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Alternativas hídricas para o desenvolvimento da RMCG Historicamente, a água sempre foi imprescindível ao desenvolvimento

No documento Campina Grande hoje e amanhã (páginas 53-59)

das civilizações. A água é fator limitante ao desenvolvimento sustentável e, por isso, os grandes desafios são os da gestão do uso e da demanda.

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A gestão da água inclui ações destinadas a identificar, desenvolver e explorar eficientemente novas fontes. Já, a gestão da demanda trata de mecanismo e incentivo que promovam a conservação da água e a eficiên- cia do uso.

O balanço hídrico climatológico é uma das técnicas que permitem moni- torar a variação do armazenamento de água no solo. Trata-se de um processo contábil de suprimento natural de água ao solo, pela chuva, da demanda atmosférica, pela evapotranspiração potencial, e de um valor máximo de armazenamento de água disponível apropriado, o balanço hídrico fornece estimativas mensais do déficit e do excesso hídrico, cujos valores, para a região metropolitana de Campina Grande, são apresentados na Figura 5.

Observa-se (Figura 5) que a RMCG tem déficits nos onze meses do ano, totalizando-se 600 mm, contra apenas um de excesso irrisório de 17 mm. Até mesmo na estação chuvosa, há um déficit acumulado de 87 mm, ou seja, a mediana esperada da chuva na estação chuvosa é inferior que a evapotranspiração. -110 -90 -70 -50 -30 -10 10 30

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

rfi ci t ( m m ) E xc ess o ( m m ) Déficit Excesso RMCG

Figura 5. Médias mensais do déficit e excesso hídrico da região metropo-

litana de Campina Grande (RMCG)

Em virtude das características do regime pluvial na RMCG, a captação de água da chuva seja em estruturas coletiva ou individual passa a ser uma alternativa viável por permitir aumentar a oferta de água para usos potá- veis e não potáveis. No entanto, o potencial para captar a água da chuva depende, principalmente, do regime pluvial local, por que a quantidade,

distribuição e duração do período chuvoso é uma característica deste ele- mento do clima. Já, o tamanho da área de captação é um parâmetro físico passível da intervenção humana e deve ser dimensionado em função do regime pluvial e da demanda da água.

A Figura 6 mostra os volumes potenciais de captação de água da chuva

na RMCG, interceptados em 1 m2 de área e com coeficiente de escoamento

de 0,75. Observa-se que, o menor volume é de 293 L.m-2, em Boa Vista,

e o maior (686 L.m-2), em Massaranduba, ou seja, uma diferença intra

RMCG de 393 L.m-2. Isso mostra, portanto, a importância de se estabele-

cer o correto o regime pluvial local e/ou regional.

200 300 400 500 600 700

BVi BSa GBr Boq Aro Cat Que Ita Pux SeR CGe Fag Mat LSe Mas

Ca p. ág ua d a ch uv a ( L. m -2 ) RMCG

Figura 6. Medianas do potencial de captação da água da chuva de cada

localidade da região metropolitana de Campina Grande

Os volumes de água necessários para fins de consumo humano, animal e vegetal são dimensionados usando os quantitativos medianos anuais do potencial de captação de água da chuva que diferem para cada local como mostra a Figura 6.

As edificações comerciais são pontos expressivos para aproveitamento de água pluvial captadas em grandes áreas cobertas visando atender as demandas potáveis e/ou não potáveis e a proposição de uma tecnologia de tratamento economicamente viável e de fácil replicação.

O mesmo ocorre com as atividades agropecuárias, desde a criação de pequenos animais e/ou no cultivo de pequenos pomares e hortas, as

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quais podem ser multiplicadas usando tecnologias de captação de água da chuva: “in situ”, cisternas domiciliar, P1+2, calçadão ou outras modalida- des, cobertas com diferentes tipos de matérias (polietileno, argamassa, asfalto, etc) para formar uma área de captação. Os volumes potenciais (medianos) de captação de água da chuva, simulados adotando-se três áreas de captações, são mostrados e identificados, nos três seguimentos de atividades de desenvolvimento da RMCG, na Tabela 1.

Tabela1. Volumes potencial medianos de captação de água da chuva

(VPC) e áreas de captação (AC) para fins de consumos residencial, comer- cial e agropecuário na RMCG

Residencial Comercial Agropecuária

AC (m2) 80 160 240 1000 2000 3000 10000 20000 30000

VPC (m3) 51 101 152 633 1266 1899 6330 12660 18990

Como os volumes descritos na Tabela 1, referem-se a uma altura mediana de 633 mm de chuvas para a RMCG, os VPCs das localidades descritas na (Figura 6), podem decrescer gradativamente até 28,7 %, da primeira a sexta (da esquerda para direita), ou crescer a partir desta, na mesma ordem, em até 22,8 %.

Em virtude da elevada variabilidade no regime pluvial na RMCG há necessidade de quantificar, para cada local, qual é o volume potencial de água necessário para suprir o consumo. As variáveis fixas (tamanhos da área de captação e do reservatório) para atender os volumes de água necessários são procedimentos que requerem conhecimentos técnicos, o que concorda com as recomendações de Brito, Moura & Gama (2007).

Conclusões e/ou recomendações

O regime pluvial é extremamente irregular e insuficiente para garan- tir o suprimento de água para consumos potável e não potável na região metropolitana de Campina Grande. No entanto, há um elevado potencial de captação de água da chuva que permite aproveitar (aumentar) a oferta de água e usá-la em outras atividades relacionados ao desenvolvimento local e/ou microrregional ou ainda estimular o reuso da água ou o uso de águas residuárias.

As decisões de escolher o tipo de construção do reservatório para armazenar a água da chuva e a forma de gestão devem ser de ordem téc- nica, levando em consideração o potencial pluvial local e o tamanho da área de captação necessária para “produzir” o volume de água que atenda a demanda de água planejada.

Destaca-se, entretanto, a importância da qualidade da água, com base nos parâmetros físico, químico, bacteriológico e nos padrões de potabili- dade, normatizada pelo ministério da saúde.

Referências

Almeida, H. A. de. Climate, water and sustainable development in the semi- arid of northeastern Brazil. In: Sustainable water management in the tropics and subtropics and case studies in Brazil, Unikaseel, Alemanha, v.3, p.271-298, 2012.

Almeida, H. A. de, Gomes, M. V. A. Potencial para a captação de água da chuva: alternativa de abastecimento de água nas escolas públicas de Cuité, PB. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA, 17,

Guarapari, ES, 2011, Anais..., Guarapari: CD-R, 2011.

Brito, L. T. L., Moura, M.S.B., Gama, G. F. Potencialidade da água de chuva no semi-árido brasileiro. Editores Técnicos. Petrolina, PE: Embrapa semi-árido, 181p, 2007.

Oliveira, G. C. S., Nóbrega, R. S., Almeida, H. A. de. Perfil socioambiental e esti- mativa do potencial para a captação de água da chuva em Catolé de Casinhas, PE. Revista de Geografia (UFPE) v. 29, no. 1, p. 75-90, 2012.

Proposta metodológica para utilização de

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