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5.4.1. Questionário

Para garantir que os especialistas entendam o foco do estudo em questão e sua importância, e forneçam avaliações adequadas a apresentação isolada da hierarquia não é suficiente. Grande parte do trabalho de elaboração do questionário versou sobre a apresentação do problema e explanação do método, assim como sobre a melhor forma de obtenção das avaliações, buscando- se ao mesmo tempo um questionário curto, procurando evitar respostas rápidas que não refletissem a verdadeira avaliação do especialista. O questionário foi deste modo dividido nas seguintes seções:

• Motivação e contextualização • Apresentação do AHP

• Apresentação da Hierarquia • Análise de Barreiras

O anexo A apresenta a versão final do questionário em espanhol e português. Durante o teste do questionário, realizado com três indivíduos, além de mudanças pequenas de redação e nomenclatura das barreiras, salientaram-se os seguintes tópicos:

• Importância da condução imparcial do questionário • Reformulação de algumas definições de barreiras

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Uma mudança sugerida e adotada foi a separação da avaliação de cada grupo de barreiras para que cada folha de respostas pudesse comportar o campo de respostas e as definições das barreiras, enquanto o modelo anterior não apresentava estes na mesma folha.

Como se pode imaginar, muitos agentes do setor energético possuem opiniões bem- definidas sobre políticas industriais no Brasil e na Argentina, em parte devido à história de desenvolvimento econômico dos dois países. Contudo, como indicado este não é o foco do estudo, e, portanto, o questionário frisa claramente este ponto.

Finalmente, a condução de testes para o questionário representou um ensaio para a aplicação efetiva, fornecendo assim um tempo estimado para esta, informação relevante para obter a participação dos especialistas do setor eólico.

5.4.2. Alteração da Escala Padrão

Como visto no capítulo 4, a utilização de uma escala verbal é ligeiramente menos preferida que a escala numérica por haver maior influência da interpretação própria de cada avaliador sobre o significado da escala. Ademais, quando do desenvolvimento do método a escala numérica de 1 a 9 do AHP foi escolhida como escala padrão sem uma justificativa particular.

Portanto, neste estudo utiliza-se uma escala numérica de 1 a 6 nos questionários. Isto é realizado por considerar que esta é mais simples que a escala de 1 a 9, já que de qualquer modo tradicionalmente utiliza-se somente os níveis ímpares (1, 3, 5, 7 e 9), e também por incluir assim 6 níveis possíveis de avaliação, considerado adequado.

Como o cálculo do quociente de consistência desenvolvido para o AHP baseia-se em índices aleatórios de matrizes recíprocas que utilizam a escala de 1 a 9, é preciso justificar a utilização destes índices neste estudo. O desenvolvimento de índices de consistência aleatórios para uma escala de 1 a 6 resulta em valores menores que os originais, o que para um mesmo índice de consistência de uma dada matriz resulta em um quociente de consistência maior. Contudo, uma escala de 1 a 6 possibilita menos escolhas que a escala original, e se esta característica fornece uma escala contínua para o decisor (ao contrário de 1 a 9 onde considera-se tradicionalmente somente níveis ímpares), ela também faz com que o quociente de consistência seja maior.

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Como uma maior semelhança entre dada matriz recíproca e uma matriz recíproca média aleatória é inevitável com uma escala menor, optou-se por utilizar os índices de consistência aleatórios originais do AHP e o limite de 10% do quociente de consistência, que fornecem um nível adequado de detecção de inconsistências.

5.4.3. Condução da Entrevista

A aplicação do questionário foi por vezes antecedida de uma discussão sobre as barreiras elencadas, sempre evitando alterar a percepção do especialista, mas após a aplicação do questionário houve outra discussão sobre as barreiras identificadas como mais importantes neste (já com a aplicação do método de autovalores do AHP para obtenção das prioridades, quando possível).

Após a apresentação do questionário e tratamento de dúvidas nenhum especialista teve dificuldades na avaliação das barreiras, justificando, por vezes, determinada avaliação que julgassem necessária, o que enriqueceu a análise ao esclarecer o raciocínio do especialista. Adicionalmente, quando se verificou que a inconsistência da avaliação excedeu os níveis permitidos do AHP descritos no capítulo 3 procurou-se obter uma reavaliação do questionário, como preconizado pela metodologia.

A duração das entrevistas variou, não sendo, porém, nunca inferior a 20 minutos, e mais freqüentemente superior a 40, sendo estas realizadas pessoalmente ou à distância, conforme disponibilidade e localização do especialista.

5.4.4. Especialistas

Para obter uma amostra representativa dos setores eólicos argentinos e brasileiros procurou- se contatar representantes de empresas privadas, da comunidade acadêmica e do governo. Infelizmente, não se conseguiu contatar representantes do governo argentino, por falta de retorno. Os cinco entrevistados na Argentina e sete no Brasil estão listados na Tabela 4. É importante salientar que as opiniões e avaliações levantadas por estes especialistas não representam necessariamente a opinião de suas empresas ou instituições.

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Tabela 4: Especialistas Entrevistados

País Especialista Ocupação Data

Argentina

Jorge Barrera Professor Universitário, UNLA 19/04/2011

Francisco Dias Aguiar Responsável de Mercado, IMPSA 19/04/2011

Sebastian Kind Engenheiro Eólico, Aires Renewable 20/04/2011

Mauro Soares Presidente do Comitê Eólico, Câmara

Argentina de Energias Renováveis 20/04/2011

Lars Meyer-Ohlendorf Presidente, WPD Argentina 21/04/2011

Brasil

Ivo Carvalho de

Albuquerque Gerente de Operações, Braselco 10/05/2011

Ricardo Marques Dutra Engenheiro, CRESESB 16/05/2011

Osvaldo Livio Soliano

Pereira Professor Universitário, UNIFACS 18/05/2011

Luciano Costa Jornalista, Jornal da Energia 18/05/2011

Hamilton Moss de Souza Diretor do Departamento de Desenvolvimento

Energético, Ministério de Minas e Energia 07/06/2011 Alexandre Heringer

Lisboa

Gestor de Produtos de Energia Renovável,

CEMIG 07/07/2011

José Tadeu Matheus Gerente de Apoio Técnico, Wobben

Windpower 14/07/2011

Não se tem a avaliação do questionário para o especialista De Souza, mas este forneceu o posicionamento do Departamento de Desenvolvimento Energético do MME sobre as barreiras no Brasil.

As avaliações obtidas representam, assim, no mínimo a percepção de agentes de empresas desenvolvedoras de projetos, fabricantes de aerogeradores e da comunidade acadêmica. O capítulo 3 apresenta métodos para a agregação das avaliações de vários decisores quando da aplicação do AHP, mas a agregação destas avaliações pode resultar na equalização da importância das barreiras e, portanto, na perda de informações. Por outro lado, caso as avaliações sejam concorrentes em indicar certas barreiras como proeminentes, a agregação destas avaliações não adicionaria informações relevantes, e portanto a média é utilizada somente como método preliminar para identificação de barreiras mais consensuais. Maior riqueza de informações pode ser obtida da análise das avaliações e opiniões destes especialistas frente a dados sobre os setores eólicos, como realizado.

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