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Tabela 3.4 – Análise de comparações múltiplas de resultados para a variável espessura do tecido ósseo adjacente investigado relacionado com

os torques x tempos aplicados

Torque Tempo Contole 2 dias Controle 7 dias Controle 14 dias Controle 21 dias Controle 42 dias Média dos Ranks Média dos Ranks 35,00 35,00 35,00 35,00 35,00 Controle 2 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 Controle 7 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 Controle 14 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 Controle 21 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 Controle 42 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 0 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 0 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 0 N.cm 14 dias 0,000239 0,000239 0,000239 0,000239 0,000239

40 0 N.cm 21 dias 0,026493 0,026493 0,026493 0,026493 0,026493 0 N.cm 42 dias 0,000370 0,000370 0,000370 0,000370 0,000370 5 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 5 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 5 N.cm 14 dias 0,008091 0,008091 0,008091 0,008091 0,008091 5 N.cm 21 dias 0,066047 0,066047 0,066047 0,066047 0,066047 5 N.cm 42 dias 0,001147 0,001147 0,001147 0,001147 0,001147 10 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 10 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 10 N.cm 14 dias 0,056197 0,056197 0,056197 0,056197 0,056197 10 N.cm 21 dias 0,144994 0,144994 0,144994 0,144994 0,144994 10 N.cm 42 dias 0,000755 0,000755 0,000755 0,000755 0,000755

Torque Tempo 0 N.cm 2 dias 0 N.cm 7 dias 0 N.cm 14 dias 0 N.cm 21 dias 0 N.cm 42 dias Média dos

Ranks Média dos Ranks 35,00 35,00 92,33 90,17 100,33

Controle 2 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 Controle 7 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 Controle 14 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 Controle 21 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 Controle 42 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 0 N.cm 2 dias 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 0 N.cm 7 dias 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 0 N.cm 14 dias 0,000239 0,000239 0,992563 1,000000 0 N.cm 21 dias 0,026493 0,026493 0,992563 0,998918 0 N.cm 42 dias 0,000370 0,000370 1,000000 0,998918 5 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 5 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 5 N.cm 14 dias 0,008091 0,008091 0,999779 1,000000 0,999990 5 N.cm 21 dias 0,066047 0,066047 0,950672 1,000000 0,986022 5 N.cm 42 dias 0,001147 0,001147 1,000000 0,999993 1,000000 10 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 10 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 0,000239 0,026493 0,000370 10 N.cm 14 dias 0,056197 0,056197 0,963226 1,000000 0,990597 10 N.cm 21 dias 0,144994 0,144994 0,834637 1,000000 0,927862 10 N.cm 42 dias 0,000755 0,000755 1,000000 0,999949 1,000000

Torque Tempo 5 N.cm 2 dias 5 N.cm 7 dias 5 N.cm 14 dias 5 N.cm 21 dias 5 N.cm 42 dias Média dos

Ranks Média dos Ranks 35,00 35,00 85,75 89,67 99,17

Controle 2 dias 1,000000 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147

Controle 7 dias 1,000000 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147

41 Controle 21 dias 1,000000 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147 Controle 42 dias 1,000000 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147 0 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147 0 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147 0 N.cm 14 dias 0,000239 0,000239 0,999779 0,950672 1,000000 0 N.cm 21 dias 0,026493 0,026493 1,000000 1,000000 0,999993 0 N.cm 42 dias 0,000370 0,000370 0,999990 0,986022 1,000000 5 N.cm 2 dias 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147 5 N.cm 7 dias 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147 5 N.cm 14 dias 0,008091 0,008091 1,000000 1,000000 5 N.cm 21 dias 0,066047 0,066047 1,000000 0,999524 5 N.cm 42 dias 0,001147 0,001147 1,000000 0,999524 10 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147 10 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 0,008091 0,066047 0,001147 10 N.cm 14 dias 0,056197 0,056197 1,000000 1,000000 0,999754 10 N.cm 21 dias 0,144994 0,144994 0,999985 1,000000 0,992320 10 N.cm 42 dias 0,000755 0,000755 1,000000 0,998184 1,000000

