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Análise à Hipótese: “Redução do tempo de trabalho (com redução

tempo de trabalho (com redução proporcional do

salário)”

a) Enquadramento

Ao longo do capítulo 4 foi possível analisar os dados estatísticos da realidade atual para uma determinada amostra (N=594), que por convenção, acreditou-se que seria o tipo de profissionais mais relevante para uma aplicabilidade mais rápida e eficaz no mercado de trabalho. Sendo o foco desta unidade perceber a realidade atual dessa mesma amostra, bem como ainda a tentativa de perceber que tipo de profissionais têm mais acesso no seu trabalho a possibilidades de redução do seu horário laboral de forma temporária.

Neste capítulo 5, o objetivo será perceber que tipo de profissionais procuram efetivamente ter acesso a esta flexibilidade de tempo laboral (independentemente se já têm ou não) e quais os contornos desse acesso. Para isso, iremos recorrer a 71 amostras previamente selecionados e que procuram analisar a heterogeneidade do mercado português sobre esta mesma hipótese. As mesmas foram dividas em 2 grupos. As amostras foram denominadas pela letra N seguida do total de casos que preenchem o requisito estipulado.

O grupo A está responsável pela evidência e continuação dos dados analisados no capítulo 4, sendo por isso o principal foco do estudo. Assim a amostra deste grupo é encabeçada por N=594. Seguindo-se as restantes amostras que a compõem: N=299 (género feminino); N=295 (género masculino); N=350 (idade entre os 25 e 34 anos); N=181 (idade entre os 35 e 44 anos); N=63 (idade igual ou superior a 45 anos); N=19 (escolaridade completa igual ou inferior ao 9.ºano); N=95 (12.º ano de escolaridade completo); N=206 (bacharelato/ licenciatura completa); N=270 (mestrado ou pós-graduação completa); N=191 (profissionais com filhos dependentes); N=35 (trabalhadores-estudantes com contrato por conta de outrem); N=151 (cargo operacional); N=274 (cargos técnicos/especializados); N=169 (cargos de responsabilidade por equipa/ coordenador/ gestor); N=56 (rendimento liquido anual inferior a 7500€); N=121 ( rendimento liquido anual entre 7.500€ e 10.000€); N=195 ( rendimento liquido anual entre 10.001 e 14.000); N=130 ( rendimento liquido anual entre 14.001 e 20.000); N=92 (rendimento liquido anual superior a 20.000€). Para medição do tempo livre, foram selecionadas as seguintes amostras N=43 (tempo livre = 0); N=55

56 (tempo livre < 1); N=79 (tempo livre<1.5); N=107 (tempo livre < 2); N=139 (tempo livre < 2.5); N=181 (tempo livre < 3); N=212 (tempo livre < 3.5); N=268 (tempo livre < 4); N=399 (tempo livre < 5); N=494 (tempo livre < 6); N=548 (tempo livre < 7); N=578 (tempo livre < 8); N=587 (tempo livre <9); N=594 (tempo livre <11 = amostra total) (cf. Figura 5.1).

