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Análise comparativa dos achados das redes da empresa V

6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

6.2 ESTUDOS DE CASOS MÚLTIPLOS

6.2.3 O Caso da empresa V

6.2.3.6 Análise comparativa dos achados das redes da empresa V

Ao analisar os dados da RSI de confiança nas três coletas, verifica-se que eles apresentam evolução na maioria dos indicadores de rede, única exceção ao número de atores na 3ª coleta, que reduz de oito para sete, mas ainda assim mantém os mesmos valores para os indicadores tamanho e relações potenciais. Percebe-se que há pouca troca de atores na rede de uma coleta para outra, ou seja, da 1ª para a 2ª coleta apenas o ator VG1 soma-se à rede e os demais mantêm-se; da 2ª para a 3ª coleta apenas o ator VP1 ausenta-se da rede, mantendo-se os demais. As qualificações de atores mais comuns na rede são os sócios e os parentes (43% cada), este último muito natural em redes de confiança (BYGRAVE et al, 2003; KRACKHARDT, 1992

apud GREVE; SALAFF, 2003). De acordo com o Quadro 8, fica evidente a

coletas e também integrante, com os três sócios, de três dos quatro subgrupos formados nas três coletas. Destaca-se também a importância do ator VG1 (participante da gestão da Softville) em duas coletas da rede de confiança. De acordo com Hanneman (2004), o indicador densidade, apurado nas três coletas dessa rede entre 28 e 33%, representa um bom aproveitamento do potencial de recursos disponibilizados pela rede.

As redes de informação I (técnica) apresentaram desenvolvimento constante durante as três coletas. Da 1ª para a 2ª coleta, há uma repetição dos valores dos indicadores número de atores, tamanho e relações potenciais; da 2ª para a 3ª, os indicadores número de atores e relações potenciais crescem e o indicador tamanho se mantém. A densidade apresenta um alto potencial de uso dos recursos da rede na 1ª e na 2ª coleta, quando alcança o percentual de 70%, reduzindo para 46% na terceira coleta, o que, de acordo com Hanneman (2004), ainda representa um alto potencial de uso da rede. Apesar de ser uma rede pequena (cinco a seis atores), a empresa apresenta um bom indicador de coesão. Nas três coletas, formaram-se seis cliques: um na 1ª coleta (VS1-VS2- VS3-VE1), três na 2ª coleta (VS1-VS2-VS3, VS2-VS3-VG1 e VS1-VS3-VE1) e dois cliques na 3ª coleta (VS2-VS3-VS1 e Vs3-VS1-VE1). Equipes com alta coesão apresentam melhores resultados (ZACCARO, GUALTIERI E MINIONIS, 1995). Importante nesta rede é a participação dos gestores da incubadora (atores VG1 e VG2), presentes nas três coletas. Da mesma forma que na rede de confiança analisada anteriormente, na RSI de informação I (técnica) constata-se a presença do ator externo VE1 nas três coletas e presente em 50% dos subgrupos. Os sócios caracterizam o ator VE1 como uma pessoa muito importante para o empreendimento, é parceiro na transferência da tecnologia da lousa digital (principal produto da empresa) e afirmam que, em certo momento, foi convidado a ser sócio do empreendimento, mas em função de outras atividades, a afiliação não se realizou.

Analisando as redes de informação II (gestão) nas três coletas, constata- se que, entre os indicadores número de atores, tamanho e relações potenciais somente o indicador tamanho apresentou redução de valor da 2ª para a 3ª coleta (8 para 6); os demais aumentaram da 1ª para a 2ª coleta e mantiveram os valores da 2ª para a 3ª. Observando a RSI de informação II na Figura 9,

verifica-se a inclusão, somente na 2ª coleta, do ator parente (VP4). Atores parentes são mais presentes em redes de confiança como já visto anteriormente, porém isso pode ser explicado pelo fato de esse ator ser cônjuge do sócio VS1 e ter formação e atuação profissional na área de administração de empresas. Assim como na RSI de informação I (técnica), a participação de atores participantes na gestão da incubadora (Vg1 e VG2) é constante e aumenta da 2ª para a 3ª coleta. Também o ator externo VE1 está presente em todas as coletas e em, pelo menos, um subgrupo na 2ª coleta. A densidade da RSI de informação II (gestão) apresenta percentuais que variam de 40 a 53%, considerados altos para aproveitamento dos recursos das redes (HANNEMAN, 2004). A coesão alcançou seu melhor ponto na 2ª coleta, com ênfase na participação dos atores VG1 e VE1 em subgrupos, com os sócios VS1, VS2 e VS3. O instante da 2ª coleta é emblemático para este caso em todas as redes, pois, como se verá mais adiante, é nesta coleta que estão os melhores indicadores de rede e também vão estar os melhores resultados financeiros do empreendimento.

A rede de informação III (outras empresas) apresenta os indicadores número de atores, tamanho e relações potenciais com maiores valores na 2ª coleta, em comparação com a 1ª. Apresenta menores valores na 3ª coleta em comparação com a 2ª e maiores valores na 3ª, se comparados com a 1ª coleta. Logo, esses indicadores, num primeiro momento, crescem e, num segundo momento, diminuem; porém, ao final, são maiores que no início. A densidade, na sua característica natural de redes maiores, menores percentuais de densidade e vice-versa (WASSERMAN e FAUST, 2000), acompanha a dinâmica da RSI, apresentando o menor percentual (22%) na 2ª coleta e o maior (33%) na 1ª coleta. Segundo Hanneman (2004), percentuais de densidade acima de 10% indicam bom aproveitamento dos recursos das redes. O Gráfico 18 apresenta o comparativo entre os motivos geradores das relações com outras empresas nas três coletas. Nele se evidencia a motivação técnica como origem da maioria das relações com outras empresas. Somandas as relações com outras empresas nas três coletas obtém-se o total de quatorze relações, das quais: nove são motivadas por questões técnicas; duas por questões de fomento e; três por questões de gestão. Da mesma forma que as demais RSI da empresa, a 2ª coleta apresenta a maior rede no momento do

melhor resultado financeiro. Pelo forte apelo tecnológico do serviço e produto comercializado pela empresa, justifica-se a grande demanda por relações técnicas. A concentração delas na 2ª coleta deve-se ao fato de o maior volume de vendas do período ter demandado consultas e parcerias para a solução dos problemas que se apresentavam. Em termos da distribuição das relações verifica-se que da 1ª para a 3ª coleta, cresceram as relações motivadas por razões técnicas e de fomento e mantiveram-se as quantidades de relações originadas por gestão. Fato que desperta atenção é a ausência, nas três coletas, de relações com objetivo de marketing, consideradas muitos importantes por Iacono, Silva e Nagano (2011). Interessante também as poucas relações por questões de gestão, contrariando os demais casos estudados neste trabalho, que apresentaram grande demanda por esse tipo de relação, o que, segundo Filion e Dolbaela (2000), é uma carência dos empreendedores na fase de incubação.

Gráfico 18 – Empresa V – Motivos geradores das relações com outras empresas Fonte: Elaboração própria a partir de pesquisa de campo

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