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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2 QUESTIONÁROS APLICADOS JUNTO AOS ESTUDANTES

4.2.4 Análise das categorias em conjunto

Verificando as matrizes curriculares dos cursos sob enfoque (cursos técnicos integrados ao ensino médio), identificamos diretrizes como: “abordar estudos sobre ética, raciocínio lógico, empreendedorismo, normas técnicas e de segurança, redação de documentos técnicos, educação ambiental (grifo nosso), educação para a cidadania, interdisciplinaridade, projetos integradores, formação integral dos estudantes e integração entre os diferentes componentes curriculares”. Todos esses aspectos são caros para nosso estudo e dão suporte para as ações sobre educação ambiental.

Constatamos que o curso de Meio Ambiente conta com diversas disciplinas específicas sobre EA em sua grade curricular, enquanto os cursos Recursos Pesqueiros e Multimídia não possuem nenhuma. Nos PPC, as expressões sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são encontradas no perfil profissional e no objetivo geral dos três cursos.

Sobre a grade de disciplinas previstas, destacamos as seguintes no Curso Meio Ambiente, em razão do seu vínculo temático com o meio ambiente e a EA: Ecologia, Climatologia Ambiental, Saúde e Meio Ambiente, Hidrologia, Controle de Poluição da Água, Planejamento e Gestão Ambiental, Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Educação Ambiental, Legislação Ambiental, Recuperação de Áreas Degradadas, Tratamento de Água e Esgoto e Agroecologia;

Já nos cursos Multimídia e Recursos Pesqueiros não identificamos disciplinas relacionadas à educação ambiental. Daí depreende-se que a educação ambiental nesses cursos estaria na dependência do exercício da transversalidade e da interdisciplinaridade por parte

dos educadores e no interesse individual dos estudantes em participar dos projetos e eventos desenvolvidos pela escola. Caberia ao exercício da docência estimular e provocar a motivação dos alunos. Identificamos que, para a participação dos projetos integradores, os estudantes são incentivados através de um mecanismo de bônus que é aplicado às notas individuais das disciplinas vinculadas aos projetos dos quais eles participam.

Analisando a categoria “conhecimentos”, percebe-se que alguns temas e conceitos fundamentais não são compreendidos por parte significativa dos participantes e, em consequência, merecem uma atenção especial por parte da administração escolar e dos educadores. É o caso dos conhecimentos gerais sobre EA e sobre o significado de Desenvolvimento Sustentável. Nos demais itens, os resultados demonstram um nível satisfatório de conhecimentos, levando-se em conta a ausência de disciplinas específicas sobre EA nos cursos Multimídia e Recursos Pesqueiros, aliada à baixa participação nos projetos integradores e nos eventos institucionais sobre o tema.

Na categoria “visão da escola”, destacamos algumas questões que demandam maior atenção, como: a educação ambiental nos dois primeiros anos dos cursos; o fornecimento de material de estudo; conhecimento dos estudantes sobre projetos e outras atividades de EA; priorização da EA pela escola; conhecimento dos estudantes sobre eventos de EA e frequência com que temas relativos ao meio ambiente são tratados em sala de aula. Esses aspectos denotam deficiências no incentivo e na motivação dos discentes por parte da instituição de ensino, revelando, inclusive, um sub aproveitamento de recursos e métodos, como é o caso dos eventos e dos projetos integradores, em razão da baixa participação verificada.

Na categoria “ações, opiniões e conscientização” é possível visualizar comportamentos, atitudes, modo de pensar e conscientização dos jovens a respeito das questões ambientais. É notável a conscientização dos discentes em relação a alguns itens da pesquisa, como: morte e extinção de espécies animais, como abelhas e pássaros, e as suas consequências para a produção de frutas e a reconstituição das florestas; a necessidade de economizarmos a água para que não falte no futuro; a importância das questões ambientais; as ameaças à natureza pela ação humana; a exploração da natureza em proveito próprio e de forma insustentável; a responsabilidade de todos para resolver os problemas ambientais e o consumo sustentável, sobretudo de água e energia. A partir dessa conscientização, enxergamos uma pré-disposição do corpo discente para a abordagem da EA, configurando-

se em terreno fértil e com boas perspectivas para que a escola amplie e intensifique o ensino ambiental.

Caberia um aprofundamento desse estudo, com vistas a identificar se os conhecimentos demonstrados, essa tomada de consciência e essas atitudes decorrem de influências do ambiente escolar ou do ambiente externo, assim compreendidos os espaços não formais ou informais de aprendizado a que estão sujeitos os estudantes, em casa ou na comunidade.

Para a consecução de uma práxis pedagógica, a EA não pode ficar restrita a conhecimentos teóricos recebidos em sala de aula, sendo condição sine qua non para um aprendizado significativo as experiências práticas no ambiente natural, através do contato com os fenômenos territoriais, tanto os ambientais como os de cunho social.

Na educação ambiental escolar deve-se enfatizar o estudo do meio ambiente onde vive o aluno e a aluna procurando levantar os principais problemas cotidianos, as contribuições da ciência, da arte, dos saberes populares, enfim, os conhecimentos necessários e as possibilidades concretas para a solução deles (REIGOTA, 2009, p. 46).

Para muitos professores e professoras, pais, alunos e alunas, e o público em geral, a educação ambiental só pode ser feita quando se sai da sala de aula e se estuda a natureza in loco. Essa é uma atividade rica de possibilidades, mas se corre o risco de tê-la como única atividade possível (REIGOTA, 2009, p.47).

Na esteira desse ideário, pensamos que é necessário verificarmos e catalogarmos os problemas locais, no entorno da escola, na comunidade, no bairro ou na região, como recurso instigador que irá despertar o senso crítico dos estudantes, como indica Reigota (2009, p. 48): nas imediações da escola, pode-se estudar as atividades das indústrias vizinhas e as suas fontes poluidoras ou ainda as atividades agrícolas, o comércio e o movimento do trânsito, além das poluições sonora, visual, da água e do ar, o crescimento da população, a rede de saneamento básico, entre tantos outros temas. Além disso, para a escolha dos conteúdos, o autor alerta que o conceito mais indicado é aquele originado do levantamento da problemática ambiental vivida cotidianamente pelos alunos e alunas e que se queira resolver. Esse levantamento pode ser feito conjuntamente por alunos(as) e professores(as).

A respeito da metodologia a ser empregada, Reigota (2009, p. 67) indica que a participativa pressupõe que o processo pedagógico seja aberto, democrático e dialógico entre os próprios educandos e educadores, com a administração da escola, com a comunidade em que vivem e com a sociedade em geral.

Na análise geral, apresentamos algumas propostas e sugestões que podem ser pensadas para melhorar esses índices e universalizar o estudo e a participação, ativa e efetiva, de discentes e docentes, através de uma revisão curricular que abranja todos os cursos técnicos integrados da Instituição.