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4. ANÁLISE DE MODELOS

4.4 Análise comparativa

A análise de alguns dos quadros que constam dos anexos e que retratam o panorama europeu referente à fiscalização dos SI, permite-nos extrair algumas conclusões preliminares.

4.4.1 Análise da Quadro n.º 1 – Entidades Responsáveis pelo Controlo e

Fiscalização dos SI

De acordo com Quadro n.º 1, que incide num universo de 22 (vinte e dois) países analisados,115 a grande maioria dos Estados da União Europeia, concretamente 15 (quinze),116 opta por um modelo de fiscalização de base parlamentar, por via da utilização exclusiva de uma comissão parlamentar, com responsabilidades na área da fiscalização dos SI – Polónia e a Roménia recorrem a duas comissões parlamentares – 4 (quatro) Estados117 recorrem a um organismo externo de fiscalização e 3 (três) Estados118 recorrem a um modelo misto enquadrado por uma comissão parlamentar e um organismo externo de fiscalização.

O número de membros que constituem uma comissão parlamentar varia entre 5 (cinco) e 73 (setenta e três) membros, não podemos, no entanto, deixar de realçar que algumas das comissões parlamentares, como é o caso da Commission des Lois francesa, não se dedicam à função exclusiva de fiscalizar os SI. O pessoal administrativo de apoio varia entre 1 (um) e 18 (dezoito) elementos.

O número de membros que constituem um organismo externo de fiscalização varia entre 3 (três) e 14 (catorze) membros, também neste caso devemos ter em consideração o número de SI que a cada um cabe fiscalizar e que como se verifica é variável. O pessoal administrativo de apoio varia entre 1 (um) a 52 (cinquenta e dois) membros.

No que concerne às entidades que elegem os membros das comissões parlamentares, observamos que o principal mandatário é o parlamento.

4.4.2 Análise do Quadro n.º 2 – Actividades e Procedimentos Objecto de

Fiscalização

De acordo com o Quadro n.º 2, que incide num universo de 21 (vinte e um)119 países analisados, a grande maioria dos organismos de fiscalização, concretamente 14 (catorze),120

115 Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia.

116 Áustria, Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Finlândia, França, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa e Roménia.

117 Bélgica, Holanda, Portugal e Reino Unido. 118 Alemanha, Grécia e Suécia.

119 Alemanha, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia.

Fiscalização dos Serviços de Informações em Portugal – O Estigma da Secreta

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fiscaliza o campo dos SI alusivo à recolha de informação com recurso a poderes especiais, v.g., escutas telefónicas e intercepção de comunicações electrónicas.

No caso português compreende-se a exclusão, na medida em que os nossos SI não gozam sequer de prerrogativas especiais desta natureza, por imposição de ordem constitucional, sendo que larga maioria da informação é recolhida através das denominadas fontes abertas (v.g. jornais, noticiários, Internet etc.).

Na maioria dos países, concretamente em 12 (doze),121 onde se inclui Portugal, a fiscalização abrange também o campo da recolha de informação com recurso a fontes abertas.

No que respeita a dados pessoais, 15 (quinze)122 entidades de fiscalização controlam a sua utilização por parte dos SI.

No que concerne à fiscalização das informações partilhadas entre SI do mesmo Estado, 18 (dezoito)123 organismos de fiscalização ocupam-se desta tarefa, já quanto à partilha de informações com outros Estados, apenas 10 (dez)124 organismos de fiscalização têm esta tarefa a seu cargo.

Relativamente à fiscalização dos acordos de cooperação, estabelecidos entre os SI nacionais e governos e/ou SI estrangeiros, quase em metade dos Estados, concretamente 10 (dez),125 as entidades de fiscalização ocupam-se desta matéria.

A larga maioria dos organismos de fiscalização, concretamente 17 (dezassete),126 analisa a actividade dos SI através dos relatórios produzidos por estes.

Em apenas 7 (sete)127 países, encontramos organismos de fiscalização, que participam no processo de nomeação de pessoas para cargos de chefia e/ou direcção dos SI.

121 Excluímos a Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, França, Grécia, Hungria, Lituânia, Polónia, República Checa. 122 Excluímos a Eslovénia, Estónia, Hungria, Reino Unido, República Checa.

