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Para desenvolver uma Arquitetura da Informação para Repositórios Científicos Digitais foi necessária a realização de uma análise em vários

5 http://eprints.rclis.org 6 http://www.uminho.pt/default.aspx 7 http://www.eprints.org/software/ 8 http://www.dspace.org 9 http://www.fedora.info/ 10 http://www.i-tor.org/en/toon 11 http://archimede.bibl.ulaval.ca/archimede/pages/home/index.jsf

tipos de ambientes científicos digitais a fim de identificar caracterís- ticas e recursos específicos. Esses ambientes abrangem: bibliotecas digitais, periódicos científicos e repositórios científicos digitais. A identificação dessas características e recursos visa à elaboração de uma listagem de itens a serem analisados no contexto da Arquitetura da Informação, com o intuito de auxiliar desenvolvedores e usuários na avaliação de ambientes informacionais digitais, principalmente, dos repositórios científicos digitais.

Pode-se considerar que existem objetivos em comum entre esses tipos de ambientes informacionais: armazenar, representar, preservar, interoperar, facilitar o acesso e disseminar informações. Assim, várias atividades desses ambientes se assemelham: oferecer acesso remoto e simultâneo, gerenciar conteúdo, preservar e recuperar as informações, tratar o conteúdo considerando a representatividade, a segurança e a confiabilidade do mesmo, oferecer coleções de documentos bibliográ- ficos e completos, oferecer produtos e serviços, utilizar metadados e possuir diversas fontes e formatos.

Pode-se considerar ainda que os tipos de ambientes selecionados para análise contemplam de forma expressiva as características gerais de todos os tipos de ambientes científicos digitais, entretanto, esses ambientes podem incorporar novas funções, serviços e princípios para atender da melhor forma possível os seus usuários, considerando a dinamicidade e a interatividade da Internet. Por exemplo: a recupera- ção da informação pode ser auxiliada por um vocabulário controlado e pelo tratamento semântico de acordo com a comunidade efetiva, e os metadados podem ser adaptados para descrever objetos digitais de acordo com o acervo do ambiente, bem como contribuir para a utilização de um agregador de conteúdo.

Apresentam-se a seguir alguns elementos essenciais que devem ser abordados pelos ambientes científicos digitais, principalmente pelos repositórios.

• Ferramenta de Busca: também conhecidas como pesquisadores,

mecanismos ou motores de busca, são programas computacio- nais desenvolvidos com o objetivo de registrar, em bases de dados, as representações descritivas e temáticas dos websites, com a finalidade de possibilitar a recuperação de informações

solicitadas, segundo as estratégicas de busca adotadas pelos usuários. A estratégia de busca depende do tipo de usuário e da própria ferramenta, pois esse mecanismo pode possibilitar uma estratégia simples e/ou avançada. Rosenfeld e Morville (1998) comentam sobre o sistema de busca, que demonstra a variedade de expectativas dos usuários, que podem: buscar por itens conhe- cidos, quando algumas necessidades são claramente definidas e requerem uma resposta simples, buscar por ideias abstratas (o usuário sabe o que ele quer, mas tem dificuldade em descrever), buscar de forma exploratória (o usuário sabe como expressar sua questão, mas não sabe exatamente o que espera encontrar e está apenas explorando uma questão para poder aprender algo mais), e buscar de forma compreensiva (os usuários querem todas as informações disponíveis sobre um determinado assunto).

• Metadados: segundo Alves (2010) os “metadados são atributos

que representam uma entidade (objeto do mundo real) em um sistema de informação”. A autora afirma que metadados “são elementos descritivos ou atributos referenciais codificados que representam características próprias ou atribuídas às entidades”; “são ainda dados que descrevem outros dados em um sistema de informação, com o intuito de identificar de forma única uma entidade (recurso informacional) para posterior recuperação”. Os metadados trazem diversas vantagens para os usuários, pois por meio de uma representação padronizada dos recursos in- formacionais disponíveis em meio eletrônico, proporcionam o acesso mais amplo aos conteúdos, facilitam a busca, integram e compartilham recursos heterogêneos (GILLILAND-SWETLAND, 1999; ORTIZ-REPISO JIMÉNEZ, 1999). Para os profissionais da Ciência da Informação, o termo metadados está relacionado com o tratamento da informação, mais especificamente às formas de representação de um recurso informacional para fins de identi- ficação, localização, preservação, administração e recuperação, ou seja, dados sobre catalogação e indexação que servem para organizar e tornar a informação mais acessível (GILLILAND- -SWETLAND, 1999).

