• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2 Os 4-H Clubs e os Clubes 4-S em perspectiva internacional

2.2 As entidades internacionais e o trabalho com a juventude rural das Américas

2.2.1 A American International Association for Economic and Social Development – AIA

A criação da AIA em 1946 em Nova Iorque representou um momento fundamental para a constituição do Serviço de Extensão Rural no Brasil. Foi do acordo da Associação Internacional Americana firmado com o Governo de Minas Gerais em 1948 que nasceu a ACAR-MG. Sobre a constituição e os propósitos da AIA, Tota (2014 – b, p. 180-181) assim se referiu:

A pedra de toque da filosofia da AIA era a ideia de treinamento: preparar pessoas para buscar meios de atingir, material e psicologicamente, um nível de vida melhor. A fórmula continha alguns elementos fundamentais que caracterizam a essência do espírito americano. Primeiro, a crença na infalibilidade da técnica. Desde que corretamente aplicada, a técnica poderia resolver todos os problemas. De forma sutil, estava presente também a ideia de que o brasileiro deveria aprender a fazer as coisas por si mesmo e a fazer bem-feito, outro conceito caro ao americanismo, o do it yourself ou faça você mesmo – que mais tarde veio a desembocar nos sistemas self-service de supermercados e restaurantes, e nos caixas eletrônicos dos bancos. Tocqueville havia notado essa tendência já na primeira metade do século XIX. Para ele, o anglo-americano “experimenta todas as necessidades e desejos que uma civilização avançada faz nascer [...] por isso é [...] obrigado a procurar por si mesmo os objetos que sua educação e seus hábitos tornaram necessários”. Trata-se do que ficou conhecido, na cultura dos Estados Unidos, como American ingenuity – ou engenhosidade americana, outro traço típico do American way of life. Tudo isso estava presente de forma embrionária no projeto original da AIA.

143 Nesse raciocínio devem ser incluídas as iniciativas destinadas à modernização de aspectos relacionados à vida

rural que pelo desde as décadas de 1910/1920 eram observadas em países latino-americanos, como o próprio Brasil.

Sem desconsiderar a importância da AIA em um conjunto de outras ações que, por meio da lógica da cooperação técnica visava contribuir com os programas de desenvolvimento da agricultura, de conservação do solo, de combate ao analfabetismo e doenças no meio rural, o que me interessa fundamentalmente é a relação dessa agência com a difusão de um modus de se pensar e organizar a juventude rural no Brasil no contexto da sua relação com a ACAR/ABCAR. As entidades de Extensão Rural no Brasil carregaram consigo muito desse “espírito americano” citado por Tota (2014 – b) nas prescrições presentes nos materiais impressos sobre as intervenções planejadas para os jovens rurais. Mesmo com o encerramento do acordo de cooperação técnica e principalmente financeira em 1961, a AIA continuou contribuindo com os programas de organização de clubes juvenis, como o Clube 4- S no Brasil. Seus recursos financeiros, corpo técnico, ações e experiências foram empenhados na consolidação de um modelo de extensão no qual o objetivo era contribuir com a modernização das práticas agrícolas e da vida no meio rural através do hiperdimensionamento dos preceitos da ciência e da técnica. Para se alcançar os objetivos desses propósitos, conforme tenho afirmado ao longo desse trabalho, a juventude rural teve papel destacado. Os jovens organizados em Clubes 4-S, de acordo com o pensamento da AIA, seriam os elementos que encarnariam a renovação das práticas de produção e da vida nos meios rurais, bem como os responsáveis pela sua difusão para o restante da população dessas localidades.

