver ou investir em

12

Analisar a Lei 12 U.S.C. § 1843 (k) (1). (2000), que analisa o contraste dos padrões das atividades financeiras com mais padrões restritivos para as atividades das companhias filiais bancárias. É importante salientar, a cláusula dessa Lei 12 U.S.C § 1843 (k) (8). (2000), que aproxima os padrões dos bancos às suas filiais e não viabiliza a sua mudança para uma empresa financeira hipotecária.

setores que não sejam da economia real, ou aderir práticas do mercado bancário ou investir seu portfólio em operações de alto risco; ii) a não padronização das filiais bancárias com base na capitalização de seus ativos com valores iguais ou menores a 45% do consolidado total de seus ativos ou o valor estipulado de $ 50 bilhões.

Como resultado das mudanças legislativas e dos estatutos da interpretação regulatória, os conglomerados financeiros se tornaram uma parte integrante do sistema financeiro norte-americano nos últimos 20 anos, especialmente a combinação entre bancos e serviços.

Essa convenção trouxe algumas conseqüências para a regulamentação do sistema financeiro, que inclui a difícil adequação do capital desses conglomerados aos requisitos básicos do Acordo de Basiléia I e II.

Nesse sentido, a pouca regulação das subsidiárias dos bancos sugere que essas entidades sejam pouco capitalizadas e possuam certa quantidade de ativos de risco. Com isso, a adequação dos grupos consolidados ao nível mínimo exigido pelo Acordo de Basiléia torna-se complexo e difícil, devido às atividades e fatores qualitativos para avaliar as suas operações, constituindo, assim, um processo difícil.

Os resultados dessa desregulamentação serão evidenciados nos próximos capítulos que contemplam a análise descritiva do mercado de crédito norte- americano e evidências empíricas do efeito da regulação.