Torque Tempo 10 N.cm 2 dias 10 N.cm 7 dias 10 N.cm 14 dias 10 N.cm 21 dias 10 N.cm 42 dias Média dos

Ranks Média dos Ranks 35,00 35,00 83,08 85,83 98,67

Controle 2 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 Controle 7 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 Controle 14 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 Controle 21 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 Controle 42 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 0 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 0 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 0 N.cm 14 dias 0,000239 0,000239 0,963226 0,834637 1,000000 0 N.cm 21 dias 0,026493 0,026493 1,000000 1,000000 0,999949 0 N.cm 42 dias 0,000370 0,000370 0,990597 0,927862 1,000000 5 N.cm 2 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 5 N.cm 7 dias 1,000000 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 5 N.cm 14 dias 0,008091 0,008091 1,000000 0,999985 1,000000 5 N.cm 21 dias 0,066047 0,066047 1,000000 1,000000 0,998184 5 N.cm 42 dias 0,001147 0,001147 0,999754 0,992320 1,000000 10 N.cm 2 dias 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 10 N.cm 7 dias 1,000000 0,056197 0,144994 0,000755 10 N.cm 14 dias 0,056197 0,056197 1,000000 0,998963 10 N.cm 21 dias 0,144994 0,144994 1,000000 0,981307 10 N.cm 42 dias 0,000755 0,000755 0,998963 0,981307

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Gráfico 3.1 – Relação entre torques x tempos e número medido de células inflamatórias

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Gráfico 3.2 – Relação entre torques x tempos e a espessura média do tecido ósseo adjacente

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Analisando as tabelas e os gráficos obtidos da análise dos torques x tempos aplicados no tratamento, quando da variável número de células inflamatórias (NCI) observou-se que:

Grupo controle para torques aplicados: apresentou significância estatística (p= 0,001) para a variável NCI comparado aos demais grupos. Isto se deve pela impossibilidade de contagem do NCI neste grupo, pois apresentou intenso extravasamento sangüíneo.

Grupo 0 N.cm de torques aplicados: apresentou significância estatística (p= 0,001) para a variável NCI comparado aos grupos de torques 5 N.cm e 10 N.cm no mesmo período de 7 dias, ou seja, um menor NCI no período agudo do processo inflamatório, evidenciando um menor trauma operatório. Nos demais períodos não se observaram diferenças estatísticas.

Grupo 5 N.cm de torques aplicados: apresentou significância estatística (p= 0,001) para a variável NCI comparado aos grupos controle em 7, 14, 21 e 42 dias pós-operatórios, ou seja, um maior NCI. Não apresentou diferença significante quando comparado aos grupos 0 N.cm e 10 N.cm 7, 14, 21 e 42 dias pós-operatórios.

Grupo 10 N.cm de torques aplicados: apresentou significância estatística (p= 0,001) para a variável NCI comparado aos grupos controle em 7, 14, 21 e 42 dias pós-operatórios, ou seja, um maior NCI. Não apresentou diferença significante quando comparado aos grupos 0 N.cm e 5 N.cm 7, 14, 21 e 42 dias pós-operatórios.

Foi observada uma evidência nas tabelas e nos gráficos que há uma tendência de aumento de NCI observada quanto maior foram os torques aplicados sobre os parafusos, porém sem significância estatística (p = 0,001).

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Analisando as tabelas e os gráficos obtidos da análise dos torques x tempos aplicados no tratamento, quando da variável média da espessura do tecido ósseo adjacente (ETOA), observou-se que:

Grupo controle para torques aplicados: apresentou significância estatística (p= 0,001) quando comparado aos grupos torques 0 N.cm em 14, 21 e 42 dias; quando comparado aos grupos torques 5 N.cm em 14 e 42 dias e quando comparado aos grupos torques 10 N.cm em 42 dias. Sugerindo a formação de ETOA no período final do reparo tecidual quando na presença de parafusos.

