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1.2 ESTUDO EXPLORATÓRIO

1.2.2 Amostra: delimitações geográficas, espaciais e temporais

Nosso trabalho de campo foi realizado no município de Piraí do Sul, uma cidade interiorana do estado do Paraná, em referência a capital Curitiba está localizada a 180 km ao norte, em uma região conhecida como Campos Gerais.

De acordo com as informações do ano de 2019 no site da Prefeitura Municipal, a cidade se constituiu a partir do século XVII, nas proximidades do vale do Rio Piraí ponto de parada dos tropeiros que tinham como destino a feira de Sorocaba para o comércio de tropas. Por volta dos anos de 1850, meados do século XIX, foi construída a igreja em louvor ao Senhor Menino Deus, em torno da qual emergiram novas construções dando corpo ao povoamento do Bairro da Lança, primeira denominação da localidade. Já na década de 1870 foi criada a freguesia de Pirahy que em 1881 foi alçada a condição de vila. Através do Decreto Lei nº 199 datado do dia 30 de dezembro do ano de 1943, a localidade ganhou a designação de município tendo como nome Piraí Mirim e foi somente em 1947, no dia 11 de outubro, por meio da lei estadual nº 2 que a região passou a ser chamada Piraí do Sul.

situação, mas sim uma atividade de aprender a olhar para o outro procurando conhecê-lo. Essa ação não foi, e não é um exercício fácil, considerando que tocou diretamente nossa posição como um professor docente da educação básica e como pesquisador, que estava olhando para jovens alunos com os quais construiu relações e representações no compartilhar um cotidiano comum.

Em Piraí do Sul, frequentamos um colégio situado no perímetro urbano, o qual ofertava aulas nas modalidades de anos finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Profissionalizante Subsequente. O tempo das incursões neste espaço foi do dia 12 de março de 2018 a 27 de novembro do mesmo ano, sendo duas vezes por semana, nas segundas e terças- feiras, no turno matutino20. Tínhamos a possibilidade de escolher entre as modalidades de

ensino ofertadas pela instituição neste turno, os anos finais do Ensino Fundamental ou o Ensino Médio, conforme nosso interesse estava situado no público jovem, escolhemos a segunda opção.

Tivemos a experiência de conviver durante as observações nas aulas de História com seis turmas, sendo elas o 1ºD, 2ºB, 2ºC, 2ºD, 3ºB e 3ºC. O número de estudantes variava entre estas diferentes séries, entre 35 e 40, sendo que no total tínhamos 222 alunos. Ao final de nossas incursões no mês de novembro este número era de 197, uma redução em torno de 11,27% do total, relacionada a situações como transferências para outras escolas, abandono escolar e atendimento domiciliar (gestantes e enfermos). No primeiro momento, cujos os dias de frequência na escola foram 12, 13, 19, 20, 26 e 27 de março, fomos nos familiarizando com as características da escola e do grupo de alunos com o qual estávamos convivendo21.

O público do Ensino Médio atendido pela instituição era constituído por sujeitos da cidade como um todo. No dia 19 de março, conversamos com a equipe pedagógica sobre o perfil dos estudantes, momento em que ficamos conscientes da pluralidade dos sujeitos presentes no espaço. A escola recebia alunos de todas as áreas do perímetro urbano e também do rural e assim abrigava também sujeitos das mais diversas situações econômicas.

No dia 4 de junho, observamos a chegada dos estudantes na escola. Ela era realizada a pé, pelos alunos das regiões próximas, e por transporte escolar pelos oriundos da área rural e das regiões periféricas do perímetro urbano, também havia uma parcela que chegava de carro acompanhados pelos pais. Tínhamos no espaço escolar o encontro dos mais diversos indivíduos que carregavam consigo características atreladas a cidade. No dia 13 de março durante a terceira aula na turma do 2ºB presenciamos dois alunos conversando sobre os resultados da colheita de

20No dia 8 de março coletamos a assinatura do termo de compromisso ético, em que nos comprometíamos com a

preservação do anonimato da instituição e de todos os sujeitos envolvidos neste estudo exploratório, e conversamos com a professora de História para as observações das aulas. O horário das aulas e as turmas mudavam constantemente conforme as necessidades do dia a dia da instituição para suprir suas demandas por docentes. Neste mesmo mês de março começávamos a esboçar também, os primeiros passos para a nova coleta de dados do Projeto Jovens e a História, concretizada ao longo do ano de 2019 sob a nomenclatura Projeto

Residente: Observatório das relações entre jovens, História e política na América Latina.

21A entrada na exploração de campo se deu com uma referência prévia do que se pretendia observar, tínhamos por

ênfase o ensino de História escolar, mas durante esse primeiro mês já encontrávamos indícios para o deslocamento desta ênfase em prol da cultura histórica compartilhada pelos sujeitos.

soja e posteriormente começaram a fazer prognósticos sobre os resultados da cultura do milho. Em uma incursão anterior, no dia 13, uma aluna comentava que naquela data ocorreria a entrega de um lote de frango de corte na propriedade de sua família. Foram inúmeros os momentos em que a vida extraescolar na cidade tematizou assuntos paralelos durante as aulas de História.

É importante neste sentido apresentarmos as configurações gerais sobre a cidade. De acordo com Carrano, a escola adquiriu uma configuração no cenário de globalização em que precisa reconhecer o seu entorno como espaços nos quais se elaboram saberes de características próprias, “o comunitário não é somente o extraescolar, considerado como o espaço dos saberes do senso comum; ele é também o território social e simbólico no qual a prática popular elabora aquilo que Paulo Freire chamou de saber da experiência feito” (CARRANO, 2005, p.156).