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2. A ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO CAPS

2.3 Atenção Farmacêutica em Patologias Psiquiátricas

2.3.2 Patologias psiquiátricas

2.3.2.4 Alzheimer e outras doenças

As demências são enfermidades progressivas que se desenvolvem com dois grupos de sintomas; os cognitivos são os mais conhecidos e afetam funções fundamentais como a memória, a orientação, a linguagem, capacidade de manipulação de objetos, etc. Os denominados sintomas psicológicos e do comportamento são menos citados, mas muito freqüentes. Os mais importantes são os afetivos, psicóticos, por ansiedade, psicomotores, de personalidade, sexuais e diversas mudanças do nível mais básico da complexidade mental. Todos estes sintomas são especialmente relevantes, pois determinam a qualidade de vida do paciente, de seus familiares e cuidadores (NIETO & MANRIQUE, 2005).

A abordagem terapêutica da demência consiste na utilização de medidas não farmacológicas, com diferentes níveis estruturais e o emprego de fármacos que podem suprimir ou aliviar os sintomas (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Do ponto de vista farmacológico, a prática clínica se orienta fundamentalmente no uso do tratamento de base, com um inibidor da acetilcolinesterase nas fases leves e moderadas ou de Memantina nas fases avançadas. Podem ser necessários ansiolíticos, antidepressivos e neurolépticos. Atualmente a introdução de novos medicamentos antidepressivos e neurolépticos, com perfis de ação diferentes e menos efeitos secundários, têm representado

um avanço substancial no manejo dos sintomas, sobretudo do ponto de vista da eficácia, tolerância e a maior possibilidade de aplicação do tratamento (NIETO & MANRIQUE, 2005).

A primeira questão é diferenciar os sintomas iniciais da demência do discreto declive cognitivo que se associa à idade. Diante da suspeita, o farmacêutico deve orientar a família a procurar um médico para que sejam realizados os testes pertinentes e para que se possa diferenciar um processo de envelhecimento normal de um início de enfermidade (NIETO & MANRIQUE, 2005).

O tratamento farmacológico de base se instala em longo prazo. Contudo, o tratamento sintomático a base de ansiolíticos, neurolépticos ou antidepressivos deve durar somente enquanto durar os sintomas e não deve manter-se de forma indefinida se a sintomatologia não o justifica (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Geralmente os conselhos são mais dirigidos à família e cuidadores que ao próprio enfermo, embora nas fases leves seja possível orientar diretamente o paciente (NIETO & MANRIQUE, 2005).

O farmacêutico deve fazer uma série de orientações aos familiares dos pacientes com a enfermidade de Alzheimer ou outras demências. Entre elas: A família deve procurar ajuda em associações locais de familiares de pacientes com Alzheimer para que recebam orientações e o apoio necessário; os familiares devem se lembrar que não estão enfrentando uma pessoa, e sim uma enfermidade e que o paciente não é culpado de seus comportamentos (NIETO & MANRIQUE, 2005).

A depressão pode complicar os problemas de uma pessoa com Mal de Alzheimer. Assim, é importante ficar atento aos sintomas de depressão, incluindo mudanças no sono ou apetite e pensamentos de morte ou suicídio. Devem-se manter atividades agradáveis e