Grupo 0 N.cm de Torques aplicados: apresentou significância estatística (p= 0,001) quando comparado aos grupos controles em 14, 21 e 42 dias. Quando comparado a ele mesmo, porém em períodos diferentes, observou-se um aumento significante (p= 0,001) nos períodos de 14, 21 e 42 dias em relação aos 2 e 7 dias. Apresentou diferenças, mas não significantes (p = 0,001) quando comparado aos grupos de torques 5 N.cm e 10 N.cm nos períodos de 14, 21 e 42 dias pós-operatórios.

Grupo 5 N.cm de Torques aplicados: apresentou significância estatística (p= 0,001) quando comparado aos grupos controles em 14, 21 e 42 dias. Quando comparado a ele mesmo, porém em períodos diferentes, observou-se um aumento significante (p= 0,001) nos períodos de 14, 21 e 42 dias em relação aos 2 e 7 dias. Apresentou diferenças, mas não significantes (p = 0,001) quando comparado aos grupos de torques 0 N.cm e 10 N.cm nos períodos de 14, 21 e 42 dias pós-operatórios.

Grupo 10 N.cm de torques aplicados: apresentou significância estatística (p= 0,001) quando comparado aos grupos controles em 14, 21 e 42 dias. Quando comparado a ele mesmo, porém em períodos diferentes, observou-se um aumento significante (p= 0,001) nos períodos de 14, 21 e 42 dias em relação aos 2 e 7 dias. Apresentou diferenças, mas não significantes (p = 0,001) quando comparado aos grupos de torques 0 N.cm e 5 N.cm nos períodos de 14, 21 e 42 dias pós-operatórios.

46 Foi observada uma evidência nas tabelas e nos gráficos que há uma tendência de aumento de ETOA observada quanto menor foram os torques aplicados sobre os parafusos, porém sem significância estatística (p = 0,001).

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5 – DISCUSSÃO

Um dos tópicos pouco estudados é com relação à força que aplicamos na inserção dos implantes nos tecidos ósseos, o Torque. Definiu-se como Torque19: “Para deslocarmos um corpo sobre uma superfície aplicamos uma força sobre ele. Agora, se quisermos girar um corpo ao redor de um ponto ou de um eixo, devemos aplicar-lhe um torque. O torque tende a girar ou mudar o estado de rotação dos corpos, representando o efeito girante de uma força”. Enfim, é a força aplicada para apertar o parafuso no leito cirúrgico criado pela broca. Inúmeros estudos in vitro foram publicados e visaram estudar os princípios mecânicos dos implantes metálicos, porém não investigaram suas interações com os princípios bilógicos12, 13, 15, 19, 20, 21. Foi relatado em 198727 que estímulos mecânicos são os mecanismos primários para o controle da formação óssea. A diferenciação osteoblástica é mecanicamente dependente da força aplicada27. Um dos critérios principais para o sucesso do tratamento é realizar o menor trauma possível no sítio cirúrgico operado. Para isso uma técnica adequada e adaptação correta do material sobre o osso para evitar cargas traumáticas são objetivadas9, 10. Estes relatos nos levam a justificar esta pesquisa para se obter uma quantificação de qual é o estímulo mecânico adequado, neste caso, o torque aplicado na instalação dos parafusos, que seria ideal e menos traumático para o complexo osso/metal.