• Política: a maioria dos ambientes científicos digitais é desen-

volvida por iniciativas de instituições responsáveis e confiáveis, as quais definem políticas que abrangem formas de uso e ge- renciamento informacional e questões sobre direitos autorais. As políticas orientam as coleções e garantem a visibilidade do ambiente, prevendo: forma de acesso, tipo de documentos, res- trições ao nível do conteúdo do documento, formas de depósito de documentos, tipologias de formatos, formato de documen- tos, digitalização de documentos, normalização de formatos, segurança e preservação da informação e normalização para documentos eletrônicos. Cada política varia de acordo com o tipo de ambiente e deve ser adequada ao contexto do objeto informacional. É importante ressaltar que os ambientes informa- cionais precisam adotar políticas e diretrizes de auto-avaliação e auto-reajuste/realimentação, bem como ter transparência na divulgação de resultados e utilizar critérios de reconhecimento pessoal para impulsionar a motivação para o sucesso do ambiente informacional.

• Interoperabilidade: normas, padrões e regras sempre foram

desenvolvidos, a fim de garantir a precisão dos recursos infor- macionais para um acesso e recuperação efetivos, sobretudo em ambientes informacionais específicos, tais como as bibliotecas e repositórios digitais. A interoperabilidade é a capacidade de compartilhamento de informações em diferentes sistemas por meio de ferramentas como linguagem de marcação adequada como XML (Extensible Markup Language), uso de metadados e arquiteturas de metadados. As informações registradas e arma- zenadas em diferentes estruturas e comunidades do conheci- mento poderão ser intercambiadas, possibilitando um trabalho conjunto entre sistemas e usuários.

• Preservação: muitos ambientes digitais não possuem URL (Uni-

form Resource Locator) permanente e de acordo com Coelho (2005, p. 9) algumas plataformas de desenvolvimento pode garantir “que a referência (URL) permaneça da mesma forma a longo prazo, pois os utilizadores necessitam de referências

permanentes e estáveis para os seus trabalhos e estes tornam-se fundamentais para as suas citações”. Assim, a permanência das URLs é uma forma de preservação da informação, que segundo Boeres e Márdero Arellano (2005, p.2) “é a parte mais longa e também a última do ciclo de gerenciamento de objetos digitais, com ela é garantido o emprego de mecanismos que permitem o armazenamento em repositórios de objetos digitais e que garantem a autenticidade e perenidade dos seus conteúdos”. Esses autores (2005, p. 4) relatam que preservação digital requer “estratégias e procedimentos para manter sua acessibilidade e autenticidade através do tempo, podendo requerer colaboração entre diferentes financiadoras e boa prática de licenciamento, metadados e documentação, antes de aplicar questões técnicas”. Boeres e Márdero Arellano (2005, p. 10) esclarecem que

Uma aceitável política de preservação digital implica em obser- var e aplicar procedimentos que podem ser inclusive aceitos como estratégias de preservação. Entre eles estão os relativos à tecnologia da informação, mais especificamente no tocante a compatibilidade de hardware, software e migração dos dados (conversão para outro formato físico ou digital, emulação tecno- lógica e espelhamento dos dados); observação da integridade do conteúdo intelectual a ser preservado; análise dos custos envol- vidos no processo; o desenvolvimento de uma criteriosa política de seleção do que será preservado e, intimamente atrelado a isto, a observação das questões concernentes ao direito autoral.

Para o Commission On Preservation & Access/ Research Libra- ries Group as principais estratégias para a preservação digital estão relacionadas a preservação da tecnologia, a tecnologia de emulação e a migração da informação (WATERS; GARRETT, 1996). Além dessas estratégias, Sayão (2008, p. 176) cita a “preser- vação física, lógica, intelectual, do aparato e o monitoramente e a instrumentalização da comunidade-alvo”. Em 2003 o grupo RLG-OCLC (Research Library Group) realizou uma pesquisa

com aspectos práticos da implementação de metadados de preservação e projetos de preservação digital. Esses metadados informam sobre a origem do material, os detalhes técnicos dos registros (como qual foi a versão do software usado, como foi construído o registro etc.) Isso pode ser usado como um meio de estocar a informação técnica que apóia a preservação dos objetos digitais e visa apoiar e facilitar a retenção, a longo prazo, da informação digital.