Como referido ao longo de toda a investigação, o nosso foco é a amostra N=594. No entanto, com o objetivo de enriquecer os dados deste mesmo estudo, decidiu-se ainda realizar múltiplas análises que têm o objetivo de trazer uma visão global sobre a hipótese do estudo. Assim este grupo B é iniciado com a amostra total que participou no estudo, N=1025. Seguidas das análises às amostras N=510 (género feminino); N=515 (género masculino); N=161 (jovens entre os 18 e 24 anos); N=435 (Idade entre os 25 e 34 anos); N=293 (Idade entre os 35 e 44 anos); N=136 (Idade igual ou superior a 45 anos); N=23 (escolaridade completa igual ou inferior ao 9.ºano); N=175 (12.º ano de escolaridade completo); N=405 (bacharelato/ licenciatura completa); N=409 (mestrado ou pós- graduação completa); N=333 (População total com filhos dependentes); N=75 (trabalhadores-estudantes) N=140 (Donos de empresa/ CEO/ Diretores); N=89 (trabalhadores independentes/por conta própria); N=707 (trabalhadores dependentes); N=205 (trabalhadores dependentes com cargos operacionais); N=323 (trabalhadores dependentes com cargos técnicos/especializados); N=179 (trabalhadores dependentes com cargos de responsabilidade por equipa/coordenador/gestor); N=39 (desempregados); N=125 (rendimento liquido anual inferior a 7500€); N=193 ( rendimento liquido anual entre 7.500€ e 10.000€); N=262 ( rendimento liquido anual entre 10.001 e 14.000); N=169 ( rendimento liquido anual entre 14.001 e 20.000); N=194 (rendimento liquido anual superior a 20.000€). Tal como no grupo A, foram também realizadas analises ao tempo livre, sendo obtidas as seguintes amostras: N=43 (tempo livre = 0); N=55 (tempo livre < 1); N=79 (tempo livre<1.5); N=107 (tempo livre < 2); N=139 (tempo livre < 2.5); N=181 (tempo livre < 3); N=212 (tempo livre < 3.5); N=268 (tempo livre < 4); N=399 (tempo livre < 5); N=494 (tempo livre < 6); N=548 (tempo livre < 7); N=578 (tempo livre < 8); N=587 (tempo livre <9); N=594 (tempo livre <11 = amostra total) (cf. Tabela 5.b).

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b) Análise à estrutura da hipótese: “Possibilidade de redução do tempo de

trabalho”

A questão que deu origem ao estudo e com a qual se inicia este bloco de projeções foi a seguinte hipótese: “Possibilidade de redução do tempo de trabalho (com redução proporcional do salário)”. As hipóteses consideradas foram enumeradas de d1 a d6. Assim d1 refere-se a “Seria uma ideia com pouca relevância e pouco interesse para mim”; d2 a “Seria uma ideia interessante, no entanto como tenho grandes necessidades financeiras provavelmente não a iria usar”; d3 a “Seria uma ideia interessante e que usaria para poder voltar a estudar ou conciliar com os estudos atuais”; d4 a “Seria muito importante e usaria para dedicar mais tempo à família ( isto é, filhos ou pais)”; d5 a “Seria muito importante pois devido a limitações de saúde (físicas ou psicológicas) sei que me poderia ajudar”; e d6 a “Seria muito importante e usaria a oportunidade para ter um vida mais saudável e equilibrada”. No quadro abaixo foram enumeradas, em termos percentuais, os resultados obtidos por cada amostra.

i. Amostra principal (N=594)

Na amostra principal (N=594, cf. Tabela 5.a) e da qual fazem parte todos os trabalhadores dependentes com mais de 25 anos, verificou-se que apesar de 41,1% dos inquiridos não ver qualquer relevância na hipótese apresentada e por isso não a usariam, 31,5% dos profissionais que atualmente trabalham num contrato por conta de outrem utilizaria a medida. Foi ainda verificado que a hipótese d6 (tempo para outras atividades da vida que não família ou estudos) apresentou o maior percentual nas razões da utilização da possibilidade de redução dos tempos de trabalho. Levantando fortes indícios que, hoje, cada vez mais para o profissional em Portugal, a busca por mais tempo para a vida privada não se prende tanto com razões familiares ou académicas, mas cada vez mais para outras atividades da vida privada.

Na amostra por género, os resultados são bastante díspares, pois embora o homem (N=295, d1=44,7%), apresente um valor percentual bastante superior ao da mulher (N=299, d1=37,5%) no que concerne a não ver usabilidade na medida de flexibilidade; o número de homens que usaria efetivamente a medida atualmente é bastante superior ao da mulher (35% e 28,1% respetivamente). A principal razão parece estar relacionada com a hipótese d2 (motivações financeiras), o que tendo em conta a realidade portuguesa onde em média o

58 homem ganha mais que a mulher, este tipo resultados não se torna tão inexplicável (cf. Capítulo 4 f. vii).