Um estudo in vitro12 analisou e relacionou o torque de inserção de implantes com sua estabilidade em ossos frescos. Os autores instalaram 75 implantes em 12 costelas bovinas usando um torquímetro manual para mensurar a força necessária para instalá-los totalmente no tecido ósseo. Concluíram que o torque está relacionado diretamente com a estabilidade. Se os implantes são instalados em osso de boa qualidade, parece ser menos importante o tamanho destes12. A estabilidade primária de um implante pode ser avaliada por meio de um torquímetro específico12. Um grande torque na inserção dos implantes não significa necessariamente uma fixação forte dos mesmos no tecido ósseo. Torques acima do limite máximo de inserção dos implantes podem levar a micro

48 fraturas das linhas ósseas ao seu redor. Observou-se que em todos os estudos realizados até então, não foram utilizados torquímetros específicos para a aferição de força de inserção de implantes tipo parafuso. Foram utilizados torquímetros da área industrial. Negativamente foi observado o grande tamanho dos instrumentos e a impossibilidade de esterilização dos mesmos. Optou-se então, para a realização da pesquisa, na industrialização de um protótipo de tal instrumento em conjunto com a NEODENT® - Implantes Osseointegráveis.

Em 199315, foi relatado que o torque de inserção aplicado nos implantes poderia predizer a estabilidade mecânica do sistema. Outros autores concordaram com esta afirmação 28, 29, 30, 31, 32. É clinicamente relevante que o cirurgião deva usar sua experiência para aferir a força aplicada ao aparato. Relatou-se a existência de correlação entre força axial e torque, como reportado por vários autores14, 15, 28, 29, 30, 31. O maior benefício pode ser a aferição do torque, pois é este que o cirurgião aprecia quando instala os parafusos no paciente14. Nestes tipos de tratamentos, a prudência sugere que se deva apertar os parafusos gentilmente33. O autor documentou uma grande variação individual nas forças de torque de instalação de implantes entre cirurgiões em treinamento e cirurgiões ortopedistas, e que estes deveriam checar periodicamente a sua percepção de aplicação destes torques em torquímetros33. A pesquisa relata que o torque de inserção aplicado para osteossínteses está inteiramente sobre o controle do cirurgião, e que este, deveria aplicá-lo cautelosamente34. Com estes trabalhos, observou-se como se trata empiricamente a instalação dos implantes do tipo parafuso e que não se tem um padrão aplicável que possa ser transferido didaticamente aos cirurgiões em treinamento. Também não se observou a preocupação com os princípios biológicos, apenas relevaram-se os princípios mecânicos. Estes fatores embasaram a justificativa desta pesquisa em avaliar os efeitos biológicos interados com a força mecânica do torque.

Um estudo que relacionava o torque de inserção e o torque de remoção em osso temporal fresco relatava que se deva aplicar um torque máximo de implantes de 70 N.cm sem micro-fraturas ósseas em apoio bicortical e 50 N.cm em monocortical13. Em outra pesquisa, na qual relacionavam a força

49 de tração de implantes com o torque de inserção. Afirmou-se que torques em demasia provocavam destruição do tecido ósseo circundante aos implantes, causando uma diminuição significante nas forças de tração de remoção dos mesmos34. Observaram que em situações de torque excessivo em que se espanavam os implantes no tecido ósseo, houve uma perda de cerca de 40% nas forças de tração de remoção destes34. Em 200235 foi afirmado que danos ao osso podem contribuir com a necrose óssea e a perda dos implantes. Se o torque de inserção no osso cortical for realizado e a discrepância do diâmetro máximo entre a broca piloto e o parafuso for maior que 1% , então micro fraturas poderão ocorrer no osso adjacente. Estas afirmações relevaram a importância da análise com o torquímetro digital em tíbia de coelho in vitro (projeto piloto). Nesta se aferiu o torque máximo de inserção que poderia ser aplicado sobre o sistema sem que houvesse interferência da força excessiva e não objetivada. Observou-se a necessidade de se criar um padrão de torques aplicados nesta pesquisa pela grande diferença de valores de torques que podem ser aplicados sobre os diferentes tipos de ossos, pois existem fatores que os influenciam: raça do animal; região a ser utilizada, tipo do parafuso e outros.

