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Através da análise exploratória dos resultados, a fim de conhecimento da natureza e distribuição dos dados, foi detectado dados anômalos que poderiam comprometer os resultados da análise estatística.

Para análise estatística foram removidos os resultados referentes aos períodos 2 e 3 semanas em câmara de germinação, devido a algumas inconsistências dos resultados. Na Figura 21 estão representadas as médias da atividade da peroxidase determinada em todos os períodos de permanência em câmara de germinação. Como a atividade da peroxidase foi muito variável ao longo dos tratamentos, não havendo tendência linear contínua, os resultados foram representados pelo modelo de médias.

Analisando a Tabela 7, referente à estatística descritiva da peroxidase, pode ser verificado que ocorreu elevada variação nos dados. Como a variação experimental, representada pelo coeficiente de variação, normalmente não deve ultrapassar 30%, foi analisada se esta variação dos dados estava presente em todo o experimento ou apenas em alguns tratamentos, como mostrado na Figura 22. Pode ser verificado que apesar da existência de variação dentro dos tratamentos, esta não foi superior a 16%, indicando bom controle experimental dentro de cada tratamento.

Neste caso, houve efeitos significativos da câmara de germinação, câmara fria e da interação, e atendidas as pressuposições do modelo linear, procedeu-se a aplicação do teste de Tukey de comparações múltiplas.

Para atender as pressuposições do modelo, foi necessário transformar a variável Atividade da Peroxidase em log (log POD), devido a heterocedasticidade de variância. O quadro da análise de variância se encontra na Tabela 8, para a variável resposta log POD.

A interação entre os fatores CG e CF foi significativa, desta forma, foi realizado o teste de Tukey de comparações múltiplas de médias para avaliar quais tratamentos diferem entre si a 5% de significância. A Tabela 9 mostra os resultados deste teste estatístico.

Tabela 7: Estatística Descritiva da atividade da peroxidase (POD) Medidas de Posição e Dispersão

Mínimo 1º Quartil Mediana Média 3º Quartil Máximo

0,20 2,93 5,41 7,99 9,10 38,01

Variância Desvio Padrão Coeficiente de Variação

-10 0 10 20 30 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Períodos em câmara de germinação (semanas)

A ti vi da de da pe roxi da se

CF= 0 CF= 3 meses CF= 6 meses CF= 9 meses

Figura 21. Relação entre Atividade de Peroxidase e os tratamentos em câmara de germinação (CG) e câmara fria (CF)

Tabela 8. Análise de variância do log POD. Fonte de Variação GL SQ QM F P Câmara de Germinação 8 59,003 7,375 1513,30 < 0,0001 Câmara Fria 3 24,534 8,178 1677,96 < 0,0001 Interação (CG;CF) 24 87,220 3,634 745,67 < 0,0001 Resíduo 104 0,507 0,005 Total 139 171,264

Tabela 9. Teste de comparações múltiplas pelo teste de Tukey para a variável log POD. Câmara Fria (meses)

Câmara de Germinação (semanas) 0 3 6 9 0 0,37 (*) g D 2,77 f B 4,56 d A 2,00 a C 1 0,22 h D 1,28 g C 5,46 c A 2,66 g B 4 13,23 a A 4,03 e C 8,53 b B 13,03 c A 5 3,76 e D 7,76 c B 19,41 a A 5,88 f C 6 4,74 d B 5,16 d B 4,22 de C 19,43 b A 7 3,77 e B 2,67 f C 8,02 b A 6,88 e A 8 6,56 c C 13,30 b A 0,59 g D 9,78 d B 9 7,79 b B 6,16 d C 1,67 f D 22,64 ab A 10 2,70 f D 29,60 a A 3,72 e C 23,23 a B

(*) Médias seguidas de mesmas letras minúsculas na coluna e maiúsculas na linha não diferem

entre si a 5% de significância.