Na análise das idades verifica-se que é entre os 25 e 34 anos que menos interesse tem este tipo de flexibilidade (N=350, d1=45,1%), atingindo ainda um dos valores mais baixos relativos de utilização efetiva da medida (28,5%). Por outro lado, foi entre os 35 e 44 anos que se registou o maior interesse na possibilidade de obter, de forma temporária, horários de trabalho inferiores ao normal que têm atualmente. A hipótese que parece ter uma maior responsabilidade nesta situação é a d4 (preocupações familiares como filhos, pais, casa). A idade entre os 35 e os 44 anos parece ter ainda uma relação extremamente forte com os profissionais que têm filhos dependentes (N=191), dado que se atinge um máximo de 24,1%, entre o total das 71 amostras). De tal modo que esta razão corresponde a 64,78% do total dos profissionais que optaria por esta hipótese nesta amostra.

Nas idades após os 44 anos (N=63), embora a família ainda ocupe a posição mais relevante nas razões pelas quais estes profissionais procuram aceder a esta modalidade de flexibilidade, destaca-se ainda a relevância de d5 (questões de saúde) que obteve neste primeiro grupo de amostras o valor mais alto de todos (3,2%). Ou seja, esta hipótese d4, nos profissionais com contratos por conta de outrem, é sobretudo importante após os 44 anos. Este dado é ainda mais pertinente devido à situação demográfica portuguesa (população envelhecida). Assim, esta modalidade de flexibilidade demonstra efeitos positivos nas populações mais enfraquecidas/sensíveis (reduções no horário para aqueles que assim o entenderem poderão proporcionar melhor qualidade de vida para o profissional e maiores índices de produtividade e consequente redução de custos para as empresas).

A escolaridade não demonstrou ter um grande impacto neste tipo de flexibilidades. No entanto como se pode verificar no quadro, existe uma tendência para que os profissionais com menores níveis de estudos procurem e demonstrem muito mais interesse nesta modalidade (cf. d1 ao longo de todas as amostras de escolaridade), verificando-se que os resultados de efetividade só não são mais expressivos devido a d2 (motivações financeiras). Similares resultados foram também obtidos na análise das posições hierárquicas. De tal modo que quanto menor for o nível hierárquico (poder dentro da empresa), maiores serão os interesses e apoios a esta medida (cf. d1), não obstante a que as dificuldades financeiras que

59 eles teriam não lhes permite, pelo menos por agora, demonstrar interesse efetivo na utilização da medida.

Na amostra de estudantes, o dado mais interessante foi perceber que apenas 28,6% (um dos valores mais baixos entre todas as amostras) não consideram a medida relevante/importante e não a usariam. Verificando-se assim que embora apenas 34,3% dos profissionais usasse a medida no momento em que o inquérito foi elaborado, 37,1% no momento atual não a usaria por questões financeiras. Um outro dado relevante é perceber as razões que levam à procura desta modalidade de flexibilidade, onde a maior parcela relativa deve-se a outras atividades da vida para além da família e estudos (d6), em segundo aparecem as questões familiares (d4), e apenas em último aparece a necessidade de mais tempo para estudar.

