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CAPÍTULO 2 Os 4-H Clubs e os Clubes 4-S em perspectiva internacional

2.2 As entidades internacionais e o trabalho com a juventude rural das Américas

2.2.2 International Farm Youth Exchange – IFYE

Em 1948 foi organizada nos Estados Unidos a National 4-H Club Foundation of America155. Ela foi constituída como uma instituição educacional privada, sem fins lucrativos e que deveria reunir esforços na arrecadação de recursos para o desenvolvimento do trabalho com a juventude rural. A National 4-H Club Foundation deveria se voltar para a educação para a cidadania, treinamento de líderes de clubes, desenvolvimento de programas e projetos de pesquisa de Extensão que serviriam como base para avaliação, implementação e crescimento de ações com os jovens. Além desses três objetivos gerais, a National 4-H Club Foundation atuaria nos programas internacionais dos 4-H através do IFYE.

O International Farm Youth Exchange é um programa 4-H no qual os jovens selecionados vivem e trabalham com pessoas dos meios rurais de outros países de quatro a seis meses. Desde o começo de 1948, houve 1.546 delegados norte-americanos enviados para 67 países e 1.750 trocas estrangeiras que visitaram 48 estados e Porto Rico. O IFYE é conduzido pela Fundação Nacional 4-H, Washington D.C., em nome do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Nos países cooperados o IFYE é conduzido pelas organizações de juventude rural, grupos agrícolas e ministérios da agricultura (IFYE/IICA, 1964, tradução minha)156.

155 Para maiores detalhes sobre a National 4-H Club Foundation ver: Wessel e Wessel (1982) e IFYE/IICA

(1964).

156 “The International Farm Youth Exchange (IFYE) is a 4-H program in which selected young people live and

work with rural people in other countries from four to six months. Since it began in 1948, there have been 1,546 U.S. delegates sent to 67 countries and 1,750 foreign exchanges who visited in 48 states and Puerto Rico. IFYE is conducted by the National 4-H Club Foundation, Washington D.C., in behalf of the U.S. Department of Agriculture. In the cooperating countries IFYE is conducted by rural youth organizations, farm groups and ministries of agriculture”. É importante citar que esse documento foi produzido pelo IFYE/IICA a partir do Quarto Seminário Interamericano de Líderes de Juventudes Rurais, realizado em São José e Turrialba, na Costa Rica, entre 28 de outubro e 05 de novembro de 1964. O evento foi patrocinado pela Fundação Nacional 4-H dos Estados Unidos e pela Sears Roebuck Foundation (EUA) em colaboração com o Serviço de Extensão Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária da Costa Rica; Centro de Ensino e Investigação; Instituto Interamericano

De um lado tinha-se a National 4-H Club Foundation que tinha a missão de arrecadar fundos para o trabalho com a juventude. Com o IFYE, também instituído em 1948, o caráter internacional do projeto educacional para os jovens rurais foi explicitado. Esse dizia respeito à necessidade propagada pelos responsáveis pelos 4-H de que existiam pontos em comum entre os jovens de diferentes regiões do mundo em termos de uma formação técnica e moral desejada para essa faixa etária. Mas, se haviam pontos em comum, também existiam diferenças em relação ao que se supunham os estágios de desenvolvimento cultural e econômico que os povos deveriam passar. Uma juventude que repetisse os mesmos modos de vida e de produção dos mais velhos era considerada um empecilho para se alcançar o desenvolvimento. Assim, caberia aos jovens ser uma espécie de ponte entre as ideias e práticas propaladas pelos extensionistas e os adultos. Se o projeto educacional baseado na organização dos clubes tinha um foco voltado a cada um dos jovens envolvidos, ele também tinha uma dimensão de formação e treinamento de pessoal capacitado para ser multiplicador da filosofia de trabalho aos moldes dos 4-H e seus similares, como os 4-S do Brasil. O caráter internacional desse trabalho assim se evidencia na medida em que tanto a National 4-H Club Foundation quanto o IFYE se esforçavam para que se constituíssem mais e mais jovens aptos para o trabalho com esse grupo etário e assim para que o ideário dos 4-H/4-S se espalhasse para outras regiões do mundo. A partir do IFYE tanto os jovens norte-americanos iam para outros países, quanto os jovens estrangeiros iam para os Estados Unidos para compartilhar experiências acerca de clubes de jovens.