Analisando a Tabela 9 e Figura 21 verifica-se que a atividade da peroxidase apresenta grande variação quando as sementes/plântulas foram submetidas aos tratamentos de câmara de germinação e câmara fria. Embora tenha ocorrido este fenômeno, fazendo uma análise geral, pode-se constatar alguns fatos:

a) a atividade da peroxidase aumenta com a evolução do processo germinativo;

b) Não foi detectado atividade da peroxidase nas sementes que não permaneceram em câmara de germinação (0 semanas) e não foram armazenadas em câmara fria (0 meses), visto que ainda não tinha sido iniciado o processo de germinação;

c) Não foi detectado atividade da peroxidase quando as sementes foram mantidas em CG por período de até 3 semanas e não foram armazenadas em CF;

d) As sementes e/ou plântulas que foram mantidas em CG e que foram armazenadas, por períodos de 3, 6 e 9 meses em câmara fria a atividade da peroxidase foi superior em comparação aquelas que não foram mantidas em câmara fria, visto que algumas sementes nestas condições já havia iniciado a germinação, tornando as amostras utilizadas para o processo de extração enzimática heterogêneas quanto ao estádio germinativo;

e) A atividade da peroxidase foi mais elevada nas sementes e/ou plântulas que foram mantidas por 9 meses em câmara fria.

As peroxidases estão envolvidas em muitos processos fisiológicos e de desenvolvimento e deste modo, podem ser detectadas nas plantas desde a germinação até a senescência (PASSARDI et al., 2004). Uma das características notáveis destas enzimas é que elas estão associadas com processos de elongação celular, mas também com reações de restrição de crescimento.

O aumento da atividade da peroxidase está associado à senescência das sementes. Em Arabidopsis foi verificado por Abarca et al. (2001) aumento da atividade da peroxidase durante a senescência de tecidos. De acordo com Passardi et al. (2004) estas enzimas estão envolvidas na senescência devido seu envolvimento no controle da parede celular, primeiramente por gerar ERO, como possível moléculas sinalizadoras e também por ligações cruzadas dos componentes na parede celular secundária.

Em muitas sementes secas e plântulas, a peroxidase está presente e novas isoenzimas aparecem conforme tem início a embebição das sementes (SIEGEL & GALSTON, 1966, apud SIEGEL, 1993; PASSARDI et al., 2004). Estas enzimas podem desempenhar um papel crucial na proteção de sementes nos primeiros dias de germinação por reduzirem ataque de patógenos (PASSARDI et al., 2004). Em estudos com sementes de tomate, Lycopersicon

esculentum (MOROHASHI & MATSUSHIMA, 2000) e de rabanete, Raphanus sativus (WU et al. , 2001) foram confirmados que a produção de peroxidase começa logo que ocorre a protusão

da radícula, que cria uma “ferida” no endosperma, cuja região é vulnerável ao ataque de patógenos.

É importante salientar que a atividade da peroxidase aumenta em situações de estresse, mas mesmo em condições normais, esta enzima é participante do metabolismo da planta, porque os processos vitais, como fotossíntese e respiração, também produzem ERO

(MITTLER, 2002), que induzem a atividade da enzima para evitar que estas provoquem danos ao sistema de membranas, proteínas ou ácidos nucléicos.

Diante dos resultados obtidos, a elevação da atividade da peroxidase está relacionada a senescência das plântulas, decorrente da manutenção em CG e armazenamento em CF. Os resultados referentes a taxa de sucesso das plântulas (Figura 2) corroboram estas afirmações.

7. CONCLUSÕES

Com a permanência de sementes/plântulas de Euterpe edulis em CG por até 10 semanas, seguido de armazenamento em CF por até 9 meses, pode-se constatar:

- diminuição da taxa de sucesso de plântulas, sem diminuição do vigor;

- senescência das sementes e/ou plântulas, confirmado pela elevada atividade da peroxidase; - que o armazenamento em CF é muito eficiente para conservação das sementes e/ou plântulas prolongando o período para a propagação desta espécie;

- que o armazenamento em CF deve ser realizado com sementes, ou nos estádios iniciais da germinação, visto que quanto mais avançado o estádio germinativo, menor a taxa de sucesso na obtenção de plântulas normais.

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