Quando verificados os valores obtidos para os diferentes rendimentos líquidos anuais, conseguem-se retirar duas grandes elações. O primeiro resultado alcançado são os profissionais com maiores rendimentos (superiores a 20.000€/ano) que maior interesse efetivo tem na utilização da medida (41,4%), sendo a principal razão desta, o tempo para outras atividades da vida (que não família ou estudos). Mas o dado mais surpreendente que se obteve, foram os profissionais com rendimentos inferiores a 7500€ por ano, que ocupam a segunda posição com maior efetividade de aplicabilidade, sendo que d6 conjuntamente com d3 (possibilidade de estudar ou voltar a estudar) tornam-se nas principais consequências de usabilidade desta hipótese, contrariando os resultados obtidos por escolaridade ou posição hierárquica. Poderão ser apontadas diversas razões para estes resultados, mas acredita-se que as principais são o valor dado ao dinheiro, de tal modo que o valor quantitativo não é tão importante como o valor qualitativo. Pois para alguns profissionais que aufiram até 535€ líquidos por mês (ponderação a 14 meses), mesmo assim estão dispostos a ganhar menos se isso lhes permitir ter mais tempo para estudar de modo a aumentar eventualmente os seus rendimentos futuros ou a um maior equilíbrio na sua vida privada ou familiar. Por outro lado, apesar de tradicionalmente menores níveis de escolaridade corresponderem a posições hierárquicas inferiores e consequentemente a menores salários, a realidade portuguesa (entenda-se desta amostra N=594) não demonstrou este tipo de relações. Foi verificado que dos profissionais como 12.º ano ou menos, apenas 50% se encontrava numa posição de operacional, 27,2% numa posição de coordenação e 22,8% nos quadros técnicos/especializados. Ao mesmo tempo, apenas 16,7% dos profissionais com o 12.º ano

60 ou menos tinham salários inferiores a 7.500€ líquidos anualmente. Numa outra perspetiva, de todos os profissionais com rendimentos inferiores a 7.500€/ano verificou-se que 66% dos mesmos têm escolaridade igual ou superior à licenciatura. Estes dados demonstram que a complexidade do mercado português é de tal forma elevada que independentemente da escolaridade, rendimentos ou posição hierárquica existirão profissionais com interesse neste tipo de flexibilidades (das diversas amostras realizadas nesta secção, o valor mais baixo obtido foi de 28,1% nos profissionais com rendimentos entre os 10.001 e os 14.000€ líquidos por ano). Estes indícios são ainda extremamente relevantes pois, ao contrário de quem pensasse que por Portugal ser um país com ordenados relativamente baixos, este tipo de flexibilidades não teria grande usabilidade, verifica-se exatamente o oposto. Assim, devido à inconclusividade destes três grandes grupos de variáveis (escolaridade, posição hierárquica ou rendimentos anuais), as mesmas, não são consideradas como bons indicadores do tipo de profissionais que procura esta flexibilidade.

O último segmento de amostras analisadas foi o tempo livre médio diário19, que de

todos os grupos de variáveis analisados foi o que trouxe resultados mais relevantes. No quadro, são apresentados os valores percentuais obtidos de acordo com o os segmentos de tempo livre considerados (foram consideradas 14 segmentos de horas diferentes, que se acredita serem o suficiente para retirar as conclusões da relação desta variável com a hipótese descrita). É percetível pelo quadro que o pico de maior interesse dos profissionais por esta modalidade acontece quando N=55 (que corresponde aos profissionais que têm um tempo livre diário inferior a 1 hora); após a mesma o interesse do profissional por esta modalidade começa a reduzir há medida que o tempo livre aumenta até atingir o seu ponto mínimo quando o tempo livre é de até 6 horas, retomando o crescimento positivo a partir daí. Este efeito parábola permite constatar que são os profissionais com menos tempo livre que procuram ter maior acesso a este tipo de flexibilidade, mas até certo limite, pois independentemente de o profissional ter um tempo livre considerável, existirão na mesma diversos profissionais que quererão continuar a ter acesso à medida (valores sempre superiores a 30% nas amostras).

19 Como referido no capítulo 4, o tempo livre médio diário tem em conta os tempos gastos com o trabalho,

transporte, alimentação, sono, filhos e estudos académicos. Considerando-se assim tempo livre, todo o tempo restante.