Nos últimos dias de julho de 1961, 103 jovens de 35 países encontraram-se no “campus” da Universidade de Purdue, no Estado de Indiana, U.S.A., para promover a compreensão mundial e uma vida rural melhor para os povos. Eram eles os delegados de 1961 ao Intercâmbio Internacional da Juventude Rural, patrocinado pela Fundação 4-H de Washington, D.C. e organizações tanto particulares como do governo, nos países de origem. Entre os meses de abril e novembro, cada delegado passou 6 meses em meia dúzia ou mais fazendas, bem afastadas umas das outras, nos Estados Unidos. Em Purdue, ponto de encontro da jornada, eles se encontraram para discutir assuntos de interesse comum. [...]. Em Purdue, os 21 delegados da América Latina tiveram oportunidades de discutir os trabalhos dos clubes, não somente com Irã e Nepal, mas também com trabalhadores de clubes de outros países da Europa e da Ásia (FORD MOTOR COMPANY, 1962, p. 148).

Segundo o Suplemento Bimestral do Anuário Ford para a Juventude Rural das Américas (mar/abr, 1962, p. 2) esses 21 jovens “iniciaram um curso de seis etapas de

de Ciências Agrícolas da OEA; Programa Interamericano para a Juventude Rural (Projeto Cooperativo de Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas e a American International Association).

treinamento, culminando com planos específicos que serão aplicados em suas comunidades”. As seis etapas foram: 1º) treinamento em Washington onde conheceram os líderes nacionais dos 4-H; 2º) Treinamento nas fazendas com famílias e líderes de clubes; 3º) Curso prático na Purdue University sobre melhoramento rural; 4º) Período em outras fazendas onde iniciaram os trabalhos nos projetos de suas próprias comunidades; 5º) Retorno à Washington para verificarem com os conselheiros se seus projetos estavam adaptados às condições locais; 6º) Seminário na Costa Rica na sede do IICA em Turrialba. (FORD MOTOR COMPANY, mar/abr, 1962, p. 2).

O que ficava demonstrado era a circulação do modelo dos clubes de jovens rurais, nos moldes dos 4-H dos Estados Unidos. “A ideia dos 4-H Clubs agora circunda o globo. Cerca de 74 países têm programas de juventude como os 4-H, adaptados às suas próprias necessidades (USDA, 1969, p. 14, tradução minha) 157”. Era essa a conclusão de um documento que promovia o trabalho dos clubes nos Estados Unidos. A partir da lógica de cooperação internacional desenvolvida a partir do fim da década de 1940 havia a crença de que os jovens pudessem contribuir para um mundo diferente daquele que havia presenciado os horrores da Segunda Guerra Mundial. Promessas de um mundo de entendimento, de cooperação, de amizade, de respeito aos outros povos foram feitas e por meio dos jovens, incluindo aqueles dos meios rurais, acreditava-se em uma era de prosperidade, de compreensão e de paz para o mundo. Em documento produzido pela ABCAR (fev/1960) o discurso entusiasta e de exaltação ao papel dos jovens nesse cenário também foi ressaltado:

Após o término da II Guerra Mundial membros dos Clubes 4-H dos Estados Unidos e outras organizações de jovens, assim como a comunidade americana em geral, sentiram a necessidade de evitar que outro igual flagelo ocorresse entre os povos. Somente a compreensão entre os povos, mais especificamente, um mútuo entendimento entre os povos rurais americanos e os jovens de outros países, poderia consolidar a paz mundial (ABCAR, fev/1960).

Havia a clara defesa de que seria importante para os jovens brasileiros conhecerem outras experiências. Os Estados Unidos, pelo menos na visão da ABCAR, acerca da juventude rural, deveriam ser o espelho pelo qual os jovens rurais brasileiros deveriam ter suas ações como modelo. Era assim ressaltada a ligação entre o modo de vida dos norte- americanos e dos brasileiros, o que fica patente a partir da explanação dos objetivos do IFYE que segundo essa fonte buscava:

157“The 4-H clubs idea now circles the globe. About 74 countries have youth programs like 4-H, adapted to their

Dar aos jovens brasileiros a oportunidade de se familiarizarem, por experiência própria, com os hábitos de vida norte-americanos.

Auxiliar a mútua compreensão dos problemas e atitudes das populações rurais brasileiras e norte-americana (ABCAR, fev/1960).