A interação dos efeitos mecânicos sobre o tecido ósseo vivo pode determinar o sucesso do tratamento. Em 200336, foi discorrido sobre os efeitos da tensão sobre o processo de remodelação do osso, sugerindo que a magnitude das forças entre o osso e o implante determina o sucesso dos implantes. Relatou-se que um milímetro do osso adjacente ao implante necrosa após a sua instalação. Este osso morto promove um importante suporte estrutural durante a fase inicial de cicatrização. Esse tecido seria substituído por tecido saudável posteriormente. Atividades funcionais produzem tensão sobre o osso que tanto diretamente como indiretamente podem interferir na adaptação celular do tecido ósseo37. Foi observado nesta pesquisa que o processo inflamatório foi intenso nos primeiros períodos observados, ou seja, 2, 7 e 14 dias e posteriormente nos demais períodos, 21 e 42 dias pós-operatórios. Esta reação inflamatória foi diminuindo até o completo reparo do tecido ósseo dos coelhos (tabela 2.1 e 2.3; gráfico 2.1).

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Tensões dos implantes deformam o tecido ósseo circundante, ao passo que ocorre o remodelamento do tecido conforme a lei de Woolf sobre demanda de condições de tensão38. Em contra partida, micro tensões podem ser um estímulo favorável durante o período de cicatrização dos implantes39, 40. Os achados neste trabalho estão de acordo com os relatos dos autores citados no decorrer, pois foi observado que quanto maior foi o torque aplicado sobre os parafusos instalados nos tecidos ósseos de coelhos, maior foi o número de células inflamatórias encontradas (tabela 1.1 e tabela 1.3; gráfico 1.1).

A reação local dos tecidos é muito importante nas primeiras semanas após a implantação, até que fraturas ósseas possam estar estabilizadas pelo calo ósseo primário41. O tempo de morte dos animais foi baseado no período de reparo tecidual ósseo dos coelhos conforme relatos22, 23, 24 que discorrem sobre o metabolismo como sendo três vezes mais rápido quando comparado aos humanos. Optou-se por analisar desde o período inicial do trauma pós-operatório imediato até o reparo tecidual final do tecido ósseo dos animais, ou seja, o resultado final após o completo reparo do tecido ósseo dos coelhos analisados, com 42 dias pós-operatórios, mesmo que tenham recebido diferentes torques aplicados, foram semelhantes. Porém, observou-se a tendência de maior quantidade de células inflamatórias nos torques mais intensos aplicados sobre os implantes analisados nos primeiros períodos estudados, 7 e 14 dias (tabela 1.1 e 1.3; gráfico 1.1).

O aquecimento do leito ósseo que receberá o implante também é considerado trauma causador de danos ao tecido. Em 200235 foi afirmado que há um potencial de necrose pelo excesso de velocidade no giro da broca, que causa danos térmicos ao osso circundante. O aquecimento traumático do tecido ósseo deve ser evitado durante o processo de perfuração do leito ósseo42. A temperatura máxima que o osso suporta sem danos permanentes é de 47°C aplicados por 1 minuto42. Temperaturas acima disto teriam como resultado a reabsorção óssea e degeneração celular, abaixo disto, o tecido teria condições de se regenerar. Irrigação abundante durante a perfuração é indicada para controle do dano térmico42. Optou-se nesta pesquisa por utilizar na perfuração

51 dos leitos ósseos um motor elétrico de velocidade controlada e constante e irrigação intensa com soro fisiológico a 0,9% para o controle térmico. Observou- se histologicamente que nas perfurações controle, no período de 2 dias pós- operatórios, intenso extravasamento sangüíneo no local como nas demais perfurações. Sem diferença estatisticamente significante com as demais perfurações. Quando observado as lâminas dos tecidos com 7, 14, 21 e 42 dias pós-operatórios, já não era possível a visibilização de sinais de processos inflamatórios, sendo estatisticamente significantes (p = 0,001). Evidenciando um controle térmico adequado no experimento realizado (tabela 2.1 e tabela 2.3; gráfico 1.2 e gráfico 2.1).