61 Áre a A mo str as Sel ecio na da s

Variáveis testadas na Hipótese – Grupo A: N=594

Totais com interesse efetivo na hipótese d1 d2 d3 d4 d5 d6 TOT AL N=594 41,1% 27,4% 6,7% 11,1% 1,2% 12,5% 31,5% ne ro N=299 37,5% 34,4% 4,3% 11,7% 1,7% 10,4% 28,1% N=295 44,7% 20,3% 9,2% 10,5% 0,7% 14,6% 35,0% Idade N=350 45,1% 26,3% 7,4% 7,1% 1,1% 12,9% 28,5% N=181 35,9% 27,6% 5,0% 18,2% 0,6% 12,7% 36,5% N=63 33,3% 33,3% 7,9% 12,7% 3,2% 9,5% 33,3% E sc ol aridade N=19 36,8% 31,6% 15,8% - 15,8% 31,6% N=95 38,9% 28,4% 9,5% 12,6% 1,1% 9,5% 32,7% N=206 39,8% 28,6% 7,3% 12,6% 1,5% 10,2% 31,6% N=270 42,9% 25,9% 4,8% 10,4% 1,1% 15,2% 31,5% F ilhos N=191 34,0% 28,8% 4,7% 24,1% 8,4% 37,2% E stu d ante s N=35 28,6% 37,1% 8,6% 11,4% 14,3% 34,3% Hi erarquia N=151 36,4% 33,1% 7,9% 8,6% 2,0% 11,9% 30,4% N=274 39,8% 28,1% 6,6% 12,4% 0,7% 12,4% 32,1% N=169 47,3% 21,3% 5,9% 11,2% 1,2% 13,0% 31,3% R end. L iq. Anual N=56 44,6% 21,4% 14,3% 3,6% 1,8% 14,3% 34,0% N=121 30,6% 39,7% 7,4% 9,9% 1,7% 10,7% 29,7% N=195 41,5% 30,3% 4,6% 12,3% 1,5% 9,7% 28,1% N=130 50,8% 19,2% 3,8% 13,8% 0,8% 11,5% 29,9% N=92 38,0% 20,7% 9,8% 10,9% 20,7% 41,4% TE M P O L IV R E N=43 20,9% 39,5% 7,0% 11,6% 20,9% 39,5% N=55 20,0% 34,5% 7,3% 14,5% 23,6% 45,4% N=79 26,6% 31,6% 6,3% 17,7% 1,3% 16,5% 41,8% N=107 31,8% 29,0% 7,5% 15,9% 0,9% 15,0% 39,3% N=139 32,4% 30,2% 6,5% 16,5% 0,7% 13,7% 37,4% N=181 32,6% 28,7% 6,6% 16,6% 2,2% 13,3% 38,7% N=212 24,9% 29,2% 6,1% 16,5% 1,9% 11,3% 35,8% N=268 36,2% 30,6% 5,2% 14,2% 1,9% 11,9% 33,2% N=399 39,3% 29,3% 5,0% 13,5% 1,5% 11,3% 31,3% N=494 39,9% 29,8% 5,7% 12,3% 1,2% 11,1% 30,3% N=548 40,7% 29,0% 5,7% 11,5% 1,3% 11,9% 30,4% N=578 41,3% 28,0% 6,1% 10,9% 1,2% 12,5% 30,7% N=587 41,4% 27,8% 6,3% 10,9% 1,2% 12,4% 30,8% N=594 41,1% 27,4% 6,7% 11,1% 1,2% 12,5% 31,5%

62

ii. Amostras secundárias

Com a introdução de todos os outros segmentos suprimidos na amostra principal (inserção dos jovens entre os 25 e 34 anos, trabalhadores independentes, CEO/donos de empresas e diretores, estudantes e desempregados) na amostra N=1025 8(cf. Tabela 5.b), assiste-se a um aumento no interesse efetivo e no acesso à possibilidade de redução do tempo de trabalho em relação a N=594. Com efeito o valor cresceu de 31,5% para 34,9%.

Nas avaliações por género (N=510 e N=515) assiste-se a uma aproximação dos resultados da mulher ao homem (quando comparado à amostra principal, N=299 e N=295), embora os níveis de interesse efetivo na modalidade pela mulher continuem inferiores aos do homem.