A partir desse folheto da ABCAR foi possível inferir que o IFYE não era um programa técnico de agricultura em si, sendo seu objetivo bem mais amplo do que uma formação apenas para o trabalho. O programa de intercâmbio visava a inserção do jovem na cultura do país que o recebia, durante todo o período que ele ficava no estrangeiro, o que girava em torno de quatro a seis meses. Para isso o jovem passava a ser como um novo membro da família que o hospedava. Cabia ao jovem brasileiro nos Estados Unidos ou ao jovem norte-americano no Brasil, aprender com a cultura local ao mesmo tempo em que seria uma espécie de embaixador da cultura do seu país de origem. Mas, mesmo não sendo um programa técnico em si destinado exclusivamente às referências do meio rural, estas não foram relegados a segundo plano. Pelo contrário, os brasileiros nos Estados Unidos tiveram contato com uma agricultura que passava por um intenso processo de transformação. As formas de produção da agricultura norte-americana cada vez mais se modernizavam com a utilização de maquinário e insumos agrícolas158. É possível deduzir que o impacto no imaginário dos jovens brasileiros que passaram pela experiência do intercâmbio tenha sido bastante marcante e tenha influenciado dentre outros aspectos as maneiras como passaram a enxergar a vida nos meios rurais em que viviam no Brasil. Por outro lado, também, essa experiência pode ter sido marcante por ter acentuado as diferenças entre as realidades de cada um dos países.

Apresença de jovens norte-americanos no Brasil e principalmente a relação aos Clubes 4-S foi reportada nas páginas de periódicos que faziam a divulgação do trabalho com a juventude rural e sobre Extensão Rural, tais como O Trevo159 e O Ruralista. Em março de 1959, por exemplo, os jovens norte-americanos Edward Jerome Orr, Ronald Bath e Marjorie Dolores Roecker retornaram aos Estados Unidos depois de terem passado um período no Brasil aprendendo sobre a cultura do país. Já no início no primeiro semestre do ano de 1960 era reportada como sendo grande a expectativa dos quatroessistas das cidades mineiras de Barbacena, Teixeiras, Elói Mendes e Diamantina para receberem a visita dos jovens americanos Carla Hoyt e Richard Karl Rauckie. Em setembro daquele ano os jovens

158 No já citado Anuário da Agricultura de 1940, inúmeros autores tratavam das transformações processadas na

agricultura dos Estados Unidos. Ver: USDA (1940).

159 Sobre esses aspectos ver principalmente os exemplares de O Trevo: nº16 (mar/1959); nº28 (jun/1960); nº30

quatroessistas sócios do Clube 4-S São José de Elói Mendes destacaram a visita da norte- americana Carla Hoyt. A moça foi sócia de Clube 4-H durante 12 anos e naquela época era líder do seu clube.

Mesmo que não houvesse a presença literal de estrangeiros entre os clubes no Brasil ou de jovens quatroessistas fora do país, os editores de O Trevo procuraram criar mecanismos para diálogos entre eles. Havia uma seção nesse jornal intitulada “Conversando com os Leitores”. Ela era uma espécie de Editorial no qual os responsáveis pelo jornal procuravam se dirigir diretamente ao seu público, os jovens rurais. Também era destinada às correspondências enviadas pelos jovens mineiros aos editores do jornal onde reportavam quaisquer eventos que envolvessem o trabalho nos clubes. Muitas vezes foi uma forma também de comunicação entre os jovens de diferentes regiões do estado mineiro. Mas, no início da década de 1960, em um claro exemplo do esforço de estreitar a comunicação entre jovens de diferentes países, houve referências a desejos expressos tanto por mexicanos, quanto norte-americanos de se corresponderem com os brasileiros. Na edição de nº33 (janeiro), na seção do jornal chamada “Sociais”, constava a informação que a professora rural mexicana, Sara Saluz de Heidz havia escrito para os quatroessistas mineiros solicitando que esses se correspondessem com ela. Na edição de nº34 (fevereiro/março de 1961) da seção “Conversa com os Leitores” havia o destaque que alguns dos sócios de Clubes 4-H dos Estados Unidos queriam corresponder-se com sócios e líderes de Clubes 4-S do Brasil160. O jornal O Trevo também destacou que em 1965 quatro jovens norte-americanos vieram ao Brasil enquanto outros quatro brasileiros foram aos Estados Unidos. Para Minas Gerais, especificamente se dirigiram dois sócios dos 4-H norte-americanos: Linda Marlene

