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Análise comparativa com dados de outros poluentes

nitrogênio 1 hora MMA

3. DADOS E METODOLOGIA: A cidade como sistema

4.3. Ciclos sazonais e diurnos observados em estações de diferentes classes de uso do solo

4.3.3. Análise comparativa com dados de outros poluentes

Calculou-se também os ciclos sazonais de outros poluentes – NO, NO2, CO e

MP10 nos pontos de monitoramento veicular (Terminal Parque D. Pedro II) e de

background urbano (Ibirapuera), conforme visto nas figuras 40-41. É evidente que todos

os poluentes, exceto o ozônio, apresentam um máximo sazonal no período mais frio e seco do ano, quando a precipitação é menor e condições mais estáveis prevalecem (jun- ago). O ozônio apresenta dois máximos: um na primavera e outro no final do verão, de acordo com o aumento na temperatura e insolação nestes períodos (MASSAMBANI e ANDRADE, 1995; CHIQUETTO e SILVA, 2010; ALVARES, 2014).

No Terminal Parque D. Pedro II (43a), as médias de NO, CO, MP10 e NO2 são

mais altas do que em Ibirapuera (43b), em especial o NO, cujas concentrações são até 30 ppb mais altas no inverno do que as observadas em Ibirapuera, demonstrando a influência direta das fontes próximas de poluentes como os veículos pesados (figura 31), tal como descrito em estudos como em Miranda et al (2012). As concentrações de CO também são mais altas neste ponto (por volta de 1-1,5 ppm), mas proporcionalmente, não tão altas quanto as de NO, o que sugere a importância dos veículos pesados provenientes do terminal de ônibus próximo e do mercado municipal. As concentrações de NO2, embora

ainda sejam 10 ppb mais altas neste ponto de monitoramento, tem valores mais próximos aos verificados em Ibirapuera, possivelmente devido à natureza secundária deste poluente (ele pode ser transportado e se formar em áreas mais distantes das fontes de poluentes primários). O ozônio é o único poluente com concentração mais alta em Ibirapuera, provavelmente associada à menor disponibilidade de precursores (NO e COV) durante o dia. No Terminal Parque D. Pedro II, esta influência ocorre tanto na escala sazonal como na diurna (Figuras 40 a e b – como será visto na próxima sessão). As concentrações mensais de MP10 também são altas no Terminal Parque D. Pedro II, o que sugere que uma

parte significativa do aerossol inalável em São Paulo pode ser atribuído à poluição veicular. No entanto, a similaridade dos padrões de concentração de MP10da estação

Terminal Pq D. Pedro II com a estação Ibirapuera na escala sazonal sugere a importância de outros fatores, tais quais o transporte, formação de aerossol secundário e a ressuspensão de partículas do solo. Alguns estudos indicam que cerca de 60% do PM10em

São Paulo é composto pelo particulado fino, com diâmetro ≤ 2.5µm, porcentagem típica de países em desenvolvimento, e próxima da porcentagem de países desenvolvidos, 60- 80% (OMS, 2006; CETESB, 2013). Também se estima que 25% do PM10 na região seja

de origem secundária, (CETESB, 2013), que pode ser transportado na escala intraurbana, local ou regional (ANDRADE et al, 2012b).

Figura 40 a e b: Ciclo sazonal de NO, NO2, CO, MP10 e O3 nos pontos de monitoramento Terminal Parque D. Pedro II (a) e Ibirapuera (b), 1996-2011.