Para os jovens entre os 18 e 25 anos (N=161), 41,6% gostaria de ter acesso à medida, sendo a principal razão (58,1%) a variável d6. Mais pertinente ainda é o facto de ter sido neste segmento que a hipótese d6 atingiu maior relevância. Demonstrando que para a população mais jovem que trabalha ou entrará em breve no mercado de trabalho, as razões que se prendem a este tipo de flexibilidade não são tão pontais ou temporárias no tempo como se poderia anteceder (assumindo que muitos dos jovens nesta idade ainda estudam ou estão a iniciar a sua carreira profissional, e por isso fosse expectável que as hipóteses d2 e d3 tivessem um maior peso relativo). São sim, as razões de quem dá cada vez mais valor ao equilíbrio entre o trabalho e as restantes atividades da vida (que não a família ou os estudos). Abrindo desta forma caminhos para que no futuro estas novas gerações moldem o mercado de trabalho e a oferta das empresas e este tipo de flexibilidades de tempo. Nos restantes segmentos de idade, embora os valores percentuais sejam em média superiores aos da amostra principal, as razões de variação são similares às explicadas no ponto anterior.

Quanto aos pais e mães, os valores relativos de utilização da medida são os mesmos da amostra principal, evidenciando, que possivelmente este segmento é muito insensível ao posicionamento do profissional no mercado de trabalho (independentemente se tem um contrato por conta de outrem, se é trabalhador independente, estudante, desempregado, idades ou rendimentos líquidos) há uma tendência clara pelo uso desta medida, sobretudo para darem mais atenção à família (hipótese d4).

63 Os níveis de escolaridade, à semelhança dos resultados obtidos na amostra principal são inconclusivos.

No nível hierárquico o primeiro valor analisado refere-se à amostra representativa de diretores/donos das empresas A mesma indicou que 50,7% dos mesmos não vê qualquer sentido nesta modalidade de flexibilidade de tempo. Sendo o único a ultrapassar a barreira dos 50%. Não obstante, 41,3% dos diretores/donos das empresas também afirmaram ser adeptos desta modalidade. Evidenciando que mesmo ocupando posições à partida mais privilegiadas (melhor remuneradas e com possibilidades de maior flexibilidade devido ao cargo que ocupam), utilizariam a medida sendo a principal razão a obtenção de uma vida mais saudável e equilibrada. Foram ainda efetuados alguns testes para perceber as razões destes dois extremos, mas os mesmos foram inconclusivos, acreditando que possivelmente as razões destas disparidades estarão fora do controlo deste estudo.

Para os trabalhadores independentes (N=89) e que à partida têm um maior poder na gestão dos seus horários e tempos de trabalho quando comparados aos trabalhadores dependentes (N=594), obtiveram um grau de efetividade de 33,7%. Quando analisado com maior detalhe, as razões por detrás destes resultados poderão ser várias, mas dado não fazerem parte do objetivo central desta investigação não foram aprofundadas. No entanto, nas possíveis conjeturas algumas das razões para estes resultados serem tão similares à população empregada com contrato por conta de outrem poderão ser a possibilidade de estarem a recibos verdes, mas mantendo na mesma as características de um contrato de trabalho (por exemplo, têm horários pré-definidos e um responsável/chefe, os chamados falsos recibos verdes). Outra possível razão poderá também estar relacionada coma expetativa futura destes profissionais deixarem de ser independentes e terem um contrato por conta de outrem. As restantes amostras hierárquicas obtiveram valores similares aos da amostra principal.

Para a amostra representativa dos estudantes (N=75) convém salientar que a mesma é composta por todo o universo trabalhador-estudante (inclui-se os que trabalham a recibos verdes ou independentes, e os trabalhadores com contrato por conta de outrem). Assim nos resultados obtidos, 33,3% concordaram que dariam uso efetivo a este tipo de flexibilidade. Dos inquiridos que apoiam a medida e a utilizariam 48% seria para razões de equilíbrio com a vida privada. A hipótese d3 continuou a não obter um peso tão relevante como poderia ser

64 expectável (aparecendo no segundo lugar das preferências e muito mais próximo do terceiro lugar que do primeiro), dado apenas 28% dar preferência para este uso. De notar que quando comparada apenas aos estudantes trabalhadores dependentes, o peso relativo do tempo para estudos aumentou e ultrapassou d4. Não obstante, a principal conclusão que podemos retirar é que o tempo adicional que os estudantes ganhariam com o acesso a este tipo de flexibilidade seria mais para usos não académicos (para apoio à família ou para outras atividades da vida privada).