123 Excluímos a Dinamarca, Grécia, República Checa.

124 Excluímos Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, França, Grécia, Hungria, Itália, Lituânia, Portugal, República Checa.

125 Excluímos Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, França, Grécia, Hungria, Itália, Lituânia, Portugal, República Checa.

126 Excluímos Eslováquia, França, Grécia, Hungria.

4.4.3 Análise do Quadro n.º 3 – Credenciação de Segurança para os

Membros e Pessoal de Apoio das Entidades de Fiscalização

A propósito do Quadro n.º 3, analisando apenas a exigência de credenciação de segurança128 para acesso e tratamento de informação classificada e fazendo a destrinça entre natureza do organismo de fiscalização, membros dos organismos de fiscalização e o pessoal de apoio que lhe está afecto, concluímos conforme segue:

Dos 20 (vinte)129 países aqui analisados, 4 (quatro)130 deles possuem apenas organismos externos de fiscalização, 13 (treze)131 possuem comissões parlamentares, e 3 (três)132 adoptam um modelo misto, constituído por um organismo externo de fiscalização e uma comissão parlamentar com competências no âmbito da fiscalização dos SI.

Analisando o universo dos países que possuem organismos externos de fiscalização, concluímos que em 2 (dois) países133 se exige que os membros das entidades de fiscalização sejam submetidos a um processo de credenciação de segurança para que possam levar a cabo o exercício das suas funções, o mesmo não sucede com os restantes 2 (dois) países.134 Relativamente ao seu pessoal de apoio, em todos estes países é exigida a titularidade de credenciação de segurança, excepto no caso português em que a única secretária do CFSIRP, de acordo com o quadro em apreço, não tem acesso a informação classificada.

Analisando o universo dos países que possuem apenas comissões parlamentares, concluímos que em 6 (seis)135 países se exige que os membros das entidades de fiscalização sejam submetidos a um processo de credenciação de segurança para levar a cabo o exercício das suas funções, o mesmo não sucedendo nos outros 7 (sete)136 países. Fazemos aqui uma ressalva no que respeita à Polónia, que possui duas comissões parlamentares, sendo que, em

128 Em Portugal a credenciação de segurança, para pessoa singular ou colectiva, é obtida através de formulário submetido junto do Gabinete Nacional de Segurança e consiste num processo de verificação que culmina, ou não, no acto de declaração formal por parte da Autoridade Nacional de Segurança em que esta atesta ou certifica a idoneidade de uma pessoa que, por razões de ordem profissional ou outra, necessite de estar envolvido em actividades que impliquem aceder, manusear, deter e guardar matéria, documentação ou informação classificada.

129 Alemanha, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia, Suécia.

130Bélgica, Holanda, Portugal, Reino Unido.

131 Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Finlândia, França, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia, Roménia.

132 Alemanha, Grécia, Suécia. 133Bélgica e Holanda. 134Portugal e Reino Unido.

135 Estónia, França, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia.

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relação à comissão parlamentar que pertence ao Senado (Senat) não é exigida credenciação de segurança aos seus membros.

Relativamente ao seu pessoal de apoio, em 10 (dez)137 países é exigido que o pessoal seja titular de credenciação de segurança, ao contrário do que sucede noutros 3 (três) 138 países em que o pessoal de apoio, como é o exemplo da Finlândia e França, não tem sequer acesso a informação classificada e em Itália, o mesmo não carece de tal credenciação.

Analisando, por fim, o universo dos países que adoptam um modelo misto, aos membros das comissões parlamentares da Alemanha, Grécia e Suécia não se lhes é exigida credenciação de segurança, sendo que o pessoal de apoio destas comissões, no caso da Alemanha e Suécia, carece de credenciação de segurança e no caso da Grécia o pessoal de apoio não tem sequer acesso a Informação classificada. Aos membros dos organismos externos de fiscalização, no caso da Alemanha apenas se não forem membros do parlamento e Suécia, exige-se-lhes que sejam titulares de credenciação de segurança, ao contrário do que sucede na Grécia. Relativamente ao pessoal de apoio destes organismos externos de fiscalização, no caso da Alemanha e Suécia é exigida credenciação de segurança, já no caso da Grécia nada é exigido.