Estudos discorrem sobre as tensões mecânicas dos implantes metálicos sobre a reparação do tecido ósseo implantado39, 40. Relatam que micro tensões sobre o osso podem ser estímulos favoráveis durante o período de cicatrização dos tecidos. Em pesquisas sobre osteoporose39, observou-se como resultados um aumento na densidade óssea local. Achados similares foram mostrados na implantologia dental40. Neste trabalho, os resultados obtidos nos grupos de animais com 14, 21 e 42 dias pós-operatórios demonstraram uma formação de tecido ósseo adjacente ao redor dos parafusos instalados (tabela 1.1, 1.3 e 3.4; gráfico 1.2 e 3.4). Estes resultados foram estatisticamente significantes (p = 0,001) quando comparados aos grupos de 2 e 7 dias pós- operatórios. Porém, obtiveram diferenças, mas não significantes entre os grupos quando em comparação múltipla dos resultados quando analisado a intensidade de torques aplicados (tabela 3.4; gráfico 3.2).

Relatou-se em 1998 sobre as forças de tensão na região das espiras dos implantes, quando na sua inserção43. Informam que este torque inicial é um fator importante e objetivado para a estabilidade primária dos implantes no tecido ósseo. Contudo, esta força pode ser perigosa quando chega a níveis muito altos, resultando em necrose e isquemia óssea na interface implante-tecido. Em 2006 foi avaliada a instalação de 124 implantes ortodônticos em 41 pacientes44 onde se desenvolveu um pequeno dispositivo (torquímetro) para avaliar os torques no momento da inserção dos implantes

52 comparando-os com seus sucessos. Sucesso este que era alcançado quando o implante tinha estabilidade após 6 meses de instalação44. Foi observado que, o grupo que teve o maior sucesso, foi o que teve torque de instalação significantemente menor o grupo de falhas. Ou seja, o grupo de melhores resultados foi instalados com torque entre 5 N.cm e 10 N.cm. Os demais grupos foram instalados com menos de 5 N.cm e mais de 10 N.cm44. Nesta pesquisa demonstrou através dos achados que quanto maior eram os torques aplicados sobre os parafusos, maiores eram os números de células inflamatórias observadas nos tempos 7, 14, 21 e 42 dias pós-operatórios (tabela 1.1, 1.3, 3.1 e tabela 3.3; gráfico 1.1 e 3.1). Porém, sem significância estatística (tabela 1.2 e 3.2). Quando na presença de parafusos instalados, observou-se uma maior espessura de tecidos ósseos adjacentes formados quanto menores foram os Torques aplicados sobre o sistema após o 14o dia pós-operatório, porém, sem significância estatística (tabela 1.2 e 3.2). Observou-se uma formação de espessura de tecidos ósseos adjacentes aos parafusos instalados estatisticamente maiores do que nos períodos de 2 e 7 dias pós-operatórios (tabela 1.2 e 3.2).

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6 – CONCLUSÕES

1. Quanto maiores foram os torques de instalação dos parafusos de titânio no tecido ósseo de coelhos, maiores foram as quantidades de células inflamatórias locais observadas nos tecidos que circundavam a estes, quando analisados no mesmo período de tempo pós-operatório. Com o passar dos períodos de tempo pós-operatórios, observou-se uma redução gradativa desta quantidade de células.

2. Quanto maiores foram os torques de instalação dos parafusos de titânio no tecido ósseo de coelhos, menores foram as espessuras de tecidos ósseos corticais formados adjacente a estes, quando analisados no mesmo período de tempo pós-operatório. Com o passar dos períodos de tempo pós-operatórios, observou-se um aumento gradativo desta espessura de tecidos.

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7. REFERÊNCIAS

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