Na lógica de trabalho da AIA, como era usual a partir do léxico do período, faltava aos povos considerados “subdesenvolvidos”, uma espécie de “empurrão”, uma ajuda, para que saíssem da inércia em que se encontravam. Como forma de superar o atribuído “atraso” era necessário desenvolver ações voltadas à recuperação do “tempo perdido”. Esses povos teriam, por exemplo, recursos naturais disponíveis e em alguns casos até mesmo em abundância, mas devido à falta de conhecimento técnico e pessoal capacitado, mantinham índices econômicos e de níveis de vida das suas populações bastante baixo. Pelo discurso do qual a AIA comungava, era necessária a ajuda externa, um incentivo em direção a se libertarem das amarras que atravancavam o desenvolvimento de cada um dos países. Segundo Silva (2015), baseado no historiador Michael Latham,

Nos anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra Mundial, a AIA acompanhou, embora em proporções limitadas, a proposta que ganhou força no contexto internacional, a qual propunha a transformação total das culturas e formação social de três continentes – Ásia, África e América Latina – de acordo com os ditados de nações europeias ou dos Estados Unidos. Para isso, cada vez mais eram desenvolvidos determinados modelos que acelerassem a transformação das culturas de um estágio “atrasado” para o “moderno”. Por meio de sua experiência, a AIA teria conseguido desenvolver um método que

possibilitaria o aceleramento da passagem do “tradicional” para “moderno”, ao menos de acordo com Robert Hudgens, diretor da AIA entre 1948 e 1953 (SILVA, 2015, p. 42-43).

A AIA teve então como uma das suas características a busca por desenvolver estudos e daí ações que levassem à modernização das regiões ditas subdesenvolvidas. É claro que, no jogo de interesses e disputas políticas/ideológicas daquele contexto, a AIA esteve em contato e, portanto, em negociação com os grupos locais que defendiam e até mesmo esperavam por tal ajuda externa. Em março de 1961, por exemplo, foi publicado um relatório intitulado: Agriculture in Brazil (AIA, 1961)144. A publicação foi dividida em duas partes. Na primeira parte foi descrita a situação daquele momento acerca da agricultura no país. Destacaram-se também dados socioeconômicos das regiões rurais brasileiras. Na segunda parte foram abordadas as possibilidades de desenvolvimento, com ênfase aos projetos voltados à região de cerrado no Centro-Oeste brasileiro. Segundo a fonte, a primeira parte do relatório foi elaborada por Walter L. Crawford, representante da AIA no Brasil. É interessante notar também que ele teria baseado seu estudo em documentos produzidos por dois engenheiros agrônomos com ligação direta à institucionalização do Serviço de Extensão Rural no Brasil. Refiro-me à Geraldo Oscar Domingues Machado, à época, reitor da UREMG145 e à José Paulo Ribeiro, Diretor da ACAR-MG. Crawford (AIA, 1961, p. 17, tradução minha) afirmou, nesse documento, “que a educação ou a falta dela é talvez a causa mais fundamental do subdesenvolvimento das áreas rurais146”. Não que antes não tenha apresentado outros dados acerca das condições de vida nos meios rurais. Destaco, todavia, que para ele e em consonância com o pensamento da AIA, os problemas dos meios rurais eram originários de questões relacionadas às carências educacionais. Faltaria aos povos do interior do país os conhecimentos técnicos necessários para implementar novas condições de produção e de vida. Transformar, portanto, as condições rurais era, na concepção da AIA, atacar, sobretudo, um problema relacionado à permanência de saberes considerados obstáculos ao pleno desenvolvimento das condições produtivas e de vida no campo. Era necessário substituí-los por conhecimentos ditos modernos. Nelson Rockefeller, segundo Dalrymple (1968, p. 15, tradução minha), inclusive teria escrito no The AIA Record, que

144 (RAC, Box 43, folder 311).

145 O engenheiro agrônomo Geraldo Oscar Domingues Machado foi reitor da UREMG entre 20 de novembro de

1959 e 04 de julho de 1962. Ver: www.personagens.ufv.br/?area=geraldoOscar. Geraldo Oscar também ocupou vários cargos e funções tanto na ACAR-MG, quanto na ABCAR, sendo considerado um dos pioneiros do Serviço de Extensão Rural no Brasil.

146 “Various statistics [...] indicate that education, or lack of it, in rural areas, is perhaps the most fundamental

O mundo de amanhã, brilhante com a promessa de uma vida melhor, necessita de novos caminhos para a marcha da ciência e da tecnologia sobre os obstáculos da linguagem, raça e tradições. A AIA é um caminho para preencher esses espaços entre as pessoas para que então os benefícios da ciência e da nova tecnologia possam se espalhar mais amplamente sobre a terra147.