Além disso, também foram calculados os ciclos sazonais da estação Terminal Parque D. Pedro II antes e depois da sua mudança de localização (Figura 41). Um decréscimo acentuado nos gases primários veiculares (NO e CO) é observado, especialmente para o máximo anual. As concentrações de NO diminuíram em cerca de 40 ppb, e para o CO, cerca de 0,8 ppm. O máximo de material particulado também decresceu, em cerca de 25 µgm-3, e observa-se também um decréscimo de NO

2, em cerca

de 7 ppb no inverno. As relações entre o NO e NO2 observadas nas figuras 40 e 41 são

interessantes e não-lineares, mas não estão no escopo deste estudo. Para o ozônio, entretanto, houve aumento de 3 ppb durante o outono e a primavera. É razoável supor que este aumento esteja associado à diminuição de NO (que por sua vez, é influenciada pela maior distância das vias com emissão de precursores), pois a tendência temporal deste

poluente na RMSP é, de forma geral, estável desde o início da última década, de acordo com outros estudos (CETESB, 2013, CARVALHO et al, 2015).

Figura 41: Ciclos sazonais da estação Terminal Parque D. Pedro II nas localizações com classificação veicular (1996à2004, linha contínua) e comercial (2005 a 2011 – linha tracejada).

Foi também elaborada uma figura com os ciclos sazonais das principais estações utilizadas no estudo, para se comparar os ciclos diferentes observados em estações que sejam representativas de cada classificação de uso do solo.

Figura 42: Ciclo sazonal médio para estações classificadas como veicular (Parque D. Pedro II), comercial (Mooca), background (Ibirapuera) e residencial (São Caetano do Sul).

De acordo com a Figura 42, a estação veicular (Terminal Pq D. Pedro II) apresenta as médias mensais mais baixas dentre as classes de uso do solo urbano, e seu ciclo sazonal também não é tão bem definido como os de estações das outras classes, resultados próximos dos obtidos em outros estudos (CHIQUETTO e SILVA, 2010). A estação classificada como comercial (Mooca), apresenta médias mensais mais em um patamar intermediário e variável: mais altas do que a veicular, porém mais baixas do que as outras classes. Entre fevereiro e julho, suas concentrações são mais próximas da veicular, mas de agosto a janeiro, suas concentrações são mais próximas das estações residencial e de

background urbano. Isto sugere que esta estação provavelmente apresenta maior

variabilidade temporal, como poderá ser verificado pelos resultados da tabela 23. Por outro lado, as estações residencial e de background urbano apresentam as médias mensais

mais altas, cujos valores e comportamento sazonal são muito próximos.

A partir deste conjunto de dados, concluiu-se que as concentrações de ozônio na RMSP, em escala sazonal, são influenciadas tanto pela variabilidade das componentes atmosféricas quanto pelo uso do solo nos entornos do ponto de monitoramento. No entanto, esta influência se dá de maneira diferente. Conforme já foi explicado em seções anteriores, diferentes classes de uso do solo urbano possuem diferentes características em termos de densidade de vias e circulação de veículos. Isto, juntamente com a distância

dos pontos de emissão (que influencia se o ponto estará diretamente sob influência das emissões ou não) acarreta em diferentes padrões de exposição e representatividade espacial das estações. Por outro lado, as diferenças sazonais da temperatura do ar e da disponibilidade de radiação solar ao longo do ano estão associadas à formação e concentração do ozônio. A temperatura do ar influencia as concentrações de ozônio troposférico na medida em que o calor acelera as reações químicas na atmosfera, e a disponibilidade da radiação solar é fundamental em sua produção, uma vez que é esta energia que produz a energia inicial que quebra (através da fotodissociação) a molécula de NO2 e dá origem ao O3. Em situações com pouca nebulosidade e, portanto, mais

radiação solar, a concentração de O3 normalmente se eleva. Os meses de maio, junho e

julho apresentam, em geral os valores médios mínimos de O3troposférico, o que está

associado a baixas taxas de radiação solar e temperatura. Outra comparação entre estes dados pode ser vista na Tabela 21, onde foi calculada uma média sazonal da concentração para cada estação, somando-se as médias mensais de cada mês (conforme explicado na seção 3.2):

Tabela 21: Comparação, em porcentagem entre as médias sazonais da concentração de ozônio em diferentes pontos de monitoramento representando diferentes classes de uso do solo urbano, para o período 1996-2011:

Ponto de