• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III Tecnologias da informação e comunicação

3.1. Ambientes Assistidos de vida

Num País onde o envelhecimento é cada vez mais notório e crescente uma das grandes preocupações sociais reflete-se perante uma vasta procura de soluções adequadas e adaptadas que visam aumentar o conforto e a segurança dos idosos, no seu local de preferência.

Segundo Ferreira (2013) esta procura torna-se ainda mais relevante e necessária quando aplicada nos contextos onde as pessoas requerem um acompanhamento diário.

A preocupação social centra-se, deste modo nos cuidados que devem ser tidos em conta com a faixa etária mais envelhecida. Esse tipo de cuidados passa pela saúde e

~ 50 ~

acompanhamento médico diário, com o intuito de manter uma boa qualidade de vida bem como um maior bem-estar. Desde então, o avanço das TIC tem-se salientado segundo Ferreira (2013) como uma potencial mais valia no dia a dia das pessoas, uma vez que podem auxiliar o idoso na manutenção de níveis favoráveis de autonomia.

Neste âmbito incide a temática do Ambient Assisted Living (AAL), mais concretamente de serviços em ambientes assistidos de vida, para manutenção da saúde, segurança e autonomia dos idosos. Segundo Ferreira (2013) no que concerne à temática do AAL que decorreu no dia 10 de novembro de 2007, em Darmstadt, estes serviços devem focar-se na segurança de pessoas e bens através de métodos preventivos, mas também por meios de deteção para casos de emergência.

Deste modo, o projeto AAL pode efetivamente apresentar-se como uma mais- valia por se associar a uma rede de profissionais, cuidadores formais, informais, linhas de apoio e emergência na medida que, quanto maior for a rede de suporte do idoso maiores poderão ser os ganhos em termos da sua saúde nomeadamente no que concerne à sua autonomia, segurança e bem-estar (Barros et al., 2013). Assim sendo e, atendendo a algumas das características provenientes da idade avançada, como é o caso das quedas, é fundamental que as redes de suporte do idoso sejam vastas, com o intuito de lhes transmitir uma maior segurança.

Segundo a Associação Fraunhofer Portugal (2017) o projeto AAL parte de uma solução tecnológica que tem como principal objetivo responder à mudança demográfica em Portugal e na Europa. A associação Fraunhofer Portugal revelou assim parte do seu trabalho na busca de soluções adaptadas para os idosos que desejam residir no seu ambiente de preferência potenciando-lhes de certo modo, através dos seus aplicativos, um possível prolongamento dos seus anos de vida, com qualidade. É de salientar que estas soluções se focam em diversos objetivos, tais como: o aumento da autonomia, a maximização da mobilidade e da autoconfiança, o apoio para a manutenção das capacidades funcionais, promoção de um estilo de vida mais saudável, aumentar a segurança de quem está só, e o aumento da eficiência e produtividade dos recursos utilizados nas sociedades envelhecidas.

Estas tecnologias tornam-se deste modo inerentes a um maior e melhor acompanhamento do dia a dia do idoso nomeadamente pelas ligações diretas que o AAL proporciona pelas redes de vizinhança, familiares, profissionais e redes de alerta de 24horas para os idosos que beneficiam deste equipamento. Estas ligações, diretas, podem permitir além da sensação de ligação ao outro relativamente ao cuidado que lhe é

~ 51 ~

prestado, um cuidado permanente quando acionados em cooperação e coordenação com os serviços comunitários e/ou profissionais (Malcolm Payne citado por Carvalho, M. I., & Pinto, C., 2014).

No entanto, a utilização do AAL depende ainda do grau de confiabilidade que o idoso deposita no equipamento na medida que é através do mesmo que este pode monitorizar os seus sinais vitais através de sensores, por exemplo, que lhe “permitirá detetar situações de perigo alertar outras pessoas desse mesmo perigo” (Ferreira, 2013, p.16).

Contudo, quando abordada a implementação de dispositivos tecnológicos no quotidiano das pessoas é necessário atender a alguns aspetos, nomeadamente quando a franja populacional é tendencialmente envelhecida. poderá É comum persistir alguma desconfiança por parte dos utilizadores fundamentalmente no que concerne à privacidade. Além deste aspeto é necessário atender ao modo adaptativo que os idosos têm face a utilização diária destes equipamentos, para que futuramente seja possível garantir a eficácia máxima dos mesmos (Ferreira, 2013).

Segundo Ferreira (2013, p.19) existem dois fatores fundamentais que devem ser tidos em conta na tomada de decisão dos idosos relativamente à utilização do AAL: os psicológicos e os tecnológicos. Os primeiros associam-se à aceitação ou não aceitação das pessoas no que concerne à perda das suas capacidades motoras na realização das suas atividades diárias. Tendo em conta que a autonomia além de promover um maior bem-estar e qualidade de vida dos indivíduos, é também uma forma de se manterem ativos no seio de uma comunidade, o AAL pretende, através das TIC, “dar aos idosos alguma autonomia no desempenho das tarefas e garantir que haja uma participação da sociedade na vida destas pessoas (Ferreira, 2013, p.19).

Contudo, é também necessário refletir sobre os contextos nos quais se aplicam as tecnologias da informação e comunicação. Pois, toda a relevância de uma intervenção não passa somente pela visão abstrata das necessidades da pessoa idosa, mas sim, também, pela importância do contexto da própria pessoa no seu ciclo vital. Muitas das vezes, através de ligações em rede, todo esse sistema que reaproxima as pessoas através das TIC pode fomentar-se como uma mais valia no que concerne ao bem-estar de quem necessita de ser acompanhado diariamente.

Ferreira (2013) salienta ainda que de entre os fatores tecnológicos a desconfiança por parte dos equipamentos tecnológicos ou até mesmo das TIC, é uma questão de relevo quando falamos de Ambientes assistidos de vida (AAL). Nesse

~ 52 ~

sentido, a adaptação é uma componente fundamental nomeadamente quando pensada numa faixa etária avançada para a qual se criam interfaces adaptados, acessíveis e com algumas especificidades. Para tal, a preparação para a utilização dessas tecnologias é altamente relevante e necessária para que se consiga gerar uma maior aceitação por parte dos utilizadores quando necessárias.