160 Não encontrei maiores detalhes sobre essas possíveis correspondências e quem eram os missivistas dos 4-H

Clubs dos Estados Unidos nas páginas de O Trevo. Será que essa comunicação não foi tão eficaz quanto pretendiam os editores do jornal? Paralelo a ausência dessas correspondências, ocorreram reiteradas cobranças para que os sócios dos clubes enviassem notícias de todo o tipo para o jornal. Sílvio Carvalho, redator de O Trevo naquele ano de 1962, por exemplo, foi enfático ao afirmar: “Nossos repórteres não sei porque, andam sumidos, e isso me deixa com uma pergunta: Será que os acontecimentos não merecem ser contados? Para dizer a verdade, eu não acredito nisso. [...]. É preciso, pois, deixar a preguiça de lado, e escrever”. (O TREVO, VI, 43, agosto de 1962, p. 2). O editor do jornal parece desconsiderar que grande número de quatroessistas mineiros não tinha acesso a escola ou quando a acessavam a permanência nessa era bastante reduzida. Conforme pesquisa realizada por Memória (1964), em 151 clubes de dez escritórios regionais da ACAR-MG, totalizando 2.179 sócios, ele chegou a média de 2,85 anos que cada um dos sócios permanecia na escola. Os dados da pesquisa de Memória (1964) foram coletados entre julho e dezembro de 1963. Apesar disso o editor credita a ausência de notícias à preguiça dos meninos e meninas dos clubes. Auckje Mary Werkema, editora de o Trevo em 1964 também cobrava o envio de matérias afirmando que a seção que destacava o líder do mês de um Clube 4-S de Minas Gerais não havia sido publicada por falta de envio de material. (O TREVO, VIII, 65, outubro de 1964). Pode-se atribuir essa falta de material a ser publicado a vários fatores: dificuldade de comunicação dos extensionistas com os jovens sobre a função de O Trevo e o próprio desinteresse dos jovens com esse tipo de registro. Mas, certamente a baixa escolaridade e as dificuldades com a leitura e escrita certamente são centrais nesse quesito. Segundo AIA (1961, p. 17), 76% da população rural brasileira era analfabeta e a cada quatro crianças em idade escolar primária, apenas uma estava na escola.

Snodgrasss e Carl Mac Willians Castleton. A presença desses dois jovens estrangeiros em terras mineiras em 1965 representou grande expectativa pelo menos para os extensionistas promotores do trabalho com a juventude. A iminência da chegada em Minas Gerais de membros de um clube dos Estados Unidos e de toda a mística que era relatada acerca dos 4-H Clubs foi noticiada como um grande acontecimento para os jovens da região Sul do estado mineiro. Desta forma o Comitê Municipal de Extensão Rural de Ouro Fino enviou um ofício ao Supervisor Regional da ACAR em Pouso Alegre com referência à presença de Linda Marlene no qual deixava explícito a expectativa e o desejo para que os integrantes dos clubes mineiros se espelhassem no exemplo que vinha do país norte-americano:

Estamos certos de que a visita da Srta. Linda Marlene Snodgrass muito contribuirá para o desenvolvimento dos nossos Clubes 4-S, quando esperamos tirar os melhores proveitos e proporcionar à visitante dias agradáveis e proveitosos. Esperamos que seja encontrado entre os clubes 4-S um jovem em condições de ir aos EE.UU., para colher ensinamentos naquela grande Nação e transmiti-los à nossa juventude, que será o arrimo do Brasil de amanhã (O TREVO, IX, 78, dez/1965, p. 4).

Em 1968 o jovem Lázaro Martinho de Melo, de Borda da Mata, cidade localizada no Sul de Minas Gerais foi para o Washington, nos Estados Unidos onde, naquele país, teria observado os trabalhos com a juventude rural. Lázaro na ocasião era estudante de Direito e atuava como líder de dois Clubes 4-S da sua região.

Seu período de estágio inclui uma estada de Washington, onde visitará o USDA (Ministério da Agricultura) e a Fundação 4-H. Terá contato com os programas em execução para orientar a juventude rural americana. Observará, sobretudo na fundação 4-H, a participação de entidades particulares em programas dessa natureza. Concluído o período em Washington, o líder mineiro viverá cerca de seis meses com famílias agricultoras (TREVO, XII, 105, maio/junho de 1968)161.