A amostra dos desempregados (N= 39) exige alguma cautela a analisar os seus dados pois o seu número de casos (N) não é muito expressivo. Por outro lado, para simplificação da análise, a estes participantes, dado não trabalharem, foi proposto que assumissem uma proposta inicial de contrato de 40Horas semanais. Assim foi verificado que neste segmento da população ativa obtiveram-se os resultados mais encorajadores. Para além de 48,7% dos participantes poder vir a utilizar a medida efetivamente (valor mais alto obtido para o total de apoiantes ativos da hipótese apresentada); a hipótese d5 (limitações de saúde (física e psicológica), que nas amostras anteriores tinha apresentado resultados muito pequenos e irrelevantes, na população desempregada que utilizaria a medida, atingiu uma importância de 10,47% (ou 5%do total). Para além destes resultados, também foi verificado nesta amostra o valor percentual mais baixo para a hipótese b1. Estes dados também são relevantes pois permitem perceber que possivelmente muitos dos profissionais desempregados não têm grande interesse num trabalho a full-time (ou de 40Horas semanais) seja por razões de saúde, familiares, de estudo ou outras, prevendo que esta medida de flexibilidade poderá também ajudar na reintegração de diversos desempregados no mercado de trabalho.

Os resultados obtidos com o tempo livre quando N=1025 foram muito similares aos obtidos quando N=594 prevendo-se que esta variável, tal como a variável que representa os filhos seja pouco sensível a outros fatores e por isso demonstre ser uma variável bastante relevante no estudo e com uma grande relação com o interesse nesta modalidade de flexibilidade de tempo laboral.

65 Á re a A m os tr as Selec ion

adas Variáveis testadas na Hipótese – Grupo B Totais com

interesse na hipótese d1 d2 d3 d4 d5 d6 TOT AL N=1025 41,3% 23,7% 7,4% 10,4% 1,3% 15,8% 34,9% G én ero N=510 35,3% 31,4% 5,5% 11,2% 1,6% 15,1% 33,4% N=515 47,4% 16,1% 9,3% 9,7% 1,0% 16,5% 36,5% Id ad e N=161 38,5% 19,9% 10,6% 6,2% 0,6% 24,2% 41,6% N=435 43,9% 24,6% 8,5% 7,8% 1,4% 13,8% 31,5% N=293 39,2% 23,2% 4,8% 16,4% 1,0% 15,4% 37,6% N=136 41,2% 26,5% 5,9% 11,0% 2,2% 13,2% 32,3% Es co lar id ad e N=23 43,5% 30,4% 13,0% -- -- 13,0% 26,0% N=175 38,9% 25,1% 9,1% 9,7% 2,9% 14,3% 36,0% N=405 41,2% 24,4% 7,7% 11,9% 1,2% 13,6% 34,4% N=409 42,1% 22,0% 6,4% 10,0% 0,7% 18,8% 35,9% Fil hos N=333 38,1% 24,6% 4,5% 20,7% 0,6% 11,4% 37,2% Es tu d an tes N=75 41,3% 25,3% 9,3% 8% -- 16% 33,3% Hierar qu ia N=140 50,7% 7,9% 7,1% 12,1% 1,4% 20,7% 41,3% N=89 41,6% 24,7% 4,5% 11,2% 1,1% 16,9% 33,7% N=707 40,6% 26,7% 7,1% 10,3% 1,0% 14,3% 32,7% N=205 36,1% 33,2% 7,8% 7,3% 1,5% 14,1% 30,7% N=323 39,9% 26,3% 6,8% 11,5% 0,6% 14,9% 33,8% N=179 46,9% 20,1% 6,7% 11,7% 1,1% 13,4% 32,9% D es em p reg ad o N=39 25,6% 25,6% 10,3% 15,4% 5,1% 17,9% 48,7% R en d. L iq . An ual N=125 46,4% 23,2% 9,6% 2,4% 0,8% 17,6% 30,4% N=193 32,1% 33,2% 7,3% 11,9% 1,6% 14,0% 34,8% N=262 40,1% 28,6% 6,5% 11,1% 1,1% 12,6% 31,3% N=169 49,7% 20,1% 4,7% 12,4% 1,2% 11,8% 30,1% N=194 45,4% 12,4% 7,2% 12,4% 0,5% 22,2% 42,3% T EMPO L IVR E N=78 29,5% 30,8% 5,1% 14,1% 2,6% 17,9% 39,7% N=108 27,8% 27,8% 5,6% 15,7% 1,9% 21,3% 44,5% N=147 31,3% 25,9% 5,4% 17,0% 2,0% 18,4% 42,8% N=191 34,6% 24,6% 6,3% 14,7% 1,6% 18,3% 40,9% N=235 34,5% 25,5% 6,4% 15,3% 1,3% 17,0% 40,0%

