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Segundo o artigo 1.037, do Código de Processo Civil, “independerá de inventário ou arrolamento o pagamento dos valores previstos na Lei 6.858, de 24 de novembro de 1980”, tais como saldos bancários, depósito de FGTS, PIS/PASEP, entre outros valores. Tal dispositivo simplificou os arrolamentos, não necessitando abrir inventário se o falecido não possuía bens imóveis.

O Decreto 85.845/81, que regulou a Lei 6.858/80, autorizou a liberação administrativa desses valores, independentemente de alvará. Na falta de dependentes habilitados perante a Previdência é que os interessados, sucessores na ordem civil, pedirão alvará. (VENOSA, 2012).

Para Nogueira da Gama (2007, p. 298) “a finalidade é simplificar o levantamento de pequenas quantias deixadas pelo falecido de modo a evitar ou minimizar a importância de procedimento judicial do inventário, ou mesmo a necessidade da intervenção judicial para tais casos.”

O alvará é uma autorização e não um mandado. Se o alvará não puder ser cumprido em razão de obstáculos jurídicos, administrativos ou resistência de terceiros, a questão será resolvida pelas vias ordinárias. (VENOSA, 2012).

Nesse sentido o Tribunal de Justiça, já deferiu o pedido de alvará para levantamento de valores depositados em nome do falecido, mesmo que esteja sendo feito o inventário e partilha extrajudicial:

APELAÇÃO CÍVEL. ALVARÁ. VALOR DEPOSITADO EM POUPANÇA DEIXADA PELA DE CUJUS. DEFERIMENTO. Tratando-se de herdeiros maiores e capazes, que concordam expressamente que o valor depositado em conta poupança deixada pela falecida, seja levantado para cobrir as

despesas do funeral já pagas, não há impedimento para o deferimento do alvará, ainda que existam bens a inventariar, mormente considerando-se que os herdeiros poderão, se assim optar, fazer o inventário por escritura pública, sem necessidade de ajuizamento de ação de inventário, conforme art. 982 do CPC, com a nova redação que lhe foi dada pela Lei n.º 11.441/2007. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70043398254, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho, Julgado em 09/11/2011).

O recebimento desses valores pelos dependentes do falecido é feito na esfera administrativa, sem necessidade de qualquer providência judicial, mediante apresentação da certidão de dependência fornecida pelo Instituto de Previdência Social, acompanhada de declaração de inexistência de outros bens a inventariar. Em não havendo dependentes habilitados ou seguindo a ordem de vocação hereditária, para levantamento de tais valores se faz necessário o alvará judicial. (NOGUEIRA DA GAMA, 2007).

Portanto, se tiver dependentes habilitados perante a previdência social desnecessário se fazer o alvará judicial, mas caso não houver dependentes indispensável é o alvará para levantamento de tais valores.

CONCLUSÃO

Acerca da Lei 11.441/2007, conclui-se que foi criada para modernizar o processo civil brasileiro, autorizando a realização de partilha, inventário, separação e divórcio pela via administrativa, desde que haja consenso entre as partes, e não haja interessado incapaz, bem como não exista testamento deixado pelo falecido, e que todos estejam assistidos por um advogado.

A referida lei tem por objetivo assegurar aos cidadãos maior celeridade e efetividade nos procedimentos especiais do Código de Processo Civil.

Com isso pretende-se reduzir o volume de atividade do Judiciário, para que os Magistrados direcionam-se a demandas que realmente precisam de sua intervenção, representando a possibilidade de aliviar a justiça de um bom número de processos, pois muitas vezes por alto número de demandas pode a segurança jurídica das partes ser comprometida. Afinal, a atividade notarial equipara-se em suas atribuições à jurisdição voluntária exercida pelos órgãos judiciais.

No entanto, mesmo tendo mais celeridade e a mesma eficácia jurídica, é facultado as partes a opção pela forma judicial ou extrajudicial.

Por fim, a Lei trouxe inúmeros benefícios às partes, pois criou um mecanismo simplificado para resolver as questões patrimoniais após a morte, para que os herdeiros não necessitem suportar as dificuldades de um processo judicial, e a Escritura lavrada pelo Tabelião constitui título hábil para registro no órgão competente, gerando o mesmo efeito de um Inventário Judicial, pois depois de registrado gera efeito erga omnes, ou seja, contra todos.

REFERÊNCIAS

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