O Relatório Progresso da AIA - 1962 trazia em sua capa o globo terrestre com a representação das Américas em destaque, além do título que remetia a um projeto de ação para o hemisfério ocidental, conforme preconiza a Figura 12. Na verdade, a parte do continente americano em destaque é aquele que se refere à América Central e do Sul, ou seja, aquela parte que juntamente com o México seria alvo da ação da AIA. Contrastando com o fundo negro representativo da grandeza do Universo, o subcontinente reluz a partir da ação da AIA. Essa parece ser uma mensagem da qual se pode extrair da capa do referido relatório. Nessa mirada, a AIA era aquela que trazia a luz para os povos que necessitavam da ajuda para que alcançassem o pleno desenvolvimento econômico e social.

147 “Tomorrow´s world, bright with promise of better living, needs new highways for the marcho f Science and

technology over the obstacles of language, race and customs. AIA is one way of bridging these gaps between people so that the benefits of science and the new technology can spread more widely over the earth”.

Figura 12 – Capa do Relatório de Progresso da AIA - 1962

Fonte: RAC, Records FA079, series 3: Publications and Miscellaneous. (Box 43,

folder 316).

Publicado também em língua espanhola, a apresentação do Relatório é uma descrição tanto da visão de mundo da AIA em relação à América e os americanos, quanto reiterava o papel dessa Associação no sentido de fazer com que os latino-americanos cressem na sua potência transformadora para a região. Na apresentação os autores utilizaram-se de um

jogo de frases e imagens148. O documento ao mesmo tempo em que reafirma a visão sobre o subcontinente, destaca os supostos benefícios já alcançados depois de 16 anos da criação da AIA. No trecho a seguir apresento a transcrição traduzida da versão em espanhol do referido documento. Para isso fiz um agrupamento do texto para melhor organicidade na narrativa dessa tese.

Plano de ação para as Américas – AIA – Informe de Atividades de 1962

Estes são os rostos da América Latina. Rostos de geste que encontra seu caminho; que tem a promessa, a força, e a vontade de dar esperança a seus irmãos de situação incerta. Gente que tem encontrado dignidade através do conhecimento e que sabe que efetivamente executado o trabalho físico entediante somente recompensa quando está eficientemente planejado. Isto não acontece durante a noite. Não chega de panaceia. Nem por revolução. Nem por demagogia. Esta vidase alcança através do estudo, ajuda mútua e colaboração sincera.

A Associação Internacional Americana para o desenvolvimento econômico e social (AIA), crê que a ajuda técnica consiste em: estudar os

aspectos econômicos e sociais de uma situação, planejar os procedimentos apropriados para melhorá-los, e então, treinar uma equipe da área para realizar o programa. A AIA não coopera no treinamento dos agricultores de forma individual, seu método de operação. Baseia-se no fator de multiplicação, para ajudar a treinar o treinador. A AIA toma parte em determinada atividade só quando convidada a trabalhar em sociedade com entidades governamentais e privadas.

De um trabalho inicial com dois países trabalha agora com 20, em cooperação com a Organização dos Estados Americanos, através do Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas. As operações baseiam-se na convicção de que para os benefícios serem duradouros em cada programa de melhoramento devem participar ativamente todos. Como política, a AIA prefere colocar à disposição dos povos, serviços profissionais de alto nível em vez de dinheiro. Quando um programa está funcionando eficazmente sob a direção de pessoal local a AIA se retira.

O melhoramento dos níveis de vida de uma população livre é realizado de forma mais eficaz através de processos evolutivos e mudança ordenado. Para isto estudos são realizados sobre os recursos da terra, os recursos humanos e o processo de comunicação de novas ideias.

Os programas de treinamento se desenvolvem então em áreas tais como: Métodos agrícolas melhorados; Práticas modernas de saúde; Liderança para juventudes rurais; Treinamento para ensino vocacional; Técnicas efetivas de comunicação; Programa de crédito supervisionado para projetos de desenvolvimento rural; e Treinamento de técnicos para que se realizem tudo isso.