O IFYE não se referia apenas a intercâmbios envolvendo os jovens dos Clubes 4- S no Brasil. Como existiam também outras denominações de clubes, incluindo os 4-H no Paraná e São Paulo, também esse público poderia usufruir da possibilidade de intercâmbio.

161 Esse fato também foi reportado no Jornal o Ruralista, edição de nº86 (2ª quinzena de maio de 1968). O título

da matéria foi: “Líder quatroessista vai aos Estados Unidos” e foi publicada na página 1. Mesmo não constando a autoria de nenhuma das matérias, tanto em O Trevo, quanto em O Ruralista, pode-se afirmar que essa tenha sido de uma mesma origem, pois não há nada de diferente em termos de conteúdo, além do estilo da escrita ser muito semelhante. É provável que tenha sido enviado a notícia da viagem do jovem para os Estados Unidos pelos extensionistas responsáveis pelo trabalho com a juventude rural da região de Borda da Mata. Os editores dos respectivos jornais apenas a replicaram. Fazia parte da estratégia da ACAR-MG dar o máximo de publicidade possível a fatos e episódios que pudessem ser considerados como colaboradores da construção de uma imagem positiva sobre a Extensão Rural e nesse caso específico sobre a ação dos clubes.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com dois jovens brasileiros dos estados de São Paulo e do Paraná em 1962, oriundos de clubes denominados 4-H nos seus estados e ligados à comunidade japonesa162.

Em prosseguimento ao programa de Intercâmbio Internacional da Juventude Rural (IFYE), encontram-se nos Estados Unidos os jovens brasileiros Akikoshi Aoki, do Paraná, e Jorge Hashegawa, de São Paulo, que realizam um estágio de seis meses com famílias rurais norte-americanas. Akikoshi Aoki, que é formado em Agronomia e Diretor da Escola Agrícola de Apucarana, já esteve residindo com famílias rurais de Indiana e em agosto passará a morar com agricultores de Washington. Jorge Hashegawa, que também estudou Agronomia, já esteve em Minnesota e irá agora para a Virgínia. O estágio se encerrará em outubro e é patrocinado pela Fundação Nacional de Clubes 4-H dos Estados Unidos, que mantém o programa IFYE. No Brasil o programa é coordenado pela ABCAR, em cooperação com suas Filiadas (INFORMATIVO ABCAR, 1962, p. 6.)

O programa de intercâmbio IFYE foi importante, nesse sentido, por difundir muitos dos princípios 4-H com a promessa de ações concretas visando trocas de experiências entre jovens de várias partes do mundo. A própria criação do IFYE foi ao mesmo tempo uma estratégia, como uma das razões que explicariam o crescimento de clubes aos moldes dos 4-H no pós Segunda Guerra Mundial.

Através do IFYE os jovens podem aprender outro modo de vida vivendo-o e podem entender melhor outros povos. Os próprios IFYE’s são importantes no desenvolvimento de programas de jovens rurais, transplantando a ideia 4- H (IFYE/IICA, 1964, tradução minha)163.

Segundo essa mesma fonte os candidatos a IFYE deveriam ter entre 20 e 30 anos de idade, boa saúde, ensino secundário, algum conhecimento sobre atividades rurais, além de serem solteiros. Antes de viajarem para outro país eles recebiam orientações acerca da geografia, história, cultura e agricultura, e algum conhecimento da língua dos países anfitriões. Ao voltar para casa deveriam compartilhar suas experiências com os jovens, grupos cívicos e rurais para que estes continuassem (no sentido de difundir) este programa para as outras pessoas164 . Os intercambistas chegavam nos Estados Unidos na época da primavera e

162 No Brasil os denominados Clubes 4-H tiveram origem nos clubes 4-H do Japão. Com os imigrantes japoneses

que se instalaram nos estados do Paraná e São Paulo vieram também a experiência dos 4-H que existia naquele país. Portanto, a entrada desses clubes no Brasil se dá a partir de uma tradição que poderia ser representada na sequência: Estados Unidos – Japão – São Paulo/Paraná. Diferentemente dos Clubes 4-S que como tenho mostrado tinham relações mais diretas com os 4-H Clubs dos Estados Unidos. Ver: FORD MOTOR COMPANY, 1960, p. 60-61 e 157.

163 “Through IFYE, young people can ‘learn another way of life living it’, and can better understand other

peoples. IFYEs themselves are importante in the development of rural youth programs, transplanting the ‘4-H