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Alunos de cursos tecnológicos que não desejam prosseguir os estudos

Habilitações das Mães Restelo versus M Pombal

10. Desejo de prosseguir os estudos 1 Escola Secundária Marquês de Pombal

10.6. Alunos de cursos tecnológicos que não desejam prosseguir os estudos

10.6.1. Escola Secundária Marquês de Pombal

O curso tecnológico que, na Escola Secundária Marquês de Pombal, apresenta uma maior percentagem de alunos que não desejam tirar um curso superior é o de Comunicação e Difusão, onde 40% dos inquiridos responderam negativamente à questão. Seguem-se, por ordem decrescente de percentagens por curso, Electrónica/Electrotecnia, com 30,8%, Mecânica, com 25% e Construção Civil com 20%. Os 5 alunos do curso de Informática desejam todos prosseguir os estudos para além do ensino secundário.

Analisando, em pormenor, cada curso, verifica-se que, relativamente ao curso de Comunicação e Difusão, a média de idades é bastante superior à dos inquiridos que querem seguir os estudos – 19,8 anos, contra 18,7 anos, respectivamente. Também as habilitações literárias, tanto dos pais (75% não foram além do 4º ano de escolaridade) como das mães (37,5% com menos do que o 4º ano e 50% com o 4º ano de escolaridade) são manifestamente inferiores e, relativamente às profissões dos progenitores, há aqui uma percentagem bem mais elevada de trabalhadores de produção (75%) e de domésticas (87,5%). A percentagem de raparigas que não desejam prosseguir os estudos (75%) é muito superior à dos rapazes, mas isto tem também a ver com o facto deste curso ser predominantemente feminino.

Vejamos agora os dados relativos ao curso de Electrónica/Electrotecnia: a única diferença significativa entre estes inquiridos e os do mesmo curso que querem continuar os estudos reside na idade média, manifestamente superior naqueles – 19 anos contra 18,2. Há mais rapazes que raparigas que não desejam ir além do 12º ano, uma vez que a única rapariga que frequenta o curso deseja prosseguir os estudos. Quanto às habilitações literárias dos pais e mães, ela é, em ambos os casos, ligeiramente inferior à dos que querem continuar os estudos. A análise das profissões dos pais e mães não revela diferenças relevantes.

No curso de Mecânica, curiosamente, a idade média dos alunos que não desejam prosseguir os estudos é bem inferior à dos que o desejam fazer – 18 anos contra 19, respectivamente. A análise das habilitações dos pais e das mães não revela diferenças significativas entre estes alunos e os colegas do mesmo curso que desejam prosseguir os estudos.

Também no curso de Construção Civil a média de idades dos alunos que não desejam prosseguir os estudos é inferior à dos que desejam fazê-lo, embora a diferença não seja relevante - 18,5 anos contra 18,9 anos. Relativamente às restantes variáveis em apreço, só a profissão das mães é de mencionar, já que, nos alunos que não querem prosseguir os estudos, ela é inteiramente constituída por domésticas (são, porém, apenas 2 os alunos em análise).

10.6.2. Escola Secundária do Restelo

80% dos alunos do curso tecnológico de Administração não desejam prosseguir os seus estudos. A média de idades (19 anos, repartindo-se entre os 17 e os 21) é mais elevada do que a generalidade dos alunos da escola. A única aluna que deseja prosseguir os estudos tem 17 anos. A totalidade dos alunos deste curso tecnológico é constituída por indivíduos do sexo feminino e o nível de habilitações dos pais é baixo, não constituindo aqui excepção a aluna que deseja prosseguir os estudos. Relativamente à habilitação académica do pai, e relativamente a estas 4 alunas que não desejam prosseguir os estudos, verificou-se 25% de não-respostas, 25% de analfabetos, 25% correspondentes ao 4º ano de escolaridade e 25% de indivíduos com menos do que o 4º ano. Relativamente às mães, 25% não sabe ler nem escrever e todas as outras têm a instrução primária. À parte uma não-resposta (25%), as profissões dos pais repartem-se entre os trabalhadores de produção (50%) e trabalhadores de comércio e serviços (25%).

Refira-se que 75% destas alunas fizeram testes de orientação escolar e profissional. Destas, 1 aluna (33,3%) discorda de que tenham tido influência nas suas escolhas e 66,7% concordam medianamente (Concordo).

Como pudemos verificar, de acordo com os dados obtidos, o nível socioeconómico das alunas deste curso é significativamente mais baixo do que o dos alunos do curso de Artes e Ofícios, onde todos os alunos responderam desejar prosseguir os estudos para além do 12º ano.

Vejamos agora o caso dos alunos do curso tecnológico de Comunicação que não desejam prosseguir os estudos: 1 do sexo masculino, que não indicou a idade, e 1 do sexo feminino, de 17 anos. Nenhum deles fez testes de orientação escolar e profissional e declararam não estar esclarecidos sobre as profissões mais procuradas pelo mercado de trabalho (Discordo e Discordo Absolutamente).

Analisando agora as habilitações e as profissões dos pais, verificamos que o aluno que não indicou a idade também não indicou a profissão do pai. Quanto à da mãe, incluiu-a na coluna dos trabalhadores de comércio e serviços. Referiu ambos os progenitores como tendo o 9º ano de escolaridade.

O segundo caso trata-se de uma aluna de 17 anos, cujo pai é trabalhador de produção e a mãe é trabalhadora de comércio e serviços, tendo ambos a instrução primária. Parece- nos que esta aluna beneficiaria enormemente com o apoio do serviço de que falámos atrás, que prestasse informação sobre as profissões existentes e sobre a empregabilidade dos diversos cursos. Repare-se que declara não estar esclarecida sobre as profissões mais procuradas pelo mercado de trabalho e demonstra uma certa desorientação ao salientar que, após o 12º ano, deseja “tirar um curso intensivo”, sem indicar a natureza de tal curso. Será o reconhecimento ou a intuição de que a actual escolaridade pouco a habilita para o exercício duma profissão?

À pergunta “Já escolheste a profissão que desejas exercer?” responde Não, mas indica, a seguir, como a mais provável a de educadora de infância, o que é incompatível com a resposta negativa que dera antes à pergunta sobre o desejo de prosseguir os estudos. Ou será que o seu desconhecimento dos cursos disponíveis a faz acreditar na possibilidade de exercer a profissão de educadora de infância com algum “curso intensivo”? Ou estará a referir-se a auxiliar de educação?