O que foi alcançado em 16 anos? Estudos sobre o uso da terra que cobriram 260.000.000 hectares, dando como resultado milhões de hectares de terras agrícolas produtivas. Investigações sobre ciências sociais cobriram 10 países. Realizaram investigações sobre comunicações básicas em 23 comunidades

148 Incluí como Anexo 2 a apresentação do Informe da AIA de 1962 procurando mantê-lo o mais próximo

possível do original. Porém, as imagens foram editadas como forma de preservar a disposição conforme o documento consultado e com o objetivo de ocupar menos espaço nessa tese.

de quatro desses países. Os treze mil extensionistas agrícolas treinados estão trabalhando agora com cem mil famílias rurais. Mais de cinquenta mil indivíduos assistiram a demonstrações de métodos e reuniões dirigidas por técnicos treinados pela AIA. No Brasil, milhares de famílias rurais receberam conselho e ajuda financeira supervisionada de 600 técnicos. Na Venezuela, o treinamento de agricultores ajudou a aumentar a produção agrícola. Os programas educativos de nutrição estenderam-se a vinte e cinco mil famílias, reduzindo significativamente o número de enfermidades causados por má nutrição. Mil líderes foram treinados para a juventude rural, que trabalham agora com um quarto de milhão de crianças. Um programa vocacional piloto provocou a criação de uma dúzia mais à sua semelhança. Em dezenove países foi dado treinamento a especialistas em comunicações para as massas, com o fim de que difundam informação básica sobre a saúde e a agricultura. Foram concedidos milhões de dólares em crédito agrícola supervisionado. O cancelamento desse crédito foi superior a 94%. A AIA tem 16 anos de experiência junto com seus companheiros da América Latina, no desenvolvimento de técnicas e operações que dão bons resultados. Esta conquista promotora se registra em termos de gente.

José Pinto conhecia ferramentas como estas, com as quais podia obter uma

subsistência marginal. Agora, treinado no uso de maquinário agrícola, melhorou o nível de vida da sua família e materialmente contribuiu assim, com o bem-estar de uma nação. Outros podem comprar menos equipamentos para fazendas menores e são treinados no manejo de arados com animais.

A senhora Fernandez vivia assim em Magdalena. A AIA implantou um

projeto piloto de habitação com o Ministério da Saúde e entidade privada local. A família Fernandez foi uma das escolhidas para empreender a construção de blocos de terra-cimento. Mais trinta famílias vieram para assistir e seguiram o exemplo. Resultado? Um programa de construção de habitação rural que cobre toda a nação.

Rafael, um menino dos vinte e cinco milhões que não tem escola a seu

alcance. É inteligente, capaz. Entretanto a promessa desse menino teria sido suspensa se não fosse reconhecida sua habilidade através de seu trabalho no clube juvenil rural. Iniciou, com quarenta companheiros de clube, um programa de crédito supervisionado para a produção de mel de abelha. Os empréstimos foram pagos durante o primeiro ano. Agora Rafael vai a uma escola prática de agricultura. Em seu país, com a colaboração da AIA, o número de membros dos clubes juvenis rurais triplicou em um período de dez meses. Isso resultou em uma quantidade maior de solicitações de cooperação à AIA, do que ela pode oferecer.

O trabalho a ser feito é formidável. Uso da terra e desenvolvimento rural –

transferência de pessoas das áreas rochosas da costa para planícies férteis, donde a agricultura mecanizada pode produzir mais alimentos. Programas pilotos de educação rural. Desenvolvimento de métodos de comunicações para cobrir a lacuna existente entre o conhecimento e sua aplicação útil. Investigação básica sobre o processo de adaptação das melhores práticas de saúde, educação e agricultura. A alfabetização. O desenvolvimento do trabalho dos clubes juvenis rurais. Em um mundo de ideologias opostas, o homem em uma situação de incerteza, é tentado a medir os atos da democracia em contraste com a promessa demagógica de soluções rápidas por meio da violência. Temos, no Hemisfério Ocidental, urgente necessidade de cooperação mútua.