• Acessibilidade: iniciativas governamentais surgem para mini-

mizar problemas de acesso e inclusão digital, visando auxiliar usuários portadores de necessidades especiais por meio de re- comendações de princípios específicos de acessibilidade. Torres e outros (2002) relatam que a acessibilidade consiste em tornar disponível ao usuário, de forma autônoma, toda a informação que lhe for franqueável, independentemente de suas caracte- rísticas corporais (individuais/orgânicas), sem prejuízos quanto ao conteúdo da informação. O autor relata ainda que devem ser feitas adequações de requisitos para usuários com limitações associadas à motricidade, audição e visão. Baranauskas e Man- toan (2001, p. 14) comentam que “aspectos de acessibilidade em páginas web consideram a variedade de contextos de interação que podem estar relacionados a diversos tipos de situações dos usuários com ou sem deficiência. Entre esses cidadãos encontra- -se também a população de idosos”. Freire e Fortes (2004) relatam que durante o desenvolvimento de um ambiente informacional digital é necessário que sejam levados em consideração os di- ferentes cenários em que o usuário poderá acessá-lo, tais como casos em que o usuário possui dificuldade para ler, ouvir, ou compreender o conteúdo do website, ou casos em que o usuário utiliza dispositivos com interfaces não convencionais. Também deve ser considerado que o usuário pode estar utilizando browsers e/ou sistemas operacionais diferentes, ou ter restrições quanto à velocidade da conexão com a Internet. Nesse sentido, Corradi e Vidotti (2007, p. 3) relatam que

Para a efetivação da inclusão digital e social de usuários info- excluídos das potencialidades da era informacional, além de ampliar o acesso à Internet em todos os segmentos da sociedade, torna-se necessário promover ambientes informacionais que agreguem elementos de acessibilidade favoráveis à interação homem-computador.

As autoras (2007, p. 3) consideram que um “[...] ambiente digital pode possibilitar o atendimento às distintas formas de intera- ção do usuário com a informação, respeitando suas condições sensoriais, lingüísticas e motoras em relação ao hardware e ao

software utilizados”. Winckler e Pimenta (2002, p. 2) relatam que

“a maioria das recomendações ergonômicas e recomendação para acessibilidade não limita a utilização da interface apenas a pessoas com necessidades especiais”. Algumas das recomen- dações podem ser úteis para qualquer usuário, como: descrever imagens e animações (atributo ‘alt’), incluir transcrição de áudio e descrição de vídeos, usar cabeçalho, listas e estruturas consis- tentes etc. As recomendações de acessibilidade para a Web po- dem ser encontradas nos guias de acessibilidade do World Wide Web Consortium (W3C): Web Content Accessibility Guidelines (WCAG), Authoring Tool Accessibility Guidelines (ATAG) e User Agent Accessibility Guidelines (UAAG).13

• Usabilidade: esse termo começou a ser utilizado no início da

década de 80, principalmente nas áreas de Psicologia Cognitiva e Ergonomia, como um substituto da expressão “userfriendly”, considerando-o como facilidade de aprendizagem, rapidez no desempenho da tarefa, baixa taxa de erro, interface adequada ao sistema e satisfação subjetiva do usuário. Para Silvino e Abrahão (2003, p. 13) “a usabilidade, aferida pelos critérios ergonômicos e de funcionalidade, indica o grau de facilidade que a página oferece ao ser acessada”. A usabilidade, por sua vez, refere-se à qualidade de interação entre os usuários e os ambientes in- formacionais digitais no momento do uso e está relacionada

à Arquitetura da Informação, pois permite a avaliação desses ambientes em todas as fases de desenvolvimento, sob a ótica dos usuários e dos projetistas (VECHIATO, 2010). Os problemas de usabilidade mais recorrentes correspondem: a falta de atualiza- ção do ambiente, a interação usuário-sistema deficitária, a falha na navegabilidade e nas funcionalidades, a ausência de suporte e feedback, a dificuldade em acessar a informação desejada, as interfaces complicadas e de difícil uso e a ocorrência de erros. Vale comentar que existem muitas ferramentas disponíveis na web para avaliação de usabilidade e de desempenho de websites (por exemplo: ErgoList,14 analisa recursos de usabilidade e de

ergonomia por meio de questões, e Free Webmaster Tools,15 que

tem diversas ferramentas para confirmar se há links quebrados, sugerir palavras-chave etc). Contudo, alguns requisitos específi- cos de usabilidade podem ser subjetivos, sendo necessária uma análise específica e aprofundada que pode envolver usuários. Além desses elementos, podem-se utilizar os princípios dos sis- temas de organização, de busca, de navegação, de rotulagem e de representação apresentados na arquitetura da informação de Morville e Rosenfeld (2006).

arquitetura da informação