66 N=296 33,4% 25,3% 6,4% 15,5% 2,0% 17,2% 41,1% N=356 36,2% 26,1% 5,9% 15,2% 1,7% 14,9% 37,7% N=448 37,9% 26,3% 5,6% 13,4% 1,6% 15,2% 35,8% N=649 39,8% 26,0% 5,9% 12,5% 1,4% 14,5% 34,3% N=794 41,2% 25,8% 6,3% 11,6% 1,1% 14,0% 33,0% N=889 41,8% 24,9% 6,4% 10,8% 1,1% 15,0% 33,3% N=933 42,3% 24,3% 6,5% 10,3% 1,1% 15,4% 33,3% N=961 42,1% 24,0% 6,7% 10,5% 1,0% 15,6% 33,8% N=1025 41,4% 23,7% 7,4% 10,4% 1,3% 15,8% 34,9% Tabela 5.b Grupo B: N=1025

Para concluir este tema verificou-se que independentemente das amostras analisadas, e dos motivos que poderiam levar à utilização desta modalidade de flexibilidade de tempo laboral, o valor relativo mais baixo obtido entre todas as amostras foi de 26% (para o universo total) e de 28,1 para os profissionais com contrato dependente (ou por conta de outrem). Assim pode-se dizer que pelo menos 25% dos profissionais em Portugal não só concorda com a medida como a utilizaria, mesmo que isso trouxesse uma redução ao seu salário (proporcionalmente e de acordo com as horas trabalhadas).

c) Análise dos tempos dos inquiridos com interesse efetivo na hipótese

Esta secção pretende analisar os tempos (cf. Tabela 5.c) e o período de tempo (cf. Tabela 5.d) que os participantes ambicionavam ter no momento em que este inquérito foi realizado. De notar que o valor 0 (zero) refere-se às respostas obtidas em que os profissionais embora concordem com a medida e possam vir a utilizá-la, no momento não tinham interesse em utilizá-la. Devido aos resultados obtidos no ponto anterior, e de acordo com a relevância demonstrada, nesta secção serão apenas analisadas as seguintes amostras, N=594 (amostra principal dos trabalhadores dependentes); N=299 e N=295 (amostra por género dos trabalhadores dependentes); N=191 (profissionais com contratos dependentes e Filhos); N=1025 (amostra global); N=161 (jovens entre os 18 e 24 anos); N=140 (Diretores/CEO); N=89 (trabalhadores independentes); N=75 (trabalhadores estudantes com contrato por conta de outrem); N=39 (desempregados). O tempo livre será ainda analisado utilizando como base a amostra principal (N=594).

Na análise à amostra principal verificou-se que os profissionais procuram, em média, uma redução ao seu tempo atual em 4,67 horas, verificando-se ainda que 34,2% procuram

67 uma redução em 5 horas. Por outro lado, a média do período pelo qual procuram usufruir desta redução do horário foi de 14,84 meses e o parâmetro que obteve maior peso relativo

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