A Associação Internacional Americana fundada em 1946 por Nelson Rockefeller e seus irmãos, ajudou a guiar o homem em uma situação de incerteza, pelo caminho da democracia. Trabalhando com universidades, governos, entidades locais e internacionais, colabora com o estabelecimento

de um meio para a mudança econômica e social planejada – um plano de ação hemisférica para esta gente: O líder, O dedicado agricultor, O jovem com aspirações que estão cruzando o limiar de uma nova vida.

Essa fonte é uma espécie de profissão de fé da AIA para a América Latina. Só que vai além da crença, da expectativa e das diretrizes de trabalho em relação ao subcontinente. Aos olhos da Instituição os resultados eram visíveis e promissores. Os exemplos foram citados de forma a convencer o leitor que se os latino-americanos seguissem os ditames do conhecimento técnico, do planejamento, se não fossem seduzidos por ideias “demagógicas” ou de revoluções baseadas em violência, o caminho do progresso era o que esperava a cada homem e mulher das Américas. A AIA por meio das suas ações encabeçadas pelo seu pessoal técnico daria o incentivo aos latino-americanos. Estes, quando incorporados a visão de mundo da Associação estariam capacitados para sem o auxílio dessa trilharem seus próprios caminhos. Nesse processo a juventude rural teria um papel importante. A estratégia da AIA, nesse sentido, foi a de formar líderes de jovens rurais. Segundo a fonte foram treinados mil líderes e estes organizaram até a data do documento cerca de 250 mil outros jovens. No documento tem o exemplo do jovem Rafael que foi “colocado no caminho do progresso” pela ação da AIA e especificamente dos clubes juvenis rurais. Não importa saber no documento quem era Rafael, onde e como vivia. Muito menos quem eram seus pais e o que pensavam sobre o mundo. Importava que a partir da AIA sua vida teria sido transformada e, claro, segundo o discurso da Instituição, obviamente, para melhor.

Martha Dalrymple (1968), jornalista contratada da AIA que escreveu uma “história” dessa instituição, claramente também com um sentido laudatório, destacou em seu livro as duas áreas de maior atenção da AIA na América do Sul: Venezuela e Brasil. Na Venezuela, segundo Dalrymple (1968, p. 142), Howard Law149 foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento dos Clubes 5-V (Valor, Vigor, Verdade, Vergonha, Venezuela). Foi ele que alterou a maneira que os clubes venezuelanos, criados desde 1938, funcionavam. Inicialmente os Clubes 5-V se organizavam junto às escolas e, portanto, sujeito à disciplina dos professores e envolvido nas questões curriculares. Segundo Law isso trazia muitas desvantagens incluindo a falta de conhecimento técnico dos professores em áreas como a agricultura e a economia doméstica. Além disso, os clubes operavam apenas durante o período letivo. Havia, segundo ele, a crítica dos pais dos estudantes, pois esses eram

149 Segundo Rosenberg (2016, p. 194) Law foi um técnico norte-americano voltado ao desenvolvimento

internacional. Teve atuação direta com os Clubes 5-V da Venezuela e nesse país foi diretor do Conselho de Bem- Estar Rural – CBR, a agência de desenvolvimento rural Venezuela patrocinada pela AIA.

colocados para trabalhar nos jardins das escolas e os produtos eram consumidos nesses locais. O fato também dos professores serem os “líderes” não por vocação e sim pela autorização ministerial e os clubes serem parte do currículo, portanto, algo compulsório, também eram considerados desvantagens, segundo Law, desse tipo de clube. Assim, defendia a ideia que os clubes seguissem o padrão dos Estados Unidos, separando-os das escolas e dessa forma baseados em princípios de voluntarismo. Segundo Dalrymple (1968, p. 142) a atuação de Howard Law e a mudança de concepção na organização dos clubes fez com que esses se transformassem em um grande sucesso instantâneo. A narrativa de Dalrymple é exemplar do tom laudatório sobre os clubes na Venezuela, como também em relação a todo trabalho da AIA.

Os clubes foram um sucesso instantâneo. Havia tantos aspirantes a sócios entre os jovens que as comunidades poderiam facilmente ter apoiado 50 clubes. Toda vez que um clube realizava uma reunião, havia uma multidão de crianças aglomeradas ao redor das janelas observando o que acontecia e