contatos sociais para ajudar a evitar a depressão. Em caso de suspeita de depressão, o familiar deve falar ao médico ou a outro profissional da área de saúde (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Caso o paciente se negue a comer deve-se: Verificar se existe alguma dificuldade para que ele o faça: próteses em mal estado, lesões na boca, etc; procurar alimentos mais triturados e que o momento da refeição seja agradável e relaxado; não discutir com o paciente nem forçá-lo a se alimentar; fixar um horário de alimentação constante para facilitar o hábito; etc (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Muitas vezes o paciente quer comer continuamente, esta situação pode ocorrer devido ao aborrecimento, por isso é muito importante que o ele tenha sempre atividades cotidianas programadas para realizar. Além disso, outras ações podem ser praticadas: oferecer-lhe porções pequenas; alimentação de baixa caloria; não discutir com o paciente; servir a comida morna e utilizar alimentos de fácil digestão (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Quando o paciente se mostra hiperativo ou apresenta perambulação constante, situação própria das primeiras fases deve-se: procurar uma atividade física normal; averiguar se o paciente realiza estes comportamentos por aborrecimento e tentar evitá-lo oferecendo alternativas que lhe interesse; mostrar carinho e presença mediante o tato e carícias; mas se apesar destas medidas a perambulação persistir, procure um calçado cômodo e silencioso, trace uma rota segura, como um corredor, e deixe-o realizar (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Caso o paciente se negue ao asseio: averiguar a causa e tentar buscar uma solução sem provocar discussões e nem forçá-lo ao asseio; procurar todas as facilidades para sua execução; incrementar as medidas de segurança; procurar tranqüilidade, evitar ruídos, pressa; esforçar-se para conseguir intimidade, fazendo com que se sinta cuidado e não vigiado; fazer da higiene um ato rotineiro; realizar comentários positivos acerca dele quando estiver limpo, mostrar-se

particularmente afetivo quando aparece asseado e bem vestido. Abster-se de fazer comentários quando não realiza as medidas de asseio (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Transtornos do sono podem aparecer devido a mudanças de medicação, de ambiente, da própria enfermidade, a manifestações depressivas e ao tipo de vida que leve o enfermo. A recuperação de um adequado padrão de sono noturno é uma tarefa difícil e geralmente apresenta pouco êxito, entretanto, devem-se colocar em ação todas as ações conhecidas: Fazê- lo sentir que sempre haverá alguém ao seu lado para acompanhá-lo e disposto a ajudá-lo embora esteja doente; Verificar se todas as suas necessidades básicas foram satisfeitas como alimentação, higiene, comunicação, entretenimento, etc, cuidando para que ao deitar esteja limpo, sem fome, com uma roupa cômoda e adequada e um leito confortável; Fazer com que permaneça na cama aproximadamente sempre o mesmo tempo; Caso se levante desorientado no meio da noite e decida realizar uma atividade imprópria para o lugar e hora, não tentar fazê-lo raciocinar acerca disso, entretê-lo com alguma outra atividade e tentar com carinho que ele volte para cama (NIETO & MANRIQUE, 2005).

O paciente pode apresentar quadro de ilusões ou alucinações. As ilusões são distorções visuais, olfativas, auditivas, gustativas e/ou táteis, na percepção de coisas presentes. As alucinações são distorções, que também podem ser visuais, olfativas, auditivas, gustativas e/ou táteis, neste caso, na percepção de coisas não presentes (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Diante de uma percepção distorcida o enfermo pode raciocinar de muitas maneiras, sendo necessário avaliar o alcance destas. Cada distorção pode ter uma abordagem diferente, mas acredita-se que tenha utilidade a recomendação de medidas gerais como: Não tentar argumentar com ele explicando que o seu comportamento é absurdo; Não lhe dê razão, mas se não houver perigo, deixe que disfrute um pouco delas; Quando a percepção errônea ocorre em um lugar público e causa assombro, risos, confusão e medo entre as pessoas que ali estão, o

cuidador não deve se envergonhar do comportamento do enfermo, ele deve tentar explicar o transtorno que este padece. É importante que o cuidador diferencie ilusões e alucinações, e assim informe o médico, já que as alucinações são susceptíveis ao tratamento farmacológico (NIETO & MANRIQUE, 2005).

As mudanças de caráter são freqüentes ao longo da enfermidade, mas, sobretudo em sua fase inicial, podendo ocorrer que repentinamente e sem causa aparente o enfermo se mostre agitado e/ou agressivo, sendo neste momento a comunicação com ele particularmente importante (NIETO & MANRIQUE, 2005).

Assim, é útil seguir recomendações como: Averiguar a causa que tenha desencadeado o comportamento, como frio, fome, situações estressantes, uma conversa que tenha interpretado mal, e em seguida tente evitar tais fatores; Comece a tocá-lo e a acariciá-lo lentamente e nas zonas mais distais; Converse muito devagar e tente acalmá-lo; Caso a agressão seja perigosa aproximar, sem ser visto, detê-lo e retirá-lo do lugar de perigo (NIETO & MANRIQUE, 2005).

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