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3. Suinocultura Familiar

3.5. Ambiente de criação de suínos

Segundo Baeta e Souza (2010), o ambiente externo animal compreende todos os fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e climáticos que interagem com o animal, produzem reações no seu comportamento e definem assim, o tipo de relação animal-ambiente.

Os fatores físicos do ambiente incluem espaço, luz, som e equipamentos. Os gases presentes na atmosfera figuram como exemplo de fatores químicos; assim como a natureza do material alimentar representa um fator biológico do ambiente. Os fatores sociais incluem o número de animais por área, o comportamento e a ordem de dominância, e os fatores climáticos a temperatura, a umidade relativa, o movimento do ar e a radiação (BAÊTA e SOUZA, 2010).

Para implantar um sistema de suinoculturas familiares adequado, faz-se necessária a elaboração de um estudo completo das mesmas. Nesse estudo é de grande importância a caracterização do ambiente térmico animal, que pode ser feita por meio da variável temperatura efetiva. Para determinada faixa de temperatura efetiva ambiental, o animal mantém constante a temperatura corporal, com mínimo esforço dos mecanismos termorregulatórios. É interessante ressaltar que essa é a zona de conforto térmico ou de termoneutralidade, em que não há sensação de frio ou calor e o desempenho do animal em qualquer atividade é otimizado (BAÊTA e SOUZA, 2010).

Em regiões tropicais e subtropicais, sob condições de verão e naturais, dificilmente se verifica a ocorrência de temperaturas ambientais dentro da faixa de conforto nos horários mais quentes do dia. Sendo assim, procura-se manter os animais numa faixa de modesto conforto térmico, na qual por meio de pequenos ajustes comportamentais, os animais conseguem manter sua homeotermia (TINÔCO, 2003). Essa zona termoneutra é limitada inferiormente pela temperatura crítica inferior, região onde o animal necessita aumentar a taxa de produção de calor para manter a homeotermia. O limite superior da faixa de conforto é delimitado pela temperatura crítica superior, na qual o animal estressado deve perder calor para o meio de maneira a manter a temperatura corporal constante (CURTIS, 1983). Assim sendo, para suínos em crescimento/terminação a temperatura crítica inferior situa-se em 5ºC e a temperatura critica superior em 28ºC (CURTIS, 1983).

Para Nããs (1994), o conceito de conforto térmico é muito amplo e está diretamente relacionado ao microclima gerado dentro da instalação, que é naturalmente influenciado pelas condições climáticas externas. Como as variáveis ambientais não são estáticas, as instalações não devem ser iguais para regiões diferentes. Entretanto, segundo Baêta e Souza (2010), o ambiente interno de uma instalação é dependente das características construtivas, dos materiais utilizados na construção, da espécie, do número de animais, do manejo e das modificações causadas pelos equipamentos do sistema produtivo e por aqueles que visam o acondicionamento ambiental.

3.5.1. Índices do ambiente térmico

A temperatura do ar, possivelmente, é um dos fatores bioclimáticos que mais pode influenciar o ambiente físico animal (McDOWELL, 1975). Apesar da

37 temperatura do ar ser de extrema importância, essa variável isoladamente não é suficiente para avaliar as condições térmicas ambientais que influenciam os processos fisiológicos do mesmo. Para se ter uma avaliação mais completa do ambiente térmico, ao qual o animal está submetido, deve-se avaliar além da temperatura, fatores como a umidade relativa do ar, radiação solar e velocidade do ar. Essa avaliação é importante devido à atenção que vem sendo dispensado ao conforto térmico animal, devendo sempre ser feita nas instalações zootécnicas durante o período de criação, nas diferentes estações do ano e localidades.

3.5.1.1. Índice de temperatura de globo negro e umidade

O Índice de Temperatura de Globo Negro e Umidade (ITGU), segundo Buffington et al. (1981), considera em um único valor os efeitos da temperatura de bulbo seco, da umidade relativa, da radiação e da velocidade do ar. Esse índice é usado para avaliar as condições de conforto animal e pode ser representado pela seguinte expressão (Equação1):

ITGU = Tgn + 0,36 Tpo - 330,08 (Equação1) Em que:

ITGU = Índice de Temperatura de Globo e Umidade, adimensional; Tgn = temperatura de globo negro, K; e

Tpo = temperatura do ponto de orvalho, K.

A temperatura de globo negro é obtida a partir de uma esfera de cobre, com 0,15 m de diâmetro e 0,05 mm de espessura, pintada externamente com tinta fosca, contendo o elemento sensor de temperatura em seu centro.

3.5.1.2. Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar é um fator climático que auxilia na determinação do conforto térmico do ambiente, podendo constituir-se num fator negativo para a produtividade suinícola, quando atinge valores muito baixos ou muito altos. O limite de tolerância dos suínos a umidade está ligado a temperatura, já que taxas elevadas de umidade diminuem a capacidade de dissipação do calor corporal por meios evaporativos. A umidade está ainda relacionada com a viabilidade de agentes infecciosos nas partículas aeradas. Quanto mais elevada a umidade, maior a chance de sobrevivência dos patógenos. Nienaber et al. (1996) sugeriram que a umidade em instalações

para suínos em condições satisfatórias de temperatura permaneça entre 60 e 80%.

3.5.2. Indicadores fisiológicos de bem-estar animal

Vários indicadores de estresse podem ser utilizados em animais: o ritmo e volume respiratório, o ritmo cardíaco, a pressão arterial, a temperatura corporal, a temperatura da pele, o nível de atividade, a ingestão alimentar e de água, as características de pelagem, a concentração de adrenalina, corticosterona, cortisol, FSH, LH, ocitocina, somatotropina e TSH (SOUSA, 2009).

Parâmetros fisiológicos como frequência respiratória e temperatura da pele podem indicar, mais rapidamente e de modo prático, se os animais encontram-se fora da zona de conforto em uma amplitude que prejudique a produtividade dos mesmos. Esses parâmetros já foram utilizados com sucesso como indicadores de bem-estar por vários autores (SOUSA, 2009, LIMA et al., 2011, NAZARENO et al., 2012)