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5. RECORTES E ENQUADRAMENTOS DO AMBIENTAL NOS LIVROS

5.3 O AMBIENTAL NO LD3

No LD3, a maioria dos recortes foram selecionados na leitura dos capítulos referentes ao Centro-Sul. Os recortes com menção explícita enquadram-se nas categorias 2 e 3. Dentre os três livros analisados e a partir do referencial de pesquisa adotado neste trabalho, foi somente no LD3 que se verificou a presença de recortes em que aparecem possibilidades de uma leitura crítica e interpretativa do ambiente.

Do estudo da Amazônia, foram destacados oito recortes de texto para análise. Desses, quatro aparecem com menções explícitas à temática e quatro com menções potenciais.

Já no primeiro recorte selecionado é possível ler um texto que ao trazer informações sobre os projetos de ocupação da Amazônia e expor sua crítica em relação aos mesmos contempla o social e o ambiental e apresenta alguns pontos negativos desse modelo de ocupação. Além de apresentar a questão da devastação da floresta e exploração de riquezas da área, associa esses pontos à população local, aos conflitos pela posse de terra e a invasão de terras indígenas, mostrando não somente um cenário de devastação atribuído a ação humana, mas permitindo uma leitura em que as diversas dimensões da ocupação e organização do espaço estão presentes na construção do conhecimento.

Pode-se observar essa característica textual também na análise do recorte 2. Neste, coloca-se a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia, um modelo que combine a preservação

com uma melhora nas condições de vida da maioria dos habitantes. Não se rotula que tipo de modelo seria esse e também não se fala em garantir recursos às futuras gerações, mas sim em melhorar as condições de vida dos habitantes. Esse texto permite uma discussão com os estudantes sobre possíveis modelos de desenvolvimento para a região, um modelo que considere a preservação, mas também inclua os habitantes, ou seja, não se exclui o homem para que a floresta ali esteja, mas ao contrário os combina.

Em recorte com menção potencial, como por exemplo, o recorte 3 também é possível notar a presença da destruição da floresta e outros aspectos naturais pela “[...] violenta ação desorganizada e devastadora do homem”.

Já no recorte 4, também com menção potencial, há a presença de uma leitura que considera a interdependência entre os elementos naturais na Amazônia, por exemplo, determinada ação envolvendo um elemento pode resultar em alterações em outro deles. Mesmo apresentando essa perspectiva também nota-se o discurso dos danos e desaparecimento de espécies.

No subitem – hidrografia, assim como nos outros livros, cita-se o despejo de mercúrio nas águas dos rios, afetando peixes e seres humanos e no mesmo subitem aparece um recorte com menção explícita à temática ambiental relacionada à construção de usinas hidrelétricas e a polêmica em torno das mesmas pelos impactos que causam ao ambiente, porém não se menciona que tipos de impactos são esses.

Percebe-se, nos três livros analisados que as expressões problemas, impactos, danos, prejuízos e destruição aparecem constantemente sem maiores explicações, seja em recortes com menção explícita ou potencial à temática ambiental.

No recorte 8, selecionado dentre os conteúdos da Amazônia, destacou- se uma menção explícita à temática ambiental e vinculada ao extrativismo mineral. Além de citar os “problemas ambientais” se menciona também os sociais representados pelos conflitos entre povos.

No estudo da região Nordeste selecionou-se cinco recortes textuais, três com menção potencial e um com menção explícita à temática ambiental. No LD3 também aparece a informação de que dentre os três complexos regionais,

o Nordeste e o Centro-Sul, foi os que tiveram suas paisagens naturais mais transformadas por conta do longo período de ocupação.

Na Zona da Mata, a vegetação predominante (mata atlântica) “[...] foi quase totalmente devastada” e no lugar dela surgiram cidades além das culturas agrícolas. Nota-se nesse texto uma inserção da cidade na transformação da paisagem, permitindo um entendimento de paisagem que abarque não só os aspectos naturais.

Assim como no LD1, no LD3 os manguezais aparecem como formações vegetais “ameaçadas” ou “degradadas”. No LD1 a menção à degradação ambiental dos manguezais aparece como conseqüência do turismo e no LD3 faz parte do texto das condições naturais do nordeste, no subtema vegetação e clima. No LD3 o texto permite uma compreensão mais ampla dos processos que envolvem essa vegetação e não está atrelado apenas à questão do turismo.

No recorte de texto 4, uma menção explícita à temática ambiental aparece vinculada a apresentação dos “problemas ambientais” que afetam o Rio São Francisco. Este, apesar de estar vinculado a “problemas ambientais”, aponta possibilidades para uma leitura crítica e interpretativa de ambiente relacionada à utilização da água em uma região marcada pela seca. Apenas no LD3 aparecem às questões do assoreamento em trechos próximos das margens e afluentes e o lançamento de esgotos no estudo dos problemas que afetam esse rio. Também nota-se a referência a população ribeirinha e suas práticas de atividades agrícolas. Todas essas dinâmicas fazem parte da relação com o rio e podem ser trabalhadas em sala de aula.

O último recorte selecionado no estudo da região Nordeste traz uma menção explícita à temática ambiental. Nesta também é possível perceber a presença da expressão prejuízos ao ambiente atrelada à construção de empreendimentos em áreas litorâneas sem maiores explicações sobre tais.

No estudo do complexo regional Centro-Sul, 12 recortes textuais foram destacados para análise. Seis deles aparecem com menção explícita e seis com menção potencial à temática ambiental. Os recortes com menção explícita enquadram-se nas categorias 2 e 3.

Entre os recortes com menção explícita o primeiro deles apresenta uma possibilidade de leitura crítica do ambiente. Assim como o Nordeste, o Centro-

Sul também teve sua paisagem natural bastante alterada pela ocupação e desenvolvimento da região. São apresentados ao leitor os fatores que compuseram essa forte transformação chamando a atenção para uma visão de natureza “como mera fornecedora de recursos”, concepção que seria própria das sociedades capitalistas e que geram os tão presentes “problemas ambientais”. Apesar de permitir uma leitura crítica como acima mencionado, observa-se também a presença da expressão problemas ambientais sem maiores explicações sobre os mesmos.

Nos recortes 3 e 4 o ambiental também aparece vinculado à impactos ou destruição e estão inseridos dentro de um texto complementar sobre o turismo no litoral.

Na análise do recorte 10, pode-se constatar uma possibilidade de leitura crítica e interpretativa do ambiente relacionado à modernização da agricultura brasileira. As transformações econômicas, sociais e ambientais ocorridas por esse processo aparecem atreladas ao contexto espacial. Nesse sentido há neste fragmento textual uma abordagem que permite relacionar essas transformações e espacializá-las. Nesse sentido, pode-se proporcionar a construção de um saber geográfico que relaciona as diversas dimensões que estão presentes no estudo do espaço geográfico.

Nos recortes 2 e 5 com menções potenciais à temática ambiental tem-se fragmentos textuais em que processo de ocupação ou utilização do espaço encontra-se no estudo do relevo e hidrografia. Esse tipo de abordagem pode possibilitar entendimentos dos processos de transformação do espaço e a relação entre os elementos que o compõe.

No estudo da subunidade clima e vegetação também há a presença de recorte textual que informa sobre o que resta da mata atlântica, assim como, a devastação da mata de pinhais típica da região Sul.

Quanto ao Pantanal este também vem sendo afetado pela ação humana. Cita-se a poluição dos rios e o desmatamento em referência a essa alteração que vem sendo causada pelo homem.

Apesar de verificar permanências e reducionismos no tratamento da temática ambiental no LD3, pode-se contatar a presença de construções textuais que permitem uma leitura crítica e interpretativa de ambiente. Alguns textos apresentam os conteúdos e fazem alusão ao social e ambiental outros

mencionam a interdependência entre os elementos naturais e alteração da paisagem. Além disso, observa-se uma distribuição semelhante entre a presença de menções explícitas e potencias à temática ambiental no estudo das regiões.